SEGUNDA EDIÇÃO DE 02-10-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO BLOG DO NOBLAT
Acorda, Rio!

Segunda-feira, 02/10/2017 - 03h00
Por Ricardo Noblat
Chore por ti, cidade maravilhosa. Mas saibas que se Rogério 157 voltar à Rocinha, as Forças Armadas também voltarão como anunciou impávido colosso o ministro da Defesa, Raul Jungmann, no ato de retirada de 950 militares que patrulharam durante uma semana uma das maiores favelas do País. Horas antes, um tiroteio resultara em mais uma morte. E dois jovens foram torturados por traficantes. Normal.
“Nós falávamos aqui de uma guerra entre gangues, de uma população aterrorizada, presa em suas casas. Isso não está acontecendo. A questão de tiroteios é policial e deve ser resolvida no âmbito das polícias”, justificou o ministro.
Em outras palavras: com a intervenção militar cessou a guerra entre gangues e a população recobrou a paz. Ou então ela foi desnecessária porque não havia guerra nem clima de terror. Escolha.
Napoleão Bonaparte, um dos maiores gênios militares da humanidade, disse certa vez: “Primeiro a gente ganha. Depois a gente vê”. Esqueço o nome do general – ou do estadista cínico – que ensinou a propósito de guerras perdidas: “A gente proclama a vitória e sai rapidinho”.
A guerra contra o tráfico no Rio jamais será vencida por um Exército que não quer lutar, por uma Policia sócia do crime e por uma população anestesiada.
Razão não falta aos generais que se recusam a fazer o que não lhes cabe. Exército existe para matar – não para patrulhar cidades. Como enfrentar bandidos numa emergência sem um prévio e confiável trabalho de inteligência que a Polícia não entrega?
De resto, a presença ostensiva do Exército é um estorvo para quem mais lucra com os negócios milionários do tráfico. E não é gente de favela.
Quem mais lucra tem passaporte válido, voa para o exterior de primeira classe e circula com desenvoltura no grande mundo onde se compram e vendem armas modernas e drogas de qualquer natureza.
É festejado e repousa em sossego enquanto seus prepostos se matam. Em parte alguma, o distinto público consumidor de droga sobe morros. No máximo, frequenta suas franjas.
Havia 15 mil fuzis nas mãos de bandidos do Rio antes da invasão recente da Rocinha. Como 26 foram apreendidos, restam 14.974. Desconhece-se o número de granadas, mas 19 foram confiscadas.
Dos 54 mandados de prisão expedidos, 11 foram cumpridos. Nos sete dias de cerco à favela, Rogério 157 fugiu, fez acordo com o Comando Vermelho, sequestrou um táxi, reapareceu na Rocinha e fugiu de novo. Ai dele se voltar!
Foi a quarta – ou quinta - megaoperação deflagrada no Rio desde que o presidente Temer, em maio último, balançou, quase caiu, mas se manteve firme para alívio dos que apostam na estabilidade do País.
Temer amarga a segunda denúncia por corrupção e uma popularidade próxima do zero. Nada, porém, incapaz de ser compensado pelo apoio de um Congresso repleto de criminosos.
O Rock in Rio escapou incólume – menos grave. O que não diriam do Brasil lá fora se uma das atrações do festival tivesse tombado vítima de bala perdida?
Por medo de que a intervenção militar na Rocinha em dia de rock pusesse em risco a vida de um grande número de cariocas, o governador Luiz Fernando Pezão, sabiamente, evitou pedir a ajuda do Exército. Mais tarde, sabiamente, mudou de opinião.
“Os militares conheceram o terreno. Se precisar, eles vão voltar", promete Pezão. Se depender da Polícia Militar, não. Ao Exército, ela prefere dinheiro para se financiar.
Portanto, chore por ti, Rio! Ou então, acorde.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Domingo, 1º de outubro de 2017
Supremo promoverá a “Reforma Política”?

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
A semana pode ser decisiva para a mais eficaz e verdadeira reforma política. Por contradição brasileira, pode ser promovida via Supremo Tribunal Federal, e não pelo caminho natural do Congresso Nacional. Afinal, os políticos profissionais estão mais preocupados com duas coisas: 1) negociatas para salvação imediata do impopular Presidente da República; 2) quem será condenado e preso em tantas investigações e processos criminais em andamento.
Na próxima quarta-feira, o STF responderá a uma legítima provocação do advogado Rodrigo Mezzomo. O cidadão carioca reivindica o direito a candidaturas avulsas, independentes da vontade dos partidos políticos (corruptos ou corrompidos). O fim do cartório da politicagem começa a ser julgado no dia 4. Circula, nos bastidores, a versão de que o relator, Luís Roberto Barroso está a favor do pleito. A polêmica é necessária e urgente. O quadro sucessório de 2018 será totalmente outro, caso a candidatura avulsa seja considerada legal e constitucional.
O STF também pode finalizar, na mesma quarta-feira, o julgamento sobre a extensão dos efeitos da ficha limpa para as candidaturas. Políticos que cometeram crimes antes da aprovação da lei devem ficar impedidos de disputar um mandato. O placar, por enquanto, é de 5 a 3 – a favor da cidadania e contra os corruptos. Indiretamente, a decisão também mexerá com a interpretação sobre a imunidade (ou seria impunidade) parlamentar.
A regra ainda não é clara. Mas o princípio moral é claríssimo. Crimes comuns, cometidos a qualquer momento pelas “excelências”, não deveriam ser confundidos com o legítimo direito à livre manifestação do eleito durante seu mandato. No entanto, os bandidos confundem e ganham um ilegítimo direito a foro privilegiado. O STF tem o dever constitucional de acabar com esta zona. O clamor é do povo enfurecido – e não apenas do General Mourão e da turma do Alto Comando do Exército...
Um terceiro aspecto da reforma política, além da possibilidade da candidatura avulsa e da extensão da Lei de Ficha Limpa a todos os corruptos, é a provocação (quase infantil) feita pelo Senado ao Supremo Tribunal Federal. Todo mundo sabe que o Legislativo não tem legitimidade – e muito menos capacidade legal – para interferir em decisões do Judiciário. Acontece que uma maioria acuada do Senado deseja desafiar o STF, não apenas na proteção do Aécio Neves, mas na preservação do mandato de qualquer corrupto menos ou mais votado...
È muita ironia da História termos uma “reforma política” promovida pelo Supremo Tribunal Federal – e não pelo Congresso Nacional. Da mesma forma como será irônica a vitória de uma candidatura avulsa sobre os desmoralizados indicados pelos partidos políticos. Estamos no irreversível caminho da mudança estrutural. Amadurecem as pré-condições para a inevitável Intervenção Cívica Constitucional. Idiotas, corruptos e rentistas, tremei...
Releia o artigo de sábado: A inevitável Intervenção Cívica Constitucional

NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
Que planos rondavam Janot, Fachin e Joesley
 
Por Otto Dantas Articulista e Repórter
otto@jornaldacidadeonline.com.br
Domingo, 01/10/2017 às 13:52
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Quais as ambições rondavam o sr. Rodrigo Janot?
Indubitável que ele queria a cabeça de Michel Temer e fez de tudo para tê-la. Seria por sentimento de justiça ou por alguma ambição desenfreada?
Jamais saberemos.
O fato é que a delação da JBS foi feita ‘nas coxas’, de forma desesperada, apressada e sem qualquer estratégia jurídica. Na época, aplaudida pelo PT porque fuzilava Temer e poupava Lula.
E quanto ao ministro Edson Fachin, agiu em nome do Direito e da verdade ou por uma macabra parceria com Janot?
O fato é que a delação da JBS foi a mais esdrúxula realizada no Brasil, diferentemente de todas as que foram operacionalizadas na 'República de Curitiba', sempre criteriosas e punindo também os delatores, haja vista, por exemplo, que até hoje Marcelo Odebrecht permanece preso.
O que pretendiam Janot e Fachin? Difícil saber. O fato é que deu tudo errado.
Quem perdeu foi a sociedade, o povo brasileiro.
Abaixo ouça o áudio em que Joesley sugere que Janot pretendia ser o presidente da República.

Dona Margareth deverá denunciar o quanto foi importunada por Lula e emissários do PT

Domingo, 01/10/2017 às 17:00
Peça fundamental para que o ex-ministro Antonio Palocci optasse pela delação premiada, Dona Margareth, sua esposa, poderá ser decisiva no que virá a acontecer brevemente na vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O PT e Lula sempre souberam que precisavam dominá-la para conter Palocci.
É dela a frase ‘Antonio não tem vocação para Vaccari’.
Nesse período de prisão do ex-ministro tentaram assediá-la de todas as formas, mas Dona Margareth sempre se recusou a qualquer tipo de conversa com Lula ou com qualquer outro enviado petista.
Aliás, todo o infortúnio de Palocci, ela sempre atribuiu a Lula.
Ao mesmo tempo, cobrava com veemência e insistência uma decisão do marido com relação a delação.
Quando percebeu que o advogado José Roberto Batochio tentava impor o jogo de Lula, vez que ele advogava para os dois, ela própria se encarregou de demiti-lo, e iniciar as negociações com os novos advogados.
Assim, uma coisa é certa diante de todo o imbróglio. O assédio suportado por dona Margareth Palocci pode caracterizar uma clara tentativa de obstrução da Justiça, fato que poderá ser decisivo no sentido de abreviar a prisão do meliante Lula.
Vamos aguardar.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Fala Aí, Chefia!

Tradicionalmente, o Português do Brasil usa o imperativo para pedir, e o subjuntivo para mandar. A expressão das rezas “rogai por nós” pede ou manda?
Por Deonísio da Silva
Domingo, 1º out 2017, 11h27
O que tem a ver com a Língua Portuguesa a crise de instituições outrora referenciais da qualidade dos serviços públicos, comunitários ou privados?
Diz a mídia que nos Correios há um chefe para cada dois servidores. A qualidade dos serviços desabou nos últimos tempos. A derrocada coincidiu com a explosão dos cargos de chefia.
Porém, sob a estrutura profunda do descalabro das instituições em crise jaz uma situação paradoxal: os chefes não são chefes. Não raro eles atuam como cúmplices ou reféns, mas chefes, não.
Vejamos. Tradicionalmente, o Português do Brasil usa o imperativo para pedir, e o subjuntivo para mandar. A expressão das rezas “rogai por nós” pede ou manda? “Publique-se” é uma ordem? Mudando o verbo, poder-se-ia mandar ou pedir na lanchonete “faça-se um sanduíche”?
O poeta Luís Vaz de Camões deu ordens precisas a ninguém menos que o todo-poderoso rei de Portugal: “Tomai conselho só de experimentados,/ Que viram largos anos, largos meses,/ Que, posto que em cientes muito cabe,/ Mais em particular o experto sabe”.
Mas, então, ele mandava no rei, uma vez que usou o imperativo? E note-se que usou “experto” e não “esperto”, de onde derivaram esperteza e espertalhão, que hoje sobram no Brasil, enquanto a expertise cai. O Português do Brasil reluta em aportuguesar o Inglês expertise.
Estudando as complexas sutilezas destas variações, de acordo com o contexto em que as ordens são dadas, João Malaca Casteleiro, professor catedrático aposentado da Universidade de Lisboa, publicou um livro saboroso cujo título, <A Arte de Mandar em Português> (Editora Lexikon), mede a frequência com que alternamos estas formas verbais para dar ordens e preferimos ordens afirmativas em vez de ordens proibitivas.
Nos exemplos que ele colheu, o Português do Brasil em 64,49% dos casos prefere o subjuntivo para ordenar, e usa o imperativo em apenas 19,2% deles.
Em Portugal, a língua é a mesma, assim como em toda a África portuguesa e em outros países que integram a comunidade lusófona, mas o Português europeu usa o imperativo em 42,25% dos casos para dar ordens, e o subjuntivo em apenas 43,49% deles, uma diferença de 21% no interior da mesma língua.
Podemos concluir que Portugal manda de um modo bem diferente do que se manda no Brasil. Já quando se mede a porcentagem entre ordens afirmativas (faça isso) e ordens negativas (não faça isso), o equilíbrio é perfeito: 68,49% para o Português europeu, e 68,53% para o Português do Brasil nas ordens afirmativas, e 15,25% e 15,12% respectivamente nas ordens negativas.
Pode ser que o Brasil tenha excessivos cuidados ao dar ordens, tão excessivos que raramente elas são cumpridas. E isso afetou os órgãos públicos numa escalada jamais vista nas últimas décadas, em proporção a ser analisada à luz deste livro interessantíssimo e revelador, que poderá servir de ferramenta para melhor entendermos o binômio empresa pública x empresa privada.
E o autor nem pensou nisso quando defendeu este livro como tese, no longínquo 1961, na Universidade de Lisboa.



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