DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 17-6-2013

NA FOLHA DE SÃO PAULO (Mundo)

17/06/2013 - 04h54

Papéis revelam gastos de Dilma em viagens

FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
Com 81 m², a suíte presidencial do hotel Beverly Hills em Durban (África do Sul) estava de portas abertas para a presidente Dilma Rousseff na reunião dos Brics em março.
De tamanho equivalente a duas residências do principal programa habitacional do governo, o Minha Casa, Minha Vida, a suíte foi considerada pequena demais pelos diplomatas do Itamaraty.
Diante das "reduzidas dimensões" da suíte com varanda "igualmente bastante acanhada", que seria paga pelo governo sul-africano, a comitiva optou pelo Hilton.
Mesmo com ajuda financeira dos anfitriões que bancaram parte das diárias de 5 dos 74 quartos reservados, US$ 94,1 mil saíram dos cofres públicos para custear a hospedagem, segundo revelam documentos do Itamaraty que, por determinação do governo federal, passarão a ser mantidos sob sigilo até o fim do mandato de Dilma.
Folha teve acesso a correspondências que tratam de viagens internacionais de Dilma trocadas entre a diplomacia brasileira de Brasília e das embaixadas de países visitados pela presidente até abril.
Reclassificados como "reservados", os papéis mostram pedidos de reserva de hospedagem, veículos e equipamentos, detalham gastos da comitiva e trazem até roteiros turísticos em paradas técnicas previstas para descanso da equipe e reabastecimento do avião presidencial.
EXIGÊNCIAS
Os documentos revelam que a lista de exigências do Itamaraty às embaixadas é sempre grande: cerca de 17 veículos, incluindo um blindado para Dilma, furgão sem banco para equipamentos e caminhão-baú para a bagagem; uma média de 55 quartos em hotéis; material de escritório, além de telefone e internet para as cerca de 80 pessoas da comitiva oficial.
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress
GASTANDO MUNDO AFORA Documentos revelam despesas de viagem de Dilma
Às vezes, as exigências são feitas até mesmo para as paradas técnicas, quando Dilma aproveita para passear.
Na volta de Moscou, em dezembro de 2012, Dilma, a filha e quatro ministros pararam em Marrakech, no Marrocos. O relatório da diplomacia mostra que a presidente foi à medina, andou pela praça principal e foi reconhecida por brasileiros, antes de ir ao hotel de propriedade da monarquia local para o tradicional chá de boas-vindas.
A parada técnica em Atenas, onde visitou museu e o Parthenon antes de ir à China (abril de 2011), custou US$ 121,3 mil só em hospedagem e diárias de servidores.
No caminho para a Índia (março de 2012), a presidente parou em Granada (Espanha), onde também fez turismo. Para o jantar de trabalho de presidente e comitiva, a embaixada pediu € 4.000.
A lista de gastos das viagens presidenciais no exterior inclui US$ 3.009 com serviço de bordo na volta do velório de Hugo Chávez, em Caracas, e € 9.457 para instalação de linhas telefônicas na suíte presidencial e no quarto da ajudante de ordens em Paris, em dezembro.
Há ainda pedido de US$ 1.970 para pagar gastos com fotocópias em Cannes, durante encontro do G20 em 2011, e de € 1.920 para o serviço de café e água no escritório de apoio do escalão avançado na visita a Cádiz, na Espanha.
A viagem deste ano à Itália para a inauguração do papado de Francisco, quando a presidente preferiu um hotel a ficar na embaixada e gerou polêmica, teve alguns gastos não divulgados pela Presidência anteriormente.
Foram pagos € 64,6 mil euros só com aluguel de veículos -€ 11 mil para o Audi blindado com motorista que conduziu Dilma por quatro dias. A empresa contratada anuncia que oferece uma "experiência de luxo em Roma".



NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO


Petistas minimizam vaias a Dilma

Aliados da presidenta Dilma Rousseff acreditam que houve erro da assessoria em expô-la diante de um público de classe média alta durante a cerimônia de abertura da Copa das Confederações, onde foi vaiada por duas vezes. "Vaia de playboy não vale", disse o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) por meio do Twitter. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a situação deveria ter sido evitada pela assessoria de Dilma. "Faltou avaliação política. Era um evento com ingresso caro, com classe média alta, classe A, não é essa a turma da Dilma e do Lula", afirmou Lindbergh. Presente no estádio, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) minimizou o fato. "Político no estádio é sempre vaiado, porque o povo ali quer ver futebol", disse.

Afastando-se de Gurgel, Duprat 
melhora chances

Procuradores desconfiam que não é “pra valer” o afastamento da colega Deborah Duprat do seu chefe e amigo Roberto Gurgel, a ponto de ter sido exonerada do cargo de nº 2 da Procuradoria Geral da República por sua posição divergente, no julgamento do projeto que fixa barreiras à criação de partidos. Duprat é a candidata de Gurgel à própria sucessão, por isso suas chances são consideradas modestas.

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Eleitor queimado

Gurgel é detestado no Planalto, e o PT o acusa de parcialidade no caso do mensalão e de subestimar a Operação Vegas, da Policia Federal.

Maria Antonieta

Dieta não está nos planos da Presidência da República, que pretende gastar até R$ 67 mil na compra de pães variados para autoridades e visitas, até o final do ano. A lista inclui 8 mil brioches e minibrioches.

Padrão Zâmbia

A pancadaria da PM, em São Paulo e no Rio mostrou que o sistema de segurança pública para grandes eventos, no Brasil, está abaixo do padrão Zâmbia, onde a única regra é borrachada em quem protesta.


BLOG DO NOBLAT


Um zumbido ecoa forte nos ouvidos de governantes dos mais diferentes recantos do planeta, fruto de manifestações que tomam conta de praças e ruas de tradicionais centros urbanos.

Em Istambul, na Turquia, na onda de um movimento que ocorre há semanas, a multidão derruba barricadas, enfrenta a Polícia e ocupa o mais importante espaço de concentração popular, a praça Taksim, em revolta contra o governo, que pretende construir na maior área verde da capital, o Parque Gezi, um Shopping Center.
São Paulo e Rio de Janeiro são palco de movimentos que arrastam grupos dos mais variados setores da sociedade em passeatas que culminam em vandalismo.
O foco das ações mais retumbantes nas duas principais capitais do país é o protesto contra o aumento das passagens de ônibus, que mobiliza a estudantada sob bandeiras de alguns partidos (PSOL, PSTU e PCO e juventude do PT).
Mas palavras de ordem, ecos e ruídos de grupamentos diversos também se fazem ouvir pelo território, a expressar uma locução em defesa de interesses de classes, etnias, gêneros e religião, entre outras frentes.
A par das intenções explícitas de cada movimento, que lição pode se tirar da efervescência social que se expande pelos continentes e que se acentua em nossos trópicos?

Manifestante tenta escapar de canhão de água disparado pela polícia em Istambul. Foto: APP

O pano de fundo sobre o qual se projeta o cenário de movimentos populares, protestos e ondas de insatisfação deixa ver duas crises: a econômico-financeira e a política.
A primeira, deflagrada em 2008, implicou estagnação do crescimento das Nações, elevadas taxas de desemprego, alto custo dos alimentos e rebaixamento dos níveis de vida das comunidades, cuja referência mais simbólica é a fila dos sem teto em ruas de capitais charmosas (incluindo as metrópoles norte-americanas) e a escalada de desocupações de imóveis em países como Espanha e Portugal. Neste último, aliás, mais de 3 mil manifestações realizaram-se em 2012.
Na esteira da crise financeira, emergiu, em 2011, o movimento Occupy Wall Steet, em Nova Iorque, cujo escopo traduzia a inconformidade com as desigualdades, a corrupção, a influência das empresas e do dinheiro na política, bandeiras que passaram a ser desfraldadas noutras praças mundiais.
A segunda crise, a da política, tem a ver com a metáfora da panela de pressão: a válvula entupida não deixa escapar o vapor, gerando, assim, o “estouro da boiada”. Mais precisamente, a ausência de respiro democrático jogou o povo nas ruas para exigir a abertura de canais de participação política e um fim a sistemas opressores.
A avalanche tomou conta de capitais e cidades do Egito, Tunísia, Líbia, Síria e Barein, com o expressivo nome de Primavera Árabe, inaugurando um ciclo democrático que culminou com a derrubada de quatro governantes.
Cumpriram papéis relevantes nesse processo as redes eletrônicas, que propiciaram a integração de grupos da comunidade internacional.
Esses tempos de grandes carências explicam o atual estágio civilizatório da maioria das Nações. Resta lembrar, em complemento, a crise que assola a democracia representativa, que prometeu implantar (e não o fez) o ideário dos Direitos Humanos, a partir da igualdade de oportunidades entre as pessoas, o acesso de todos à justiça, o combate ao poder invisível, a transparência dos governos e a educação para a Cidadania, entre outros, como lembra Norberto Bobbio.

Leia a íntegra em O clamor das turbas

Indústria de eletroportáteis perde espaço para importados

Eliane Oliveira, O Globo
Sem condições de concorrer com os importados, a indústria nacional praticamente parou de fabricar os chamados aparelhos portáteis, como ferros elétricos, aparelhos de barbear, torradeiras, panelas elétricas e cafeteiras. Os empresários que ainda insistem em produzir essa categoria de itens registram quantidades mínimas se comparadas com o que vem dos países asiáticos, especialmente da China.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee) a pedido do GLOBO mostra que, de 2007 a 2010, as importações desses produtos cresceram 86%, passando de US$ 80,5 milhões para US$ 150 milhões.


Papa vai estimular democracia na Venezuela, diz cardeal

Stefânia Akel, Estadão
O papa Francisco deve pressionar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a focar na promoção da democracia e da coexistência pacífica para ajudar a aliviar as tensões provocadas pelas crises política e econômica do país, disse neste domingo o cardeal Jorge Urosa, representante da Igreja Católica na Venezuela.
Ele afirmou que espera que, durante uma reunião prevista para esta segunda-feira no Vaticano, o pontífice tente convencer Maduro a parar com seus ataques verbais contra críticos e políticos rivais. O cardeal disse que espera ver "serenidade e imparcialidade na linguagem do presidente" após o encontro.



NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Hackers invadem páginas oficiais; imprensa abre a Caixa de Pandora

 Certa imprensa está abrindo a Caixa de Pandora e flertando com táticas fascistoides — nas ruas ou na Internet. Vários sites oficiais foram hackeados ontem. Alguns já estão fora do ar. Outro ainda exibem a imagem abaixo.
Aquele textinho verde que vai lá no alto fica correndo a tela de um lado para outro: “Abaixo a ditadura moderna! Liberdade de expressão! Mídia honesta já!”
Embora, como é evidente, a esmagadora maioria da tal “mídia” esteja com eles, isso ainda lhes parece pouco.
O que será a “ditadura moderna”? Não sei! Vou perguntar para a tal Mayara Vivian. Ela deve saber. Sim, eu apaguei da mensagem um palavrão dirigido a Dilma.
Por Reinaldo Azevedo


O VÍDEO COM AS TRÊS VAIAS COM QUE O POVO BRINDOU DILMA NO MANÉ GARRINCHA

Abaixo, segue um dos vídeos que estão no Youtube com as três sonoríssimas vaias com que o público do estádio Mané Garrincha brindou a presidente Dilma Rousseff no sábado, na abertura da Copa das Confederações. Vejam. Volto em seguida.
Joseph Blatter, presidente da Fifa, ainda tenta dar uma bronca em milhares de pessoas, perguntando onde estava o respeito e o “fair play”. Aí é que o bicho pegou.

A propósito da vaia, leiam reportagem publicada pelo UOL.
*
A TV Globo disponibilizou no início da tarde deste domingo para o UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha, e os outros veículos de imprensa que cobrem a Copa das Confederações um vídeo com as vaias à presidente da República, Dilma Rousseff, e ao presidente da Fifa, Joseph Blatter. O vídeo foi enviado cerca de seis horas depois de o UOL publicar uma reportagem que relatava a ausência do episódio entre os seis minutos de imagens que a Globo é obrigada por lei a repassar aos veículos independentes da Fifa.
Em resposta à reportagem do UOL, nesta tarde, a Globo reconheceu o interesse jornalístico nas vaias e pediu “desculpas pelo inconveniente”. “Nos seis minutos de imagem, a equipe responsável pelo empacotamento delas priorizou os lances do jogo. Tanto as vaias são jornalísticas que foram mencionadas pelo Galvão Bueno na transmissão e foram registradas no Jornal Nacional”, diz mensagem enviada pela área de Comunicação da Globo.
Em todas as outras competições realizadas no país, a Lei Pelé permite que os veículos de comunicação escolham, a seu critério, os flagrantes que mereçam ser exibidos, desde que dentro de um limite de até 3% da duração total do evento.
Aprovada pelo Congresso Nacional em 5 de maio de 2012 e sancionada pela Presidência em 6 de junho do mesmo ano, a Lei Geral da Copa muda as regras da Lei Pelé e determina que a Fifa “ou pessoa por ela indicada” (a Globo) editem e distribuam um vídeo com seis minutos a qualquer veículo que manifestar interesse. Então, os não detentores de direitos devem selecionar dentro desses 6 minutos o equivalente a 3% do tempo total do evento para publicação.
Por Reinaldo Azevedo


Agora eu também sou progressista! De hoje em diante, sou pelo controle social — e pelo fim do lucro — dos transportes, da telefonia, da mídia, da aviação… Além, claro!, do controle social dos fetos e do orgasmo! Se Mayara convenceu o Fantástico, na Globo, quem sou eu para resistir?

Agora eu também sou do Passe Livre, nem que seja em espírito. Depois que vi no Fantástico Mayara Vivian, uma das lideres do movimento, dar uma aula sobre transporte público e cidadania, já não tenho mais dúvida. Se todo mundo muda de lado, por que não eu? Mayara é estudante de geografia e garçonete de um bar na Vila Madalena, em São Paulo. Não sei se foi na faculdade ou no boteco que suas ideias ganharam corpo. Tanto faz pra mim. Se a TV Globo que é a TV Globo fez uma edição de domingo que flerta abertamente com o “progressismo” da moça, eu é que não vou ficar fora dessa festa — ou alguém ainda acaba alimentando a ideia errada de que tenho mais motivos para ser, como é mesmo?, mais “conservador” do que a Globo. Aliás, eu estou pensando em me tornar prosélito de todas as causas “modernas” e avançadinhas do Brasil. E aí não terá pra ninguém. Na velocidade em que escrevo, serei o Rei Naldo do politicamente correto. Mas aí a minha pauta vai ser bem mais ampla do que a de Mayara.
Dilma foi vaiada três vezes na abertura da Copa das Confederações. Milhares de pessoas, em uníssono! O Fantástico achou que não era notícia. A Polícia do Rio desceu ontem o sarrafo em um grupo de manifestantes que protestava contra os gastos públicos na Copa do Mundo. A informação, ligeira, foi parar no meio de uma notícia de esportes. Mas São Paulo… Ah, São Paulo mereceu um tratamento jornalístico de gala (fica para outro post). Volto a Mayara.
Reproduzo um primeiro trecho da reportagem do Fantástico:
“Uma ferramenta que gente propõe à cidade é a tarifa zero, que seria o transporte público gratuito e de qualidade, e as pessoas também terem mais controle político sobre o que é sistema de transporte na cidade. O sistema de transporte, como está colocado hoje, não serve para garantir o direito do cidadão. Ele serve pra garantir o lucro dos empresários que vivem disso”, explica a militante Mayara.
Explica??? Então, segundo o Fantástico, isso é uma explicação. Mayara chama a “tarifa zero” de “ferramenta”. Ela quer a gratuidade dos transportes, suponho, porque se trata de um serviço público, exercido pela iniciativa privada por meio de concessão. A cidade gastará neste ano R$ 1,25 bilhão em subsídios para o transporte. Ela acha pouco. A “gratuidade”, como quer Mayara, custaria, estima-se, por baixo, R$ 6 bilhões. Esse dinheiro não existe. Dane-se! O papel de Mayara é reivindicar. Numa reportagem que demoniza a Polícia Militar de São Paulo, as ideias magriças da moça — uma coisa assim Marina Silva da selva de pedra pós-moderna — pareciam a voz do bom senso, da temperança, da bondade, da generosidade (num outro post, demonstro quão boazinha ela é…).
Agora que sou do Passe Livre, vou ampliar as reivindicações de Mayara. Agora que sou um “progressista”, um “libertário”, um “pós-pós-tudo”, eu a convido a deixar de ser reacionária. Por que só o “passe livre”??? Vamos fazer o movimento em favor do “sinal livre”. O serviço de telefonia também é público, exercido por meio de concessão. Eu estou desconfiado de que empresas privadas andam tendo lucro com isso. E lucro é uma coisa muito feia, que já fez um mal enorme aos seres humanos. Como é sabido, como já está provado, como alguns doutores do Complexo Pucusp provam todos os dias, a humanidade só descobriu as vacinas e conseguiu massificá-las em razão da generosidade e do coletivismo, certo? Mas eu quero mais do que o “Sinal Livre”. Eu também quero a “Antena Livre” — ou, sei lá, as “Fibras Óticas Livres”. Por que as TVs, por exemplo, têm de dar lucro? Como Mayara, começarei a defender que a população tenha, como é mesmo?, “mais controle político sobre o que é” o sistema de radiodifusão no Brasil.
Eu agora sou pelo controle social do transporte, da telefonia, da mídia, da propaganda, da informação, da aviação, da educação — de todos os serviços, enfim, operados sob concessão, como é o caso das TVs. E, não poderia ser diferente, passarei a defender o controle social das drogas, dos fetos e do orgasmo (já chego lá). Já que é preciso entregar tanto controle a alguém, sugiro que deixemos isso tudo para movimentos como esse tal “Passe Livre”, que outorgou a si mesmo o poder da representação, sob o aplauso quase unânime da imprensa. Como os controladores terão de controlar alguém, acho que caberá a nós o papel de controlados.
No Fantástico, a pensadora foi adiante:
“Existe sim uma série de partidos políticos, entidades que apoiam o movimento, tão aderindo, constroem junto e tão aí junto com a gente. O que importa agora é que o povo está na rua. É uma demonstração de força da população organizada que já está desgastada por várias questões”, analisa Mayara.
Naquele antigo mundo que eu antes combatia — agora sou um progressista! —, as palavras tinham de fazer sentido. O verbo “analisar”, por exemplo, só era empregado quando as pessoas faziam… análise. Neste outro mundo ao qual acabo de aderir, esse substantivo pode ser empregado como sinônimo de uma confissão que deveria ser vergonhosa — mas, como se vê, não é. Os partidos políticos, no caso, são, mais ativamente, o PSOL, o PSTU e o PCO, todos eles rechaçados nas urnas. E por que não conseguem votos, mas conseguem levar o caos para as cidades? Porque, para fazê-lo, não é preciso muita coisa. Basta parar umas duas ou três vias principais na cidade e pronto!
Mas eu estou me traindo, pô! É que ainda tudo é muito recente. Eu mudei de lado na noite deste domingo, assistindo ao Fantástico. Não desenvolvi ainda a destreza e a cara de pau dos neoconvertidos. Mas é questão de tempo. Vou me transformar num neofundamentalista do libertarismo. De agora em diante, pra mim, tudo o que for concessão pública será sinônimo de lucro zero. E já deixo claro que também começarei a lutar contra as hidrelétricas — que o Brasil seja movido a sopro —, contra o agronegócio (meu negócio agora é índio com cocar de Carnaval), contra as religiões (só vou me opor às cristãs, como virou moda) e contra a família convencional. E já adianto que vou alargar a luta: além de um “não” ao preconceito de gênero, também vou me opor ao “preconceito de espécie”. Me aguardem!
Outro dia, o pai de um remelento enviou pra cá um comentário irado — para o antigo Reinaldo, aquele “reacionário”, sabem?; agora eu mudei. Depois de deixar claro que tinha muito orgulho de seu filho participar dos quebra-quebras por aí, citou Raul Seixas (com Paulo Coelho):
Faz o que tu queres
Pois é tudo
Da Lei! Da Lei!
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa…
Naquele mundo que descobriu as vacinas, pais citavam Catão para que filhos pudessem citar Raúl Seixas — falo por metáforas, claro! Quando os pais citam Raúl Seixas, então é hora de Mayara Vivian ser tratada pelo Fantástico como pensadora, propor a “gratuidade do transporte como ferramenta” e ser levada a sério.
Por Reinaldo Azevedo



NO BLOG DO CORONEL


PT vai esconder Dilma do povo para evitar nova vaia.

A vaia recebida no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, está cercando de cuidados a participação da presidente Dilma Rousseff da final da Copa das Confederações, no Maracanã, no Rio de Janeiro, no dia 30 de junho. A assessoria do Palácio do Planalto confirmou neste domingo que ela estará no estádio onde o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu manifestação semelhante em 2007, durante os Jogos Pan-americanos. Aliados e integrantes do governo já decidiram que não haverá o tradicional discurso presidencial para evitar novos apupos. A intenção dos petistas é solicitar à Fifa que a presença seja tratada de forma discreta. Além de evitar o microfone, anúncios da presença e imagens dela no telão não deverão ser mostradas. 

Aécio devolve o Velho do Restelo para o porto do PT.

Coluna publicada hoje, na Folha de São Paulo, intitulada " Os velhos":
 
Ao lembrar a figura do Velho do Restelo, personagem de Camões que simboliza o pessimismo diante dos novos tempos, a presidente Dilma Rousseff parece ter se esquecido da trajetória do próprio partido. 

Quando a caravela do Plano Real estava pronta para zarpar, em 1994, o Velho do Restelo petista foi o primeiro a insistir: não vai dar certo. Assim também já havia acontecido com a Constituição de 1988, que o PT ameaçou não assinar. Ou, ainda, quando expulsou dos seus quadros os deputados eleitores de Tancredo, desprezando o caminho mais curto para o reencontro do Brasil com a democracia. 

Para decepção desse Velho do Restelo, o que deu errado foram suas previsões --a ditadura militar chegou ao seu fim, a Constituição inaugurou um novo tempo e o Plano Real trouxe estabilidade e prosperidade para o país. O Brasil pôde então singrar por mares nunca dantes navegados.

A queda da aprovação da presidente não deveria abalar o governo federal como o fez. A chefe da nação precisa manter serenidade para encontrar um caminho consistente a fim de reverter o quadro de dificuldades que o país está enfrentando.E, também, para enfrentar a perda de credibilidade internacional manifestada, agora, pela agência Standard & Poor's ao alertar para uma perspectiva negativa da economia brasileira.

Há um episódio exemplar que resume a facilidade com que governantes se entregam à avaliação rósea dos bajuladores. Dizem que, na época da ditadura, a dona do "Jornal do Brasil" compareceu a um almoço com o então presidente Costa e Silva. Ele teria se queixado da severidade dos editoriais em relação ao governo. A interlocutora explicou que o veículo adotava uma postura de "crítica construtiva". "Agradeço, mas eu gosto mesmo é de elogio", teria dito Costa e Silva, em resposta que parece estranhamente atual.

A analogia literária do Velho do Restelo cedeu lugar à galhofa do ministro da Justiça, que comparou a oposição a um personagem de desenho animado de sucesso. Aquele que vive reclamando: "Ó céus, ó vida, ó azar, ó dia...".

A lembrança é boa porque, na verdade, o personagem combina com os próprios petistas, obrigados a receber quase todos os dias notícias ruins: o pibinho ("ó céus!"), a volta da inflação ("ó azar!"), o caos logístico ("ó dia!"). 

Tendo em vista o nervosismo e a intolerância manifestados pelo governo nos últimos tempos e a sua crescente tendência autoritária de desqualificar toda e qualquer crítica, não será surpresa se os mesmos que, irresponsavelmente, acusaram a oposição pelo episódio do Bolsa Família concluírem que foi a mesma oposição que arregimentou 70 mil torcedores para vaiar a presidente da República. Ó vida!


NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM


POR QUE O GOVERNO DO PT ESTÁ DERRETENDO?

A base de Dilma Rousseff no Congresso é ampla - ao menos numericamente. Mas se o governador pernambucano, Eduardo Campos, lançar sua candidatura à presidência, abrirá uma alternativa para partidos aliados que, ao mesmo  tempo em que estão insatisfeitos com a presidente, não pretendem se aliar ao oposicionista Aécio Neves. O PSB de campos, hoje aliado da presidente, é tradicional aliado do PT. Por isso, uma ruptura significaria uma perda relevante para a candidatura de Dilma. Parte do impacto seria medida nos palanques estaduais. Em Santa Catarina, por exemplo, lideranças do PSD já declararam apoio a Campos - e não à presidente, como pretende o comando nacional do partido. (Fotos do site da revista Veja)
A presidente Dilma Rousseff se elegeu sem ter jamais disputado uma eleição, manteve a popularidade a despeito de seguidos escândalos de corrupção e demonstrações de ineficiência administrativa. Agora, no 30º mês de governo, um elemento novo passou a afetar diretamente o seu apoio entre a população: a inflação. Dos temas que levam alguém a decidir se dá ou não sua confiança a um político, a economia costuma ser o número um. E dentre os temas econômicos, a inflação está entre os que mais diretamente influenciam a avaliação de um governo.

Pesquisa divulgada na última semana pelo Instituto Datafolha mostra que a avaliação do governo piorou: a aprovação caiu de 65% para 57% em três meses. E que, no cenário eleitoral de 2014, a vantagem de Dilma Rousseff não é incontestável. Isso está longe de significar um cenário apocalíptico. Dilma ainda desfruta de índices de aprovação superiores aos dos dois antecessores no mesmo período do governo. Ela também tem ampla vantagem na intenção de voto. Mas o cenário de incertezas na economia e a ausência de perspectiva de grandes realizações nos próximos meses tornam o cenário nebuloso. Além disso, na eleição de 2014 Dilma deve ter três adversários competitivos: Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, tem potencial para tirar votos da petista no Nordeste. Marina Silva (Rede) é popular em grandes centros urbanos. E o senador Aécio Neves (PSDB) é o favorito para levar os dois maiores colégios eleitorais do país, Minas Gerais e São Paulo.

Economia se torna mico de governo - Desde que assumiu o poder, em 2011, Dilma, graduada em Economia, não conseguiu colher os louros de um crescimento robusto, tal como seu antecessor. O melhor desempenho registrado até o momento foi em seu primeiro ano de mandato, quando o Produto Interno Bruto (PIB) expandiu 2,7% - número considerado decepcionante à época. De lá para cá, a cada divulgação do PIB, surge uma nova frustração. No ano passado, o crescimento não passou de 0,9%. E, dado o ‘pibinho’ do primeiro trimestre de 2013 (avanço de 0,6%), as expectativas para o acumulado deste ano não são as mais animadoras.
(...)
O problema, que vem sendo apontado desde 2010, último ano do governo Lula, e negligenciado pelo governo Dilma, só ganhou importância no seio do Palácio do Planalto depois que uma emblemática escalada no preço do tomate devolveu a inflação ao repertório de assuntos das famílias, no primeiro trimestre deste ano. “A inflação está trazendo desconforto para a população”, diz o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola. “Esse é um flagelo que a sociedade brasileira não tolera mais.”

Contudo, a subida de juros – remédio necessário para conter a inflação, mas impopular porque afeta diretamente o consumo – veio em momento tardio. Conforme argumentou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em evento nesta semana, apenas a subida da Selic não será suficiente para deter o avanço do IPCA. “É preciso um ajuste fiscal”, disse FHC. Para o economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, o remédio tardio terá de vir em doses mais fortes - e nocivas politicamente. “A alta da Selic para 9,0% ou 9,25% até o final do ano não vai mexer na inflação. O governo não fez a lição de casa”, diz. Leia TUDO AQUI

BLOG DO JOSIAS

Apenas 8% dos inquéritos criminais da Polícia Federal viram denúncias do Ministério Público

Nos anos de 2010, 2011 e 2012, a Polícia Federal remeteu ao Ministério Público Federal 211.834 inquéritos criminais. Desse total apenas 17.744 (8,3%) resultaram em denúncias encaminhadas ao Judiciário por procuradores da República contra os investigados. Por falta de provas ou inconsistências variadas, desceram ao arquivo 41.530 (19,6%) inquéritos. Outros 1.449 (0,68%) converteram-se em propostas de acordo, chamadas tecnicamente de ‘transações penais’.
As informações constam de planilhas extraídas de um banco de dados da Procuradoria da República. Chama-se “Sistema Único”. Registra o vaivém das investigações criminais. Uma movimentação que desperta especial interesse nesse instante em que a Câmara está prestes a votar a PEC 37, proposta de emenda constitucional que retira do Ministério Público o poder de realizar investigações criminais, restringindo a tarefa às polícias federal e civil.
Cruzando-se os números oficiais do Ministério Público Federal, verifica-se que, nos últimos três anos, a grossa maioria dos inquéritos –151.111 (71,3% do total)— foi mantida em aberto. Esses inquéritos são lançados nas planilhas eletrônicas da Procuradoria numa coluna chamada “dilação de prazo”. Os prazos dos inquéritos são dilatados em duas circunstâncias.
Numa, os próprios delegados federais pedem a prorrogação dos prazos ao Ministério Público. Noutra, os procuradores requisitam à PF a realização de diligências complementares. Nas duas hipóteses, os inquéritos são devolvidos pela Procuradoria à polícia. Nesse ponto, o banco de dados revela uma excentricidade.
Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012, tiveram seus prazos esticados 301.360 inquéritos. O número é praticamente o dobro dos 151.111 inquéritos que não resultaram em denúncia nem foram arquivados. Supera até mesmo a soma total dos 211.834 processos enviados pela PF à Procuradoria. Por quê? Simples: alguns dos inquéritos foram prorrogados mais de uma vez.
Na queda de braço que travam com a Procuradoria, os delegados costumam perguntar: por que diabos o Ministério Público Federal quer realizar investigações próprias se não consegue nem dar vazão aos inquéritos que recebe da PF? Escorados nos dados expostos em suas planilhas, os procuradores sustentam que o argumento é falacioso.
Coordenador do Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás, o procurador Helio Telho afirma: “Os dados indicam que a polícia não vem conseguindo concluir as investigações no prazo legal. Os inquéritos costumam ser prorrogados por períodos superiores a 30 dias –às vezes 90 dias, 120 dias, até 180 dias. Ainda assim, há casos em que a apuração não é concluída. O que impede o Ministério Público de dar destinação aos inquéritos, denunciando ou arquivando.”
A PEC 37 vai a voto na Câmara na quarta-feira (26) da semana que vem. Tenta-se chegar a uma fórmula que concilie os interesses das polícias e do Ministério Público. A chance de acordo é remota. Contra esse pano de fundo conturbado, as planilhas do “Sistema Único” informam que há coisas mais urgentes a fazer do que brigar por poder. A coluna dos inquéritos com “dilação de prazo” (301.360) é 16,9 vezes maior do que a coluna das denúncias (17.744). Corresponde a 7,2 vezes a coluna dos arquivamentos (41.530)




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