Arena Castelão fica em que cidade?
Fiquei com pena do meu pai. Ele, que nunca falou uma só palavra em inglês, fez cara de vergonha ao pedir dois “big dog” e um “snack”. A cena se passou no Castelão, onde ele me ensinou a amar futebol e a comer o bom e velho “cai duro”. Era mais fácil.
Aliás, não é mais “Castelão”. As placas de trânsito já indicam a tal “Arena Castelão”. Desconforto maior vem com o sistema de som. Aquela voz parece ter vindo de qualquer lugar, menos daqui. Onde está a fala cantada?! Onde está o jeito cearense de ser?! Com cheerleaders no gramado e um “big dog” nas mãos, achei que na “Arena Castelão” o jogo seria de algum time estrangeiro. Quase procuro o passaporte no bolso.
O torcedor cearense merece, sim, um “cai duro”, ou “cachorro quente”, de qualidade. A reforma dá orgulho. As meninas também podem fazer seu show ao lado. E um sistema de som que anuncia as substituições é, sem dúvida, maravilhoso. Mas daqui a pouco vão nos forçar a substituir o nosso “iei” pela apática vaia “uuuu”.
Vidro novo e paredes modernas não devem mudar quem somos. É um engano achar a reforma deve tirar do foco o que o Castelão e o PV sempre tiveram de melhor: serem estádios localizados na maravilhosa Fortaleza, com sua cultura e seu povo. Ser moderno não é deixar de ser quem somos, nem mesmo deixar de comer broa branca e rosca amarela. Onde está, pelo menos, a cana-de-açúcar cortada?!
Como turista em minha própria cidade natal, fiquei decepcionado. Venho para Fortaleza para estar em Fortaleza. Para Londres, Miami ou São Paulo há outros voos. Mas aqui é o nosso lugar. Saudades do Castelão.
Só Castelão.
Humberto Leitehumbertoleite@gmail.com
Jornalista
Do Jornal O Povo/Opinião de 03-5-2013.
Comentários
Postar um comentário