O SUICÍDIO DE UM ESPECIALISTA EM CÉLULAS-TRONCO

Cientista japonês comete suicídio depois de trabalho desacreditado
Yoshiki Sasai era considerado um dos mais importantes especialistas em células-tronco em todo o mundo. Quando uma das pesquisadoras com quem trabalhava foi acusada de plágio, ele não resistiu à pressão do descrédito
REDAÇÃO ÉPOCA
05/08/2014 18h21 - Atualizado em 05/08/2014 18h35
O cientista Yoshiki Sasai. Ele sucumbiu à pressão (Foto: Wikimedia Commons)
O cientista japonês Yoshiki Sasai, uma das maiores autoridades em células-tronco embrionárias em todo o mundo, cometeu suicídio na manhã desta terça-feira (5). Seu corpo foi encontrado no Centro Riken, em Kobe, onde trabalhava. Segundo seus colegas, Sasai não resistiu a pressão de ter o próprio trabalho posto em dúvida depois de uma das cientistas com que trabalhava ser acusada de plágio. Tinha 52 anos.
Desde julho, o cientista estava envolvido em um debate na comunidade científica a respeito da validade de seu mais recente estudo, publicado em janeiro na revista Nature. De acordo com o artigo que publicou, ele descobrira uma nova maneira de criar células-troncopluripontentes, sem precisar destruir embriões humanos. O trabalho fora feito em conjunto com outra cientista, a pesquisadora Haruko Obokata. Por suas descobertas, Obokata era considerada um jovem prodígio. Os dados que apresentou com Sasai foram postos em dúvida depois que cientistas em outros institutos falharam na tarefa de reproduzir seus resultados.
O trabalho de Obokata passou, então, pelo escrutínio dos pares, que detectaram a presença de imagens manipuladas e de sinais de plágio. Um comitê encarregado da investigação definiu que ela era culpada de “conduta anticientífica”. Paralelamente, enquanto a investigação era conduzida, um centro de pesquisas independente conseguiu reproduzir os resultados de Obokata, utilizando uma técnica ligeiramente diferente. Apesar de ser considerada culpada por manipulação e plágio, os resultados de seu trabalho não foram invalidados pelo comitê.
Em abril, Sasai se retratou, pediu desculpas pelos erros da colega, mas ressaltou que sua pesquisa continha elementos próprios de uma importante inovação. Juntos, eles diziam ter descoberto uma forma de criar células-tronco pluripotentes – aquelas capazes de se transformar em qualquer outra célula do corpo – ao submeter células adultas a um banho de ácido. Nos experimentos feitos com células de camundongo, a maioria das células morre depois desse trauma. Mas algumas sobrevivem modificadas – adquirem pluripotência.
Ao longo dos meses que se seguiram, Sasai declarou em diversas entrevistas que já não suportava a vergonha que sentia por se envolver em um trabalho com elementos de plágio. De acordo com o presidente do Centro Riken, o prêmio Nobel Ryoji Noyori, Sassai sucumbiu a essa pressão.
RC

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