DO BLOG DO WANFIL
TCE afasta conselheiro, enquanto Governo e AL protegem os seus no escândalo dos banheiros
A
Justiça deve punir corruptores e corrompidos. Por isso, cuidado com as
piscadelas. Se quem recebeu e não construiu tem culpa, quem pagou e não
cobrou o serviço também tem.
O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Ceará, conselheiro Teodorico Menezes, concordou que sua eventual volta aos trabalhos na Corte deve ser condicionada à conclusão das investigações sobre o chamado “escândalo dos Banheiros fantasmas“.
O caso veio a público no ano passado, quando o Ministério Público descobriu que verbas repassadas a ONGs em convênios com a Secretaria das Cidades
para a construção de kits sanitários, sumiram. Foram mais de dois
milhões e meio de reais pagos entre 2008 e 2010. Algumas dessas ONGs
eram controladas por parentes e funcionários de Teodorico. Essas mesmas
pessoas também aparecem como doadoras de campanha do deputado estadual
Teo Menezes, filho de Teodorico. Segundo o MP, o episódio tem indícios
de caixa dois.
O mínimo de pudor
O TCE faz
bem em prolongar o afastamento de Teodorico. Há um evidente incômodo com
a situação. Nos bastidores, conselheiros afirmam que o retorno de
Teodorico será uma mancha na reputação de todos os membros do colegiado.
Publicamente, nada dizem, mas pelos corredores da instituição a insatisfação é notória. Para alguns, Teodorico faz do TCE o protagonista de um escândalo em que o conselheiro teria atuado apenas como coadjuvante.
Alguns
de seus pares, com interesses políticos eleitorais em diversas regiões
do Estado, ficam receosos de falar abertamente sobre o caso, mas o fato
é que Teodorico não volta até que se concluam as investigações. É o
mínimo de pudor que se espera de agentes públicos, afinal, já virou
clichê a máxima de Júlio César: “não basta ser honesto, é preciso também
parecer honesto”.
Já na AL e no Governo…
A situação é bem diferente em relação aos outros nomes envolvidos no caso dos banheiros fantasmas.
O deputado Teo Menezes
continua muito bem na Assembleia Legislativa e continua na mesa
diretora da casa, que não vê nada demais no fato de um parlamentar ter
recebido doações de campanha de pessoas flagradas operando um esquema de
desvio de verbas estaduais. Em solidariedade, a maioria dos deputados
abafou um pedido de CPI.
Vale lembrar que Teodorico não ordenou
despesa alguma. Ele aparece ligado apenas a uma das pontas do caso, o da
recepção. O dinheiro que desapareceu foi liberado pela Secretaria das
Cidades, a quem caberia, evidentemente, fiscalizar o correto uso dos
recursos. Se foram incompetentes ou se agiram de má fé, isso a
investigação dirá. Mas essa dúvida já deveria bastar para justificar o
afastamento dos responsáveis pelo pagamento indevido. No entanto, os ex-secretários Joaquim Cartaxo e Jurandir Santiago, agora presidente do Banco do Nordeste, e o atual Camilo Santana, também continuam prestigiados pelo governador Cid Gomes e a base aliada.
É
isso. Enquanto o TCE, órgão formado por indicações políticas e composto
de membros com cargos vitalícios, afasta um dos seus para evitar
máculas, a AL e o Governo do Estado, instituições compostas por
dirigentes eleitos pelo povo para mandatos temporários, protegem os
seus envolvidos. Nesses últimos, não há sequer o pudor cínico que
buscaria salvar, pelo menos, as aparências.
Dúvidas
Onde
foi parar o dinheiro? Quem irá ressarcir os cofres públicos? Por que os
responsáveis pelo pagamento de obras que não foram feitas continuam
ocupando cargos de gestão?
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