TERCEIRA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 2019

NO INSTITUTO MILLENIUM
CONVERSA FIADA
Por J.R. Guzzo
Sexta-feira, 15/02/2019
A cada dia que passa mais se firma a convicção de que o Brasil é um país realmente extraordinário nas aberrações de sua vida pública; nada se verá de parecido no mundo atual, no passado e possivelmente no futuro. Há demonstrações diárias e concretas dessa degeneração psicótica das “instituições da sociedade civil”, cuja função, na teoria, é fornecer os parâmetros, a segurança e o equilíbrio para o País funcionar com um mínimo de chances. Faça o teste: daqui para frente, ao acordar de manhã a cada dia, verifique se você consegue chegar até a noite sem ser atropelado por algum absurdo de primeira classe produzido pelos que resolvem como será a sua existência, quais as suas obrigações e qual o custo a pagar para viver por aqui. Conseguiu? Impossível, em rigor, não é; mas a experiência mostra que é muito difícil. Acabamos de viver, justo agora, um dos grandes momentos deste processo permanente de depravação de valores, conduzido pelos peixes mais graúdos da “organização social” brasileira. 
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, apresentou, apenas 30 dias após chegar ao governo, um conjunto de medidas essenciais, urgentes e tecnicamente impecáveis para combater o crime e a corrupção que fazem do Brasil um dos países mais lamentáveis do Planeta. E de onde vem, de imediato, a oposição mais enfurecida contra as medidas de Moro? Não dos criminosos ─ de quem, aliás, não se perguntou a opinião. A guerra contra a proposta vem da Ordem dos Advogados do Brasil, de juízes do Supremo Tribunal Federal, de integrantes do Ministério Público, dos filósofos que frequentam o mundo das comunicações e por aí afora. É uma espécie de ode ao suicídio.
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O resumo da ópera é o seguinte: todas essas forças, mais as diversas tribos de defensores do “direito de defesa”, acham que o grande problema do crime no Brasil é que existe punição demais para os criminosos, e não de menos. Há excesso de presos sofrendo dentro dos presídios, argumentam eles. A noção de que a impunidade incentiva diretamente o crime, segundo as mesmas cabeças, é uma construção da “direita branca”, da classe média e dos grandes interesses econômicos para impedir a organização dos pobres e sua ascensão social. 
Na visão do PT, expressa de imediato pelo professor Fernando Haddad, o ministro Moro está errado porque não propôs nada contra a verdadeira criminalidade no Brasil: ela está no “genocídio da população negra”, na “letalidade da polícia” e no “excesso de lotação nos presídios”. O pacote de Moro, segundo todos, é “apenas repressivo” ─ e crime, como se sabe hoje em dia, não pode mais ser combatido com repressão. O que o governo deveria fazer, então? Deveria estabelecer “canais de diálogo” com a sociedade, promover o “desarmamento da polícia”, para evitar a morte de “suspeitos da prática de crimes”, a soltura de presidiários que estão “desnecessariamente” nos presídios, a redução no “excesso de prisões” e mais o que se pode imaginar no gênero.
Muito pouco disso, na verdade, é fruto da inocência ou da compaixão pelo ser humano. O que realmente sustenta o movimento em favor do crime, sempre disfarçado como ação para promover os direitos legais dos criminosos, é o interesse material dos advogados que os defendem. Esqueça a massa de pobres diabos amontoados no presídio de Pedrinhas ou algum outro inferno parecido: esses aí, a OAB e os escritórios de advocacia milionários, querem mais é que se lixem. O que lhes interessa, mesmo, é manter, ampliar e criar leis e regras que permitam deixar eternamente em aberto os processos contra os clientes que lhes pagam honorários de verdade. São os corruptos, traficantes de drogas, contrabandistas de armas, empresários, sonegadores de imposto ─ as “criaturas do pântano”, de que fala o ministro Paulo Guedes. O resto é pura conversa fiada. O que importa, mesmo, é que a culpa do réu nunca seja “provada em definitivo”. Enquanto houver crimes e processos que não acabam, haverá cada vez mais fortunas em construção.
(Fonte: “Veja”, 14/02/2019)

NA VEJA.COM
‘Estamos determinados a mudar os rumos do País’, diz Bolsonaro
Sem citar Bebianno, Bolsonaro fez uma defesa de sua administração em publicação no Twitter: "o sistema não desistirá"
Por Estadão Conteúdo
Domingo, 17 de fevereiro de 2019, 14h25min 
Em meio à expectativa de demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, e de possíveis declarações do coordenador da campanha vitoriosa do PSL à Presidência da República que possam comprometer o governo, o presidente Jair Bolsonaro fez uma defesa de sua administração em publicação no Twitter neste domingo (17), sem citar Bebianno.
“O sistema não desistirá”, disse Bolsonaro, acrescentando que o governo está determinado a mudar os rumos do País e a “fazer diferente dos anteriores”, a quem culpa pela crise “em todos os sentidos” na qual assumiu o Brasil. “Sabemos da dificuldade que é tentar consertar tudo isso”, disse.
Segundo o presidente, o governo está fiscalizando recursos, diminuindo gastos, propondo endurecimento penal e a reforma da Previdência. “Tudo isso em pouquíssimo tempo. Nossos objetivos são claros: resgatar nossa segurança, fazer a economia crescer novamente e servir a quem realmente manda no País: a população brasileira.”

NO BLOG DO GABEIRA
O VENTO NO LARANJAL BRASILEIRO
Segunda-feira, 18.02.2019 EM BLOG
Saio do Brasil por uma semana para visitar minha filha em Portugal. Mas saio apreensivo. Coração na mão. Houve uma série de tragédias neste início de ano. Há muitas coisas pendentes desses desastres. Como se não bastasse essa sensação de casa velha caindo que o Brasil nos transmite hoje, há ainda uma crise política, provocada pelo próprio governo.
Uma pena, porque os temas básicos precisam ir adiante: reforma da Previdência, combate ao crime organizado. Os liberais levaram um chega pra lá no caso do leite. O governo manteve restrições ao leite da Europa e Nova Zelândia. Falando de subsídios, a ministra da Agricultura afirmou: o desmame não pode ser radical. No mundo biológico, o desmame tem um momento de acontecer. Se deixar apenas pelo gosto de algumas crianças, a coisa vai longe.
O plano de Sérgio Moro é voltado para mudar as leis, adaptá-las ao combate ao crime. Se forem aplicadas com seriedade, vão levar mais presos às cadeias? O que faremos com elas?
A última das minhas escolhas em política é falar de intrigas palacianas e familiares. Mesmo para contestar o ministro do Meio Ambiente, no caso do Chico Mendes, hesitei um pouco. Tenho vontade de deixar tudo isso pra lá, seguir focado no que importa.
É tudo tão subversivo para minha concepção de política que me sinto um pouco espécie em extinção. No mundo que se foi, presidentes reuniam-se com ministros, acertavam sua demissão e, em alguns casos, trocavam cartas diplomáticas de agradecimento etc.
Hoje, são demitidos pelo Twitter. Não é novo. Trump costuma usar esse método. Mas esse estilo de fazer política representa mesmo um avanço?
No caso de Bolsonaro, há um dado delicado. Ele divulgou uma gravação telefônica com um ministro. Presidentes não punem primeiro nas redes sociais . Nem costumam divulgar suas falas.
É um cochilo em termos de segurança nacional. Mas é, sobretudo, uma falta de consideração. Se houvesse alguma coisa a ser resolvida, deveria ter sido pessoalmente. Sem humilhações públicas.
O poder, isso é um lugar-comum, revela muito as pessoas. Sobretudo no princípio de governo, quando ainda estão embaladas pelo voto popular e ainda não sofreram o desgaste das limitações reais.
A tendência é um excesso de autoconfiança. Mesmo entre os generais, que são uma força moderadora e mais tranquila, às vezes surgem surpresas.
Na minha concepção política, os governos, de um modo geral, ao saber que serão criticados, apenas preparam-se para a defesa, que será proporcional às críticas e suas repercussões.
O governo brasileiro resolveu se antecipar às potenciais críticas que sofreria de bispos de esquerda num sínodo sobre a Amazônia. Nesse movimento, ele trouxe as atenções para as críticas que podem sair daí. O sínodo ainda não aconteceu. Dizem que o celibato dos padres será um dos temas. Por que não esperar que aconteça e reagir de acordo com os fatos? 
Enfim, é tudo tão perturbador para uma visão mais clássica. Governos minimizam críticas, não criam um palco planetário para elas.
Um dado novo também é a importância dos filhos de Bolsonaro nas crises políticas.
Como um sobrevivente do século XX, impossível não levar em conta a intensidade da relação pai e filho. Não usaria jamais a frase redutora: “Freud explica”. Arriscaria apenas dizer que ele fornece algumas pistas.
O que me parece fato neste momento é a intensidade emocional deste governo, as rivalidades, as tramas, os ciúmes. A experiência mostra que existe um antídoto para as veleidades pessoais: é a existência de um projeto comum, algo que nos transcenda.
A retirada do Brasil desta crise, as necessárias reformas, tudo isso deveria falar mais alto. Mas não fala. A própria insegurança estrutural pela ausência de uma cultura de precaução só aparece nas primeiras semanas pós-desastre.
Quando este governo se instalou, dispus-me a ficar atento e, se necessário, fazer uma crítica construtiva. Mas esse projeto se esvaziou um pouco. Daí minha apreensão. Será preciso, em primeiro lugar, libertá-lo dessa tendência autodestrutiva.
Tratem-se bem, cuidem uns dos outros, vivemos num país quase em ruínas. Isso é o pressuposto para trabalhar com a sociedade, levá-la para as mudanças que deseja.
(Artigo publicado no jornal O Globo em 18/02/2018)


NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
Em triste fim de carreira, Reinaldo Azevedo faz gesto obsceno ao ser demitido 
Da Redação
Domingo, 17/02/2019 às 13:41
A escolha que Reinaldo Azevedo fez para a sua carreira está lhe custando caro.
O jornalista efetivamente perdeu o respeito pela sociedade e detonou com o que lhe restava de credibilidade, indiscutivelmente o maior patrimônio para quem milita na área de comunicação.
Acaba de ser novamente demitido, desta feita pela RedeTV!.
A "despedida" foi um ultraje.
No momento em que estava sendo 'homenageado' pelo apresentador Boris Casoy, Azevedo simplesmente ignorou o colega, levantou-se e 'coçou o saco'.
Ao vivo, em rede nacional.
A que ponto chegou...

Bebianno, a “galinha dos ovos de ouro” da mídia que pretendia faturar no governo Bolsonaro
Por Hélder Caldeira (*)
17/02/2019 às 18:49
Para você compreender o que é a sombra no Jornalismo Político brasileiro:
1. Alguns veículos de comunicação e jornalistas/colunistas embarcaram na chamada "Onda Bolsonaro" para agregar seguidores e likes. São ególatras, prostitutas do pensamento crítico;
2. Além de seguidores e likes, esses "gersonianos" esperavam abocanhar alguma fatia dos recursos públicos destinados à mídia e à publicidade estatal. Não por acaso, essa tarefa de distribuição de dinheiro estava sob a batuta de Gustavo Bebianno na Secretaria-Geral da Presidência;
3. Enquanto arrebanhavam legiões e sedimentavam as "pontes" com o ministro-chefe da pasta, aguardavam a chegada da primeira crise fabricada para justificar o "desembarque" do navio da direita e do liberalismo;
4. O problema é que essa crise chegou muito antes do esperado (graças à ação rápida e certeira de Carlos N. Bolsonaro), derrubou justamente a galinha dos ovos de ouro e acabou arrancando a máscara de uns e outros. Não deu tempo para pegar nem uma nesga da verba pública. Por isso, o chororô e a defesa intransigente ao ministro em queda;
5. Restou-lhes apenas o que agregaram em seguidores e likes enquanto a máscara vigia. Alguns, inclusive, estão usando as redes sociais para alardear que conquistaram milhares. Afinal, isso importa muito aos ególatras: ser o melhor "isso", o maior "aquilo", etc. Volto a dizer: Sigmund Freud explica essa tara sexual por medidas sócio-existenciais.
Essa dinâmica de atuação, para além de homenagear a Lei de Gerson, exibe com perfeição o jogo de sombras que cerca a Praça dos Três Poderes.
Por fim, vale destacar que o Jornalismo autoproclama-se "isento" na tentativa de justificar as maiores barbáries ditas e publicadas.
Quanto vocês apostam que, a partir de agora, vários veículos de comunicação e jornalistas/colunistas, outrora simpáticos ao Governo Bolsonaro, passarão a criticá-lo abertamente?
À sombra, o que há são umbigos.
(*) Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista.
*Autor dos livros “Águas Turvas” e “A 1ª Presidenta”, entre outras obras.

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