PRIMEIRA EDIÇÃO DE 31-5-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUARTA-FEIRA, 31 DE MAIO DE 2017
Completam-se nesta quarta (31) duas semanas desde a crise em que parecia iminente a queda do presidente Michel Temer. Primeiro, noticiou-se que em gravação ele deu aval à “compra de silêncio” do ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba. Ouvindo-se a gravação, não foi bem assim. Fiel ao princípio de “cada dia a sua agonia”, Temer sobrevive no cargo. Mas ninguém sabe por quanto tempo resistirá.
Mais de 50 edições desacreditaram o áudio produzido para incriminar Temer, dando-lhe sobrevida e reduzindo a pressão pela renúncia.
O teor dos acordos de delação e leniência, permitindo que criminosos escapassem sem punição, também ajuda o presidente a sobreviver.
O choque do dia 24 não parou a economia, que há 5 anos não crescia como no primeiro trimestre de 2017. Para muitos, é o que importa.
O presidente fez ontem, em São Paulo, sua primeira aparição diante de uma plateia de investidores do Brasil e de 40 países. Foi até aplaudido.
Até agora os líderes dos blocos partidários não fizeram uma indicação sequer para compor a CPI do BNDES no Senado, que vai investigar irregularidades no farto financiamento do banco à internacionalização de empresas “amigas do rei”, ou seja, do então presidente Lula (PT). Esse crédito abundante permitiu a JBS crescer 43 vezes em dez anos, com o seu faturamento saltando de R$ 4 para R$ 170 bilhões ao ano.
A CPI vai investigar financiamentos do BNDES desde 1997. Se trabalhar bem, pode pegar todo o esquema, da JBS à Odebrecht.
A presidência da CPI do BNDES deverá ser do PMDB. O bloco do PSDB terá três vagas; o do PT, duas. Serão 13 titulares.
Há pedido de CPI mista (Câmara e Senado), que precisa de mais assinaturas, para depois ser lida durante sessão do Congresso.
O presidente Michel Temer saiu com semblante bem mais tranquilo, quase zen, da reunião de 1h40 com FHC e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Parecia ter saído de uma sessão de terapia de grupo.
É prova de desinformação achar que só agora Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), voltando à suplência, está sujeito a prisão. Como no caso do senador Delcídio Amaral, mesmo deputado ele poderia ter sido preso, como pediu o MPF. E o ministro Fachin negou.
Rocha Loures perde o foro privilegiado, retornando à suplência, mas seu caso não vai para a primeira instância porque continua atrelado ao inquérito que investiga Michel Temer. Que é protegido pelo foro.
O Ministério da Agricultura vai gastar uma fortuna, em tempos de crise, mandando um funcionário à China para “estreitar os laços de amizade com os servidores” de lá. Vai a Pequim, Shangai e Hangzou por 1 mês.
Caberá ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, definir a sorte da emenda do senador Roberto Rocha (PSB-MA) à PEC do Foro, criando varas especiais federais para julgar autoridades.
Após desancar Rocha Loures (PMDB-PR), assessor de Michel Temer, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) teve de ouvir Heráclito Fortes (PSB-PI) contar um segredo no microfone de apartes. Foi o próprio dilmista Silvio Costa quem apresentou (“infiltrou”) Loures ao presidente.
A Secretaria de Segurança do DF mobiliza as polícias Civil e Militar para o “saidão de festas juninas”, recente criação para beneficiar presos. São dez os “saidões” anuais que assombram os brasilienses.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, ressuscitou o Conselho de Ética, que estava parado. Isso mostra que quando um presidente da casa quer mesmo, as coisas funcionam.
...se tomar gosto, o Conselho de Ética, ressuscitado pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira, não vai parar de trabalhar tão cedo.

NO DIÁRIO DO PODER
JÁ ERA TEMPO
AGU COBRA R$1,5 MILHÃO DE ORGANIZADORES DE PROTESTO POR DANOS A MINISTÉRIO
INCÊNDIOS CRIMINOSOS CUSTARÃO R$1,5 MILHÃO AOS 'ORGANIZADORES'
Publicado: terça-feira, 30 de maio de 2017 às 21:29 - Atualizado às 23:57
Redação
A advogada-geral da União, Grace Mendonça, anunciou que o órgão entra nesta terça-feira, 30, com uma ação de reparação de danos pelo prejuízo de aproximadamente R$ 1,5 milhão causado ao Ministério da Agricultura durante protestos contra o governo Temer no último dia 24, em Brasília.
Na ação, a AGU pede dos movimentos que organizaram a manifestação o ressarcimento de aproximadamente R$ 1,5 milhão. Ainda nesta semana, serão protocoladas na Justiça Federal de Brasília ações por danos causados a mais seis ministérios "já com prejuízos comprovados", disse Grace.
"Atos de vandalismo não têm respaldo na Constituição Federal, o patrimônio público federal foi lesado, razão pela qual a Advocacia-Geral da União está ingressando com ações para que os danos sejam devidamente reparados", disse a advogada durante coletiva de imprensa no Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo.
Grace afirmou que a AGU ainda não tem levantados os valores de danos em todos os ministérios atingidos, que foram alvos de depredações e até incêndios durante o protesto, razão pela qual o presidente Michel Temer autorizou o uso das Forças Armadas para proteger os prédios públicos.

25 ANOS PARA PAGAR
CONTROLADORA DA JBS FECHA ACORDO DE LENIÊNCIA COM MULTA DE R$ 10,3 BILHÕES
O PAGAMENTO SERÁ INICIADO EM DEZEMBRO, E TERÁ O PRAZO DE 25 ANOS
Publicado: quarta-feira, 31 de maio de 2017 às 06:30
Redação
A Procuradoria-Geral da República e os negociadores da holding J&F, controladora da empresa JBS, chegaram a um acordo no valor de R$ 10,3 bilhões da multa que deverá ser paga pela empresa para a assinatura do acordo de leniência. O montante, a ser pago em 25 anos, representa, segundo o Ministério Público Federal, o maior para esse tipo de acordo no mundo. Considerando a correção, a projeção é que o total a ser pago pela J&F, o chamado valor futuro, alcance cerca de R$ 20 bilhões.
O acordo, que deverá ser assinado nos próximos dias, inclui fatos investigados nas operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono, além da Bullish e da Carne Fraca. Do total a ser pago, R$ 8 bilhões serão destinados à Fundação dos Economiários Federais (Funcef) (25%), à Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) (25%), ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (25%), à União (12,5%), ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (6,25 %) e à Caixa Econômica Federal (6,25%).
“O restante da multa, R$ 2,3 bilhões, será pago por meio de projetos sociais, especialmente nas áreas de educação, saúde e prevenção da corrupção. O prazo de pagamento foi fixado em 25 anos, sendo que, neste período, os valores serão corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo [IPCA]”, diz nota do MPF.
Pelo acordo, os pagamentos serão feitos exclusivamente pela holding controladora e deverão ser iniciados em dezembro de 2017. O total estipulado na negociação representa 5,62% do faturamento livre de impostos registrado pelas empresas do grupo em 2016. De acordo com o Ministério Público Federal, o percentual de multa por faturamento equivale à média verificada em outros quatro acordos firmados no âmbito da Operação Laja Jato.
Em termos absolutos, o montante representa mais que a soma dos valores que serão pagos por Odebrecht (R$ 3,28 bilhões), Brasken (R$ 3,1 bilhões), Andrade Gutierrez (R$ 1 bilhão) e Camargo Corrêa (R$ 700 milhões). Segundo o MPF, diferentemente do que previram outros acordos, no caso da J&F, todo o valor de multa arrecadado ficará no Brasil. (ABr)

EMPREITEIRA
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL ACEITA PEDIDO DA AGU E BLOQUEIA BENS DA ODEBRECHT
TRF BLOQUEIA NOVAMENTE OS BENS E O FATURAMENTO DA ODEBRECHT
Publicado: terça-feira, 30 de maio de 2017 às 18:04 - Atualizado às 23:19
Redação
O desembargador federal Fernando Quadros da Silva, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), acolheu pedido da Advocacia-Geral da União e determinou que os bens e o faturamento da Odebrecht sejam novamente bloqueados. A AGU conseguiu derrubar a decisão que havia desbloqueado o faturamento e os bens do grupo Odebrecht. Agora, a construtora volta a ser obrigada a depositar mensalmente, em uma conta judicial, valor equivalente a 3% da sua receita, além de ficar proibida de vender imóveis, veículos, barcos, aviões e objetos de valor que possua.
As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 30, pela AGU.
Os advogados da União haviam obtido os bloqueios no âmbito de ação de improbidade administrativa ajuizada contra a Odebrecht, outras empresas e ex-dirigentes da Petrobras para assegurar que o Erário seja ressarcido pelos prejuízos causados pelo esquema de fraudes em licitações da estatal investigado pela Operação Lava Jato.
O pedido de indisponibilidade de bens havia sido acolhido pela 1ª Vara Federal de Curitiba (PR), que, no entanto, posteriormente atendeu solicitação do Ministério Público Federal para que os bens fossem desbloqueados. Entre outros pontos, a decisão foi baseada na tese de que a indisponibilidade poderia prejudicar o cumprimento do acordo de leniência celebrado entre o MPF e a Odebrecht, no qual a construtora se comprometeu a pagar R$ 3,8 bilhões.
A AGU recorreu da decisão. No agravo de instrumento interposto no TRF4, os advogados da União alertaram que o desbloqueio precisava ser revisto com urgência, uma vez que possibilitava à empreiteira dilapidar seu patrimônio antes que o Erário pudesse ser integralmente ressarcido no caso de uma condenação definitiva no âmbito da ação de improbidade.
Também foi argumentado que, de acordo com a Lei 12.846/13, a celebração de acordo de leniência no âmbito do Poder Executivo deve ser feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) e não exime as empresas envolvidas em atos ilícitos de reparar integralmente o dano causado.
Além disso, a Constituição Federal proibiu expressamente que o MPF representasse judicialmente a União, competência que cabe somente à AGU. Desta forma, o acordo celebrado pelo Ministério Público não tem o condão de obrigar a União a se abster de buscar o ressarcimento integral do dano causado pelos atos ilícitos, até porque existem indícios suficientes de que o prejuízo para o Erário foi muito maior do que o valor que a construtora se comprometeu a devolver e os órgãos da União (entre eles a AGU) sequer foram consultados durante as negociações para celebração do acordo.
"A União não defende uma assunção de competência para si, olvidando qualquer tratativa feita por outro órgão, mas mero respeito a competências instituídas, como pressuposto de validade e segurança jurídica dos atos a serem produzidos", defendeu a AGU no recurso.
A Advocacia-Geral também deixou claro que valores pagos em virtude do acordo poderão ser abatidos no caso de uma condenação no âmbito da ação de improbidade proposta pela AGU. E que o bloqueio de bens não é suficiente para inviabilizar as atividades da Odebrecht e, consequentemente, colocar em risco o cumprimento do acordo.
"Em momento algum a AGU manifestou-se contra o recebimento de valores ou o cumprimento do acordo. Como órgão de atuação judicial e extrajudicial, a AGU pauta-se pelo interesse público, e jamais tem por intento impor qualquer entrave à recomposição do erário, especialmente diante de tantos exemplos de quão dificultosa é tal tarefa. A irresignação aqui é distinta, e voltada para uma espécie de 'quitação' de valores que está sendo imposta por um acordo no qual a União não teve voz", concluiu.
A decisão do desembargador aponta que não há amparo legal para que o acordo de leniência celebrado pelo Ministério Público Federal alcance a ação proposta pelos advogados da União ou mesmo isente a Odebrecht das demais penalidades de natureza civil previstas na Lei de Improbidade Administrativa (nº 8.429/92).
A advogada-geral da União, ministra Grace Mendonça, destacou a importância da decisão. "É relevante porque reconhece justamente a importância do ressarcimento total do dano ao erário e ressalta a necessidade de que todos os órgãos de controle trabalhem em parceria na celebração dos acordos de leniência. É a única forma de garantirmos segurança jurídica às empresas interessadas", avaliou. (Com informações da agência Estado)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
#SanatórioGeral: Coerência é isso
A versão ministerial de Torquato Jardim debocha do Torquato Jardim modelo 2015
Por Augusto Nunes
Terça-feira, 30 maio 2017, 21h53
“Desconstituído o diploma da presidente Dilma, cassado estará o do vice Michel, visto que a eleição é mera decorrência da eleição do titular”. (Torquato Jardim, num artigo publicado em julho de 2015 no site de seu escritório de advocacia)
“Nunca vi tantos especialistas em TSE, e sem entender nada“. (Torquato Jardim, na sexta-feira passada, ao saber que seria ministro da Justiça, informando que considera “inevitável” um pedido de vista que adie a impugnação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral)

NA VEJA.COM
MPF fecha delação que pode derrubar Lula
João Alberto Lovera trabalhou por 31 anos na Odebecht
Por Da Redação
Terça-feira, 30 maio 2017, 19h40 - Atualizado em 31 maio 2017, 01h12
O Ministério Público Federal acaba de fechar um acordo de leniência com João Alberto Lovera, ex-gerente administrativo e financeiro da Odebrecht.
Lovera diz que a empreiteira comprou um terreno para que fosse construída a nova sede do Instituto Lula. A ordem teria partido do presidente da empresa, Marcelo Odebrecht.
Este acordo foi incluído só agora na leniência feita entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal. Dessa forma, Lovera não faz parte dos 77 delatores que trabalharam na empresa. 
Lovera afirma que visitou o terreno em julho de 2011 acompanhado de Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia e Paulo Okamotto.
A compra deste local teria acontecido com recursos do Setor de Operações Estruturadas, como era chamado o departamento responsável pela distribuição de propina da empreiteira. 
“… firmando o compromisso de dizer a verdade, passa a detalhar o que se segue: que no segundo semestre de 2010, teve conhecimento de que houve solicitação de Marcelo Odebrecht a Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, para que adquirisse imóvel destinado à construção da futura sede do Instituto Lula”, diz trecho do termo de adesão de Lovera.
O depoimento prossegue: Lovera relata que em 2010 acompanhou Paulo Melo (executivo regional da Odebrecht Realizações Imobiliárias e Participações, conhecida como OR) num encontro com Roberto Teixeira, apontado como advogado do Instituto Lula. 
A Odebrecht, então, teria dado parecer contrário à compra do terreno devido a pendências judiciárias do local. “…. algum tempo depois, soube por Paulo Melo que o referido imóvel seria adquirido pela empresa DAG…”, disse ele ao MPF. Posteriormente, o local seria passado ao Instituto Lula.
“… em julho de 2011, juntamente com Paulo Melo, acompanhou uma visita ao terreno da qual participaram o ex-presidente Lula, bem como sua esposa, Marisa Letícia, Paulo Okamotto….”, disse o MPF.
“… algum tempo depois dessa visita, soube que o cliente desistiu da aquisição do terreno….”
“por conta disso, soube que a OR pesquisou uma série de outros imóveis para o Instituto Lula. Que, com relação ao imóvel da Rua Haberbeck Brandão, esse foi posteriormente adquirido pela OR….”

NO BLOG DO JOSIAS
Sem foro especial, Rocha Loures teme ser preso
Josias de Souza
Quarta-feira, 31/05/2017 04:19
Expurgado da Câmara graças a uma manobra mal calculada pelo amigo Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, disse a amigos que receia ser preso. Suplente, ele perderá a cadeira de deputado com a volta do titular Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Afastado por Temer do posto de ministro da Justiça, Serraglio recusou a oferta de migrar para a pasta da Transparência. Irritado, preferiu retornar à Câmara. Sem as prerrogativas de deputado e com medo da cadeia, Rocha Loures abateu-se. Na definição de um amigo, o ex-assessor de Temer está emocionalmente instável. Não exclui do seu cardápio de alternativas a hipótese de se tornar um colaborador da Justiça.
Por decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Rocha Loures já havia sido afastado da atividade parlamentar. Mas mantinha o salário e as prerrogativas de deputado. Foi graças a isso que Fachin indeferiu o pedido de prisão formulado pela Procuradoria contra o personagem. Pela Constituição, parlamentares só podem ser presos em flagrante.
No despacho em que negou o pedido de prisão de Rocha Loures, Fachin concordou com a tese da Procuradoria de que o encarceramento do homem filmado recebendo mala de propina de R$ 500 mil da JBS era necessário para garantir “a ordem pública.” Mas realçou que a Constituição o impedia de expedir o mandado de prisão contra um deputado que já não se encontrava em situação de flagrante delito.
Diante do novo cenário, nada impede que o procurador-geral Rodrigo Janot reitere junto a Edson Fachin o pedido de prisão de Rocha Loures. Para prover um novo mandato ao homem ''de boa índole'' que indicou como seu intermediário junto ao delator Joesley Batista, Temer teria de nomear para sua equipe de ministros um entre três deputados federais do PMDB do Paraná. Com isso, o suplente reassumiria. Entretanto, Temer foi alertado de que a manobra pode ser compreendia como tentativa de obstrução da Justiça.

Temer deseja controlar a PF que irá interrogá-lo
Josias de Souza
Quarta-feira, 31/05/2017 01:26
Michel Temer diz que se dará por satisfeito se passar à História como presidente das reformas. Isso ele provavelmente não vai conseguir. Mas seu lugar na posteridade já está assegurado. Ao autorizar a Polícia Federal a encaminhar peguntas a Temer para que ele as responda por escrito, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, transformou o atual inquilino no Planalto no primeiro presidente da História a ser interrogado no exercício do mandato sob a suspeita de obstruir a Justiça, receber propina por meio de um ex-assessor e formar uma organização criminosa.
A esse ponto chegou o Brasil. Dois ex-presidente, Lula e Dilma, viraram matéria prima para a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. E menos de dez meses depois da deposição de Dilma, o País está novamente às voltas com a perspectiva de queda de mais um presidente.
O Supremo também decidiu que Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, serão investigados no mesmo inquérito. Contra esse pano de fundo, Temer deu carta branca ao novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, para exercer maior controle sobre a Polícia Federal. Nos subterrâneos, Temer adula o amigo da mala da propina. Na superfície, Temer reage à crise com muita presença de espírito. O mais adequado seria a ausência de corpo.

Fachin impôs três derrotas à defesa de Temer
Josias de Souza
Terça-feira, 30/05/2017 19:52
No despacho em que autorizou a Polícia Federal a interrogar Michel Temer por escrito, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal impôs três derrotas à defesa do presidente da República. Prevaleceram os pontos de vista do acusador, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Na semana passada, quando uma escrivã da Polícia Federal procurou o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Temer, para agendar o depoimento do investigado, a defesa apressou-se em recorrer a Fachin. Em petição assinada junto com o advogado Gustavo Bonini Guedes, Mariz pediu:
1. Que o depoimento de Temer fosse suspenso até a conclusão da perícia da gravação da conversa do presidente com o delator Joesley Batista, do Grupo JBS. Fachin deu de ombros. Fixou prazo de dez dias para que a PF encerre o inquérito. Temer terá 24 horas para responder ao interrogatório, a contar do recebimento das perguntas.
2. Que Fachin abdicasse da relatoria, devolvendo o processo à presidência do Supremo, para sorteio de um novo relator. Os advogados alegam que a colaboração judicial da JBS não tem nada a ver com a Lava Jato. Ao ignorar o pedido, Fachin deu crédito à versão da Procuradoria segundo a qual Temer endossou mesada que o delator Joesley Batista insinuou que pagava ao ex-deputado Eduardo Cunha para comprar o silêncio dele na cadeia. Um indício de tentativa de obstruir a Lava Jato.
3. Que o processo fosse desmembrado, para que Temer passasse a ser investigado sozinho, sem vinculações, por exemplo, com o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures e com um operador de Eduardo Cunha, o doleiro Lúcio Funaro, preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Fachin excluiu do processo apenas o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e os suspeitos a ele vinculados. Manteve Temer sob o mesmo guarda-chuva de Loures, Cunha e Funaro.
Ao determinar a inquirição de Temer mesmo antes da conclusão da perícia do áudio que o incriminou, Fachin como que abraçou o argumento de Janot de que Temer fez uma “confissão extrajudicial” ao comentar em público a cilada armada por Joesley Batista para grampeá-lo com um gravador escondido no bolso.
Segundo Janot, Temer confessou ter recebido, na calada da noite, no Palácio do Jaburu, um empresário investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. Para complicar, o nome do dono da JBS não constava da agenda do presidente. Pior: o visitante entrou no palácio residencial usando nome falso.
Fachin também levou em conta o fato de Temer não ter negado que manteve com Joesley 38 minutos de conversa repleta de indícios de ilicitudes e frases esquisitas. Coisas como “zerar pendências” com Eduardo Cunha para, segundo o delator, comprar-lhe o silêncio. Ou o “tem que manter isso, viu?”, que Temer admitiu ter pronunciado depois que Joesley lhe informou sobre suas boas relações com Cunha. Ou ainda o “ótimo, ótimo” que Temer enganchou na revelação de Joesley de que estava subornando dois juízes e um procurador.
De resto, o relator levou em conta o fato de Temer ter confirmado também que indicara o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, então deputado federal, como seu interlocutor junto a Joesley. Daí a decisão do ministro de indeferir o pedido de desmembramento do processo. Frustrou-se, assim, a tentativa da defesa de distanciar Temer da mala com R$ 500 mil em propina da JBS que Rocha Loures recebeu dias depois, num flagrante filmado.
Para desassossego de Temer e seus advogados, Fachin aceitou o argumento de Janot de que o presidente da República substituiu o ex-ministro Geddel Vieira Lima por Rocha Loures como seu interlocutor ''para tratar de assuntos de interesse do grupo empresarial J&F [a holding que controla a JBS].”
De resto, o relator da Lava Jato negou-se a desconsiderar “a suposta influência'' exercida por Eduardo Cunha ''sobre assuntos governamentais, mesmo se encontrando recluso e afastado''. Em tese, entendeu Fachin, Rocha Loures agiu em nome de Temer. A propina recebida pore ele, como disseram os delatores, destinava-se ao presidente. Impossível, portanto, separar as investigações, como pediu a defesa.
O encaminhamento que Fachin deu ao processo é um prenúncio do que espera por Temer nas fases subsequentes da investigação. Não é à toa que o presidente perde-se em articulações nesta terça-feira para corrigir a trapalhada que deixou Rocha Loures sem mandato, sem foro privilegiado e mais próximo de uma delação.
Suplente de deputado, o homem da mala ocupava na Câmara a poltrona de Osmar Serraglio (PMDB-PR), que fora acomodado no assento de ministro da Justiça. No domingo passado, 28, Temer ofereceu a pasta da Justiça ao advogado Torquato Jardim. Fez isso porque estava convicto de que Serraglio aceitaria ser deslocado para o Ministério da Transparência. Abespinhado com o rebaixamento, Serraglio preferiu retornar à Câmara. E Rocha Loures encontra-se momentaneamente sem mandato.
Definido por Temer como homem “de boa índole”, Rocha Loures perdeu o salário de deputado e o escudo do foro privilegiado. Continua sendo investigado no Supremo porque seu caso está enganchado ao de Temer. Mas nada impede que o pedido de prisão que Janot fizera contra ele e que Fachin rejeitara por conta do mandato parlamentar volte a ser cogitado.

Temer transforma país em república de bananas
Josias de Souza
Terça-feira, 30/05/2017 16:02
Pela manhã, Michel Temer discursou para investidores estrangeiros em São Paulo. “A responsabilidade rende frutos”, declarou. À tarde, de volta a Brasília, Temer assumiu o comando de uma articulação irresponsável para assegurar que o suplente de deputado Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, não perca o escudo do foro privilegiado. Como um centauro metafórico, o governo Temer mantém a cabeça nas alturas do mercado globalizado e o corpo aqui embaixo, na politicagem enlameada, nos arranjos de um presidente investigado que tenta evitar a aparição de outro delator.
Para demonstrar que ainda dispõe de apoio congressual, Temer levou ao seminário com investidores os presidentes da Câmara e do Senado: Rodrigo Maia, o ‘Botafogo’ das planilhas da Odebrecht; e Eunício Oliveira, o ‘Índio’ da escrituração do departamento de propinas da construtora. A dupla soltou a língua em discursos sobre reformas modernizadoras. Também derramaram saliva pelas reformas e por Temer os investigados tucanos Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes, além do neotucano João Doria.
Em Brasília, para segurar a língua do potencial delator Rocha Loures, Temer corre atrás de um deputado paranaense que se disponha a assumir uma vaga no ministério, pois Osmar Serraglio (PMDB-PR), que cedera a poltrona ao suplente da mala, não topou ser rebaixado da pasta da Justiça para o Ministério da Transparência. Conselheiros do presidente avisam que a utilização tão escancarada do organograma do Estado pode pegar mal. Aconselham moderação. Mas a simples cogitação de plantar um deputado qualquer na sacrossanta pasta da Transparência apenas para adular um potencial delator é reveladora do ponto a que chegou a gestão Temer.
A cabeça do centauro assegura que o governo vive situação de franca normalidade. Mas o Supremo Tribunal Federal autorizou a Polícia Federal a interrogar o investigado Temer sobre a movimentação anormal do corpo do centauro, dado a travar diálogos desqualificados com empresários suspeitos no escurinho do Palácio do Jaburu.
Aos pouquinhos, Temer vai consolidando o projeto iniciado nos 13 anos de administrações petistas. Consiste em transformar o Brasil numa república de bananas. Assim eram chamadas as nações da América Central governadas por oligarquias corruptas e subservientes ao capital estrangeiro. Uma Banana Republicera, normalmente, pequena. Mas o Brasilzão, com suas peculiaridades, entra no clube como um bananão onde a corrupção generalizou-se de tal forma que tudo tende a acabar em palavras com a desinência ‘ão’ —como acordão, por exemplo.

NO O ANTAGONISTA
Palocci está contando tudo
Brasil 31.05.17 07:18
Antonio Palocci, segundo o Valor, “participou de ao menos cinco reuniões com a Lava Jato em Curitiba”.
Conhecendo os interlocutores de Antonio Palocci, O Antagonista garante uma coisa: é impossível que ele consiga ludibriá-los.
Ele terá de contar tudo para obter um acordo.
Palocci delata Esteves
Brasil 31.05.17 07:08
Antonio Palocci delatou André Esteves.
De acordo com o Valor, ele contou para a Lava Jato que houve uma “parceria informal” entre o dono do BTG Pactual e o governo Lula.
Leia aqui:
“A compra de participação no Banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal, em 2009, atendeu a interesse do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. Segundo o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, era preciso que a Caixa comprasse a instituição financeira para ajudar a saneá-la. O Panamericano foi vendido um ano e cinco meses depois para o BTG Pactual, seu atual controlador”.
A PF já sabia disso tudo.
O que Antonio Palocci tem de contar é outra coisa: quanto André Esteves pagou em propinas para o PT, e de que maneira ela foi paga.
Um presidente criminoso
Brasil 31.05.17 06:57
Michel Temer acabou.
54,7% dos eleitores consultados pelo Instituto Paraná consideram que seu governo é péssimo.
Outros 20,1% consideram que ele é apenas ruim.
Mas o dado realmente desastroso é outro: 80,3% dos brasileiros, segundo pesquisa divulgada por Lauro Jardim, dizem que Michel Temer cometeu um crime na conversa gravada por Joesley Batista.
O eleitor de Lula aplaude a propina
Brasil 31.05.17 06:28
A pesquisa feita pelo Instituto Paraná depois dos depoimentos de Joesley Batista revela, segundo o Estadão, que Lula “segue estável na liderança de intenção de votos e de rejeição”.
O eleitorado lulista aplaude os 150 milhões de dólares em propinas desviadas do BNDES que seu candidato recebeu no exterior.
Mas o Brasil tem a chance de mostrar que é melhor do que isso.
Vamos aos fatos
Brasil 31.05.17 06:14
A campanha organizada pela ORCRIM deu certo: Edson Fachin e Rodrigo Janot foram massacrados na imprensa e na internet.
Mas os fatos – como a multa de 10,3 bilhões de reais da JBS (corrigida pelo IPCA) – vão acabar demonstrando o acerto de suas decisões.
O maior acordo de todos os tempos
Brasil 31.05.17 06:03
Os inimigos da Lava Jato tentaram desmoralizar a PGR argumentando que a multa a ser paga por Joesley Batista era escandalosamente baixa.
Agora sabemos o valor final: 10,3 bilhões de reais.
Trata-se do maior acordo de leniência de todos os tempos, no Brasil e no mundo.
A JBS vai pagar mais do que a soma dos valores pagos por Odebrecht, Braskem, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.
Isso mesmo: as maiores empreiteiras do cartel da Petrobras pagarão – juntas – 3 bilhões de reais a menos do que a JBS.
Exclusivo: Joesley registrou tentativa de segundo encontro com Temer
Brasil Terça-feira, 30.05.17 20:01
Em uma de suas tentativas atrapalhadas de explicar o encontro clandestino com Joesley Batista, Michel Temer disse que o empresário lhe pediu o encontro para tratar da Operação Carne Fraca.
Logo foi desmentido, pois a operação só foi deflagrada dez dias depois, em 17 de março. O Antagonista descobriu agora que a versão pode ter sido um ato falho de Temer.
Joesley pediu, sim, um encontro com o presidente para tratar da Carne Fraca, mas um segundo encontro, que acabou não ocorrendo por problemas de agenda. De qualquer forma, fica claro que o pedido feito por meio de Rocha Loures chegou no presidente.
O dono da JBS entregou à PGR uma coletânea de diálogos com Rodrigo Rocha Loures pelo aplicativo Confide, que destrói as mensagens assim que são lidas. Precavido, Joesley fotografou e gravou as conversas com outro celular.
Na primeira mensagem, Joesley pergunta se consegue se reunir com "o chefe" no dia seguinte, à noite.
Rocha Loures pergunta se o encontro seria mesmo na segunda-feira, ao que Joesley diz "Sim, amanhã, ou terça."
Eles trocam mais algumas mensagens e Rocha informa que Temer estará em São Paulo, para um evento na Amcham. Ele explica que a agenda está lotada e, como está fora, seria melhor Joesley tentar combinar diretamente com o ajudante de ordens do presidente.
Joesley questiona se era melhor ligar ou deixar que "o chefe" ligasse. Rocha sugere que ele mesmo telefone e passa o celular do AJO, capitão Lemos.
Os laços de família da família Luz
Brasil 30.05.17 16:36
O lobista Jorge Luz tem dois filhos:
Bruno Luz, como mostramos em post anterior, é casado com Christine Rabello, filha do novo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro.
Renata Luz, a primogênita, é casada com Rodrigo Suassuna, filho do ex-senador Ney Suassuna, que é primo de Jonas Suassuna, sócio de Lulinha e laranja de sítio.
Presidente do BNDES é sogro de lobista do PMDB preso na Lava Jato
Brasil 30.05.17 16:21
O economista Paulo Rabello de Castro, que assumiu o BNDES no lugar de Maria Silvia, é pai de Christine Rabello de Castro Luz, casada com Bruno Gonçalves Luz, preso pela Lava Jato com o pai Jorge Luz.
Jorge e Bruno Luz atuavam como lobistas para o PMDB na Petrobras. Jorge é considerado um veterano na área e seria uma espécie de padrinho do também lobista e delator Fernando Baiano.

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