QUINTA EDIÇÃO DE QUARTA-FEIRA, 22/01/2020

NO O ANTAGONISTA
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Quarta-feira, 22.01.20 10:40
O New York Times quer que Donald Trump seja investigado por seus telefonemas, mas não aceita que o Ministério Público Federal brasileiro investigue as conversas de Glenn Greenwald.
O jornal, em editorial, disse que se trata de uma tentativa de “atirar no mensageiro”.
É mentira, claro.
O MPF, a partir de telefonemas gravados, suspeita que o mensageiro não tenha sido apenas um mensageiro, e sim cúmplice de um crime.

Celular de pastor morto foi ‘ativado’ na casa de senador pouco depois do crime
22.01.20 10:41
A Polícia Civil descobriu que o celular do pastor Anderson do Carmo, marido da deputada federal Flordelis (PSD), assassinado em junho de 2019, foi ativado, poucas horas após o crime, com um chip em nome da mulher do senador Arolde de Oliveira (PSD) e conectado ao Wi-Fi da casa do casal, na Barra da Tijuca.
A informação foi revelada pela TV Globo.
Ao jornal Extra, o senador disse:
— “Isso não existe. Estou perplexo. Cabe o ônus da prova a quem acusa. Nunca imaginei um ataque desta natureza. Deus é maior que isso tudo. Yvelise está tão perplexa quanto eu estou, e estamos achando que pode ter sido uma clonagem. Vou ver o que eu faço. Quem não deve não teme.”
Em junho do ano passado, O Antagonista noticiou aqui que o pastor Anderson era secretário-geral do PSD no Rio de Janeiro. Ele tinha assumido o cargo pouco depois de o senador Arolde, evangélico e muito próximo da família, passar a comandar a legenda no estado. O parlamentar é também fundador da gravadora de discos gospel MK, presidida por sua esposa, que produziu discos de Flordelis.

Senador se diz ‘chocado e sem chão’ com nova revelação no caso Flordelis
22.01.20 12:31
O senador Arolde de Oliveira, do PSD do Rio de Janeiro, enviou uma nota a O Antagonista sobre a revelação da TV Globo de que a Polícia Civil descobriu que o celular do pastor Anderson do Carmo, marido da deputada federal Flordelis (PSD), assassinado em junho de 2019, foi ativado, poucas horas após o crime, com um chip em nome da mulher do senador e conectado ao Wi-Fi da casa do casal, na Barra da Tijuca.
“Eu realmente estou chocado e sem chão. Tanto eu quanto a Yvelise. Essa matéria pode ter sido engendrada com o objetivo de macular a minha imagem politicamente. Evidentemente meus advogados vão entrar no inquérito, e avaliar todos esses pontos. A situação é tão absurda que nem tenho o que dizer. Não sei a origem disso. Deve se tratar de um assunto de natureza política. Estamos à disposição e vamos aguardar o desenrolar da Justiça.”
Arolde também faz o seguinte raciocínio:
“Vale a pena esclarecer que os smartphones oferecem duas vias comunicacionais, sendo a primeira através de uma rede celular e a outra cujo acesso se dá pela Internet, que pode ser operada por uma rede sem fio. Desse modo, qualquer ligação efetuada através do aplicativo Whatsapp pode se conectar pela rede de Wi-Fi. Naquele dia, ao tomarmos conhecimento do falecimento do pastor Anderson do Carmo, esposo da deputada federal Flordelis, também cantora contratada da gravadora de minha esposa, Yvelise telefonou para a deputada, com quem tem essa relação profissional, para dar um telefonema de pêsames. Como a ligação pode ter sido feita através do Whatsapp, entrou na rede de Wi-Fi. Informo, ainda, que a nossa relação era protocolar e profissional.”

“É impressão ou a defesa de Verdevaldo está escolhendo o juiz da ação?”
22.01.20 11:40
Carla Zambelli fez algumas perguntas no Twitter:
“É verdade que a defesa de Greenwald vai esperar Gilmar Mendes voltar do recesso para recorrer ao STF? O mesmo Gilmar que, em agosto, concedeu uma liminar blindando o ‘jornalista’ de qualquer investigação? É impressão ou a defesa de Verdevaldo está escolhendo o juiz da ação?”

Investigação do BNDES que não encontrou nada foi contratada na gestão Temer
22.01.20 12:23
Por Claudio Dantas
A investigação privada encomendada aos escritórios de advocacia Cleary Gottlieb Stenn & Hamilton e Levy & Salomão Advogados pelo BNDES com o objetivo de verificar ilegalidades em oito operações de crédito com JBS, Bertin e Eldorado Celulose foi aprovada pelo Conselho de Administração do banco na gestão passada.
O contrato foi aprovado em dezembro de 2017 e efetivado em fevereiro do ano seguinte, período em que Paulo Rabello de Castro estava à frente da instituição.
Essas informações, porém, não constam no resumo do relatório divulgado pelo próprio BNDES. A íntegra do documento permanece sob sigilo. O atual presidente, por mais que não tenha responsabilidade pela contratação, precisa dar ampla divulgação a esse relatório.
Como noticiamos ontem aqui, a auditoria concluiu, curiosamente, pela ausência de corrupção nessas operações ou mesmo de influência indevida de Guido Mantega, Luciano Coutinho ou qualquer outra pessoa. O escritório responsável pela investigação, porém, fez uma ressalva: 
“Não teve acesso a certos documentos e testemunhas importantes”.

Gilmar Mendes deveria declarar-se impedido de atuar em caso de Greenwald, dizem magistrados
22.01.20 12:26
Se respeitasse o Código do Processo Penal, Gilmar Mendes deveria declarar-se impedido de atuar no caso de Glenn Greenwald. Ele foi hackeado pelo grupo — ou seja, foi vítima do crime pelo qual o ativista foi denunciado pelo Ministério Público. O mesmo vale para Alexandre de Moraes, também hackeado.
Magistrados que preferiram permanecer no anonimato, com receio de retaliação, disseram a O Antagonista que o Código é cristalino:
“Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que;
II — ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
IV — ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.”
Como se trata de um fato objetivo, dizem os magistrados, a participação de Gilmar na ação constitui crime de responsabilidade, de acordo com a Lei 1709, que prevê a sanção para o ministro do Supremo Tribunal Federal que “proferir julgamento, quando, por lei, seja suspeito na causa”.
Vamos desenhar: a vítima é sempre suspeita para julgar o autor do crime contra ela perpetrado e não há jurisprudência de ocasião capaz de reverter essa condição. O contrário é somente uma indecência.

STJ vai gastar quase R$ 100 mil em cápsulas de café
22.01.20 13:46
Enquanto a maioria dos órgãos públicos de Brasília serve café coado para seus servidores, o STJ abriu licitação para comprar cápsulas de café expresso para atender apenas seus ministros e desembargadores convocados, informa Igor Gadelha na Crusoé.
A licitação prevê a compra de 36.648 cápsulas, com a qual a corte estima gastar R$ 92,5 mil, o que dá uma média de R$ 2,5 por unidade.

Fux debruçado sobre juiz das garantias
22.01.20 14:51
Por Márcio Falcão
Responsável pelo plantão do STF e relator das ações que questionam o juiz das garantias, Luiz Fux está debruçado sobre os processos. O ministro avalia deixar a implementação do instituto sem prazo, portanto, até o julgamento do plenário da Corte sobre a validade ou não da lei que criou a figura desse magistrado.
Uma decisão nesse sentido tem potencial para provocar desgastes internos, uma vez que contraria a liminar concedida por Dias Toffoli, na semana passada, que fixou a estruturação para os próximos seis meses.
Diferente de Toffoli, que até declarou a constitucionalidade da norma, Fux é contra a lei do juiz das garantias. Sabendo da resistência do colega, o presidente do STF chegou a telefonar para seu vice antes de conceder o prazo de seis meses para a estruturação do instituto na semana passada.

O editorial do New York Times é um desastre
22.01.20 15:29
O editorial que o New York Times levou ao ar hoje sobre o caso de Glenn Greenwald é um desastre informativo desde a primeira linha – e isso não é uma questão de ser simpático a Jair Bolsonaro ou ao PT: trata-se de erros factuais.
O texto começa falando na “denúncia do governo brasileiro contra o jornalista americano Glenn Greenwald”. Ora, o Ministério Público NÃO é “o governo brasileiro”: é um órgão independente do Executivo, ainda que o chefe da PGR (hoje, Augusto Aras) seja escolhido pelo presidente. No Rio de Janeiro, por exemplo, o MP está investigando o filho de Bolsonaro, e o Brasil tem um considerável histórico de denúncias contra presidentes feitas pelos PGRs.
Talvez o conselho editorial do jornal tenha pensado na figura do “attorney general”, que nos EUA é uma espécie de misto de ministro da Justiça com procurador-geral da República (com algumas funções da AGU). Mas poderiam ter checado com o correspondente no Brasil, em vez de presumir que as instituições americanas sejam consenso nas democracias do Ocidente.
Mais à frente, o texto do NYT diz o seguinte:
“A prisão de Lula [por Sergio Moro] eliminou [o petista] da disputa presidencial, abrindo caminho para a eleição de Bolsonaro – que então nomeou Moro como seu ministro da Justiça. Agora, além desse conflito de interesse implícito, as mensagens hackeadas sugeriam que Moro havia violado a lei brasileira, segundo a qual os juízes deveriam ser neutros, para ajudar Bolsonaro.”
Isso não é só comprar a narrativa petista: é factualmente incorreto. Moro condenou Lula à prisão no caso do triplex do Guarujá – decisão que ainda precisava ser confirmada pelo TRF-4 e só levou o petista à cadeia em abril de 2018, porque o entendimento do STF na época era diferente – em julho de 2017, quando pretensões presidenciais de Bolsonaro ainda eram tratadas como piada.
Três meses antes, em março de 2017, o então deputado havia sido ignorado pelo então juiz da Lava Jato depois de cumprimentá-lo no aeroporto de Brasília.
O conselho editorial do NYT se apresenta como “um grupo de jornalistas de opinião cujas opiniões são baseadas em experiência, pesquisa, debate e certos valores de longa data”. Pelo visto, decidiram dar férias a essa parte da “pesquisa”.

Congresso em obras (nós pagamos)
22.01.20 15:37
Por Diego Amorim
O Antagonista fez uma visita ao Congresso no recesso parlamentar.
Impressiona a quantidade de obras.
Até o elevador usado pelas excelências para evitar apenas alguns lances de escada está sendo “modernizado”.
Nós pagamos, enquanto eles descansam.

NO BLOG DO POLÍBIO BRAGA
A Rádio Gaúcha, da RBS, incorporou-se esta manhã ao batalhão que se mobiliza para defender o americano Glenn Greenwald, denunciado ontem pelo MPF no caso da interceptação e uso de posts e dados roubados de autoridades federais, tudo com o objetivo de desmoralizar a Lava Jato e defender bandidos como Lula da Silva.
O Time Line, programa da Gaúcha, ouviu Glenn, mas não ouviu o procurador federal que fez a denúncia.
No link a seguir, você pode saber com exatidão os momentos em que Glenn operou criminosamente com um dos líderes dos hackers que foram presos na Operação Spoofing e que o condena. Ele vai para a cadeia se não for solto pelo seu amigo Gilmar Mendes ou outro sicofanta qualquer.
CLIQUE AQUI para ler com atenção o diálogo longo e criminoso mantido entre Glenn e Luiz Molição, o delator da Operação Spoofing. É material do Agora Paraná.
Quarta-feira, às 1/22/2020 10:40:00 AM

O blog O Antagonista tirou nota, hoje, para se dizer ameaçado pelo americano Glenn Greenwald e cúmplices de crime. Vale a pena ler:
"Os adversários do Brasil querem inocentar criminosos condenados na Lava Jato. Como Glenn Greenwald. É por isso que ele nos odeia. Ele mesmo soltou essa na Jovem Pan. É por isso que ele comete a indignidade de violar o nosso sigilo de fonte jornalística, uma garantia constitucional. É por isso que, de posse de mensagens roubadas por hackers estelionatários, ele tenta atingir a nossa credibilidade, mentindo sobre nosso jornalismo e nos caluniando, para esquentar o produto do roubo. Uma das calúnias é que somos comandados pela Lava Jato. É patético: somos a favor da Lava Jato e de qualquer outra operação que ponha corruptos na cadeia. Ajudamos como jornalistas investigativos e nunca escondemos isso de ninguém. Também não obstruímos a Justiça. Não temos medo de cúmplices de hackers, porque contamos com os nossos leitores. Entre eles, você. 
Às 1/22/2020 02:16:00 PM

NO BLOG DO PERCIVAL PUGGINA
A CULTURA É UM CAMPO DE BATALHA
Por Percival Puggina (*) 
Artigo publicado quarta-feira, 22.01.2020
Quatro décadas de hegemonia cultural ao longo do século passado (período que inclui intensa atividade com viés político durante os governos militares) conferiram à esquerda brasileira uma estatura superior à que corresponde às ideias em que se abastece. No campo cultural, a esquerda vencia por walkover (ou por WO). O PT, por exemplo, discutia consigo mesmo, como bem comprovavam suas muitas correntes internas. Foram longos anos dedicados à construção de narrativas, ao controle das cabeças de ponte por onde avançavam os companheiros e à propaganda que viabilizava mais e mais terreno para suas batalhas.
Foi exatamente quando, com Lula e Dilma, os frutos do poder caíram nas mãos do partido que a Terceira Lei de Newton se fez sentir. O esquerdismo saturava as opiniões nacionais (ação) forçando a direita a sacudir a letargia que a acompanhava desde os governos militares (reação). Muito habilmente, de modo sistemático, a esquerda brasileira operava um discurso cujo único intuito era provocar constrangimento em quem não fosse de esquerda.
O leitor destas linhas, se jovem, deve estar se perguntando se leu certo e se isso funcionava. Leu sim, meu amigo. E funcionava. Não éramos muitos, aqui no Rio Grande do Sul, no ambiente cultural e político, os que não caímos nessa velhacaria.
O upgrade intelectual e cultural da direita foi acontecendo gradualmente enquanto o governo petista mostrava a que vinha e contava com intenso ativismo no ambiente cultural. Não se trata de querer uma plêiade de artistas politicamente neutros. Isso não existe, mas a sociedade percebeu que foram longe demais, que serviam a uma causa, que havia uma irrigação financeira descabida e o tema virou conteúdo durante a campanha eleitoral de 2018. Era de se esperar; artistas são assunto.
A cultura persiste como território do partido e palco de guerra. Vale observar que nos últimos anos, enquanto militantes saltavam do barco esquerdista em todos os portos, os da cultura permaneceram firmes, a postos. Há ali um ativismo cevado, em muitos casos bem remunerado, que se crê titular de direitos irrefutáveis. No entanto, o trabalho feito pela esquerda ao longo das décadas não gera direitos eternos. Não lhe concede o poder de vencer sempre por WO.
Não há por que esperar do governo Bolsonaro que reproduza os critérios e conceitos da esquerda e a mantenha em suas posições de mando. Houvesse a esquerda promovido conciliação ao longo dos muitos anos anteriores, seria viável, hoje, propor isso e declarar extinta a guerra cultural. Mas agora é tarde. A esquerda quer receber o que não deu.
_______________________________
(*) Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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