O ABATE DE CAVALOS NA ESPANHA


Crise faz crescer abates de cavalos na espanha. "Animais custavam US$ 24 mil vendidos por 400"

Por RAPHAEL MINDER
THE NEW YORK TIMES 22/04/2013


CHAPINERÍA, Espanha — Alberto Martín cria cavalos, como fizeram seu pai e seu avô. Mas nada em sua experiência o preparou para tempos como os atuais. Nos últimos dois anos, ele foi obrigado a vender 50 de suas éguas por cerca de US$ 400 cada —o máximo que o abatedouro quis pagar.
Alguns dos cavalos lhe tinham custado até US$ 24 mil quando ele os comprou, antes de 2008, quando teve início a crise financeira. Mas agora, disse Martín, “infelizmente, faz mais sentido sacrificar cavalos por um valor quase zero, em vez de continuar a pagar por seu sustento, ciente de que ninguém mais parece estar querendo comprar os animais.”
“Criar cavalos sempre tem suas dificuldades”, prosseguiu. “Mas acho que nunca antes alguém de minha família enfrentou uma crise como essa.”
O recente escândalo da carne de cavalo causou preocupação entre os consumidores europeus com a carne que é consumida e como ela é descrita. 
Já para criadores na Espanha, país onde os cavalos são altamente valorizados, um drama de tipo inteiramente outro vem acontecendo: o abate crescente de cavalos que seus donos não querem mais ou não têm mais como manter.
Muitos animais foram comprados na época do boom econômico espanhol, quando alguns compradores enxergavam a posse de um cavalo como um sinal de status social, nem sempre levando em conta os custos de longo prazo de sua manutenção.
Alguns cavalos são abandonados ou mortos ilegalmente, revelaram ativistas dos direitos dos animais. As carcaças são jogadas em locais isolados, sendo às vezes decapitadas para a remoção de seu microchip de identificação, para evitar multas. Há pouco tempo, a polícia encontrou nos arredores de Algeciras um “cemitério” com os restos não identificáveis de 20 cavalos.
“Muitas pessoas que enriqueceram de repente com imóveis se deixaram levar e compraram cavalos de alta qualidade”, comentou Miguel Alonso, veterinário de cavalos. 
A crise teve o efeito inesperado de converter a Espanha em fornecedora importante de carne de cavalo ao resto da Europa. Desde o início da crise financeira, o número de cavalos abatidos em matadouros espanhóis dobrou, de 30.563, em 2008, para 59.379, no ano passado, segundo o Ministério da Agricultura.
Autoridades espanholas dizem que cada vez mais cavalos jovens vêm sendo abatidos. “Antes eram abatidos animais mais velhos, agora são cavalos mais novos que estão indo ao matadouro. Com isso, a qualidade da carne de cavalo espanhola está muito mais alta que antes”, comentou Luis Vásquez, diretor do departamento de fiscalização de animais em Sevilha, capital da Andaluzia.
Alberto Martín contou que reduziu o preço de seus cavalos em 60% no ano passado. 
“Tenho sorte se consigo vender um animal por mês.”

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