PRIMEIRA EDIÇÃO DE 20-6-2017 DO DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
TERÇA-FEIRA, 20 DE JUNHO DE 2017
Se a eleição do presidente fosse hoje, Jair Bolsonaro (PSC) seria o mais votado no Distrito Federal com 19,9%, seguido do ministro aposentado do STF, Joaquim Barbosa (14,1%) e Lula, que aparece em terceiro com 13,2%. É a primeira vez que Bolsonaro aparece liderando para presidente, e é a primeira vez que Lula fica atrás, e em terceiro lugar. O levantamento do instituto Paraná Pesquisa para o portal Diário do Poder entrevistou 1.516 eleitores do DF, entre 14 e 18 de junho.
Na simulação com Geraldo Alckmin candidato do PSDB a presidente, Bolsonaro sobe para 21,4%. O governador paulista soma 4,0% no DF.
Marina (Rede), que já foi a mais votada para presidente do DF, está em 4º com 9,7%, em empate técnico com o tucano João Doria (8,4%).
Ciro Gomes (PDT) tem 5,7%, Roberto Justus 2,7%; Alvaro Dias (PV) 2,0%; Michel Temer (PMDB), 1,5%; e Ronaldo Caiado (DEM), 0,8%.
Bolsonaro cai para 4º na pesquisa para presidente, com 11,8%, quando só mulheres são entrevistadas. Perde para Lula, Joaquim e Marina.
FHC (19,3%), Tasso Jereissati (5,5), Henrique Meirelles (5,1), Nelson Jobim (3,7), Carlos Ayres Britto (3,6) e Gilmar Mendes (2,8%) são citados pelos brasiliense para o lugar de Michel Temerpela via indireta.
O levantamento do Paraná Pesquisa para o Diário do Poder mostrou que no caso de vacância no Palácio do Planalto, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo, lidera com 22,2% as preferências dos brasilienses para suceder a Michel Temer pela via da eleição indireta.
Michel Temer surpreende os interlocutores com atitude muito calma para a gravidade da crise. Ele tem dito que sempre soube que não teria vida fácil, por haver assumido o cargo rejeitado pelos petistas, que o acusavam de “golpe”, e os antipetistas, por ser vice de Dilma. Apostou na articulação política com o Congresso para levar o mandato até o fim, mesmo aos trancos e barrancos. Previa até manifestações na porta todos os dias, que não se confirmaram. Só não previu Joesley Batista.
Temer se vê vítima de um criminoso, como chama o dono da JBS, que ofereceu o que o MPF mais queria: a cabeça do presidente.
Joesley era investigado por diversos crimes em cinco operações da PF. Deu certo: numa tacada, livrou-se de todas com o acordo de delação.
O presidente continua apostando na política para seguir o projeto de levar o governo até o fim. Aos trancos, barrancos e joesleys.
O ministro Gilmar Mendes (STF) não é o único crítico do Ministério Público. Integrante da carreira, ex-ministro da Justiça de Dilma, Eugênio Aragão acusou “um certo fascismo por trás [de não permitir críticas à Lava Jato], como também há por trás das medidas que o MP propõe”.
Marcelo Odebrecht deve ter passado o dia, ontem, refletindo sobre o fato de estar preso há dois anos, bem ao contrário de Joesley Batista, que está livre e ainda faz pose de cidadão cumpridor dos seus deveres.
De todos os cartões corporativos do governo, apenas 3.668 têm algum gasto detalhado no Portal da Transparência. De tudo que foi gasto este ano (R$ 16,3 milhões), menos da metade é detalhado: R$ 8,1 milhões.
Ex-deputado e ministro aposentado do Superior Tribunal Militar, Flávio Bierrenbach já viu muita coisa na vida, mas ninguém como FHC. Para ele, o ex-presidente “é catedrático em uma disciplina que só existe na política brasileira, que consiste em dizer sim e não ao mesmo tempo.”
Somente este ano, a Polícia Federal deflagrou vinte operações contra corrupção em Alagoas, nos diversos níveis. São três por mês, em média. Impressionante.
João Amoedo, presidente do partido ‘Novo’, é contra o Fundo Partidário, que chama de “aberração”. Já recebeu mais de R$1 milhão desde a fundação do partido, mas não usou um centavo sequer. E estuda uma forma de devolver o dinheiro aos cofres públicos.
Joesley Batista foi acometido de súbita amnésia, ao “esquecer” reuniões com Lula e Cunha para tratar do impeachment de Dilma?

NO DIÁRIO DO PODER
CORRUPÇÃO
PF VÊ INDÍCIOS DE CORRUPÇÃO DE TEMER E ROCHA LOURES, E PEDE MAIS PRAZO
POLÍCIA AINDA AGUARDA LAUDO DA PERÍCIA DA GRAVAÇÃO DE JOESLEY
Publicado: segunda-feira, 19 de junho de 2017 às 20:48 - Atualizado às 23:09
Redação
No inquérito devolvido nesta segunda-feira, 19, ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal concluiu que há indícios de materialidade da prática de crime de corrupção passiva pelo presidente Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. Embora tenha concluído essa parte da apuração, os delegados federais pediram mais cinco dias de prazo para encerrar a investigação sobre os crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça.
O pedido de dilatação do prazo pela PF tem como objetivo aguardar o término do laudo final da perícia no áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F, com Temer. A demora na produção do laudo se daria pela má qualidade da gravação. 
No caso do crime de corrupção passiva, a reportagem apurou que a conclusão baseou-se na análise das ações controladas - uma delas que flagrou Rocha Loures correndo com uma mala de R$ 500 mil - e em dois laudos produzidos a partir da análise das conversas gravadas entre Loures e o lobista do grupo J&F, Ricardo Saud. 
Saud filmou e gravou, no dia 28 de abril deste ano, encontros nos quais acertou e repassou a Rocha Loures a mala dos R$ 500 mil, em um restaurante em São Paulo. Hesitante em pegar o dinheiro naquela ocasião, o peemedebista chegou a sugerir um tal "Edgar" para buscar os valores, já que "todos os outros caminhos estavam congestionados".
Na conversa, Saud ainda questiona se o interposto sugerido por Loures para supostamente receber valores é "o Edgar que trabalha para o presidente". "Bom, se é da confiança do chefe, não tem problema nenhum".
Apesar de tentar indicar outra pessoa para receber os valores, o então deputado federal acabou combinando, no mesmo dia, de pegar a mala de propinas em uma pizzaria indicada por ele, em São Paulo, na rua Pamplona. Saud também filmou o diálogo, em um estacionamento.
O valor seria entregue semanalmente pela JBS ao peemedebista, em benefício de Temer, como foi informado, nas gravações, pelo diretor de Relações Institucionais da holding. "Eu já tenho 500 mil. E dessa semana tem mais 500. Então você tem um milhão aí. Isso é toda semana. Vê com ele Michel Temer", afirmou Saud a Loures.
Rocha Loures é acusado de exercer influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE - o valor da propina, supostamente "em benefício de Temer", como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra.
Em notas anteriores, o Palácio do Planalto negou irregularidades envolvendo o presidente.

E O CHAMA DE 'DELINQUENTE'
CUNHA DIZ QUE JOESLEY MENTIU E QUE DISCUTIU IMPEACHMENT COM LULA
DONO ESPERTO DA JBS OMITIU REUNIÕES COM LULA E EDUARDO CUNHA
Publicado: segunda-feira, 19 de junho de 2017 às 17:57 - Atualizado às 20:03
Redação
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) divulgou nota nesta segunda-feira, 19, em que confronta Joesley Batista, dono da JBS. Em entrevista à revista Época, o delator citou apenas duas reuniões com o ex-presidente Lula. No entanto, segundo Cunha, ele mentiu.
"Ele [Joesley] fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013. Mentira! Ele apenas se esqueceu que promoveu um encontro que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência [...] entre eu, ele e Lula, a pedido de Lula, a fim de discutir o processo de impeachment (de Dilma Rousseff) [...] onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham", escreveu o peemedebista.
Preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, Cunha disse que o encontro com Joesley e Lula pode ser comprovado pelos seguranças da presidência da Câmara que o acompanharam na ocasião, além de registros do carro alugado para transportá-lo em São Paulo.
Na carta, o deputado cassado diz que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o acordo de delação de Joesley junto ao Judiciário seja anulado. "Espero que o STF reveja esse absurdo e bilionário acordo desse delinquente".
Eduardo Cunha também chama o empresário de "perigoso marginal". "Lamento ter exposto a minha família à convivência com esse perigoso marginal, na minha casa e na dele, onde hoje fica claro que ele mente para obter benefícios para os seus crimes, ficando livre da cadeia, obtendo uma leniência fiada, mas desfrutando dos seus bilionários bens à vista, tais como jatos, iate, cobertura em NY, mansão em St. Barthy, além de bilhões de dólares no exterior, dentre outros", diz.
O ex-deputado também diz que Joesley é o maior beneficiário de medidas do governo, embora tenha atacado o presidente Michel Temer na delação e na entrevista. "É estranho que mesmo atacando o governo, ele seja o maior beneficiário de medidas do governo, tais como a MP 783 do Refis, onde ele, como o maior devedor da Previdência no País, vai poder pagar os bilhões que deve em 15 anos, com descontos e ainda usando créditos podres e duvidosos, inclusive de terceiros. (...) Ele é também o grande beneficiário da MP 784, da leniência com o Banco Central e com a CVM (Câmara de Valores Mobiliários), onde as suas falcatruas no mercado de capitais, as atuais e as passadas, poderão obter o perdão e ficarem impunes", diz Cunha na carta.
Em sua delação premiada e em entrevista à revista "Época", Joesley afirmou que comprava o silêncio de Cunha com o aval de Temer. Além disso, o empresário declarou que o ex-deputado cobrou R$ 5 milhões para evitar a abertura de uma CPI que atingiria a JBS e pediu dinheiro para liberar créditos da Caixa para a empresa.
Na nota, Cunha disse repudiar "com veemência" as acusações e desafiou o dono da JBS a provar suas afirmações.

TRADIÇÃO PRESERVADA
RENAN FILHO DÁ R$ 1,2 MILHÃO PARA ACUSADA DE 483 CRIMES PAGAR SÃO JOÃO
RÉ EM DESVIO DE R$ 16 MI FARÁ REPASSE 'ELEITORAL' A FORROZEIROS
Publicado: segunda-feira, 19 de junho de 2017 às 17:48 - Atualizado às 00:59
Davi Soares
Denunciada em 2013 pelo suposto cometimento de 483 crimes relativos ao desvio de R$ 15,9 milhões da Prefeitura de Piranhas, a secretária de Cultura do Estado de Alagoas, Mellina Torres Freitas, virou uma espécie de “rainha do milhão”, nos festejos juninos de Maceió, a partir da decisão do governador Renan Filho (PMDB) de lhe entregar R$ 1,2 milhão para bancar – sem licitação, nem edital – os shows que seu rival, Rui Palmeira (PSDB), negou realizar, alegando crise financeira na capital alagoana.
Mellina é ex-prefeita do município sertanejo de Piranhas, onde foi gravada a novela Velho Chico, da Rede Globo, e foi denunciada pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gecoc) do Ministério Público de Alagoas pelo suposto cometimento de 483 crimes. Além disso, tem encontro marcado com a Justiça, nesta terça-feira (20), em audiência de instrução de ação de improbidade administrativa na Justiça Federal, em que é acusada de não prestar contas de um convênio de R$ 167,6 mil com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), entre 2009 e 2012.
A titular da Secretaria de Cultura de Alagoas (Secult) foi questionada sobre como será feita a formalização do repasse para o São João 200 Anos, sobre qual o critério para a escolha dos artistas que vão receber o recurso de R$ 1,2 milhão e qual a origem desse investimento, no Orçamento do Estado. E, sem detalhar os custos, Mellina respondeu ao Diário do Poder que a estrutura dos eventos será bancada por meio de ata de registro de preços e que “parte do valor” de R$ 1,2 milhão será repassado para a Associação dos Forrozeiros de Alagoas, que teria apresentado a proposta para o governador Renan Filho, depois do cancelamento das festas na capital alagoana. 
“A associação responde pela contratação dos grupos, que deverá contemplar os seus associados. A Secult está instruindo todos os trâmites necessários, mas contando com o auxílio da Seplag (Planejamento e Gestão) e da Sefaz (Fazenda), tendo em vista que absorvemos uma demanda da classe forrozeira que não estava no nosso planejamento. Temos trabalhado firme e em conjunto para dar andamento da forma correta a tudo”, garantiu a secretária, que tem sido, ela mesma a garota propaganda do evento que promete beneficiar 17 bandas e 36 trios autênticos de forró.
Se o montante for exclusivo para cachês e repartido de forma justa e igualitária, cada uma das 53 atrações deverá receber cerca de R$ 22,6 mil para se apresentar.
IMPREVISTO ELEITORAL
Como a própria secretária deixa transparecer, o evento que acontecerá de 23 a 29 deste mês de junho, nas praças Dezoito de Copacabana e Dois Leões, no Bairro do Jaraguá, foi criado, às pressas, para tentar ampliar o desgaste político do prefeito Rui Palmeira, que é incentivado a entrar na disputa eleitoral contra os projetos de reeleição do governador Renan Filho ou do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Por isso, tanto a secretária quanto o governador, pautados pelos atos administrativos do rival, têm adotado como tema intermediário da festa a expressão "Vai ter São João, Sim!", camuflando a provocação eleitoral como se fosse um manifesto genuíno em defesa da cultura nordestina.
O repasse de passe desses recursos para a associação presidida pelo forrozeiro José Lessa Gama não estava previsto no Quadro de Detalhamento da Despesa (QDD) da Lei Orçamentária Anual de 2017 (LOA), que fixou para 2017 uma despesa inicial de R$ 10,6 milhões, já ampliada para R$ 13,3 milhões, com R$ 3,5 milhões desembolsados, até agora. Para a ação “Apoiar a realização de eventos culturais”, foram disponibilizados inicialmente R$ 100 mil na LOA de 2017; valor ampliado para quase R$ 1,5 milhão, com suplementação. Tendo sido gastos R$ 206,4 mil, até agora.
O Diário do Poder tentou saber da Seplag, qual a previsão orçamentária e como será operacionalizado o repasse para a associação dos forrozeiros, na ausência de edital ou concorrência pública. A resposta foi a seguinte: "A Secretaria de Estado da Cultura possui dotação disponível dentro de seu orçamento para apoiar a realização de eventos culturais, a exemplo do São João. A Seplag está à disposição no que tange a questão de orientação orçamentaria para a pasta, assim como para as demais secretarias e órgãos do Executivo alagoano. É importante ressaltar ainda que, quanto a questão da ausência de edital, a orientação é para que você procure a própria pasta para a resposta, uma vez que o fomento e disponibilização desse instrumento não é de responsabilidade da Seplag".
‘SECRETÁRIA NOTA DEZ’
Depois de ser aclamada pelo governo de Renan Filho como “secretária nota dez”, no primeiro semestre de 2016, em julho daquele mesmo ano, Mellina Freitas teve finalmente bloqueados R$ 16 milhões em bens e contas bancárias, em decorrência da ação penal que a julga por 483 crimes. O bloqueio ocorreu mais de um ano depois da decisão do desembargador Domingos de Araújo Lima Neto, tomada em 17 de junho de 2015. E menos de um mês após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastar seu pai, Washington Luiz Damasceno Freitas dos cargos de desembargador e presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL).
Mellina tem afirmado que não teme ser julgada pelos quase 500 crimes, porque confia que a Justiça de Alagoas deve considerá-la inocente da acusação de cometimento de diversos crimes, entre eles, de formação de quadrilha (não a junina). 
Sobre a audiência e marcada para as 15h30 desta terça, na 11ª Vara da Justiça Federal em Santana do Ipanema-AL, Mellina Freitas disse ao Diário do Poder não ter o que comentar. Mas, nos autos, negou ter agido com má fé e garantiu ter prestado contas. A ação que acusa a secretária de Renan Filho de ter causado um dano ao erário de R$ 135,7 mil foi aditada pelo Ministério Público Federal (MPF), mas impetrada em 2013 pelo próprio Município de Piranhas, na gestão de seu sucessor, Dante Alighieri Salatiel de Alencar Bezerra de Menezes (PDT), que renunciou ao mandato misteriosamente, após ser afastado pela Justiça de Alagoas, em ação de improbidade.

LAVA JATO
NORUEGA REFORÇA INVESTIGAÇÃO DE PROPINA A EX-DIRETORES DA PETROBRAS
PAÍS É O OITAVO MAIOR INVESTIDOS NO BRASIL, COM FOCO NO PETRÓLEO
Publicado: segunda-feira, 19 de junho de 2017 às 17:38
Redação
Um dos destinos do presidente Michel Temer nesta semana, a Noruega amplia a investigação sobre o pagamento de propina por parte de suas empresas para ex-diretores da Petrobras. Na quinta-feira, Temer terá um encontro com empresas do país para incentiva-los a investir no Brasil. De acordo com o governo, o país é o oitavo maior investidor no Brasil, principalmente no setor de petróleo.
Documentos revelam que, em março, os tribunais suíços deram o sinal verde para que extratos bancários e documentos sobre três ex-diretores da Petrobras e operadores envolvidos em transações fossem enviados para procuradores em Oslo, capital norueguesa. O caso envolveria quatro contas bancárias na Suíça, em Zurique e Genebra, que teriam sido alimentadas com recursos ilegais.
A suspeita é de que os ex-funcionários da estatal brasileira tenham recorrido a intermediários de empresas escandinavas para abastecer as contas com dinheiro oriundo de propinas pagas em esquema de conluio e desvios revelado no Brasil pelas investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato.
A Suíça está entregando para procuradores noruegueses movimentações financeiras relativas ao envolvimento de empresas de Oslo no caso de corrupção sob investigação no Brasil. Os nomes dos beneficiados pelo dinheiro suspeito, porém, não foram revelados.
"Podemos informar que o Escritório do Procurador-Geral da Suíça recebeu e está executando um pedido de assistência mútua por parte da Noruega", afirmou o Ministério Público suíço em um comunicado à reportagem. O MP de Oslo pediu a ajuda dos suíços e os dados já chegaram até o gabinete da procuradora anticorrupção da Noruega, Marianne Djupesland.
Uma cooperação entre procuradores noruegueses e brasileiros já foi estabelecida desde o ano passado. O fornecimento de informações pelas autoridades suíças amplia as apurações em outros países.
No Brasil, por exemplo, a colaboração dos suíços possibilitou o avanço das investigações sobre a Odebrecht, com a revelação de contas no país europeu e do armazenamento de dados no servidor do Setor de Operações Estruturadas - o departamento da propina - em Genebra. Dinheiro suspeito de desvios também estão congelados na Suíça, como é o caso de conta de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara que está preso em Curitiba.
Suspeitas de propina
No ano passado, as investigações iniciais na Noruega apontaram para a suspeita de que mais de R$ 140 milhões (300 milhões de coroas norueguesas) teriam sido pagos em propinas para ex-diretores da Petrobras, agentes políticos e autoridades no Brasil para permitir que empresas do país escandinavo fechassem contratos com a estatal.
No centro da investigação firmada entre Noruega e Brasil, estava a Sevan Drilling - empresa especializada em exploração de petróleo em alto-mar com representação no Rio. De acordo com a empresa, uma apuração interna realizada concluiu que a companhia "provavelmente" pagou milhões em propinas para garantir negócios com a Petrobras.
O caso da Sevan Drilling, no entanto, não é o único. Novos documentos da Justiça suíça apontam para a existência de mais movimentações suspeitas em três contas em Genebra e outra em Zurique. "As autoridades (da Noruega) se interessam em especial por uma sociedade norueguesa e suas filiais que teriam feito parte de um vasto esquema de corrupção de funcionários no Brasil", indicou o documento, também sem citar o nome da empresa envolvida.
"No quadro das suas investigações, o Ministério Público norueguês apontou que um indivíduo é suspeito de ter agido como intermediário nos pagamentos de propinas a pelo menos três diretores da Petrobras", indicou o documento suíço. "Essas transações duvidosas teriam usado as contas controladas em estabelecimentos da praça (financeira) helvética."
Reapresentação
Investigadores noruegueses já haviam apurado que a Sevan Drilling usou o representante da companhia no Rio para fazer pagamentos indevidos no Brasil.
Uma auditoria conduzida pelo escritório Selmer, em Oslo, também concluiu que "é mais provável que pagamentos ilegais tenham sido feitos para garantir contratos com a Petrobras" para a compra de instalações para estocagem e navios, além de material para perfuração das subsidiárias Sevan Driller e Sevan Brasil. "Tais atos podem potencialmente representar um crime financeiro", indicou a auditoria.
No Brasil, esse representante da Sevan Drilling foi apontado pela investigação da Lava Jato como "parceiro" de Jorge Zelada, ex-diretor da área de Internacional da Petrobras. Juntos, mantinham a empresa TVP Solar, com sede em Genebra. A suspeita é de que ele teria feito parte de operações para camuflar recursos desviados da estatal.
Em outubro de 2015, Marianne e Linn Eckhoff Dolva, agentes da polícia, lideraram uma operação de busca e apreensão em três cidades diferentes do país escandinavo, confiscando milhares de páginas de documentos e computadores na sede da Sevan Drilling. Sua estratégia era a de "seguir o dinheiro", justamente para determinar quem recebeu os recursos nos paraísos fiscais e por qual motivo. A suspeita é de que parte do dinheiro teria tido como destino uma conta no banco suíço Julius Baer, em nome de Zelada. Outra parte poderia ter sido encaminhada para contas em Mônaco.

EL PAÍS
PROCURADOR DA LAVA JATO DIZ LULA É O CHEFE DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
'ELE MANDAVA FAZER', AFIRMA PROCURADOR AO JORNAL 'EL PAÍS'
Publicado: segunda-feira, 19 de junho de 2017 às 14:43 - Atualizado às 16:22
Redação
Um dos procuradores da Operação Lava Jato, Carlos Fernando Santos Lima, falou ao jornal espanhol El País sobre os rumos da investigação do maior caso de corrupção do Brasil. A publicação é desta segunda-feira (19) e, em um dos pontos, Santos Lima reitera que o ex-presidente Lula é o ‘chefe que comandava toda a organização criminosa’.
“É o responsável final, último, e mais importante da decisão. Mandava fazer, não se importava com os detalhes. A partir do momento em que você determinou, é responsável por tudo aquilo que acontece embaixo desse guarda-chuva”, explicou o procurador ao ser questionado sobre o comando da quadrilha.
O procurador falou sobre a Lava Jato ter sido vista, inicialmente, como ‘investigação partidária’. Segundo ele, ‘obviamente’ a investigação era sobre o Partido dos Trabalhadores (PT), pois estava há 13 anos no poder e tinha a Petrobras ‘basicamente ali’.
“A partir do momento em que conseguimos extrapolar para uma investigação sobre o próprio financiamento da política no Brasil – que envolve todos os partidos – as pessoas passaram a ter dificuldade de aceitar. Nós nunca usamos esse discurso contra o PT”, explicou.
Após o PT, vieram à tona evidências contra outros partidos. Segundo o procurador, o ‘PT organizou, sistematizou, dentro de um partido, aquilo que era típico de caciques eleitorais. Os outros partidos são assim, como o PMDB. Uma agremiação de caciques eleitorais. Cada um com seu próprio esquema de financiamento e seu esquema de lavagem. Corrupção é corrupção, não importa a metodologia, não é melhor ou pior”, argumentou.
De acordo com Santos Lima, 13 anos do PT é um fato de corrupção. “E os outros [fatos] têm 100 anos de história. Pode ter sucedido.” Segundo ele, o PT inaugurou uma nova sistemática, no entanto, a corrupção vem ‘desde sempre’.
“(O PT) introduziu um accountability (prestação de contas) no sistema. O tesoureiro passa a ter um controle sobre a corrupção do partido e para onde é dirigido. Isso é um pouco a cara do PT. Os demais são cada um por si, cada um roubando no seu quintal”, avaliou. “Crime é crime, nós temos obrigação de investigar e punir, não importa quem seja.”
O procurador falou ainda sobre o corte no orçamento da Polícia Federal, que acabou afetando a força-tarefa. “Ninguém está isento da redução geral de orçamento que a emenda constitucional impôs [teto de gastos]. Nós até tivemos aumento de dois assessores. Mas isso é empenho do procurador-geral (Rodrigo Janot) que está tirando de um lugar e colocando em outro”, explicou.
Segundo ele, houve redução no número de delegados e o temor é que, ao trocar a superintendência no Paraná, a investigação seja prejudicada. “Qualquer mudança é um problema de resgatar história. É mais indireto. Mas quanto mais chegar na estrutura administrativa do Paraná, mais preocupante”.
Com relação a delações premiadas, Santos Lima afirmou que já não são necessários novos acordos. “Já temos muita informação. Quem chegar, vem atrasado. Vamos exigir pena. Quem diria que o Marcelo Odebrecht ia aceitar dois anos e meio de cadeia? Ele continua preso até o final do ano. O tempo e as circunstâncias justificam um acordo ou não. Joesley, JBS, nunca havia aparecido, não tinha nada. Ficou dois anos e meio fazendo o possível para destruir a investigação. Claro, a Odebrecht tem valor patrimonial e faturamento muito inferior que o da J&F. É preciso analisar todas as circunstâncias. E nós aqui também. Temos oferta de colaborações, que nós recusamos, que a pessoa aceitou teoricamente ficar presa seis anos em regime fechado. Eu disse – não, você chegou tarde, tudo que você está me contando a gente já sabe, e só fazemos acordo se houver fato novo e prova nova”, disse.

NO BLOG DO MAQUIAVEL (VEJA.COM)
Dallagnol, o ‘procurador longilíneo, de bochechas rosadas…’
Procurador da Operação Lava Jato pede para empresa de agenciamento de SP retirar da internet perfil em que vendia palestra dele por R$ 30 mil a R$ 40 mil
Por Da Redação
Segunda-feira, 19 jun 2017, 22h28 - Publicado em 19 jun 2017, 22h25
“Os brasileiros se acostumaram a ver pela TV o procurador longilíneo, de bochechas rosadas, cabelo bem aparado, óculos de aro fino e trajado de terno preto quando irrompe um novo ato bombástico da operação – o mais recente foi a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
É assim que uma empresa de agenciamento de palestras de São Paulo, a Motiveação, apresentava o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato na primeira instância, em Curitiba.
Segundo o site, cada palestra custa de R$ 30 mil a R$ 40 mil, mesmo preço estipulado para outros agenciados pela empresa, como o cineasta Fernando Meirelles, o técnico de vôlei José Roberto Guimarães, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, o ex-jogador Cafu e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto.
O mesmo texto continua: “Descrito por amigos como metódico, carinhoso e sossegado, Dallagnol muda de estilo quando sobe no skate ou pega uma prancha. Em 2014, no início da Lava Jato, viajou para surfar na Indonésia. Desde então, sua única praia é a investigação que desbaratou o esquema de desvio de recursos na Petrobras”.
Em sua página no Facebook, Dallagnol diz que não autorizou a empresa a publicar o texto e diz que vai procurar retratação. “A maior parte das palestras é gratuita e nunca autorizei que empresas de agenciamento usassem meu nome para a divulgação de serviço oneroso (quem o fez agiu sem minha autorização e estão sendo adotadas providências para que cessem a indevida divulgação)”, disse. A página já foi retirada do ar.
Dallagnol diz, ainda, que doa o dinheiro para entidades beneficentes e para um fundo de apoio ao combate à corrupção. “No caso de palestras remuneradas sobre ética e corrupção em grandes eventos, tenho destinado o dinheiro para entidades filantrópicas ou para a promoção da cidadania, da ética e da luta contra a corrupção”.
“Embora eu pudesse legalmente dar destinação pessoal aos recursos, como muitos profissionais da área pública e privada fazem, optei por doar praticamente tudo para que não haja dúvidas de que a minha motivação é apenas contribuir modestamente, como qualquer cidadão de bem, para um país com menos corrupção e menos impunidade”, continua (leia íntegra do post no Facebook abaixo).
Esclarecimento
O diretor administrativo e financeiro da Motiveação, Lucas Sousa, disse que o perfil de Dallagnol foi incluído no site em razão do interesse em suas palestras demonstrado por vários clientes e que a empresa nunca teve qualquer contrato com o procurador, assim como com qualquer outro palestrante cadastrado na página da agência.]
“Foi incluído o perfil do procurador em nosso site para divulgação de suas palestras, pois temos vários clientes que demonstraram interesse para tê-lo como palestrante em seus eventos. Porém, como palestra é uma atividade eventual do procurador, ele solicitou gentilmente que retirássemos o perfil do ar, pois ele não tem interesse na comercialização dessa atividade. Como ele pediu, foi feito”, afirmou o diretor.
“Nunca tivemos nenhum contrato com o procurador para isso. Os contratos são firmados apenas para formalizar a participação do palestrante em determinado evento, isso quando é confirmada sua participação no evento”, disse.
De acordo com ele, a agência não fechou nenhuma palestra com o procurador. “Apesar dos diversos clientes interessados, nunca intermediamos nenhuma palestra do procurador Deltan Dallagnol por conta de sua agenda”, afirmou.

NO BLOG DO JOSIAS
PF diz que Temer é corrupto! E nada acontece!
Josias de Souza
Terça-feira, 20/06/2017 05:25
Em relatório preliminar enviado ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal diz ter concluído que Michel Temer cometeu o crime de corrupção. Esqueça todo o resto. Pense apenas nisso. A acusação não partiu de nenhum congressista da oposição. Não, não. Absolutamente. Vem da Polícia Federal. A honestidade do presidente, que já subira no telhado, aproximou-se da beirada da telha. A permanência de Temer no Planalto, que muitos tachavam de escandalosa, migra rapidamente para a categoria de escárnio. E nada acontece!
Enquanto o sistema político espera por um “fato novo”, Temer bate bumbo contra os adversários sob seu telhado de vidro. E não é só o teto que é de vidro. O presidente veste paletó de vidro, camisa de vidro, calça de vidro… Mas ninguém se animou a gritar: “Gente, o rei está nu.” Todos preferem acreditar na versão segundo a qual o soberano veste, no momento, um tecido de resistência inigualável. Mas completamente invisível para os 99% de brasileiros pessimistas, os delatores e os conspiradores da Procuradoria-Geral da República.
A PF pediu ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, mais alguns dias para concluir o inquérito sobre Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala. Na semana que vem, o procurador-geral Rodrigo Janot enviará à Suprema Corte uma denúncia criminal contra Temer. Mas, por ora, nem o PSDB, que ainda não sabe como lidar com o Aécio, o seu abominável tucano das Neves, se anima a fazer muito barulho. Acompanhada de dois ministros tucanos — Antonio Imbassahy e Aloysio Nunes — a suspeição voou para a Rússia. Temer deixou no Brasil a crise, a vergonha e o interino Rodrigo Maia, incumbido de arrematar a articulação para enterrar o escândalo vivo na Câmara. Busca-se um ponto final com grande naturalidade, sem a concessão de um ponto de exclamação.

Após reagir a Joesley, Temer precisa de espelho
Josias de Souza
Terça-feira, 20/06/2017 03:23
Há três semanas, Joesley Batista era visto por Michel Temer como um empresário extraordinário, do tipo que pode ser recebido fora da agenda, perto da meia-noite, no palácio residencial da Presidência da República. Agora, acusado pelo dono da JBS de “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”, Temer passou a enxergar em Joesley a figura de um “bandido notório”. Decidiu processá-lo por injúria, além de cobrar indenização por danos morais.
Num vídeo divulgado na internet, Temer insinua que Joesley virou delator porque seu governo acabou com os “favores” que azeitavam negócios ilícitos com dinheiro público. Quando ainda era recebido no escurinho do Jaburu, Joesley pedia a Temer autorização para cobrar pendências junto ao ministro da Fazenda. E Temer. “Pode fazer isso”. O empresário pedia um interlocutor que intermediasse seus contatos com o presidente. E Temer indicava Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala.
Temer faz muito bem em processar o corrupto confesso que o chama de quadrilheiro. É inaceitável que a Presidência da República seja desrespeitada dessa maneira. Agora, para manter a coerência, Temer precisa agir contra o seu grupo político.
O presidente não pode mais chamar de pessoa de “boa índole” alguém como Rocha Loures, o ex-assessor preso após receber mala com propina de 500 mil. E terá de demitir todos os ministros investigados, que dão ao seu governo a aparência daquilo que a Procuradoria chama de “organização criminosa”. No limite, Temer poderia consultar o espelho. Prestes a ser denunciado por corrupção, talvez o presidente se animasse a proteger a Presidência de si mesmo.

Crítica ao ‘Estado policial’ ignora o Estado vadio
Josias de Souza
Terça-feira, 20/06/2017 02:49
Gilmar Mendes fez uma defesa involuntária da Lava Jato. Em palestra na capital pernambucana, o presidente do TSE e ministro do STF elogiou a operação criticando-a. Disse, por exemplo, o seguinte: ''É preciso colocar limites. Não podemos despencar para um modelo de Estado policial, como também não se pode cogitar de investigações feitas na calada da noite, arranjos, ações controladas que têm como alvo, muitas vezes, qualquer autoridade. Ou o próprio presidente da República…''.
Amigo e conselheiro jurídico de Michel Temer, Gilmar se referia às investigações que resultaram da delação de Joesley Batista. Entre elas a “ação controlada” que levou a Polícia Federal a filmar, na noite paulistana, o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures recebendo a mala com propinas de R$ 500 mil da JBS. O exemplo escolhido por Gilmar é bom porque faz lembrar que as “investigações feitas na calada da noite” nasceram de perversões praticadas no escurinho do Jaburu.
Parafraseando Gilmar, seria lícito afirmar: ''É preciso colocar limites. Não podemos despencar para um modelo de Estado vadio, como também não se pode cogitar de audiências presidenciais concedidas a clepto-empresários na calada da noite, arranjos, ações descontroladas que têm como alvo o erário. Ou o próprio bolso do contribuinte brasileiro.''
Até bem pouco, o Brasil tinha a aparência de um país ficcional. Alguém já disse que parecia um conto de Pedro Álvares Cabral, com prefácio de Pero Vaz de Caminha. O que há de novo no enredo sobre o cotidiano desse estranho pedaço do mapa é que, pela primeira vez desde as caravelas, o braço policial do Estado investiga, encarcera e pune a oligarquia político-empresarial que se imaginava acima das leis.
A investigação comete excessos. Eles são sempre criticáveis e passíveis de correção. Entretanto, os alegados abusos são, até aqui, traques perto dos explosivos escândalos que transformaram a coisa pública nessa imensa cosa nostra que envergonha a República.

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