TERCEIRA EDIÇÃO DE 08-8-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO BLOG DO NOBLAT
PT faz o jogo de Dória
Terça-feira, 08/08/2017 - 04h28
Por Ricardo Noblat
O dia de ontem começou bem para o prefeito João Dória (PSDB), de São Paulo, e terminou melhor. Para quem é cada vez mais candidato a presidente da República, e, se não der, à sucessão do governador Geraldo Alckmin, o dia começou com elogios de Michel Temer e acabou em Salvador com uma chuva de ovos providenciada pela CUT e integrantes de movimentos sociais.
Tudo bem, elogios de um presidente com rala popularidade pouco ou nada acrescenta ao bornal de votos que Dória carrega. Mas para alguém como ele que precisa de apoio dentro dos partidos e de espaço frequente na mídia, os elogios de um presidente da República serão sempre bem vindos. Quanto à chuva de ovos, no momento em que chegava à Câmara Municipal de Salvador...
Nem por encomenda poderia ter sido melhor. Por muito menos, alvo de uma bolinha de papel quando foi candidato a presidente da República em 2010, o hoje senador José Serra (PSDB-SP) fez um escarcéu enorme. De certa forma, faturou o que seu partido tratou como uma inominável agressão. Ovo não machuca, mas suja. É prova provada de um ato hostil indesmentível.
Deu chance a Dória de acusar o PT por intolerância e de polarizar mais uma vez com ele. Dória se oferece ao mercado de votos como o anti-PT por excelência, o nome ideal para enfrentar Lula caso ele escape da Justiça e consiga ser candidato a presidente da República pela sexta vez. Estava na Bahia para receber o título de cidadão de Salvador. Acompanhava-o o prefeito ACM Neto (DEM)
Lula ainda conserva um grande contingente de votos na Bahia. Nos últimos 14 anos, o Estado foi governado por um petista – antes Jaques Wagner, ex-ministro de Lula e de Dilma, agora Rui Costa, que tentará se reeleger. Dória foi ser homenageado num reduto do PT, portanto. Mostrou a seus admiradores que não foge à luta nem mesmo em território hostil.
Provocar o PT e ser provocado por ele tornou-se uma marca de Dória que só o beneficia à medida em que se aproxima a data para que o PSDB escolha seu candidato à vaga de Temer. Alckmin terá dificuldade de disputar com Dória nesse espaço. Poderá vencê-lo no espaço interno do partido e na montagem de uma ampla coligação de forças. A conferir mais adiante.

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
No mesmo lugar
POR MERVAL PEREIRA
Terça-feira, 08/08/2017 06:31
O País tem tantos problemas que dependem de uma decisão do Congresso que, tudo indica, não haverá tempo nem coesão política para resolver todos eles a tempo hábil. Os dois principais temas que exigem uma atenção especial dos nossos parlamentares são as reformas Política e a da Previdência, sendo que a Política tem um limite de tempo fixo: tem que ser aprovada até setembro para poder valer para a eleição de 2018.
A da Previdência tem um limite fiscal, mas pode ser feita a qualquer momento, mesmo no próximo governo, o que parece mais provável. O problema é que a cada mês que se deixa de encarar o problema previdenciário, mais aumenta o déficit que o atual sistema gera.
Ao mesmo tempo, os deputados armam manobras que aumentam o déficit fiscal em benefício próprio, como o novo Refis que em vez de aumentar a arrecadação, provocará um rombo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem razão quando diz que é preciso encarar com seriedade o aumento dos gastos públicos para estancá-lo, sem o que não chegaremos a bom termo.
Por isso, não resolve nada uma reforma da Previdência adaptada às circunstâncias políticas atuais, pois nesse caso teremos quase nada a ganhar. Já estava difícil aprovar no Congresso a reforma da Previdência em sua versão já desidratada, muito mais ficou depois da eclosão da crise gerada pela revelação do diálogo entre o presidente Temer e o empresário Joesley Batista.
O escândalo fragilizou o governo, que gastou provavelmente suas derradeiras energias para tentar escapar do processo pedido pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Os que defendem a permanência de Temer a todo custo, sob o pretexto de que ele poderá levar o Congresso a aprovar a reforma da Previdência, não querem ver que o governo perdeu as condições políticas de aprovar qualquer reforma importante, e ficou nas mãos de deputados e senadores que usarão as dificuldades do governo para sugar-lhe até a última gota subsídios e favores, sem a garantia de que aprovarão as reformas nas suas formas originais.
O próprio presidente Temer já admite publicamente que será preciso adaptar as reformas para aprová-las, o que significa que o custo-benefício será cada vez menor à medida que o tempo passa. A segunda denúncia de Rodrigo Janot, uma espécie de saideira ao final do mandato, pode até ser mais fraca que a primeira, mas será o pretexto para mais fisiologismo por parte do Palácio do Planalto.
Também a reforma política ficará prejudicada pela crise que não deixará em paz o governo, mesmo que Temer permaneça até o fim. Fala-se agora em parlamentarismo, que dificilmente será aprovado em tão pouco tempo. Mesmo quem, como eu, é a favor do sistema de governo parlamentar, não pode achar normal que se mude a Constituição sem um amplo debate público, até mesmo porque esse sistema de governo já foi rejeitado pelo eleitorado duas vezes.
A aprovação de afogadilho dará razão aos que a consideram um gatilho para garantir a permanência no poder do mesmo grupo político que hoje está sustentando o Palácio do Planalto, com PMDB, PSDB e DEM à frente. Assim como a defesa da lista fechada pelo PT é a maneira de o partido esconder dos eleitores seus principais dirigentes envolvidos com escândalos de corrupção.
Os dois sistemas, tanto o parlamentarismo quanto o de listas fechadas, têm suas vantagens e funcionam bem em países de democracias maduras, onde os partidos políticos representam idéias e programas de governo. Mas o uso oportunista de uma boa medida tende a colocar por água abaixo suas virtudes.
O fundo partidário turbinado que pretendem aprovar é outra artimanha para manter os mesmos partidos hegemônicos no Congresso, aí incluído no grupo o PT, pois são os que receberão mais verbas por terem as maiores bancadas.
Mudar para continuar tudo igual, uma velha máxima conhecida das elites dominantes, que não querem estimular a renovação que o parlamento brasileiro necessita para recuperar credibilidade diante da população.

NA COLUNA DA ELIANE CANTANHÊDE
Sem sombra e água fresca
A calmaria é só na superfície, porque a economia e a Lava Jato estão a mil por hora
Por Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
Terça-feira, 08 Agosto 2017 | 03h00
Derrotada na Câmara a denúncia contra o presidente Michel Temer, o previsível é que o foco de Brasília e da mídia se desloque para duas outras áreas: a economia e a guerra entre Polícia Federal, Ministério Público e ministros do Supremo, inclusive com troca pública de desaforos. A política entra numa fase mais morna, a economia esquenta e a Lava Jato pode incendiar tudo de novo.
Na economia, a prioridade é a questão fiscal, com arrecadação baixa, gastos altos e a pressão política para Temer pagar suas dívidas pelo enterro da denúncia da PGR e fazer novos empenhos para aprovar a reforma a Previdência. Os riscos são o recuo no fim do imposto sindical, o esfarelamento da reforma e a votação de uma nova meta fiscal para 2017 e, talvez, de um novo teto de gastos para os anos seguintes.
Para amenizar o clima com as centrais sindicais, que miram na reforma trabalhista para derrubar o fim do imposto sindical, Temer e sua área técnica se preparam para apresentar uma fórmula intermediária. Leia-se: o imposto acabou, mas pode ressuscitar em função de interesses políticos. Resta saber o que a opinião pública acha disso.
E, para atrair votos do Congresso, a área política defende um enxugamento na reforma da Previdência, que ficaria restrita a uma nova idade mínima para aposentadoria e o fim de privilégios do funcionalismo. Leia-se: viraria um remendo, até que o futuro presidente faça o que tem de ser feito para evitar o colapso do sistema. Resta saber o que os agentes econômicos acham do recuo.
De qualquer forma, Temer mantém a prioridade para a reforma da Previdência, como enfatizou em reunião no domingo com ministros e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. Maia reiterou que a votação será difícil e que os votos dos tucanos são fundamentais, mas, ontem, admitiu levar o projeto ao plenário em setembro. Será?
Apesar de versões públicas de que não estão nem aí para o PSDB, é óbvio que Temer e seus ministros políticos e econômicos sabem o quanto o partido é importante para as decisões econômicas. Não só na reforma da Previdência, mas também na eventual revisão da meta fiscal e do teto de gastos.
Tanto é assim que Temer foi ontem a São Paulo participar de solenidade com o prefeito João Doria. Com Aécio Neves muito ocupado com as acusações conta ele, Tasso Jereissati liderando a oposição ao Planalto e Geraldo Alckmin articulando contra nos bastidores, quem sobra? Doria, mais cauteloso diante do governo Temer.
Enquanto Temer arma o jogo para as votações fundamentais na economia, há preocupação com as flechadas do procurador Rodrigo Janot nesses 40 dias até passar o bambu para Raquel Dodge. Como é improvável que ele tenha algo mais forte do que a gravação de Joesley Batista com Temer e os vídeos da mala de dinheiro do ex-assessor Rocha Loures, fica a dúvida: as ameaças de Janot são só guerra de nervos, ou ele tem mesmo bambu contra Temer?
Enquanto a resposta não vem, a guerra entre Janot e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, entrou no vale-tudo: flechadas, tiroteios, acusações e insinuações. Como é uma guerra de procurador contra procurador (Gilmar vem do MPF), confirma que a PGR está bastante dividida, além de enfrentar uma contestação atrás da outra da PF contra as delações hiperpremiadas.
Então, Brasília parece viver uma calmaria na política, mas é só na superfície. Na realidade, o pós-denúncia de Temer é de muitas interrogações quanto à economia, aos tucanos, às bombas contra Temer e seus ministros. Aliás, mesmo quando Janot sair, a PGR não vai parar. Raquel Dodge pode surpreender aqueles que estão sonhando com sombra e água fresca depois de 17 de setembro.

NO O ANTAGONISTA
Por quê, pelegos? Por quê?
Internet Terça-feira, 08.08.17 10:13
Sobre a nota Sindicatos também querem tungar, o procurador Julio Marcelo de Oliveira pergunta em seu Twitter:

O pós-guerra na Venezuela
Mundo 08.08.17 09:48
O Brasil se prepara para uma guerra civil na Venezuela.
Segundo O Globo, “as Forças Armadas brasileiras já começam a trabalhar com cenário pós-guerra. Se houver necessidade, poderá enviar tropas de paz ao país, como ocorreu com o Haiti e com o Líbano”.
Palocci blinda Lula?
Brasil 08.08.17 09:35
A Veja diz que a Lava Jato se recusa a fechar acordo com Antonio Palocci porque ele está blindando Lula.
As fontes de O Antagonista dizem o contrário: Antonio Palocci entrega Lula.
Auto-delator denunciado mais duas vezes
Brasil 08.08.17 08:57
O MPF ofereceu mais duas denúncias contra Sérgio Cabral: a décima-terceira e a décima quarta.
É muito assunto para o auto-delator.

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