O Espiritismo responde
Revista O Consolador, Ano 6 - N° 272 - 5 de Agosto de 2012
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI


 
Um amigo e colaborador de nossa revista perguntou-nos, a propósito do título “Ensaio teórico da sensação nos Espíritos” dado por Kardec ao texto contido no item 257 d´O Livro dos Espíritos: – Que devemos entender no contexto pela expressão “ensaio teórico”?
No item citado, Kardec procurou explicar, entre outras coisas, os sofrimentos por que passa uma entidade desencarnada, os quais seriam sempre, segundo ele, a consequência da maneira pela qual a pessoa viveu na Terra. “Certo – diz Kardec – já não sofrerá mais de gota, nem de reumatismo; no entanto, experimentará outros sofrimentos que nada ficam a dever àqueles.”
Em resposta ao amigo, dissemos que, segundo entendemos, Kardec utilizou a palavra “ensaio” com o mesmo sentido que os dicionaristas franceses e brasileiros lhe dão, a saber:
Ensaio [do fr. essai < lat. tard. exagiu.]
S. m. Liter. 
Obra literária em prosa, analítica ou interpretativa, sobre determinado assunto, porém menos aprofundada e/ou menor que um tratado formal e acabado.  
Parece-nos que, com isso, o Codificador quis passar-nos a ideia de que o conteúdo do texto contido no item 257 era obra sua, não dos Espíritos, o que se coaduna com o que se descobriu mais tarde a respeito de um fato ignorado por ele e revelado muitos anos depois por Pierre Janet, Pitres, Bourru e Burot, assunto a que Gabriel Delanne se refere no livro "A Reencarnação", tradução de Carlos Imbassahy, publicado pela FEB, págs. 288 e 289. 
Segundo as experiências realizadas pelos cientistas citados, tudo o que recebemos deixa em nós um traço indelével, mas as aquisições intelectuais não se apresentam simultaneamente à consciência.
A regra é que seu maior número seja esquecido; mas esse esquecimento não significa destruição. A subconsciência registra sempre os estados mentais e os associa indissoluvelmente aos estados fisiológicos contemporâneos, de sorte que, ressuscitando-se os primeiros, fazem-se renascer os segundos, e vice-versa.
Essa regressão da memória pode dar-se espontaneamente ou ser provocada por diferentes processos. Os espiritistas, praticando as experiências magnéticas, descobriram esse poder de renovação das lembranças terrestres durante a vida, e prosseguiram na regressão até os estados anteriores ao nascimento atual. 
Descobriu-se desse modo que toda vez que a memória regride ao passado, reproduzem-se o “estado psicológico” e também o “estado fisiológico” correspondentes.
Pierre Janet, ao fazer regressão da memória em uma paciente adulta, levou-a à idade infantil. A paciente passou, então, a pensar e a falar como uma criança (estado psicológico) e, quando instada a escrever algo, disse que tinha o braço paralisado (estado fisiológico), um fato que realmente havia acontecido com aquela mulher quando criança.
As referidas pesquisas esclarecem por que um Espírito desencarnado apresenta-se, às vezes, com as sensações que enfrentou no hospital, dias antes do seu falecimento. Obviamente, ele não está enfrentando tais sensações, mas, preso àquele momento, por ignorar que desencarnou, por não estar liberado das reminiscências da última encarnação, reproduz o “estado fisiológico” e é por isso que "sente" de novo as sensações vividas naquele momento ao qual se prende.
Feita uma prece e aplicado nele um passe – como habitualmente fazemos nas sessões mediúnicas – a dor costuma desaparecer imediatamente, visto que o Espírito muda de estado, acorda para o momento atual em que vê familiares e amigos, e assim se liberta das sensações que revivia.
Verifica-se, assim, que as explicações contidas no item 257 do L.E. são notoriamente incompletas e, portanto, insuficientes para resolver todas as dificuldades relacionadas com o assunto, pelo simples motivo de que faltava a Kardec, quando as redigiu, o conhecimento de algo que só mais tarde pôde ser cientificamente observado.
O título "ensaio teórico" é, pois, perfeito e como tal é que devemos considerá-lo, ou seja, como algo que é apenas um “ensaio”, uma tentativa de explicação, que se completa com as informações resultantes das pesquisas a que nos referimos.

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