PRIMEIRA EDIÇÃO DE QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2018

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2018

A ação de impugnação contra a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência da República, movida pelo MDB, nasceu no Palácio do Planalto, segundo confirmaram fontes próximas ao governo. O objetivo é deixar claro o desinteresse do partido numa aliança com os tucanos, em eventual segundo turno das eleições presidenciais, e abrir portas para composição de outros partidos interessados, inclusive o PT.

Ninguém confirma que o jurista Michel Temer ordenou a ação de impugnação, mas ele ficou sabendo da iniciativa previamente.

Presidente do PSDB, partido que ocupava 5 ministérios, Alckmin não impediu que os tucanos apoiassem em peso o impeachment de Temer.

A disparada do dólar às vésperas da campanha eleitoral tem sido apontada, por alguns especialistas, como indício da formação de “Caixa 2” de candidatos, apesar do Fundão Eleitoral público de R$1,7 bilhão à disposição dos partidos. A corrida para comprar dólares pode ter sido provocada pelas incertezas políticas e pela pressão para abastecer as campanhas. Estocar dólares é um dos meios comumente utilizados, às vésperas das eleições, para entregar dinheiro vivo aos candidatos.

As eleições de 2006, 2010 e 2014, nos governos do PT, os “Caixas 2” foram abastecidos predominantemente em reais, na era pré-Lava Jato.

As empresas mais pressionadas a financiar campanhas são aquelas que têm contratos com os governos estaduais e federal.

O corregedor da Câmara, deputado Evandro Gussi (PV-SP), mencionou um certo “constrangimento institucional”, na cassação de Paulo Maluf. Constrangedor é ouvir esse tipo de sandice.

A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), oficializou há um ano o pedido de ajuda ao presidente Michel Temer e ao ministro Raul Jungmann (Segurança) para controlar o tráfico de drogas e armas em Pacaraima. As fronteiras estão escancaradas, inclusive aos criminosos.

Tem perigo de dar certo um País onde 39% dos cidadãos admitem um condenado por corrupção como presidente?

NO BLOG DO JOSIAS
Exausto de debates, Bolsonaro escolhe brincadeira nova: o ‘esconde-esconde’
Por Josias de Souza
Quinta-feira, 23/08/2018 04:48
O Brasil vive uma fase peculiar de sua História. Ao observar o cenário de 2018, o eleitor vê um grande passado pela frente. A maioria (61%) oscila entre um corrupto de segunda instância e um apologista da ditadura militar. Preso, Lula (39%) lidera as pesquisas e quer debater sem poder. Solto, Bolsonaro (22%) colocou um pé no segundo turno e quer o Poder sem debater.
Bolsonaro já participou de dois dos nove debates previstos para o primeiro turno. Revelou-se um presidenciável de verdades múltiplas. A plateia descobriu que, embora frequente a Câmara há 27 anos, o capitão não aprendeu um ensinamento básico da política: jamais diga uma mentira que não possa provar.
Na Band, Bolsonaro irritou-se com espetadas de Guilherme Boulos. E voltou a negar que a ‘Wal do Açaí’ fosse uma funcionária fantasma do seu gabinete. Foi desmentido em 24 horas. Na Rede TV!, negou ter declarado que mulher pode receber contracheque menor que o dos homens.
Qualquer criança de 5 anos encontra na Internet o vídeo da entrevista em que Bolsonaro declara sobre as mulheres: “Eu não empregaria com o mesmo salário”. Levou um sabão de Marina Silva por dizer que a encrenca de gênero não é assunto para um presidente da República.
Exausto de sua própria inépcia, Bolsonaro decidiu começar a descumprir suas promessas antes mesmo de chegar ao Planalto. Havia assegurado que participaria de todos os debates. Agora, com os calcanhares de vidro já bem expostos, prepara uma rota de fuga.
Presidente do PSL, partido de Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebiano declarou que “ele está de saco cheio desses debates inócuos, que não levam a nada.” Numa conversa com o repórter Gustavo Maia, Bebiano soou peremptório: “Não vale a pena comparecer a nenhum tipo de debate.”
Debates eleitorais estimulam no imaginário do eleitor uma fantasia: a de que governa melhor o candidato que discute melhor. Ainda assim, é mais vantajoso ter algum debate do que não ter nenhum. Tome-se o caso do próprio Bolsonaro.
Dois debates e um par de sabatinas foram suficientes para revelar que Bolsonaro é a soma dos lugares-comuns que sua memória for capaz de decorar. Ficou claro, de resto, que o capitão quer assumir a direção do País. Mas quem dispõe do itinerário é o economista Paulo ‘Posto Ipiranga’ Guedes.
No fundo, Oscar Wilde é quem estava com a razão: “As primeiras impressões estão sempre certas''. São mesmo admiráveis os presidenciáveis que o eleitor não conhece muito bem. Longe do contraditório, certos candidatos podem até passar por candidatos certos. Daí a opção de Bolsonaro. De “saco cheio” de suas vulnerabilidades, o capitão escolheu uma brincadeira nova: "esconde-esconde".
A fuga pode se converter num grave erro do candidato do PSL. Imaginando-se no segundo turno, Bolsonaro esquece que ocupa o primeiro lugar no ranking da rejeição. Para prevalecer, terá de ampliar o rebanho, não pregar para os convertidos.
Enfiando a cabeça nas redes sociais, onde os adoradores o chamam de “mito”, Bolsonaro deve se livrar do contato direto com Boulos, Marinas e outros rolos. Mas não há na História do Brasil nenhum exemplo de avestruz que tenha virado presidente da República.

Eleição expõe cansaço de materiais da política
Por Josias de Souza
Quarta-feira, 22/08/2018 21:29
A política vive um fenômeno que, em linguagem aeronáutica, seria chamado de cansaço de materiais. Quando isso acontece com os aviões, trocam-se os modelos velhos por novos. O Datafolha sinaliza que, na sucessão de 2018, a coisa não será tão simples. Jair Bolsonaro, um modelo 1964, cor verde-oliva, está com um pé no segundo turno. Fernando Haddad, modelo 2010, ano em que Lula abriu sua fábrica de postes, vai virando um potencial adversário.
A pesquisa reforça a sensação de que a definição do primeiro turno passa pela cadeia. Lula pulou para 39%. Puxou o anti-Lula Bolsonaro para 22%. E se cacifou para içar Haddad das profundezas dos seus 4%. Hoje, 31% dos eleitores dizem que votam num poste indicado por Lula. Outros 18% afirmam que “talvez” votem. Marina e Ciro herdam parte do espólio de Lula. Mas podem sofrer baixas quando o dono da herança divulgar o seu testamento, na cela de Curitiba.
O eleitorado de Bolsonaro solidifica-se por enxergar nele, um deputado com 27 anos de mandato, a resposta para a ferrugem do sistema político. Lula se mantém como grande cabo eleitoral porque, no outro extremo, o eleitor avalia que, num saco com tanta farinha do mesmo tipo, ele ofereceu pirão aos mais pobres. O mais desesperador é que o eleitor não vê na pista de 2018 nenhum modelo genuinamente novo. Como não enxerga um jato, o brasileiro se dispõe a embarcar em qualquer teco-teco.

Paulo Maluf, prova de que a Justiça tarda e falha
Por Josias de Souza
22/08/2018 15:53
A direção da Câmara passou na lâmina o mandato do deputado Paulo Maluf. O expurgo do ex-corrupto oficial do Brasil é a notícia mais surpreendente do dia. Não pela cassação em si. A surpresa decorre de três fatos: 1) O País ficou sabendo que Maluf ainda está vivo e passa bem; 2) Continua fora da cadeia; 3) Conservava o mandato até hoje, mesmo depois de ter sido condenado, em maio de 2017, a 7 anos e 9 meses de cadeia por uma roubalheira praticada vinte anos atrás.
Costuma-se dizer que a Justiça tarda, mas não falha. Maluf é a prova de que a Justiça, quando quer, pode tardar e falhar. A lei só conseguiu alcançar Maluf numa fase da vida em que todos os seus crimes estão encobertos por uma espécie de prescrição tácita, uma jurisprudência informal segundo a qual ter 86 anos de idade já é castigo suficiente para qualquer alma.
Afirma-se também que o crime não compensa. Bobagem. É que quando compensa ele muda de nome. Chama-se Paulo Maluf. Com esse nome, o crime é tratado com certa deferência — até por uma questão de antiguidade. Depois de empurrar uma ordem do STF com a barriga a mais não poder, os deputados que compõem a Mesa Diretora da Câmara ofereceram ao condenado uma saída voluntária, pela porta da renúncia. Maluf preferiu não bater em retirada. Só então foi defenestrado.
(...)
Sem condições físicas de espernear, Maluf terceirizou o esperneio ao seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro: ''Sob o prisma jurídico, não resta dúvida de que a Mesa da Câmara não tinha o direito de cassar o mandado do deputado, tal decisão é exclusiva do plenário da Casa. Assim procedendo, abriu-se um sério e perigoso precedente, que ataca o próprio texto da Constituição. O Legislativo sai hoje menor desse episódio, lamentavelmente.''
O defensor prosseguiu: “O momento é grave. Temos um Legislativo acuado pelo fato dos seus principais líderes estarem sendo investigados. Devem ser, pois ninguém está acima da lei. Mas a investigação sem prazo, indefinida e desproporcional é um ataque e uma indevida criminalização da política e dá ao Ministério Público o domínio da pauta nacional. Além disso, com um Poder Executivo absolutamente desconectado da sociedade, sem legitimidade, estamos vivendo um super Judiciário, que envereda por um ativismo perigoso.''
De fato, o momento é grave. A política foi criminalizada por tantos criminosos que Maluf ganhou a aparência de um corrupto amador, de outro tempo. Antes, apenas o roubo era por tempo indeterminado e desproporcional. Hoje, os criminosos do poder vivem em ritmo de Lava Jato: as prisões preventivas são alongadas, as condenações chegam rapidamente e o cumprimento da pena começa com uma sentença da segunda instância — exceto em casos como o de José Dirceu, que dispõe da proteção suprema da Segunda Turma.

NO O ANTAGONISTA
“Nunca vi uma manifestação política assim”
Quinta-feira, 23.08.18 06:30
Jair Bolsonaro está minando Geraldo Alckmin no interior de São Paulo.
Um comerciante de 86 anos, que assistiu à chegada do candidato do PSL a Presidente Prudente, disse para o UOL:
“Nunca vi uma manifestação política assim”.

MPE pede veto à candidatura de Beto Richa
Quarta-feira, 22.08.18 20:15
O MPE do Paraná pediu a impugnação dos registros de candidatura de Beto Richa, candidato ao Senado, e do ex-ministro Ricardo Barros, que tenta se reeleger para a Câmara.
A Procuradoria Eleitoral alega que o ex-governador tucano está inelegível porque foi condenado por decisão colegiada do TJ-PR a restituir os valores gastos pelo Erário para o custeio de hospedagem em Paris.
No caso de Barros, do PP, o MPE argumenta que ele fez uma doação acima do limite legal para a campanha da filha, Maria Victoria Borghetti.
Ao todo, foram ajuizadas hoje pelo MPE ações contra 48 candidaturas. Tanto Richa como Barros negam irregularidades.

Juiz nega HC a Vaccarezza, que pode ser preso
22.08.18 19:14
Nivaldo Brunoni, juiz federal convocado pelo TRF-4, negou um pedido liminar da defesa de Cândido Vaccarezza para que ele não seja preso, informa Fausto Macedo.
Preso em agosto do ano passado na Operação Abate, o ex-líder dos governos Lula e Dilma Rousseff na Câmara foi solto por Sérgio Moro, mas com imposição de medidas cautelares, entre as quais uma fiança de R$ 1,5 milhão.
Vaccarezza não pagou a fiança até agora. Em 14 de agosto, Moro deu um ultimato ao ex-deputado: prazo de cinco dias para acertar as contas, sob pena de prisão preventiva.
Na sentença em que negou o pedido do ex-líder petista, Brunoni destacou que ele firmara “termo de compromisso para o recolhimento” do R$ 1,5 milhão.
Mais cedo, Vaccarezza já foi colocado no banco dos réus da Lava Jato.

Waldir Maranhão e seu patrimônio zero
22.08.18 19:04
Waldir Maranhão, notório por ter mandado anular o impeachment de Dilma Rousseff e depois voltado atrás, declarou à Justiça Eleitoral ter patrimônio zero, informa Crusoé.
Em 2014, quando se elegeu deputado federal pelo PP-MA, Maranhão declarou R$ 813,6 mil reais em bens.
Clique AQUI para ler a íntegra da reportagem em Crusoé.

Defesa de Lula pede ‘respeito ao processo legal’
22.08.18 18:47
A defesa de Lula – preso, condenado em segunda instância e inelegível segundo a Lei da Ficha Limpa – mandou ao TSE um parecer defendendo que seja respeitado o “devido processo legal” no julgamento do registro da candidatura do presidiário, informa o site Jota.
No documento de 61 páginas, assinado pelos ex-ministros do TSE Henrique Neves e Fernando Neves, os advogados defendem a manutenção dos prazos para manifestações da defesa de Lula.
Tudo o que os petistas querem, claro, é esticar ao máximo a “candidatura” do chefe para que ele apareça ao menos no começo do horário eleitoral, em 31 de agosto.

Joesley é condenado a pagar 300 mil a Temer por danos morais
22.08.18 18:11
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal deu ganho de causa a Michel Temer contra Joesley Batista, que terá de indenizar o presidente em R$ 300 mil por danos morais.
Temer processou o dono da J&F por causa da entrevista à revista Época na qual acusou o emedebista de chefiar “a maior e mais perigosa organização criminosa do país”.
O presidente havia perdido em primeira instância, recorreu e ganhou.

Raquel Dodge prorroga Lava Jato em Curitiba por mais um ano
22.08.18 18:11
Raquel Dodge anunciou hoje a prorrogação por mais um ano do trabalho dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, informa a rádio CBN.
A decisão vale até setembro de 2019.
A maior operação de combate à corrupção já empreendida no Brasil resultou em 204 condenações desde seu início, em 2014 –incluindo a do hóspede da carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

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