SEGUNDA EDIÇÃO DE 12-4-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
A alma pura de Lula foi demitida por 13 milhões de pixulecos
O velho farsante está proibido de reprisar o repulsivo espetáculo do cinismo
Por Victor Irajá
Terça-feira, 11 abr 2017, 22h27
Edson Arantes do Nascimento usa a terceira pessoa para referir-se a si próprio não por soberba, mas por humildade: ele sabe que merece ser tratada com reverência a incomparável entidade que habita seu corpo há mais de 60 anos. “O Pelé fez isso, o Pelé faria aquilo”, conjuga a terceira pessoa do singular esse mineiro de Três Corações escalado pelos deuses dos estádios para transformar-se no abrigo humano do maior gênio da bola de todos os tempos. Como todos os que viram o Atleta do Século jogar, Edson tem consciência de que Pelé não é coisa deste mundo. Tanto assim que, longe dos gramados desde 1977, continua instalado no trono do Rei do Futebol ─ e nele permanecerá por toda a eternidade.
Faz muito tempo que Luiz Inácio da Silva botou na cabeça que o maior dos governantes desde Tomé de Souza incorporou uma entidade do tamanho de Pelé. Não pode, portanto, caber num mofino “eu”. Depois da entrevista em que o marqueteiro João Santana anunciou que o PT tinha “um Pelé no banco”, pronto para entrar em campo tão logo terminasse o segundo mandato de Dilma Rousseff, o ex-presidente decidiu que Lula está para Luiz Inácio da Silva como Pelé para Edson Arantes do Nascimento. É uma singularíssima sumidade que, disfarçada de pernambucano de Garanhuns, foi enviada pela Divina Providência para que o país do Rei do Futebol fosse também o berço do Monarca da Política.
Nesse domingo, 09 de abril, o velho farsante reprisou o repulsivo espetáculo do cinismo: “Nunca antes neste país alguém foi tão perseguido quanto o Lula. Mas o Lula está acostumado com isso. Podem fazer de tudo que o Lula resiste. Estão investigando todo santo dia e não apareceu nenhuma prova contra o Lula”. Deu azar. Nesta terça-feira, num depoimento em Curitiba, Marcelo Odebrecht depositou no colo do Amigo 13 milhões de provas ─ em dinheiro vivo. É só o começo da tempestade de pixulecos que vai desabar sobre a cabeça baldia do delinquente que ousa comparar-se a Pelé.
Não há semelhanças entre o eterno Rei do Futebol e o reizinho corrupto destronado por excesso de safadeza, cupidez e cafajestagem. Fora o resto.

NA VEJA.COM
Propina devida ao PT foi discutida com Lula, diz delator
Ex-presidente decidiu que partido deveria ficar com dois terços da propina paga pela Odebrecht em contratos de sondas do pré-sal
Por Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin, Laryssa Borges, Marcela Mattos, Felipe Frazão, Hugo Marques, Thiago Bronzatto
Quarta-feira, 12 abr 2017, 00h19 - Atualizado em 12 abr 2017, 00h44
Os delatores da Odebrecht revelaram aos investigadores da Operação Lava-Jato que o próprio ex-presidente Lula discutia com os executivos da empresa os termos da divisão da propina que deveria ser paga em contratos bilionários de navios-sonda da Sete Brasil. Segundo o executivo Márcio Faria, quando o consórcio formado por Odebrecht, OAS e UTC venceu a licitação para fornecer sondas de extração de petróleo na camada pré-sal, o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco procurou as empreiteiras para exigir que elas realizassem o pagamento de 1% do valor dos contratos firmados na ocasião.
Depois de receberem o alerta, os executivos da empreiteira contam que a divisão da propina foi “decidida pelo partido e pelo ex-presidente Lula”. Na versão dos delatores, um terço dos valores deveria ficar com funcionários da Petrobras que realizavam as operações e acobertavam as fraudes nos contratos. Já os dois terços restantes seguiriam para o PT. Embora o ex-presidente Lula tenha sido consultado sobre os valores da propina, os delatores revelam que Marcelo Odebrecht vetou o pagamento.
“Marcelo Odebrecht esclareceu que a negativa de pagamento deveu-se a compreensão de que os valores solicitados por Antonio Palocci e João Vaccari já estariam no valor global acertado com o ex-ministro de Estado”, anotou o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, na decisão em que remeteu as provas e os depoimentos aos procuradores da Lava-Jato no Paraná. Como não tem mais foro, o ex-presidente Lula está sendo julgado pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba.

Alckmin usava cunhado para receber propina, dizem delatores
Governador de São Paulo recebeu R$ 10,3 milhões do departamento de propinas da Odebrecht nas eleições de 2010 e 2014
Por Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin
Terça-feira, 11 abr 2017, 18h26 - Atualizado em 11 abr 2017, 21h59
No acordo de delação da Odebrecht, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), três executivos da empreiteira, Benedicto Júnior, Carlos Guedes e Arnaldo Cumplido, relatam que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin recebeu 10,3 milhões de reais da empreiteira durante as campanhas de 2010 e 2014. Os recursos, repassados via caixa dois, foram contabilizados no famoso “Departamento de Operações Estruturadas”, o setor de controle de propinas da empreiteira.
Segundo os delatores, Geraldo Alckmin recebeu 2 milhões de reais “a pretexto de contribuição eleitoral” na eleição de 2010. Já em 2014, quando disputou a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, o governador levou outros 8,3 milhões de reais da empreiteira. O responsável por receber o dinheiro sujo em nome do governador, segundo os delatores, era Adhemar César Ribeiro, cunhado de Geraldo Alckmin. “Adhemar receberia pessoalmente parte desses valores (…) Todas somas não contabilizadas”, relata o relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin. Na decisão, o ministro determina a abertura do sigilos e o envio das declarações dos delatores sobre Geraldo Alckmin ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que é responsável por investigar os governadores.
Confira nota de posicionamento enviada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP):
“Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política, nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei.”
(...)

Serra achacou Odebrecht para receber R$ 23 mi, dizem delatores
Odebrecht repassou R$ 6 milhões para tucano. Para liberar pagamentos atrasados da Odebrecht no governo de São Paulo, Serra exigiu 15% de pedágio.
Por Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin, Laryssa Borges, Marcela Mattos, Felipe Frazão, Hugo Marques, Thiago Bronzatto
Terça-feira, 11 abr 2017, 21h07 - Atualizado em 11 abr 2017, 21h51
Na delação da Odebrecht, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o senador José Serra (PSDB) é citado nos depoimentos de sete delatores da empreiteira. Os executivos reconstituem os bastidores de esquemas de corrupção em obras do governo de São Paulo durante a gestão de Serra, revelam os nomes dos servidores ligados ao tucano que achacavam a empreiteira e detalham repasses milionários via caixa dois para diferentes campanhas do atual senador. Em uma das operações, José Serra cobrou 15% de propina para liberar pagamentos atrasados da empreiteira junto ao governo de São Paulo. A Odebrecht concordou e repassou 23,3 milhões de reais ao PSDB em troca da liberação de pagamentos na gestão tucana.
Responsável pelos relatos mais contundentes, o executivo Pedro Novis revelou, por exemplo, que repassou a José Serra uma bolada de 6 milhões de reais por meio de depósitos em contas correntes mantidas no exterior pelo lobista José Amaro Pinto Ramos – conhecido operador tucano suspeito de pagar propinas no caso Alstom no Brasil e indiciado na Suíça por lavagem de dinheiro e corrupção. Os pagamentos foram ordenados quando Novis presidia o Conselho Administrativo da Braskem, uma das empresas do grupo Odebrecht. “Pedro Augusto Ribeiro Novis afirma ter realizado diversas contribuições em favor de campanhas do senador da República José Serra, objetivando manter boas relações com o agente político e almejando futuro auxílio em obras de infraestrutura, concessões na área de transporte e saneamento no Estado de São Paulo”, diz o texto redigido pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.
Além de repassar recursos para campanha de Serra, Pedro Novis revela que o próprio governador procurou a Odebrecht, em 2008, para solicitar um pagamento de 3 milhões de reais. Segundo Serra teria informado à empreiteira, o dinheiro seria uma “contribuição à Prefeitura de São Paulo”. No despacho de Edson Fachin, não fica claro se o pedido de Serra foi atendido pela Odebrecht. Novis conta, no entanto, que foi procurado no ano seguinte, em 2009, pelo então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (morto em 2014), com um novo pedido de 3 milhões de reais. Dessa vez, a bolada serviria para “custear campanhas majoritárias, inclusive do senador José Serra à Presidência da República”, conta Novis.
É a partir dessa negociação que surge o pagamento, revelado por VEJA, de 23,3 milhões de reais em propinas ao PSDB. Segundo narra o delator da Odebrecht, a empreiteira tinha muitos contratos na gestão de José Serra e enfrentava dificuldades para receber os pagamentos do governo. Ao ser procurado para doar à campanha do governador, o executivo da Odebrecht condicionou o repasse ao recebimento de pagamentos atrasados no governo. Foi aí que Sérgio Guerra, segundo o delator, apresentou o achaque. A Odebrecht receberia todos os atrasados do governo Serra se concordasse em pagar ao PSDB um pedágio de 15% dos valores devidos à empreiteira.
“Sérgio Guerra, em contraproposta, teria afirmado que os atrasados seriam adimplidos, desde que 15% (quinze por cento) desses valores fossem transferidos ao próprio PSDB, avença que teria sido confirmada pelo então Governador José Serra. Assim, Pedro Novis teria autorizado pagamento na ordem de R$ 23.300.000,00, sendo que a contrapartida almejada foi efetivamente cumprida. Os pagamentos teriam sido tratados entre representantes do Grupo Odebrecht e Ronaldo César Coelho e Márcio Fortes, pessoas indicadas pelo Senador da República José Serra”, escreve Fachin na decisão de abertura de inquérito.
Os delatores da Odebrecht ainda narram em detalhes como funcionou o cartel de empreiteiras nas obras do Rodoanel Sul e revelam o pagamento de propinas a diretores da DERSA, a concessionária controlada pelo governo de São Paulo, responsável por coordenar as obras e manter as rodovias do estado. Todo o esquema parte de uma decisão administrativa de José Serra, em 2007. “Os colaboradores noticiam que, no ano de 2007, José Serra, então governador do Estado de São Paulo, publicou decreto impondo às empresas a renegociações de contratos mantidos com o poder público. Nessa ocasião, a DERSA seria dirigida por Paulo Vieira Sousa, conhecido como ‘Paulo Preto’, pessoa próxima ao então Governador José Serra. Após a repactuação em relação ao consórcio liderado pela Odebrecht, Paulo Vieira Sousa solicitou o pagamento de 0,75% do valor recebido por cada empresa, sob pena de alterações contratuais prejudiciais”, diz Fachin.
Segundo os delatores, depois de conquistar o lote dois da obra do Rodoanel, a empreiteira foi procurada pelo então diretor de Engenharia da DERSA, Mário Rodrigues Júnior, que solicitado o pagamento de 1,2 milhão de reais, sob a alegação de que tais valores seriam destinados ao custeio de campanhas eleitorais. Diz o despacho de Fachin: “No âmbito da Odebrecht, referida solicitação foi atendida, com pagamentos efetuados, na ordem de 2,2 milhões de reais, em favor da offshore Circle Technical Company Inc, que pertenceria a Amaro Ramos, supostamente conhecido operador do Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB). Os repasses teriam cessado após investigações implementadas pelo Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União, que concluíram pela ilegalidade das alterações contratuais.”
(...)

Aécio recebia mesada de R$ 1 mi e R$ 2 mi, afirma delator
Em acordo de delação, Marcelo Odebrecht e executivo da empresa afirmaram que senador tucano recebeu 'vantagens indevidas'
Por Daniel Pereira
Terça-feira, 11 abr 2017, 17h39 - Atualizado em 11 abr 2017, 21h09
Marcelo Odebrecht e outro executivo da empresa contaram que o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, recebeu “vantagens indevidas” em troca de apoio a interesses da empreiteira, sobretudo no caso dos projetos das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Segundo o colaborador Henrique Valladares, Aécio, identificado como “Mineirinho”, recebia mesadas que variavam de 1 milhão de reais a 2 milhões de reais.
O teor de outro inquérito envolvendo o senador tucano revela que, em seus acordos de colaboração, Marcelo Odebrecht e Benedicto Júnior apresentaram provas documentais de que, em 2014, efetuaram o pagamento de “vantagens indevidas” em benefício do senador Aécio Neves e de seus aliados políticos. O relato foi confirmado pelo principal executivo da empreiteira em Minas Gerais.
Alvo de cinco inquéritos, Aécio Neves também foi citado por dois delatores, que disseram que a Odebrecht pagou, a pedido do senador, “vantagens indevidas” travestidas de doações eleitorais à campanha ao governo de Minas Gerais do tucano Antonio Anastasia, hoje senador. Um dos repasses foi de cerca de 5,5 milhões de reais. Houve apresentação de prova documental, segundo o Ministério Público.
Confira nota de posicionamento enviada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG): 
“Considero importante o fim do sigilo sobre o conteúdo das delações, iniciativa solicitada por mim ao ministro Edson Fachin na semana passada, e considero que assim será possível desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta correção de minha conduta.”

Ex-prefeito Fernando Haddad recebeu caixa dois, diz Odebrecht
Delatores da empreiteira revelam que pagaram despesas do marqueteiro João Santana
Por Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin, Laryssa Borges, Marcela Mattos, Felipe Frazão, Hugo Marques, Thiago Bronzatto
Terça-feira, 11 abr 2017, 23h15 - Atualizado em 12 abr 2017, 00h54
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, do PT, é acusado por delatores da Odebrecht de receber caixa dois em sua campanha. De acordo com os empreiteiros Emílio e Marcelo Odebrecht e o ex-executivo Alexandrino Alencar, a construtora repassou recursos para o marqueteiro João Santana, responsável por eleger Haddad em 2012.
Em agosto do ano passado, VEJA revelou detalhes da delação premiada de Santana. O marqueteiro relatou aos procuradores da Operação Lava-Jato que de fato recebeu dinheiro da Odebrecht durante a campanha de Haddad. De acordo com a Odebrecht, o caixa dois teve como propósito ajudar a empresa na concessão de CID (Certificado de Incetivo ao Desenvolvimento), em São Paulo, e na aprovação de medidas legislativas.
O ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato, determinou que os depoimentos dos colaboradores sejam enviados à Justiça de São Paulo, já que Haddad não se reelegeu em 2016.

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