SEGUNDA EDIÇÃO DE 03-6-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Eliane Cantanhêde: Os ex-leões vão rugir
Palocci e Mantega inovaram: operavam para Lula, Dilma e o PT dentro da Fazenda
Por Augusto Nunes
Sábado, 03 jun 2017, 06h34
Publicado no Estadão
Além do tucano Aécio Neves e de Rocha Loures, assessor de Temer, as duas bolas da vez são Antonio Palocci e Guido Mantega, que agregam grande dose de suspeição sobre os governos do PT. Não bastassem os ex-presidentes da República enrolados e os ex-presidentes e ex-tesoureiros do partido condenados e presos, agora são os ex-ministros da Fazenda (da Fazenda!) que têm muito o que explicar – e contar.
Pela delação de Marcelo Odebrecht, Palocci era o único com poderes para definir quando, de quanto e para quem eram os saques na conta “Amigo” que a empreiteira mantinha para Lula. Pela de Joesley Batista, Mantega era o administrador das contas de US$ 150 milhões da JBS para Lula e Dilma Rousseff no exterior. Eram US$ 70 milhões para ele e US$ 80 milhões para ela, ou o contrário? Joesley não lembra. Afinal, o que são “só” US$ 10 milhões?
Os ministros da Fazenda eram ocupadíssimos. Tinham de traçar a política econômica, cuidar dos cofres e contas públicas, definir projetos de lei, emendas constitucionais e medidas provisórias da economia, negociar financiamento de empresas para o PT, achacar os “campeões nacionais” do BNDES e ainda servir de gerentes para as contas dos chefes. Dureza…
Além disso, e de calibrar o fluxo entre o BNDES, empresas aliadas, campanhas e bolsos alheios, cabia aos ministros da Fazenda alimentar o guloso Leão da Receita Federal, que devora nacos importantes da renda de quem produz, vende, compra e trabalha. Mas, tão ocupado com Lula, Dilma, PT e JBS, Mantega se esqueceu de declarar US$ 600 mil.
Se o senhor e a senhora deixarem de declarar uma renda qualquer, ou errarem em R$ 400 o valor de um aluguel, vão ter uma dor de cabeça infernal, mas o domador do Leão pôde se dar ao luxo de esquecer uma bolada dessas. Segundo ele, a origem foi a venda de um imóvel herdado do pai, provavelmente italiano. O dinheiro, porém, não está em bancos da Itália nem do Brasil, mas sim da Suíça, paraíso de recursos duvidosos.
Escândalos com deputados, senadores, prefeitos e governadores já fazem parte do cotidiano no Brasil, mas com ministros da Fazenda?! Soa como se estivessem fazendo negociatas não só com estatais e fundos de pensão, mas com o próprio País, com a economia nacional. Em nome do quê? De uma ideologia, de um projeto de poder? Ou de interesses bem mais comezinhos?
O certo é que Palocci e Mantega sabem das coisas, de muitas coisas do submundo dos governos Lula e Dilma. Sabem, principalmente, como Lula agia e se salvava algum bônus para ele próprio. Daqui e dali, lê-se e ouve-se que Palocci quer entregar o sistema financeiro e duas dezenas de empresas. Tudo bem. E o chefe?
José Dirceu é um quadro político, com uma biografia pujante, e engoliu calado o título de “chefe de quadrilha”, o Mensalão, o Petrolão e a cadeia. Mas Palocci não é Dirceu, e Mantega não chega a ser nem mesmo um Palocci. Palocci vai falar, Mantega está recobrando a memória e ambos vão rugir. O PT acha que já chegou ao fundo do poço, mas a força-tarefa da Lava Jato tem certeza de que não.
Afogados 
É constrangedor Aécio forçar reuniões para dar a impressão de que tudo continua como antes e ele ainda manda no PSDB e nas bancadas depois de ser gravado, aos palavrões, pedindo R$ 2 milhões para a JBS.
E o que dizer de Lula, que comanda o PT, define Gleisi Hoffmann para presidir o partido e se prepara para disputar a Presidência da República mesmo depois de virar réu cinco vezes por pedir, não dois, mas muitos milhões para contas, triplex, apartamento, reformas e terreno do seu instituto, além de ajeitar a vida dos filhos? Ninguém se constrange?

Santana rasga a fantasia dos estadistas de galinheiro
Nem Santana consegue entender por que tanta gente acreditou por tanto tempo nas fantasias que inventou para tapear o eleitorado
Por Augusto Nunes
Sexta-feira, 02 jun 2017, 19h31more_horiz
(Reprodução/Reprodução)
Em novembro de 2010, numa entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, o marqueteiro João Santana, deslumbrado com a vitória da dupla formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, garantiu que a seita lulopetista havia chegado ao reino dos céus pela rota do Planalto. Acabara de eleger uma mulher que tinha tudo para ocupar no imaginário brasileiro o trono à espera de uma rainha. E no banco de reservas, além do príncipe consorte Michel Temer, sentava-se ninguém menos que Lula, o Pelé da política.
Neste outono, nos depoimentos à Lava Jato, o delator premiado demonstrou que até Maria I, a Louca, era muito mais confiável e mentalmente equilibrada que a monarca provida de um neurônio só, transferiu o Pelé de araque para o banco dos réus e provou que Michel Temer fez bonito enquanto esteve alojado na corte infestada de vigaristas. O que nem Santana consegue entender é por que tanta gente acreditou por tanto tempo nas fantasias que criou para apresentar como salvadores da pátria três estadistas de galinheiro.

NA VEJA.COM
Rocha Loures é preso pela Polícia Federal em Brasília
Ex-deputado federal e ex-assessor especial de Temer foi gravado em vídeo pela PF correndo após supostamente ter recebido mala com R$ 500 mil
Por Da redação
Sábado, 03 jun 2017, 09h03 - Publicado em 3 jun 2017, 08h50
A Polícia Federal informou que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer (PMDB), foi preso na manhã deste sábado 3, em Brasília, por determinação do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-deputado se encontra na Superintendência Regional da PF na capital federal. Segundo a Polícia Federal, não há previsão de transferência.
O advogado de Rocha Loures, Cezar Bitencourt, argumentou em sua defesa ao ministro Fachin, relator da Lava Jato no STF, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a prisão de seu cliente com objetivo “forçar delação” premiada.
Rocha Loures e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foram gravados pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em negociação de pagamento de propina. Depois, ambos foram alvos de ações controladas pela PGR. Em um dos vídeos gravados pela Polícia Federal, Rocha Loures aparece “correndo” após supostamente ter recebido uma mala com R$ 500 mil.
A prisão de Rocha Loures havia sido pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato. A captura de Rocha Loures foi negada por Fachin. O ministro do STF havia alegado a imunidade parlamentar de Rocha Loures para não autorizar a prisão.
O ex-assessor de Temer havia assumido o mandato de deputado federal no lugar de Osmar Serraglio (PMDB-PR), que tinha ido para o Ministério da Justiça. Após ser deposto da Justiça, Serraglio decidiu recusar a oferta de Temer para virar ministro da Transparência e reassumir o seu mandato.
Depois de Rocha Loures perder a prerrogativa do foro privilegiado, já que Osmar Serraglio havia voltado à Câmara, Janot, então, pediu a reconsideração da prisão do aliado de Temer.
Na semana passada, Janot já havia pedido para Fachin reconsiderar a decisão tanto relativa a Rocha Loures quanto ao senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
Para o procurador-geral da República, a prisão dos dois é “imprescindível” para garantia da ordem pública e instrução criminal, diante de fatos gravíssimos que teriam sido cometidos pelos parlamentares.
(Com Estadão Conteúdo)

Valério: “Ronan ia entregar Lula como mentor do assassinato”
Preso, operador do mensalão diz que empresário ia denunciar o ex-presidente no caso Celso Daniel se não recebesse 6 milhões de reais
Por Hugo Marques
Sábado, 03 jun 2017, 08h00more_horiz
Em setembro de 2012, o publicitário Marcos Valério prestou depoimento ao Ministério Público Federal e revelou que foi informado em 2004 pelo secretário-geral do PT, Silvio José Pereira, que o presidente Lula estava sendo chantageado. A conversa entre os dois ocorreu dois anos após o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. O publicitário disse que o empresário Ronan Maria Pinto exigia 6 milhões de reais para não divulgar informações relacionadas ao caso Santo André, envolvendo o presidente Lula, o ex-ministro José Dirceu e o então assessor particular Gilberto Carvalho.
Marcos Valério diz agora que quer esclarecer todos detalhes da chantagem. Pelo menos foi o que ele garantiu à deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que colheu um longo depoimento do publicitário: “O Valério me disse que Ronan ia apontar o ex-presidente Lula como mentor do assassinato do Celso Daniel”, disse a deputada. Segundo ela, Valério garantiu ter as provas da chantagem.
Valério: o publicitário decidiu revelar os segredos do Caso Santo André (Vara Federal de Curitiba/Reprodução)
A primeira conversa de Valério com a deputada foi no dia 11 de outubro. Ela foi ao presídio atender às reivindicações de presos portadores de necessidades especiais e encontrou o publicitário em uma das celas. No ano passado, Mara, que é filha de um empresário que foi extorquido pela quadrilha que atuava na Prefeitura de Santo André, tinha entregado ao juiz Sérgio Moro um dossiê sobre o assassinato. No dia 3 de abril, Mara enviou um ofício ao procurador de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, narrando as conversas com o publicitário e pedindo andamento às investigações do crime.
“Ele (Valério) deixou muito claro que o senhor Ronan Maria Pinto ia entregar o senhor Luiz Inácio Lula da Silva para a polícia como mentor do assassinato do prefeito Celso Daniel”, escreveu a deputada. Para ela, o depoimento de Valério pode ajudar a desvendar o crime.
Deputada Mara Gabrilli: duas conversas com Valério na cela (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
Valério já vem negociando sua delação premiada com três promotores de Minas Gerais e dois procuradores da República. O publicitário disse que o ex-prefeito, pouco antes do assassinato, ia entregar um dossiê para a Polícia Federal e para o presidente Lula, envolvendo petistas com o crime organizado. Após o envio do ofício da deputada ao procurador de Justiça de São Paulo, dois promotores foram visitá-lo. O publicitário quer depor somente à Polícia Federal.
Perguntado sobre a acusação, Ronan, por intermédio de seu advogado, informou que jamais chantageou quem quer que seja. A assessoria do ex-presidente Lula não comentou.

Irritado com Lindbergh, Lula afirma: ‘Esse garoto não tem futuro’
Militância chegou a ensaiar vaias ao ex-presidente
Por Gabriel Mascarenhas
Sexta-feira, 02 jun 2017, 14h43 - Publicado em 2 jun 2017, 12h26
Lindbergh Farias ganhou espaço cativo na caixinha de mágoas de Lula desde que se recusou a abandoar a disputa pela presidência do PT.
Esses dias, o ex-presidente, que pediu a ele para desistir do plano e apoiar Gleisi Hoffmann, sentenciou a interlocutores: “Esse menino não tem futuro”.
Mas o pior estava por vir.
Ontem, Lindbergh saiu diminuído do Congresso Nacional do partido, em Brasília. Ele sequer estava convidado para se sentar à mesa das autoridades no evento. Só ocupou uma cadeira depois que sua militância, na platéia, gritou pelo nome dele.
Ao pegar o microfone, Lula não perdoou: declarou voto na mulher que ele transformou em favorita para comandar o partido e nem felicitou o adversário dela. “Quero dizer aqui que minha candidata a presidente do PT é a nossa líder e senadora Gleisi Hoffmann”.
A militância reagiu de novo e, ao fundo, esboçou uma vaia ao ex-presidente, rapidamente abafada pelos correligionários. Ao fim, vários petistas acompanharam Lula e Dilma Rousseff à sala VIP do local onde ocorreu o Congresso. Lindbergh tomou o caminho de casa, bem menor do que entrou.

NO BLOG DO JOSIAS
2018 trava as articulações para substituir Temer
Josias de Souza
Sábado, 03/06/2017 03:14
De todas as definições sobre política, a que mais se aplica ao cenário atual é uma de Jânio Quadros. “Política é como fotografia, se mexe muito não sai”, dizia Jânio. Nas últimas duas semanas, caciques do Congresso se mexeram freneticamente à procura de um substituto para o presidente da República. E o nome não saiu. Em consequência, Temer foi ficando. Mesmo crivado de suspeições, ele se tornou o presidente mais conveniente para os atores que se imaginam em condições de participar da disputa presidencial de 2018 em contraposição ao PT e seus satélites.
Principal escora do Palácio do Planalto no Legislativo ao lado do PMDB, o PSDB aproximaria Temer da porta de saída se abandonasse o governo à própria sorte. Mas o tucanato, um agrupamento de amigos 100% feito de inimigos, não consegue se entender nem consigo mesmo. O senador Tasso Jereissati adoraria sentar-se na poltrona de Temer. Já se deu conta, porém, de que não se elegeria porteiro do Congresso numa eleição indireta. Tasso nem precisa de inimigos. Seu maior adversário é o amigo Geraldo Alckmin.
Imaginando-se menos ferido na Lava Jato do que os correligionários Aécio Neves e José Serra, o governador tucano de São Paulo reivindica o primeiro lugar na fila de presidenciáveis do PSDB. E Alckmin concluiu que, se fosse acomodado no lugar de Temer, Tasso não desocuparia o assento em 2018. Agora, todos dizem estar preocupados com o País, não com a reeleição. Mas Alckmin não ignora que, em política, a suprema ambição é não tê-la.
Estimulado por outros governadores e por apologistas do seu projeto presidencial, Alckmin pensou em disputar, ele próprio, o cargo de presidente pela via indireta. Desistiu depois de constatar que entraria na disputa como candidato favorito a fazer do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) o próximo presidente da República.
No comando da Câmara, Rodrigo Maia assumiria o Planalto em caso de queda de Temer, para convocar a eleição indireta em 30 dias. Assim determina a Constituição. Com a caneta de presidente e o Diário Oficial à disposição, Maia compraria a simpatia dos colegas para esticar sua permanência no Planalto. E sua prioridade, para desassossego de Alckmin, passaria a ser a reeleição.
A desunião entre PSDB e DEM retarda a formação de um complô parlamentar capaz de abreviar o mandato de Temer. Parte da infantaria do tucanato ameaça tomar distância do governo na próxima semana. Mas não há, por ora, sinais de que a cúpula da legenda se associará a uma hipotética insurreição. E mesmo os deputados sublevados informam que um eventual rompimento não significará o abandono da pauta de reformas econômicas. Quer dizer: para Temer, o jogo pode terminar em zero a zero.
O Congresso Nacional abdicou da prerrogativa de governar a crise. Prefere ser governado por ela. Só deve agir se Temer for cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral — uma hipótese que parece preocupar cada vez menos o Planalto. O procurador-geral da República Rodrigo Janot assa no forno da Lava Jato uma denúncia contra Temer, a ser protocolada no Supremo Tribunal Federal nos próximos dias. Entretanto, essa denúncia só irá adiante se a Câmara autorizar. E Temer começa a oferecer aos deputados milhões de razões para enterrar a iniciativa.
No mais, como Temer não se dispõe a repetir Jânio Quadros, que entrou na História pela porta da renúncia, o grande risco à estabilidade de sua Presidência é a ação de amigos como o ex-assessor Rodrigo Rocha ‘Imponderável’ Loures. O homem da mala de R$ 500 mil frequenta a crise como uma delação premiada esperando na fila para acontecer. Dependendo do que disser, Loures pode revolucionar a condição penal de Temer. De primeiro presidente da História a ser investigado por corrupção, organização criminosa e obstrução de justiça, Temer passaria à condição de denunciado e candidato a réu em pleno exercício do cargo.


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