DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 28-6-2013

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO


28/06/2013 | 01:31

Sponholz

Sponholz

Lula silencia e
manipula Dilma
de olho em 2014

O constrangedor silêncio de Lula na mais grave crise da República esconde uma estratégia marota, típica dele, um ex-agitador de porta de fábrica: manobrar a reforma política por meio de sindicatos e dos “movimentos sociais”. Seu objetivo, com a “convocação” do plebiscito, é fazer o PT se apropriar das reivindicações espontâneas das ruas, e solidificar o projeto de poder do partido, caso decida retornar em 2014.

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A luta continua

Lula admitiu a interlocutores que não abre mão dessa bandeira e que irá conduzir o processo de reforma política que Dilma não conseguiu.

O QUE ROLA NA INTERNET
Lula destrata fotógrafos que o divulgam

O ex-presidente Lula aparece em um vídeo de 15 segundos, ainda pouco divulgado no youtube, destratando fotojornalistas. Os profissionais pediram permissão para fotografá-lo durante um evento e, por isso, o político se irritou: “Esses caras andam atrás de mim o dia inteiro – batem foto o dia inteiro – e ainda querem uma foto aqui? Porra!”. Depois da insistência dos assessores, Lula permite a entrada dos fotógrafos, mas ordena que fiquem no local por apenas dois minutos. “Manda vim, vai. Mas também é pra tirar a foto e ir embora. Dois minutos”, diz no vídeo. O PT é conhecido por sua aversão à imprensa, tanto que defende sua censura por meio do “Marco Regulatório das Comunicações”, uma espécie de nome bonito para “Controle da Mídia”.

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    Morte anunciada

    O advogado e ex-delegado da Polícia Federal Paulo Magalhães, 57, foi executado a tiros em Campo Grande (MS). Sua ONG Brasil Verdade moveu ação popular contra Lula e denunciou políticos e judiciário.

    Dificilmente o povo deixará de impor

    O povo chegou primeiro e dificilmente deixará de continuar impondo suas exigências, mesmo arrefecendo seu furor urbano. Nem Dilma Rousseff nem o Lula assemelham-se a Antônio Carlos, muito menos a Getúlio Vargas. Estão mais para Washington Luiz ou Júlio Prestes, seu malfadado príncipe herdeiro. Na verdade, sem que a maioria dos sociólogos ou historiadores percebam, e não poderia ser diferente, verifica-se entre nós uma daquelas transformações que só mais tarde a História e a Sociologia explicarão, tanto faz se como um ensaio geral, à maneira do que os tenentes encenaram a partir de 1922, ou como da revolução que eclodiu em 1930. De qualquer forma, tem  gente candidata ao exílio. Leia o artigo completo de Carlos Chagas.

    Câmara não
    prenderá Donadon:
    ‘é tarefa da PF’

    Apesar de manter uma “Policia Legislativa”, que aliás custa muito caro ao contribuinte, a Câmara dos Deputados confirmou ontem que não vai prender Natan Donadon (PMDB-RR), deputado ladrão transitado em julgado, foragido da Justiça, ainda que ele apareça por lá. A Câmara foi buscar em tecnicalidades o pretexto para o corporativismo: o mandado de prisão do Supremo Tribunal Federal foi dirigido à Policia Federal.

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    Pilatos

    A assessoria da Câmara garante que “ninguém mais” pode prender o deputado corrupto, além da PF. Nem a “Polícia Legislativa” nem a Civil.

    Cumplicidade

    É antiga a atitude “legalista” da Câmara, em defesa de meliantes com mandato, criando dificuldades ao cumprimento de sentenças judiciais.

    Tutti amici

    Donadon está condenado à cadeia, por roubo, desde 2010, mas somente agora seu correligionário Henrique Alves, presidente da Câmara, vai abrir processo de cassação.

    Corporativismo

    É freqüente a Mesa Diretora da Câmara se recusar até mesmo a tomar  conhecimento de ordens judiciais nos casos de cassação de mandato.

    Dilma foi alertada

    Há mais de ano Dilma vinha sendo alertada para os perigos de desatenção com os grandes eventos no Brasil. Deu no que deu e ainda não tivemos os eventos principais. Foi alertada várias vezes. Agora está colhendo os frutos que plantou. Desprezou todos os avisos.

    Até o PT reclamou

    Até o PT, que demora a entender as coisas, percebeu os erros do governo. Ela foi severamente criticada na reunião da bancada do PT na Câmara, esta semana, por desprezar a Fifa e os grande eventos.

    É ou não é?

    A presidenta agora jura que não há dinheiro público na construção dos estádios, mas fez questão de colar a imagem do seu governo às obras, mandando o ministro Aldo Rebelo (Esporte) visitá-las e fiscalizá-las.

    Engana que eu gosto

    Apesar de ter prometido reduzir a quantidade de medidas provisórias, a presidenta Dilma mantém o mesmo ritmo. Desde a votação da MP dos Portos, ela já enviou três novas medidas ao Congresso Nacional.

    Pensando bem…

    …o “Minha Rua, Minha Vida” é o programa mais bem-sucedido do governo Dilma.


    NO BLOG DO NOBLAT

    Oposição rechaça proposta de plebiscito para reforma política

    O Globo
    A oposição classifica como “manobra diversionista” a proposta da presidente Dilma Rousseff para realização de um plebiscito sobre a reforma política. Na avaliação do PSDB, DEM e PPS , o governo está “criando subterfúgio para deslocar a discussão dos problemas reais do país”. Em nota oficial divulgada nesta terça-feira rechaçam a possibilidade de um plebiscito.
    “Somos favoráveis à consulta popular. Mas não sob a forma plebiscitária do sim ou não. Legislação complexa, como a da reforma política, exige maior discernimento, o que só um referendo pode propiciar”, diz o texto. A nota é assinada pelo presidente do PSDB, Aécio Neves (foto abaixo), presidente do DEM, José Agripino, e pelo presidente do PPS, Roberto Freire.



    Em nota, juízes dizem que a democracia 'está em risco'

    Fausto Macedo, Estadão
    A Justiça está preocupada com o que chama de “risco à própria democracia”. Reunidos no início da semana na sede do Tribunal de Justiça de São Paulo, presidentes de tribunais e de associações nacionais e estaduais da magistratura produziram uma nota pública, divulgada nesta quinta feira, 27, na qual expressam as aflições do Judiciário, ante constante evasão de quadros e a insegurança da toga - 170 juízes estão sob ameaça de morte.
    Os juízes revelam preocupação “com os rumos do Judiciário no contexto nacional, diante do processo de vulnerabilidade e fragilidade que vem se instalando em detrimento desse Poder, com risco à própria democracia".Participaram da reunião o presidente do TJ paulista, desembargador Ivan Sartori, o desembargador Henrique Nelson Calandra, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o desembargador Nino Toldo, presidente da Associação dos Juízes Federais, e outros.



    Senado aprova urgência para Passe Livre Estudantil

    Cristiane Jungblut, O Globo
    O Senado aprovou nesta quinta-feira (27) urgência para o projeto do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que institui o "Passe Livre Estudantil" em todo o país. O custo do programa será bancado com os royalties da exploração o petróleo. Mas o dinheiro virá da parcela da União.
    Em outra proposta aprovada na Câmara esta semana, ficou definido que os recursos dos royalties irão para áreas da Educação (75%) e da Saúde (25%). Renan disse que o seu projeto será votado já na próxima quarta-feira, mas não soube informar o gasto para a União do programa de gratuidade das passagens para os estudantes de todo o país. Preocupado, o Palácio do Planalto pediu que o Ministério da Fazenda faça o levantamento dos gastos.




    NO BLOG DO CORONEL

    Hora de escorraçar o PT do poder.

    É bom que os partidos políticos lembrem que o PT não tem 20% dos votos da Câmara e do Senado. Sem os seus aliados, não aprova absolutamente nada. Se houver plebiscito, ele deve ser exatamente o contrário do que o PT prega. É mais do que uma questão de inteligência. É uma questão de sobrevivência política e da própria democracia. Se o PT vencer este plebiscito, teremos um por semana, como na Venezuela. E vamos rumar, rapidamente, para sermos mais uma república bolivariana socialista. O PT é o inimigo a ser vencido. É bom que os seus aliados acordem para isso, pois foi a bandeira vermelha com a estrela que foi queimada na rua por jovens e por carteiros. E nada mais povo do que carteiros. Nada mais trabalhadores do que carteiros. O PT humilhou o PMDB e os demais partidos ao propor uma constituinte exclusiva e um plebiscito. Não perguntou a opinião de ninguém, nem mesmo do vice-presidente. O plebiscito é a oportunidade única e rara de dizer não ao PT. E com o apoio do povo na rua.

    Por que Dilma tem medo de um referendo?

    Ontem, ao defender o plebiscito, Dilma Rousseff disse aos políticos que a desaprovação de uma proposta feita pelo Congresso, em referendo, seria o pior dos mundos. Deixou claro, assim, que a culpa pela crise de credibilidade do seu governo é dos políticos e que ela e sua caótica e corrupta equipe são apenas o reflexo dos maus. Os aliados vão engolir esta fraude? A questão é simples: Dilma não confia no discernimento do povo para aprovar ou não o que é melhor para o Brasil num referendo. Dilma entende que um plebiscito com um pacote fechado de perguntas que o povo não entende, feitas pelo PT, o partido da corrupção, será mais democrático do que uma reforma discutida em plenário, diante da TV, como foi o julgamento do Mensalão. A pergunta é: o que o Congresso perderá optando por um referendo que já não perdeu ao longo dos últimos anos? Em qualquer pesquisa, os políticos apresentam índices ridículos de credibilidade. Um plebiscito não salvará os políticos, salvará apenas o governo podre e sujo do PT, que terá roubado mais uma prerrogativa do Legislativo. É simples de entender: o referendo será feito pelos políticos, o plebiscito será feito pelo João Santana, o marqueteiro da Dilma. Um referendo poderá mostrar que a política mudou. Uma boa proposta de reforma, feita às claras, à luz do dia, no calor dos debates, com as galerias cheias, devolverá a força que o Congresso perdeu. O plebiscito, por sua vez, será uma cova rasa onde os políticos e a nossa pobre democracia serão enterrados.Como na Venezuela, na Bolívia, no Equador.

    Com 1.500.000 views em um dia, vídeo mostra "presidenta" dizendo aos políticos: "vamos ter que roubar menos".

    Vídeo imperdível que retrata muito bem o que o povo pensa do atual governo e do atual partido que nos desgoverna. Se fizer um plebiscito perguntando se este governo é corrupto, 99% vai votar sim. Os outros 1% serão eles, os próprios.

    É surpresa Dilma não saber como tirar o trem bala do papel?

    O governo desistiu de ter empreiteiras como sócias na construção do trem-bala. Agora, em vez de conceder a obra de todos os 511 km a um consórcio só, o governo avalia fatiar a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV) em vários trechos, que poderão ser contratados como obra pública ou por concessões menores, em que as empreiteiras terão um papel restrito. Nesse modelo novo, o governo quer se associar às prefeituras onde estarão as estações, para lucrar com a valorização imobiliária das áreas do entorno, explicou Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL). A poucos dias da data-limite para divulgar o edital de operação do TAV (para que a entrega das propostas ocorra em 13 de agosto), o governo decidiu elevar a Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto de 6,32% para algo entre 8% e 8,5% para atrair mais interessados. (O Globo)


    NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

    As ruas estão um tanto destrambelhadas, mas Dilma e seus rapazes estão ainda mais. Ou: Sem safadeza e golpes na legitimidade e na legalidade, será impossível realizar o plebiscito

    Estamos a dois dias do fim de junho. Assustada com as manifestações e o quebra-quebra das ruas, a presidente Dilma Rousseff resolveu chupar as resoluções do 3º Congresso do PT, ocorrido em 2007, e chamar a proposta de reforma política e “pacto” — aí evocando a triste memória do governo Sarney. Chegou a falar num plebiscito seguido de constituinte. Agora, contenta-se só com a consulta popular. Encontrou-se nesta quinta com presidentes dos partidos da base aliada. Eles toparam. Toparam sabe-se lá o quê. Ninguém tem noção de como as coisas funcionariam.
    A presidente diz querer uma consulta sucinta, restrita a alguns pontos. Quem aparece como chefe das operações é seu homem de superconfiança, Aloizio Mercadante — a Soberana parece surda à voz de seus sacerdotes. Ela quer que parte das mudanças já valha para a disputa de 2014. Seria preciso, pois, aprovar antes de outubro. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado — principal alvo dos protestos em Brasília —, anda mais assanhado que lambari na sanga. O homem que quer instituir o Passe Livre Estudantil (e os prefeitos que se virem) teve outra ideia genial: indagar no plebiscito se a população quer que a mudança ocorra já no ano que vem, ainda que aprovada fora do prazo. É um espetáculo! Nesse caso, seria preciso falar com os russos do STF. Tentarei ser rápido com Renan: se existe uma lei que impede mudanças no processo eleitoral a menos de um ano do pleito, mesmo a revogação dessa lei tem de ser feita um ano antes do pleito. Por que ele não propõe isso ao Congresso para ver se passa? Pelo visto, Renan acha que um plebiscito é tão legítimo que poderia até dizer “sim” a um golpe…
    Mercadante fala pelos cotovelos, com ares de Marco Antônio dando ordem aos egípcios. Fala o que lhe dá na telha, o que sempre é um problema. A consulta ao povo se restringiria ao financiamento de campanha, ao sistema de eleição de parlamentares e ao voto em lista. Já houve voto distrital no Brasil, mas se perdeu na memória. Para o eleitor comum — 99% —, tudo isso é charada grega. Mais: mesmo essas três questões não se resumem a um “sim” ou a “não”. Cada uma delas comporta pelo menos três alternativas: voto distrital, distrital misto e proporcional; financiamento público; financiamento misto; financiamento com doações privadas; voto nominal; voto em lista, mistura dos dois critérios. Digamos que o financiamento continue privado: as atuais regras permanecem? Vão mudar? No caso do financiamento público, como se fará a distribuição dos recursos?
    SEM PICARETAGEM, SEM SAFADEZA, SEM TRAPAÇA, SEM ESPÍRITO GOLPISTA, é simplesmente impossível resolver essa questão por plebiscito. Caso se realize, jamais a população terá sido chamada a votar em tal estado de  ignorância. Como se vai operacionalizar isso? A “vontade do povo” vai virar uma PEC ou Projeto de Lei? Poderão ser emendados pelos parlamentares ou não? Se não puderem, então seria preciso oferecer ao eleitor, na urna, a íntegra de cada texto votado, o que é impossível. Mais: quem disse que os parlamentares estariam obrigados a ser reverentes à vontade plebiscitária?
    Aberta a reforma política, parlamentares estariam impedidos de tratar de outros temas que não foram submetidos ao plebiscito? As tolices vão se acumulando. Numa evidência de que anda dormindo pouco e mal, o que deixa lento o raciocínio, leio na Folha que a presidente rechaça o referendo — a consulta feita depois que o Congresso chega a um texto final — porque, disse, esse seria o pior dos mundos. Afirmou: “A população poderia rechaçar uma reforma política aprovada pelo Congresso. Ficaríamos sem mudanças, não é o que deseja a voz das ruas”.
    Heeeinnn?
    Como não há ninguém querendo reforma política nas ruas — alguém ouviu falar disso? —, a população pode muito bem decidir deixar tudo como está, ora essa! E aí? Mais: se o Congresso votasse uma coisa e a população rejeitasse — e isso implicaria que ela teria dito “não” à mudança, mantendo as leis atuais —, isso só provaria, então, que, nesse particular, não estaria querendo mudança!!! Se essa fala for verdadeira, isso só evidencia o estado de confusão mental em que está essa gente.
    Organizar e executar um plebiscito dessa complexidade em três meses é coisa de República Bananeira. Eu não acho que governantes tenham de ser necessariamente submissos ao que se grita nas ruas. Mas, se é o caso, um dos gritos que se ouve é contra a corrupção e a ineficiência do estado. Dilma poderia começar cortando metade dos ministérios. Ficar com 20 já estaria bom. Tenho a certeza de que, cortando a metade, o governo já renderia o dobro. Seria muito pouco, claro!, mas melhor do que hoje.
    Que coisa! O PT governava com razoável serenidade quando pesquisas indicavam a quase unanimidade. Bastaram algumas manifestações de insatisfação, e essa gente entrou em parafuso. Sei a quem estou apelando, mas é o que nos resta: os partidos da base aliada, exceção feita ao PT, deveriam demover a presidente dessa estupidez. Não conseguindo, espero que tenham o bom senso de ir empurrando esse negócio com a barriga. Dilma vive um momento meio aloprado, instruída por um mau conselheiro. José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, por ofício, seria a voz do bom senso. Mas quem dá bola ao Leporello?
    Xiii, já fui lá pro Dom Giovanni. Melhor parar por aqui. 
    Por Reinaldo Azevedo


    Uma camiseta das Farc na guerra de rua em Fortaleza!

    Mandam-me esta foto. Vejam ali a camiseta do fortão que, com o rosto coberto, usa um estilingue para atingir policiais no Ceará.
    O símbolo que traz no peito é o das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Sim, há pessoas no Brasil — e não me estranha que ele esteja no protesto — que envergam camisas de narcoterroristas.

    Moleques hoje, que eu saiba, não brincam mais de estilingue, coisas do meu tempo, do meu interior. Sei que não era muito bonito, mas o fato é que a gente matava passarinho. Hoje, quando eles começam a cantar antes das 5 da matina, penso em estilingues, confesso… Deus me livre! Hoje em dia, iria todo mundo para a Fundação Casa, acho. E teriam menos pena da gente do que dessas “vítimas da sociedade” que põem fogo em gente… É que passarinho não aquece o planeta. Um estilingue pode provocar um ferimento muito grave com pedra ou bola de gude — que, pra mim, continua a ser “fubeca”. Sim, a depender do caso, pode ser uma arma letal.
    Nada de errado, não é?, em usar a camiseta das Farc por aqui! Afinal, o governo petista não considera terroristas aqueles valentes. Lembro-me até de que Lula chegou a dar uns conselhos aos companheiros: deveriam fazer como o PT e disputar eleições. Como esquecer que Dilma Rousseff, quando chefe da Casa Civil, requisitou para trabalhar em Brasília, no Ministério da Pesca, a mulher do terrorista conhecido como Padre Medina, que está refugiado em Banânia? Numa democracia convencional, dar-se-ia um jeito de achar esse rapaz para que ele se explicasse… Mas quê! Se Dilma não teve de se explicar, por que ele teria?
    Por Reinaldo Azevedo



    NO BLOG DO JOSIAS



    Lula foi aconselhado por um amigo, no início da semana, a entrar em cena para apagar um princípio de incêndio no PMDB. Sem consultar o vice Michel Temer, Dilma Rousseff lançara a ideia de convocar uma Constituinte para fazer a reforma política. A coisa ficou feia, disse o interlocutor a Lula, sugerindo-lhe que tocasse o telefone para Temer e Cia.
    A resposta de Lula foi inusual. Ele se absteve de defender Dilma, como faz habitualmente. Preferiu indagar: sabe por que o PMDB tá puto? Foi adiante: Tá puto porque a Dilma consultou o Fernando Henrique e não consultou o PMDB, não consultou o PT, e não me consultou. Emendou: se me dissesse que ia falar com o Fernando Henrique, eu desaconselharia, eu diria: sou contra.
    Lula recebeu mal a notícia de que Dilma enviara o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) em missão de paz junto a FHC. Até 20 dias atrás, não havia hipótese de alguém criticar a presidente na frente de Lula sem que o criador saísse em defesa da criatura. Isso mudou. Disse que não ligaria para os dirigentes do PMDB. Dilma não pediu, alegou. Outra mudança. Noutros tempos, ligaria por conta própria.
    Lero vai, lero vem o amigo de Lula desancou a ideia de Dilma de realizar um plebiscito sobre reforma política. O tema é complexo demais para ser esgotado numa consulta popular, afirmou. O povo vai perceber que não é sério, acrescentou. Lula limitou-se a dizer que conversaria com Dilma. Não se sabe se conversou.
    O silêncio de Lula intriga o PT. Estranha-se o fato de ele não ter subido no caixote para defender Dilma dos ataques da imprensa e da oposição. Não é do seu feitio fugir de conjunturas espinhosas. No auge da crise dos atos secretos do Senado, por exemplo, ele veio à boca do palco para dizer que José Sarney, por “incomum”, merecia respeito. O pasmo do PT aumentou quando o partido soube que Lula prepara-se para viajar ao exterior. Deve passar a próxima semana ainda mais distante da algaravia das ruas brasileiras.

    Festejada, a coesão sobre plebiscito não existe 

    Após um ciclo de três reuniões de Dilma Rousseff com políticos aliados, os porta-vozes do governo venderam a tese segundo a qual os partidos governistas estão unidos no apoio ao plebiscito sobre a reforma política. Essa unidade só existe na fantasia dos discursos oficiais. Na vida real, está longe de ser obtida.
    O ministro Aloizio Mercadante (Educação) falou em “grande convergência”. O colega José Eduardo Cardozo (Justiça) mencionou “pontos de consenso”. A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) soou ainda mais enfática: “[…] Todos os partidos, os líderes, estão convictos de que a consulta popular, a participação, é fundamental.”
    O deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB, foi claro na reunião com Dilma. Disse que sua bancada, a segunda maior da Câmara, não deve apoiar a realização de um plebisto neste ano, como deseja a presidente. O PMDB da Câmara aceitaria no máximo aprovar a realização da consulta popular junto com as eleições gerais de 2014, “sem custos”.
    Ouvido pelo blog, Eduardo Cunha declarou: “A bancada do PMDB prefere, obviamente, o referendo. Mas pode aceitar um plebiscito se ele for feito junto com as eleições de 2014. O que ninguém aceita é o plebiscito solteiro. Creio que isso não passará.” E se o Planalto insistir?, indagou o repórter. “Se quiserem o plebiscito solteiro, a tendência da minha bancada é de não apoiar.”
    A posição do líder do partido do vice-presidente Michel Temer já fulmina a ideia de coesão insinuada no declaratório dos operadores de Dilma. Mas o dissenso não é feito apenas de Eduardo Cunha. Há muito mais. Contabilizando-se as discordâncias, verifica-se que o Planalto flerta com o malogro.
    O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, divergiu de Dilma por escrito. Ele entregou à presidente um documento. Na peça, anota três coisas: 1) o PP também quer a reforma política. 2) O tema, por complexo, não cabe num plebiscito. 3) O mais adequado seria um referendo, modalidade de consulta na qual o povo é ouvido depois que o Congresso toma suas decisões, podendo referendá-las ou não.
    O texto do PP reproduz levantamento feito pelo senador Francisco Dornelles (RJ) sobre os temas que poderiam constar do plebiscito. São oito assuntos, subdivididos em múltiplas opções. Somando-se todas as alternativas, o eleitor seria convidado a analisar 29 possibilidades –desde o tipo de voto (obrigatório ou facultativo?) até a duração do mandato presidencial (4 ou 5 anos?) e o instituto da reeleição (mantém ou acaba?).
    “Não é fácil organizar um plebliscito”, disse Ciro Nogueira ao blog. “Falei isso na reunião. Depois que decidir sobre os temas, tem que aprovar nas duas Casas do Congresso. Então, tem que dar o tempo para fazer a propaganda no rádio e na tevê. Daí, realiza-se o plebiscito. Em seguida, o Congresso precisa aprovar a reforma política propriamente dita. De novo, na Câmara e no Senado. Vamos fazer tudo isso em 90 dias, como estão querendo? Não creio que seja possível.”
    Ciro Nogueira foi ao ponto: “Meu grande temor é o seguinte: na semana que vem esse assunto será jogado no Congresso. Se der errado, a culpa será de quem? Vão responsabilizar o Parlamento? Eu não vou assumir esse ônus.” Ex-ministro de Lula e atual vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima foi mais específico. Presidente do PMDB da Bahia, Geddel falou sobre o plebiscito de Dilma numa entrevista à Rádio CBN de Salvador (disponível aqui). Acha que o plebiscito foi uma boa resposta aos protestos?, indagou o entrevistador.
    E Geddel: “Não acho, não. É uma inversão das prioridades. O que o povo está dizendo não é que quer uma reforma política, apesar de ela ser necessária. [...] O que o povo está dizendo é: eu quero gestão. Eu quero saúde pública de qualidade, quero posto de saúde que tenha médico. Eu quero uma segurança pública que nos tire esse medo que estamos vivendo. Eu quero transporte de qualidade…”
    Nas entrelinhas, Geddel endossa o discurso dos oposicionistas PSDB, DEM e PPS, legendas que enxergam no plebiscito uma “cortina de fumaça” à qual Dilma recorre para “fugir” do essencial. Membro da Executiva nacional do PMDB, Geddel cobrará do colegiado, que se reúne na terça-feira (2), uma posição sobre o plebiscito. O líder Eduardo Cunha também quer discutir a matéria na Executiva.
    As rachaduras do conglomerado governista aumentam quando o debate desce ao detalhamento das questões que cada um deseja incluir no plebiscito. Segundo Aloizio Mercadante, Dilma quer uma consulta enxuta. Coisa de quatro ou cinco questões: “Vamos tratar daquilo que é essencial, das balizas.” Beleza. Agora só falta combinar com os russos do condomínio.
    Líder do PDT, o deputado André Figueiredo (CE) sugeriu na reunião com Dilma que o povo seja ouvido até sobre a hipótese de o Congresso brasileiro tornar-se unicameral. Algo que implicaria na extinção do Senado. Antes de a presidente entrar na sala de reuniões, Figueiredo não resistiu à piada: se não dá para tirar o Renan Calheiros, acabamos com o Senado, disse, ateando risos nos presentes.
    Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, propôs enfiar dentro do questionário do plebiscito uma pergunta sobre o modelo de concessões públicas de emissoras de televisão. Afora as excentricidades, os aliados desejam ouvir o povo também sobre temas que Dilma prefere deixar quietos.
    Presidente interino do PTB, o ex-deputado baiano Benito Gama, recém acomodado por Dilma numa das vice-presidências do Banco do Brasil, sugeriu que o povo seja ouvido sobre reeleição. Os senadores Valdir Raupp (RO) e Eunício Oliveira (CE), respectivamente líder e presidente interino do PMDB, também informaram que o partido do vice de Dilma quer saber o que o povo pensa sobre a reeleição do presidente da República. Eventuais mudanças vigorariam apenas a partir de 2018, apressaram-se em declarar.
    Líder do PSB, o deputado Beto Albuquerque (RS), um entusiasta da candidatura presidencial do governador pernambucano Eduardo Campos, afirmou que sua legenda quer incluir na consulta questões sobre a unificação de todas as eleições e -olha ela aí de novo- o fim da reeleição. Só para 2018, Beto também fez questão de avisar.
    Eduardo Cunha, o líder do PMDB, propõe incluir outro tema que Dilma e Cia. refugam: sistema de governo. “Nós vivemos um dilema. Nossa Constituição é parlamentarista e o regime é presidencialista. É um tema essencial.” Isso, claro, se o governo concordar com o plebiscito feito em 2014, sem açodamentos.
    Dilma quer porque quer disputar 2014 já sob novas regras. O diabo é que, pela Constituição, mudanças nas regras eleitorais só podem ser aplicadas se forem feitas um ano antes do jogo. Como que antevendo as dificuldades, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), levou à mesa uma saída esquisita. Ele defende que o princípio da anualidade seja excepcionalmente flexibilizado. O que faria com que a reforma política começasse sob o signo do vale-tudo.
    Renan tornou-se um fervoroso defensor do plebiscito. Abraçou a causa com tanta ênfase que seus próprios correligionários enxergam segundas intenções por trás do gesto. O que se diz nos subterrâneos do PMDB é que o senador alardeia o plebiscito para tentar abafar o ‘Fora, Renan’, slogan encontradiço nas manifestações.

    NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM

    CONSTITUCIONALISTA PAULO BONAVIDES ALERTA OAB QUE EM HIPÓTESE ALGUMA PLEBISCITO DEVE PROPOR ALTERAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO

    Presidente da OAB Marcus Vinicius Furtado ouve o constitucionalista Paulo Bonavides, considerado um dos maiores especialistas brasileiros em Direito Constitucional
    Ao receber nesta quinta-feira (27) o constitucionalista Paulo Bonavides, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado, afirmou que a entidade irá lutar para que as perguntas a serem incluídas no plebiscito a ser realizado sobre reforma política não levem a alterar a Constituição em vigor. “Em hipótese alguma o plebiscito deve propor mudanças na Carta, pois estaríamos caindo numa Constituinte plebiscitária, e ferindo o próprio texto constitucional”, disse. “A crise precisa encontrar soluções dentro do marco da Constituição de 1988; ela é o remédio”.
    Na mesma linha de pensamento, Paulo Bonavides advertiu para os riscos de uma Constituinte plebiscitária que, na sua opinião, significaria uma ruptura. Mudança na Constituição, lembrou, se faz por PEC (Proposta de Emenda Constitucional). Esse entendimento reforça a posição da OAB, pela qual o plebiscito deve se limitar aos aspectos infraconstitucionais para uma reforma política abrangente, ou seja, ao que efetivamente deve mudar para que o processo eleitoral espelhe a vontade da população. Por exemplo, se a população concorda ou não proibir as empresas de financiarem campanhas de candidatos.
    “Estamos diante de um momento delicado de nossa vida institucional, que exige uma reflexão séria e responsável sobre as mensagens que nasceram das manifestações de ruas”, afirmou Bonavides. Aos 90 anos, ele é um dos mais respeitados constitucionalistas da história do país, agraciado com a Medalha Rui Barbosa do Conselho Federal da OAB. “Seria um paradoxo resolver a atual crise alterando a Constituição”, disse o jurista. Do site da OAB




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