SEGUNDA EDIÇÃO DE 15-6-2017 DO DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NO BLOG DO NOBLAT
À Espera dos Fogos
Por Ricardo Noblat
Quinta-feira, 15/06/2017 - 04h34
No meio do caminho do presidente Michel Temer tem muitas pedras. Ontem, aparentemente, uma foi removida ou jogada para mais adiante. O destino de outra ainda é incerto.
Temia-se no governo e fora dele que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contasse algo que pudesse abalar ainda mais a frágil situação do presidente da República, investigado pelo Supremo Tribunal Federal sob a suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
Em delação à Procuradoria-Geral da República, executivos do Grupo JBS disseram que pagavam a Cunha para que ele se mantivesse em silêncio. Gravação de conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista registra a suposta concordância do presidente com a medida: “Faça isso”.
Cunha foi ouvido pela Polícia Federal e negou tudo. Negou ter recebido propina da JBS. Negou que Temer tivesse lhe acenado com qualquer vantagem para que ficasse calado. E produziu uma frase de efeito: “Meu silêncio não está à venda”. O governo respirou aliviado. Por enquanto.
A outra pedra atendia pelo nome de Lúcio Bolonha Funaro, corretor financeiro, apontado como operador de Cunha junto a empresas e ao governo, recolhido há meses à Penitenciária da Papuda. Funaro foi também ouvido pela Polícia Federal. Seu depoimento estendeu-se por mais de três horas e meia.
Foi dele a iniciativa de falar. Funaro negocia uma delação premiada e para tal precisa contar o que sabe sobre negócios sujos da República. Sabe muito. Se contar metade do que sabe complicará a vida de muita gente. Poderá complicar também a de Temer. Anoiteceu em Brasília sem que tivesse vazado nada sobre o quer ele revelou.
As próximas duas semanas serão propícias à explosão de fogos em homenagem a São João e a São Pedro. O Congresso funcionará à meia boca, se funcionar. Nada melhor para que a Procuradoria Geral da República dispare seu tão aguardado petardo contra Temer em forma de uma denúncia a ser apresentada ao Supremo Tribunal Federal.

NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
‘Moro de saias’ manda soltar amigo de Gilmar Mendes (veja o vídeo)
Da Redação
Quarta-feira, 14/06/2017 às 15:15
Mediante confissão de seus crimes e uma multa de R$ 46,6 milhões que deverão ser recolhidos aos cofres públicos, a juíza Selma Arruda, tida como ‘Moro de saias’ por sua atuação firme e corajosa no combate a corrupção, mandou soltar nesta quarta-feira (14) o ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa.
O peemedebista estava preso preventivamente há um ano e seis meses pela Operação Sodoma, também conhecida como ‘Lava Jato Pantaneira’.
Quando a operação iniciou sua investida contra o ex-governador, a Polícia Federal capturou uma ligação entre ele e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Na conversa, Gilmar Mendes manifestava sua solidariedade a Silval e prometia interceder junto a seus pares.
O ex-governador confessou o recebimento de propinas por manutenção de contratos e desapropriações de terrenos para construção de obras públicas, além de doações ilegais para campanhas eleitorais de seus aliados.
Ele cumprirá prisão domiciliar e fará uso de tornozeleira eletrônica.
Abaixo (no link), veja a nebulosa conversa entre o governador e o ministro.


NO O ANTAGONISTA
Laranjas em domicílio
Brasil 15.06.17 09:47
Michel Temer “tem demonstrado preocupação com a exposição de Maristela Temer, sua filha, após a PF descobrir que um dos investigados na Operação Patmos tocou obras na casa dela”, diz a Coluna do Estadão.
Ontem à noite, Temer visitou a filha justamente para confortá-la e apoiá-la”.
Ele levou também a lista de perguntas da Folha de S. Paulo sobre os pagamentos efetuados pelo coronel Baptista?
"Temer ou Maristela Temer reembolsaram o coronel?"
Brasil 15.06.17 09:40
Em e-mail apreendido pela PF, o arquiteto Luiz Visani, da Visani Engenharia, informa à mulher do coronel Baptista sobre os pagamentos que deveriam ser feitos em novembro de 2014 para quitar a reforma da casa de Maristela Temer.
A Folha de S. Paulo encaminhou ao Palácio do Planalto algumas perguntas sobre o assunto:
1) O coronel fez os pagamentos a pedido de quem?
2) O presidente sabia que o coronel pagava despesas da reforma da filha?
3) Temer ou Maristela Temer reembolsaram o coronel?
4) Há documentos comprovando o reembolso?
5) Qual foi o custo total da reforma?
A assessoria de Michel Temer não respondeu a nenhuma dessas perguntas.
O reformista Temer
Brasil 15.06.17 09:32
A PF encontrou mais uma prova de que o coronel João Baptista Lima cuidou dos pagamentos da reforma de um imóvel de Maristela Temer, filha do presidente.
Segundo a Folha de S. Paulo, um e-mail “enviado por um arquiteto cobra de Lima o valor de R$ 44.394,42 pela obra”.
A mensagem foi apreendida pela PF no computador do coronel Baptista, acusado pela JBS de ser laranja de Michel Temer no recebimento de propinas.
Corte de 300 bilhões de reais
Economia 15.06.17 10:04
O PT quebrou o Brasil.
O Estadão aposta que Michel Temer ainda pode recolher os cacos.
Leia um trecho de seu editorial:
O governo terá de podar R$ 300 bilhões das despesas obrigatórias, até 2030, para evitar o rompimento do limite de gastos, mesmo com a aprovação da reforma da Previdência. Esse é o cenário central de um novo relatório da IFI, órgão de assessoria do Senado. No melhor cenário será preciso um corte de R$ 100 bilhões. No pior, de R$ 500 bilhões.
A mensagem é tão clara quanto inquietante: a aprovação de um projeto razoável de mudança previdenciária será insuficiente para garantir a eficácia do teto de gastos criado em 2016 por emenda à Constituição. Especialistas poderão discutir detalhes e pressupostos desses cálculos, mas nenhuma pessoa responsável e razoavelmente informada poderá menosprezar o alerta lançado por uma equipe respeitada.
O conserto das finanças públicas, devastadas pela mistura de incompetência e irresponsabilidade na gestão petista, ainda vai tomar muito tempo e será mais complicado, provavelmente, do que hoje supõe a maior parte das pessoas. Além disso, hoje o desafio é maior do que há pouco tempo.
Enquanto a crise política se prolonga, aumenta a insegurança quanto ao desempenho da economia, decisões são adiadas, tempo é desperdiçado e cresce o risco de entraves ao programa de arrumação das contas governamentais. Conflitos em Brasília podem até paralisar ações importantes para a recuperação do País, mas nenhuma palavra mágica imobilizará o relógio e imporá uma pausa às necessidades do País (…).
Pode-se esquecer esses problemas enquanto se cuida de interesses partidários. Mas os problemas continuarão existindo e, quanto mais negligenciados, tanto mais graves se tornarão. Pior para o País.
Interlocutores mudos
Brasil 15.06.17 09:49
A Coluna do Estadão diz que Aécio Neves “telefonou para senadores pedindo que interviessem com o ministro Gilmar Mendes para que ele atuasse pela soltura de Andrea Neves.
Investigado em oito inquéritos e alvo de interceptação telefônica pela PF, Aécio deixou seus interlocutores mudos”.
Se continuar assim, Aécio Neves será preso.
O império da Lei
Brasil 15.06.17 09:21
Joesley Batista só resolveu fechar um acordo com a PGR porque seu plano é morar nos Estados Unidos.
Leia o texto de Joaquim Falcão, professor de Direito da FGV, publicado pela Folha de S. Paulo:
“Para entender a delação premiada da JBS é necessário compreender o que se passou ou ainda se passa entre a companhia e as autoridades dos Estados Unidos.
Sendo a JBS um grupo global, com cerca de 56 empresas nos Estados Unidos, dificilmente haveria delação premiada aqui sem prévio ou potencial acordo lá, com as autoridades americanas.
O cenário maior a ser considerado é que a globalização econômica tem sido acompanhada por uma globalização judicial. Ou seja, há expansão unilateral das leis e da judicialização americana. Juízes e autoridades passam a ser globais.
Quem confere a eles esse poder é a cooperação internacional entre autoridades e a múltipla legislação: Anti-Corruption Act, Anti-Terrorism Act e tantas outras (…).
Para que tal jurisdição ocorra, basta que se tenha conta bancária nos Estados Unidos. A JBS tem. Basta que se tenha empresas nos Estados Unidos. A JBS tem. Basta que se tenha estado presente no mercado de valores mobiliários. A JBS tem estado. Ou apenas ter transacionado em dólar em qualquer país no mundo. A JBS fez isso.
Não é por menos, inclusive, que os irmãos Batista, donos da JBS, escolheram um escritório de advocacia, Baker e Mackenzie, de lá. E, de lá, gerem a negociação aqui no Brasil (…).
O ponto crucial é o desejo, necessidade mesmo, de os irmãos Batista pretenderem morar nos Estados Unidos, com visto permanente de residentes. Logo depois da denúncia do procurador-geral da república, Rodrigo Janot, a família embarcou para lá. Antes, familiares, irmãos e sobrinhos, inclusive moradores de Goiânia, já tinham ido.
Deve ter havido, ou estar ainda em andamento, negociação com o governo americano para concretizar essa pretensão. Provavelmente pelas pessoas físicas, os sócios.
No sistema legal dos Estados Unidos, são múltiplas as maneiras de conseguir vistos ou algum tipo de benefício em situações dessa natureza.
A delação premiada precisa ser reconhecida por um juiz, mas pode se manter secreta se as partes concordarem.
Dificilmente saberemos. Informações estratégicas.
O DPA, que pode ser traduzido como a Suspensão Condicional do Inquérito, permite multa, confissão, delação e provas contra terceiros. O investigado não é fichado como criminoso e obriga-se a delações futuras e a não reincidir no crime. Não há também publicidade.
Direta ou indiretamente, parece inevitável, o maior grupo empresarial do mundo em proteína animal, através de seus controladores ou de suas empresas, deve estar agora sob controle da expansionista jurisdição americana.
Seria esse o destino dos campeões nacionais? Ao se tornarem campeões globais, transmudam-se em campeões americanos?
Há muito ainda o que revelar. Aqui e lá”.

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