UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

148 anos depois do assassinato de Lincoln, os negros ainda são perseguidos nos EUA. Dona Dilma, sábado, “Dia do Amigo”, avisou que não ia à reunião de cúpula do PT. Governos e até Forças Armadas estão mais assustados do que o Papa Francisco, que chega hoje ao Brasil. Dona Dilma não está nem aí para pesquisas sobre a eleição de 2014.

Helio Fernandes
Hoje, às 4 da tarde, o Papa Francisco chega ao Brasil para sua primeira viagem ao exterior. E vem aureolado, que palavra, para uma consagração inédita em apenas 4 meses no cargo. Obteve esse reconhecimento inédito, não pela atuação ética, administrativa, financeira e sim pessoal e revolucionária. E num setor que os antecessores nem imaginaram.
As mudanças impostas pelo Papa Francisco, e que repercutiram no mundo inteiro, no católico e não católico, atingiram a belíssima (mas demasiadamente luxuosa) liturgia da Igreja. Nada a ver com a simplicidade, a humildade e a pregação de Jesus Cristo.
Cristianizado e envolto naqueles excessos e exibicionismos de Papas guerreiros,  Papas voltados mais ao sexo do que para Esperança e Revolução, Jesus Cristo viu desperdiçada aquela aura e pregação, que assombraram, surpreenderam e conquistaram o próprio Marx. Que no extraordinário Manifesto de 1848, imitou Adam Smith na parte econômica, mas se rendeu mesmo a Jesus Cristo na questão Social e Revolucionária.
O que muito, mas muito mais tarde faria surgir o que foi chamado de “padre-marxista”. Surpreendente e contraditório, que mereceu até a ironia de Nelson Rodrigues, reacionaríssimo, mas totalmente isento. Nunca passou perto das lições de Marx, também nem ligava para as pregações da Igreja. Agora, Francisco, com a maior simplicidade, desveste as roupas exuberantes, abandona os palácios territoriais, “onde podem morar muitas famílias”, vive, mora e dorme num albergue cercada por gente comum.
FRANCISCO TRANQUILO,
AUTORIDADES ASSUSTADAS

Desde do avião, entra num carro fechado, vai conhecer o centro da cidade. Aí, já no papamóvel, sem vidro e sem blindagem. O centro do Rio, a essa hora é a maior concentração de pedestres e de carros. Ao contrário de outras grandes cidades do mundo, o centro também não é também residencial. No Rio, multidões durante o dia, um deserto à noite.
Francisco vai passar por esse centro na hora de maior concentração, quase que na certa, não resistirá, descerá do carro para confraternizar com as pessoas. Os encarregados da segurança do Papa pedirão a Deus que exerça sua influência remota sobre ele, impeça-o de fazer o que mais gosta: conversar, abraçar, se relacionar com o povo.
Haja o que houver, desça ou não desça do papamóvel no meio do povo. Ou depois,  nos outros sete dias da visita, tudo se transformará em sucesso, conhecimento inesquecível. Para Francisco e para o povo brasileiro, a vinda dele será citada sempre, pela tranquilidade, pelo carinho, pelos milhões que o reverenciarão.
A CANDIDATURA MANTEGA
Eu escrevi que ele poderia ser candidato a governador de São Paulo e não a presidente da República. E coloquei todas as restrições, “talvez, possivelmente, dependendo”. E ainda expliquei claramente. Duas forças moveriam uma forma de jogar o ainda ministro na fogueira eleitoral paulista.
1 – Lula procura um “poste”, e por enquanto tem os três de sempre: Mercadante, Padilha, Dona Marta. Pior do que esses, Mantega não é. 2 – Ele vai deixar o Ministério, para não sair duvidosamente (Palocci saiu desonrosamente), disputaria São Paulo. É o que existe, rigorosamente verdadeiro. Mas como tudo hoje, pode não acontecer.
CABRAL E PEZÃO, DESESPERADOS
Sem saber o que dizer, vendo o futuro escapar pelas esquinas do Leblon, Cabral acusa: “Forças internacionais movimentam o quebra-quebra e o vandalismo contra mim”. Acontece que o governador errou demais, do ponto de vista ético, administrativo, moral, político, e tudo isso, com insensata arrogância.
AS ACUSAÇÕES DE PEZÃO
O vice que não ia ser promovido a governador, agora ficou em situação insustentável. Não digo isso agora. Quando Cabral lançou Pezão e convidou Beltrame para vice, não recebeu resposta. Expliquei então aqui o fato que se confirmou: “Beltrame não quer ser vice de um candidato que não vai ganhar”.
Mais modesto do que Cabral, o vice garante que “as forças contra mim são movimentadas por Freixo e Garotinho”. Os dois são candidatos a governador, Freixo não tem a menor chance, Garotinho vai disputar com Lindbergh, por que não foi incluído? Nenhum dos três tem condições de manipular forças como essas.
A PERSEGUIÇÃO AOS NEGROS NOS EUA,
148 ANOS DEPOIS DA MORTE DE LINCOLN

Quem diz isso é o próprio presidente Obama, um negro. Constrangido e revoltado com a absolvição de um branco que atirou num negro e foi “absolvido por ter sido julgado alegando legítima defesa”, Obama garantiu que “isso poderia ter acontecido comigo, antes de ser senador”.
148 anos depois da batalha campal pela aprovação da emenda número 13, que acabava com a escravidão e levou ao assassinato de Lincoln, essa confissão do presidente da República é assustadora. E rigorosamente verdadeira. Se não for anulada a absolvição do criminoso, decepção, complicação e retrocesso.
ANTES DAS PESQUISAS,
DILMA JÁ ESTAVA SOTERRADA

Esse levantamento de possibilidades dos presidenciáveis para 2014 tem uma fragilidade que já anotei aqui. Começa dizendo: “Se a eleição fosse hoje”. E aí dão os seus palpites travestidos de análise, mas sem nenhuma consistência. E isso, 15 meses antes da eleição. No quadro mais confuso da nossa história.
Os Poderes não são nada harmônicos e independentes entre si. Se hostilizam, se desencontram e se confrontam ostensivamente. No Planalto, Dona Dilma nem se movimentou, quando diziam, “Dona Marina colou em Dona Dilma e para o segundo turno irão as duas, Dona Dilma com 35 por cento e Dona Marina com 34 por cento”. Desculpem: Há!Ha!Ha!
O ADVERSÁRIO NÃO FOI PESQUISADO
Com 2 anos e meio de indecisão, de incerteza, de excesso de exibicionismo na televisão e de omissão em todos setores, Dona Dilma sabe que, ainda assim, não será alcançada pelos outros componentes da lista. “Se a eleição fosse hoje”, todos esses presidenciáveis que se confessam candidatos ao segundo turno, não chegariam nem perto.
O provável, possível e suposto adversário é mantido oculto por elipse, só revelado em linhas cruzadas, por ele mesmo. Quando confessa: “Estou muito bem de saúde, o câncer foi embora”, todos sabem o que pretende demonstrar. Completa: “não sou candidato”, está afirmando que é, pois se não fosse, o “Volta, Lula” não passaria do ABC, onde mora, ou do Instituto, onde trama e se demonstra, mesmo para analistas amadores.
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PS – Sábado foi o “Dia do Amigo”. Refletindo sozinha diante do espelho, Dona Dilma decidiu. “Não vou à reunião da cúpula do PT”. Comunicou, protestaram, já estava até redigido discurso para saudá-lá (?).

PS2 – Se como presidente já manda tão pouco, para fazer ou não fazer reforma ministerial tem que atender intimação de um correligionário, como o presidente da Câmara. O que adianta ficar no Planalto ou no Alvorada?
PS3 – E a motivação para não ir á reunião do PT foi precisamente essa: se não tem nenhum amigo no PT, por que ir à convenção? Nem pode reclamar ou protestar, não tem tradição ou permanência no partido. Entrou no PT pela porta do PDT.
PS4 – Outro que “desaproveitou” o Dia do Amigo foi Eike Batista. Devia ter falado antes, não agora, quando tantos perderam tudo, não sobrou quase nada, nem mesmo os “amigos” que não tinha, mas enganou duramente.
PS5 – Textual do quase maior rico do Brasil e do mundo: “Estou arrependido de ter recorrido ao dinheiro dos acionistas, mas vou pagar cada centavo devido”. Estranho que o falso triliardário diga que pagará “centavos”.
PS6 – Para um mercado (de ações) que se movimenta em alta velocidade, diz: “Eu não sabia de nada”. Nada é novo sob a terra, ele copia o hoje grande amigo, Luiz Inacio Lula da Silva.
PS7 – Ora, direis, ouvir estrelas, certo perdestes o senso da medida. Ah!, Castro Alves, vivestes muito antes, agora estarias no centro dos acontecimentos.

Da Tribuna da Imprensa de 22-7-2013.

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