PRIMEIRA EDIÇÃO DE 30-5-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
TERÇA-FEIRA, 30 DE MAIO DE 2017
Deputados começam a discutir e votar nesta terça (30), em comissão especial, parecer à emenda constitucional que altera regras eleitorais, o sistema eleitoral e o financiamento de campanhas. A novidade é que pontos de uma outra PEC, de autoria do senador Aécio Neves(PSDB-MG), podem ser incorporados ao relatório de Vicente Cândido (PT-SP). A PEC tucana perdeu força após a delação de Joesley Batista e JBS.
A delação de Joesley JBS complicou, na Câmara, a PEC de Aécio, já aprovada no Senado, que proíbe coligações e cria cláusula de barreira.
A reforma da Câmara trata, à parte, do rito de projetos de iniciativa popular, prazos de desincompatibilização e registros de candidatura.
Deputados querem deixar “para depois” mudanças mais radicais no sistema eleitoral, como voto em lista, voto distrital e financiamento.
A PEC da reforma política de autoria de Aécio está mais adiantada que a reforma da Câmara: até já foi aprovada em dois turnos no Senado.
Um dos juristas mais admirados do País, Modesto Carvalhosa, afirmou ontem que são “mancos” e completamente ilegais acordos de leniência celebrados no Brasil. A lei só prevê o benefício à primeira empresa que denuncia, por exemplo, um esquema de cartel para fraudar licitações. Especialista em Direito Comercial, Carvalhosa lembra que a lei impõe outros órgãos na negociação do acordo, além do Ministério Público.
Carvalhosa esclareceu que a lei proíbe a extensão dos benefícios do acordo de leniência ao presidente e/ou controlador da empresa.
Estimulado por amigos e admiradores, Carvalhosa se dispõe a disputar a presidência, pela via indireta. “Sou um anticandidato”, reconhece.
Como “anticandidato”, Carvalhosa quer extinguir cargos de confiança e conclamar deputados e senadores a fazerem o melhor deles pelo País.
O acordo de leniência do momento, negociado pelo Ministério Público Federal, prevê o pagamento R$ 10,9 bilhões de multa pela J&F, equivalentes a 6% do seu faturamento anual, ao longo de 13 anos.
A impressão geral em Brasília, sobretudo entre magistrados, é que a escolha de Torquato Neto para o Ministério da Justiça foi altamente positiva para o governo. Ele é respeitado junto aos tribunais superiores.
Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou mandado de segurança impetrado pelo deputado Marcelo Dias (PR-MG), em que pedia a suspensão da tramitação da PEC da Vaquejada.
O senador Telmário Mota (PTB-RR) fez um candente discurso em defesa de eleições diretas e gerais. Disse até que está disposto a abrir mão do próprio mandato. Os colegas não pareceram impressionados.
A defesa de Lula reclamou da decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, de mandar a delação da JBS sobre o ex-presidente para Sérgio Moro.
Recebido em Portugal como “superjuiz”, Sérgio Moro participa nesta terça-feira do Estoril Conferences, ao lado de celebridades como Antonio Di Pietro (Operação Mãos Limpas, da Itália) e do célebre juiz espanhol Baltasar Garzón, que atua na defesa de Julian Assange, do Wikileaks.
Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) criticou Michel Temer por chamar o Exército após o badernaço que invadiu e destruiu prédios públicos e feriu pessoas. Na eleição de 2016, ele pediu ao próprio Temer segurança com forças federais em São Luís e outros 75 municípios.
Em mais um discurso lido, a senadora Fátima Bezerra (RN) aproveitou o plenário vazio para atribuir à imprensa a “criminalização” do PT, e não à roubalheira na Petrobras revelada pela Operação Lava Jato.
Depois de empreiteiras financiarem o Instituto FHC e o Instituto Lula, quem vai bancar o Instituto Dilma?

NO DIÁRIO DO PODER
CONTA SECRETA NA SUÍÇA
MANTEGA CONFESSA CONTA SECRETA NA SUÍÇA, MAS NEGA SER PROPINA
EX-MINISTRO CHEFIOU A RECEITA SEM DECLARAR US$600 MIL LÁ FORA
Publicado: segunda-feira, 29 de maio de 2017 às 20:58 - Atualizado às 22:25
Redação
O ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma, Guido Mantega confessou, por meio de petição de sua defesa ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, ter conta aberta no banco suíço Picktet, não declarada ao fisco, por meio da qual recebeu US$ 600 mil. O ex-chefe da pasta atribuiu os valores à venda de um imóvel herdado de seu pai.
"Guido MANTEGA, nos autos da busca e apreensão em epígrafe, vem, por seu advogado (doc. 01), respeitosamente, à presença de Vossa Excelência - tendo em vista ter sofrido medida de busca, mas não ter sido convidado a prestar depoimento, e a fim de demonstrar sua total transparência frente às investigações em curso neste e. juízo - afirmar que abre mão de todo e qualquer sigilo bancário, financeiro e fiscal, inclusive de conta estrangeira aberta antes de assumir o cargo de Ministro da Fazenda, na qual recebeu um único depósito no valor de US$ 600 mil (seiscentos mil dólares) como parte de pagamento pela venda de imóvel herdado de seu pai", afirmou, por meio de petição, o advogado de defesa de Mantega, Fábio Tofic.
O ex-ministro afirmou ainda não esperar "perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar valores no exterior, mas reitera que jamais solicitou, pediu ou recebeu vantagem de qualquer natureza como contrapartida ao exercício da função pública, conforme poderá inclusive confirmar o extrato da conta, documento que o peticionário se compromete a apresentar tão logo o obtenha da instituição financeira".

MULHER DE CUNHA
JUSTIÇA NEGA PEDIDO DE CLÁUDIA CRUZ PARA REPATRIAR RECURSOS
SÃO 178 MIL FRANCOS SUÍÇOS (R$ 590 MIL) BLOQUEADOS EM CONTA NA SUÍÇA
Publicado: segunfda-feira, 29 de maio de 2017 às 21:19
Redação
A Justiça Federal no Distrito Federal negou hoje (29) pedido da jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para repatriar recursos que estão em uma conta bloqueada na Suíça durante as investigações da Operação Lava Jato.
A quantia, estimada em 178 mil francos suíços, cerca de R$ 590 mil, estava em uma conta que serviu para Cláudia Cruz bancar gastos pessoais em lojas de luxo com recursos oriundos de propina recebida por Eduardo Cunha em um contrato da Petrobras em Benin.
Na decisão, a juíza Diana Maria de Silva entendeu que a jornalista não pode repatriar os valores por meio da Lei da Repatriação, embora tenha sido absolvida por falta de provas, na semana passada, pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos projetos da Lava Jato na primeira instância.
“Apesar da absolvição da impetrante no juízo de 1º grau, tal ilação não tornou lícitos os valores encontrados em seu nome em contas do exterior, ao contrário, eles foram confiscados, por terem sido angariados com recursos de propina, recebidos pelo esposo da impetrante”, decidiu a juíza.
Na semana passada, Moro absolveu Cláudia Cruz da acusação da prática dos crimes de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas no processo que investiga o pagamento de propina, oriunda do superfaturamento do contrato da Petrobras, ao então deputado Eduardo Cunha.

FOBIA DE CURITIBA
DEFESA DE LULA RECORRE DE ENVIO DE PARTE DA DELAÇÃO DA JBS A SÉRGIO MORO
PÂNICO DE SER INVESTIGADO POR MORO FEZ SURGIREM CRÍTICAS A FACHIN
Publicado: segunda-feira, 29 de maio de 2017 às 19:15 - Atualizado às 19:31
Faby Rufino
Após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinar que parte das investigações da delação da JBS ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sejam enviadas para a Justiça Federal de Curitiba, local de atuação de Sérgio Moro e base da Operação Lava Jato, a defesa de Lula entrou com recurso.
Protocolado nesta segunda-feira, 29, o agravo regimental vai contra a decisão do ministro do STF e mostra o receio de Lula em ser investigado por Moro. O advogado Cristiano Zanin Martins sustenta que, apesar das citações de Joesley Batista a Lula, as menções seriam "referências genéricas", sem indicação de "prática de qualquer ato ilícito".
Para tentar dar força ao recurso, Zanin alega não haver relação entre os fatos apontados por Joesley e as investigações da Lava Jato e que “não há como sustentar a vinculação do caso ao ministro Edson Fachin”. Seguindo o Regimento Interno do STF, Fachin poderá rever a decisão ou encaminhar o recurso para julgamento da Segunda Turma da Corte máxima.

OPERAÇÃO GREENFIELD
JUSTIÇA ACEITA DENÚNCIA CONTRA JOÃO VACCARI E EX-DIRETORES DA FUNCEF
O GRUPO FOI RESPONSÁVEL POR IMPOR UM PREJUÍZO DE R$ 402 MILHÕES AO FUNCEF
Publicado: segunda-feira, 29 de maio de 2017 às 16:02
Redação
A Justiça Federal do Distrito Federal aceitou hoje (29) a primeira denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Greenfield. Ao todo, 14 pessoas se tornaram réus, incluído o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e Guilherme Lacerda, ex-diretor-presidente da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef).
De acordo com a denúncia, apresentada em 17 de maio, o grupo foi responsável por impor um prejuízo de R$ 402 milhões ao Funcef, em valores atualizados até 2015, contribuindo para o déficit acumulado de R$ 18 bilhões registrado pelo fundo no final de 2016. Segundo a peça, R$ 5,9 milhões do esquema foram direcionados ao PT.
Os envolvidos são acusados de crimes contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta e temerária, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. A denúncia foi aceita pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal no Distrito Federal.
As fraudes, conforme descritas pelos sete procuradores responsáveis pelo caso, consistiam em avaliações sobrevalorizadas de ativos da empresa Engevix pela diretoria do Funcef, permitindo assim aportes fraudulentos em um Fundo de Investimento e Participação (FIP) da empresa. O esquema foi comparado pelo MPF ao superfaturamento de obras públicas.
Além de Vaccari e Lacerda, tornaram-se réus mais sete ex-diretores da Funcef: Demósthenes Marques; Luiz Philippe Peres; Antônio Bráulio de Carvalho; Geraldo Aparecido da Silva; Carlos Alberto Caser; Sérgio Francisco da Silva; e João Carlos Alonso Gonçalves.
Também se tornaram réus os sócios da Engevix José Antunes Sobrinho, Gerson de Mello Almada e Cristiano Kok, bem como Roberto Carlos Madoglio, ex-superintendente nacional de Fundos de Investimentos da Caixa, e Milton Paskowitch, lobista da empresa que é também delator da Lava Jato.
A Operação Greenfield investiga desvios nos quatro principais fundos de pensão do país: Funcef, Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). Segundo as investigações, as fraudes podem somar mais de R$ 8 bilhões.(ABr)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Mudança no ministério: Temer troca zero por 171
Se insistir em sabotar a Lava Jato, o ministro Torquato será despejado do novo gabinete antes de decorar o ramal da secretária
Por Augusto Nunes
Segunda-feira, 29 maio 2017, 19h12
A mudança que transferiu Osmar Serraglio para o Ministério da Transparência e instalou Torquato Jardim no Ministério da Justiça pode parecer aos desinformados outra troca de seis por meia dúzia. Engano. O que fez o presidente Michel Temer foi trocar o zero pelo 171. Serraglio, que nunca existiu como ministro, agora está numa ministério inexistente. Torquato melhorou de endereço para reforçar a tropa que insiste em deter o avanço da Operação Lava Jato.
Em maio de 2016, numa entrevista a um jornal do Piauí, o agora ministro da Justiça formulou quatro perguntas, abaixo reproduzidas, para provar que a mais bem sucedida ofensiva anticorrupção da História do Brasil não passa de uma irrelevância inconsequente. Confiram:
1) O que mudou com o impeachment de Fernando Collor?
2) O que mudou depois da CPI do Orçamento, quando os sete anões foram cassados?
3) O que mudou com o Mensalão?
4) O que vai mudar com a Lava Jato?
Vamos desenhar. Ao livrar-se de Collor, o Brasil substituiu um caso de polícia por um insuspeito Itamar Franco, cujo governo, com Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, instituiu o Plano Real, domou a inflação estratosférica, impôs a responsabilidade fiscal e deixou o País pronto para um sucessor provido de cinco neurônios. Depois da CPI do Orçamento, o Congresso ficou com sete delinquentes a menos. A devassa do Mensalão ensinou que, além de pobres, pretos e prostitutas, as cadeias têm vagas para meliantes da classe executiva, como José Dirceu, José Genoíno ou Delúbio Soares. A quarta pergunta induz à suspeita de que Torquato mora em outro planeta. A Lava Jato já mudou o Brasil.
O balanço dos três últimos anos informa: já não há condenados à perpétua impunidade, presídios existem para hospedar também ex-presidentes, camburões espreitam a turma do foro privilegiado, figurões da política e do empresariado cabem em celas e beliches. Fora o resto. Tudo somado, o povo aprendeu que os corruptos e seus defensores não têm musculatura para deter a devassa das catacumbas. Se tentar sabotar a Lava Jato, o ministro Torquato será despejado do novo gabinete antes de decorar o ramal da secretária.

NA VEJA.COM
Gilmar entra no Twitter e se desculpa com ‘Organizações Tabajara’
O mais falante ministro do STF estreou na rede social fazendo piada com sua própria declaração
Por Da redação
Terça-feira, 30 maio 2017, 00h17 - Atualizado em 30 maio 2017, 00h52
O mais falante ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) agora está no Twitter. Gilmar Mendes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estreou seu perfil na rede social nesta segunda-feira – justo em um dia em que voltou a ser destaque nas manchetes por suas declarações.
Ao comentar as constantes propostas de mudança na Constituição, Mendes afirmou que o país “está se tornando uma grande Organização Tabajara” – a empresa fictícia (e mambembe) criada pelo grupo Casseta & Planeta. O humorista Hélio de la Peña não perdeu a piada e postou que a organização acionaria os seus advogados para protestar contra a comparação “chula e fantasiosa”. Talvez para a surpresa do próprio Casseta, o ministro-tuiteiro replicou: “Me desculpem as Organizações Tabajara. Não queria esconder”.

NO BLOG DO JOSIAS
Tucanato perde o discurso e o senso de ridículo
Josias de Souza
Terça-feira, 30/05/2017 04:56
A reação do tucanato à crise que engolfa Michel Temer transformou o ninho em motivo de piada. Uma das principais lideranças governistas no Congresso diverte deputados e senadores traçando uma analogia entre os tucanos e um português de anedota. Sorriso nos lábios, o apologista da administração Temer conta assim a piada luso-tucana:
“Os bombeiros entraram num prédio incendiado, para verificar os destroços. Encontraram um português morto. Estava de cabeça para baixo, com o dedo indicador apontando para um dos cantos do cômodo. Ao lado da vítima, um extintor e uma placa com a seguinte instrução: ‘Em caso de incêndio, vire para baixo e aponte para a chama’. Atordoado com as labaredas que consomem a gestão Temer, o PSDB imita o português. O partido já virou de ponta-cabeça. Só falta decidir para que lado vai apontar o bico.”
Desde que explodiu a delação do Grupo JBS, de Joesley Batista, a cúpula do PSDB ensaia um rompimento com o governo. Viria depois das explicações de Temer. Foi adiado para depois da decisão do STF sobre a integridade do áudio com a voz do presidente. Foi protelado para depois da decisão do TSE sobre o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer…
Na noite desta segunda-feira, 29, os grão-tucanos Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati reuniram-se com Michel Temer e o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) num hotel de luxo em São Paulo. “Foi uma conversa boa e proveitosa. Conversa boa e capaz de nos garantir, a eles e a nós, que as reformas passarão”, disse Moreira Franco. Falou-se sobre “caminhos para o futuro”.
O encontro irritou parte da bancada do PSDB na Câmara.
Os deputados tucanos estavam a ponto de explodir na semana passada. Foram contidos pelo senador Tasso Jereissati (CE), que assumiu a presidência da legenda depois que Aécio Neves foi fisgado pelo autogrampo do delator Joesley. Dias depois de pedir calma aos deputados, Tasso abusou da paciência dos correligionários ao tomar parte do conciliábulo paulista. “Além de não romper, estamos fazendo novos acordos com Temer”, queixou-se um deputado tucano.
A bancada do PSDB na Câmara voltou a ferver. E o tucanato flerta com a divisão interna. Depois de escalar o muro, seu habitat natural, os tucanos correm o risco de descer de lados diferentes.
Paradoxalmente, o PSDB frequenta a crise como autor das ações que podem levar à cassação de Temer e como principal fiador do governo do primeiro presidente da História a ser investigado no cargo pelos crimes de corrupção, obstrução da Justiça e formação de organização criminosa.
Temer tira proveito do desentendimento do PSDB consigo mesmo e com o DEM, para esticar um governo em estado terminal. Com Temer no Planalto, o tucanato é força auxiliar do PMDB. Sem ele, pode virar coadjuvante do DEM, pois o ‘demo’ Rodrigo Maia, presidente da Câmara é, no momento, o favorito numa eventual eleição indireta para a escolha do substituto de Temer.
Num dos trechos da gravação que registra a conversa desqualificada que manteve com o dono da JBS, o senador Aécio Neves disse que o PSDB representou no TSE contra a chapa Dilma-Temer apenas para “encher o saco do PT.” Dilma foi enviada mais cedo para casa. E Aécio, depois de se tornar o fiador da aliança do PSDB com Temer, apodrece junto com o aliado em praça pública.
Com suas principais lideranças tisnadas pela Lava Jato —além de Aécio, ardem no caldeirão Geraldo Alckmin e José Serra — o PSDB perdeu a hora do rompimento com Temer e o discurso da moralidade. A distância entre as ameaças de desembarque e sua concretização impõe à situação uma certa ponderabilidade cômica. De ponta-cabeça, o tucanato não sabe em que direção deve apontar. Perdeu o rumo e o senso de ridículo.

Michel Temer tornou-se um Cunha hipertrofiado
Josias de Souza
Segunda-feira, 29/05/2017 22:03
A poucos dias do início do julgamento que pode resultar na cassação de Michel Temer, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral informa que “o julgamento será jurídico”. Gilmar Mendes acrescenta que ''não cabe ao TSE resolver crise política. Resolvam suas crises”, disse ele. De um tribunal não se espera outra coisa senão julgamentos jurídicos. Quando o presidente da Corte Eleitoral precisa proclamar o óbvio é porque alguma coisa saiu do lugar.
Enquanto Temer fazia pose de presidente das reformas, dizia-se que o TSE deveria salvá-lo para não prejudicar a economia. E muitos achavam normal. De repente, o reformador virou investigado. Passou a operar pelo adiamento do veredicto. E o TSE ganhou a aparência de uma peteca, que o Planalto joga para o lado que lhe convém.
Incomodado com a naturalidade com que auxiliares de Temer antecipam os movimentos do TSE, Gilmar Mendes ergueu a voz: “O TSE não é um joguete nas mãos do governo.” Por trás da proclamação do óbvio se esconde uma tragédia: Temer virou uma espécie de Eduardo Cunha hipertrofiado. A Câmara demorou nove meses para se livrar de Cunha. Temer acaba de acomodar no Ministério da Justiça Torquato Jardim, um PhD em TSE e STF. O investigado olha para Cunha, preso em Curitiba, e se equipa para resistir. A questão é: até quando o Brasil resistirá?

Osmar Serraglio hesita em aceitar a nova pasta
Josias de Souza
Segunda-feira, 29/05/2017 19:28
Desalojado da poltrona de ministro da Justiça a contragosto, o deputado licenciado Osmar Serraglio (PMDB-PR) hesita em aceitar a pasta da Transparência. Ele ameaça reassumir seu mandato, empurrando para fora da Câmara e do refúgio do foro privilegiado o suplente Rodrigo Rocha Loures, um ex-assessor de Temer que foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil em propinas do Grupo JBS, do delator Joesley Batista.
No domingo passado, 28, a assessoria de Temer informara que Serraglio já havia topado transferir-se para o Ministério da Transparência, cujo titular, Torquato Jardim, foi içado para a Justiça. Não era bem assim. Sentindo-se desprestigiado, Serraglio condiciona sua decisão a uma conversa com Temer. Algo que só deve acontecer nesta terça-feira (30), pois o presidente viajou para São Paulo.
A movimentação de Temer é arriscada. Rocha Loures tornou-se, por assim dizer, um fio desencapado. Indicado como interlocutor do presidente da República junto ao agora delator Joesley Batista, o personagem flerta com a delação premiada. Já foi afastado pelo Supremo do exercício do mandato. Conserva, porém, o salário e o foro de deputado. Expurgado da Câmara, pode entrar em curto-circuito.
Suprema ironia: Serraglio está, ele próprio, sob ameaça de tornar-se alvo de uma delação. Protagonista da Operação Carne Fraca, Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, está na bica de fechar um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Serraglio era um dos padrinhos políticos do servidor, acusado de corrupção. Contra esse pano de fundo, sua efetivação na pasta da Transparência seria um escárnio.

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Mudança na Justiça é para interferir na PF
POR MERVAL PEREIRA
Segunda-feira, 29/05/2017 14:34
Não vejo nenhuma outra razão para mudança tão intempestiva no ministério da Justiça que não seja uma tentativa de interferir no trabalho da Polícia Federal. Se o novo ministro Torquato Jardim fosse escolhido para tentar negociar no TSE - do qual já foi ministro - a favor do Temer não precisaria ser ministro da justiça, poderia ficar no ministério da Transparência e usar sua influência em conversas de bastidores. Havia muitas críticas quanto à fraqueza de Osmar Serraglio à frente do ministério e a gravação do Aécio com o Joesley mostrou claramente essa situação, mas se o novo ministro mudar o diretor ou tentar interferir na PF a favor do governo vai criar uma crise política muito grande.

NO BLOG DO NOBLAT
À espera de fatos novos
Terça-feira, 30/05/2017 - 04h00
Por Ricardo Noblat
Por ora, não se espere de nenhum dos grandes partidos políticos a iniciativa de procurar o presidente Michel Temer para dizer que o abandonará, devolvendo em seguida os cargos que ocupa no governo. Nem o PSDB, nem o DEM, muito menos o PMDB o fará. O PDS também não.
O ministro Gilmar Mendes teve razão quando disse que a Justiça Eleitoral não será “joguete” da ninguém, e que os políticos devem resolver a crise criada por eles mesmos. É verdade que a crise foi criada por Temer ao receber a visita clandestina do dono do Grupo JBS e ser gravado por ele.
Mas, sim: desde que o teor nada republicano da conversa foi revelado, quatro pequenos partidos, donos de 63 cadeiras na Câmara dos Deputados, anunciaram sua passagem para a oposição. E dentro dos maiores partidos é rara a alma que acredita na permanência de Temer na presidência.
Temer está empenhado em ficar, e tudo fará para isso. O deputado Osmar Serraglio só soube que não era mais ministro da Justiça quando o País já conhecia o nome do seu substituto – Torquato Jardim. Por elegância, Temer jamais procederia assim. Mas por elegância, não perderá o poder.
Durante duas horas, ontem à noite em São Paulo, Temer reuniu-se com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (CE), presidente em exercício do PSDB. Foi sondar a disposição deles de continuar apoiando o governo. Saiu satisfeito com o que ouviu.
Ouviu que o PSDB aguardará o resultado do julgamento do pedido de impugnação da chapa Dilma-Temer que concorreu às eleições de 2014 e que é acusada de ter abusado do poder econômico. Antes uma manobra concebida só para “encher o saco”, o pedido tornou-se uma coisa séria.
Uma decisão sobre ele deveria ser tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir do próximo dia 6, mas não será. Um dos sete ministros do TSE pedirá vista do processo. E levará, pelo menos, de duas a três semanas para examiná-lo melhor. É tudo o que Temer quer, embora negue.
Uma vez que ocorra isso como previsto, restará aos partidos torcer para que surja um fato novo capaz de provocar a renúncia de Temer. Ou capaz de apressá-los a sair do governo. Ou ainda capaz de incendiar o País e de engrossar o coro por diretas, já, obrigando-os então a agir
O mercado financeiro não está nem aí para que Temer fique ou vá embora. Desde que as reformas prometidas por ele acabem aprovadas no Congresso, tanto faz quem presidirá o País até o último dia de 2017. Para o mercado, a solução seja qual for só não pode demorar, causando danos à economia.
Como os angolanos gostam de dizer, esse é o ponto da situação.

NO O ANTAGONISTA
Em busca da senioridade perdida
Economia 30.05.17 06:55
O cenário para a economia é ruim.
Affonso Celso Pastore, no Estadão, disse que só um presidente com um mandato forte, eleito pelo Congresso Nacional, pode fazer as reformas necessárias para arrumar as contas públicas.
Ele analisou as duas saídas para a crise:
“A primeira é que Temer não caia, permanecendo agarrado ao cargo em uma situação de baixa governabilidade. A segunda é que seja eleito um novo presidente que não tenha força política para fazer progredir a aprovação das reformas. Em qualquer destes casos, o cenário político é muito desfavorável para o comportamento da economia.
Ciclos econômicos e ciclos políticos se autoalimentam, e uma piora nas perspectivas de crescimento em 2018 aumenta a probabilidade de eleição de um governo populista, o que eleva os riscos e piora ainda mais as condições para a execução da política econômica, fechando-se um círculo vicioso.O que se espera é que a tomada de consciência sobre a gravidade da crise leve as forças políticas a priorizar o que é melhor para o País, e não a defesa de interesses particulares de grupos políticos. No momento, isso significa encontrar uma solução rápida para a crise política, com a eleição indireta de um presidente que tenha senioridade política e que aglutine forças na direção de continuidade da agenda de reformas”.
A pinguela do presidente Maia
Brasil 30.05.17 06:38
Rodrigo Maia anunciou que a reforma previdenciária será votada entre 5 e 12 de junho.
Segundo o Estadão, porém, “interlocutores do parlamentar fluminense dizem que ele deu essa previsão apenas para fazer um aceno ao mercado financeiro de que a crise política não afetará as reformas”.
O Congresso Nacional deve eleger Rodrigo Maia para o lugar de Michel Temer.
O plano é aprovar a idade mínima para as aposentadorias e atravessar a pinguela sem grandes riscos até 2019.
A minirreforma das aposentadorias
Brasil 30.05.17 06:10
A reforma previdenciária foi para o beleléu.
O que se discute agora é a minirreforma.
De acordo com o Estadão, os parlamentares querem “aprovar apenas o aumento da idade mínima para a aposentadoria, considerado um dos pilares da proposta”.
PGR tem que seguir o dinheiro da Blessed
Brasil Segunda-feira, 29.05.17 20:32
Como Joesley e Wesley Batista declararam no imposto de renda a compra de 100% das ações da Holding Blessed, basta que a PGR cobre dos irmãos as contas de destino desses valores.
O dinheiro foi para o americano Colin Murdoch-Muirhead, que figura como principal acionista da empresa? Ou Murdoch-Muirhead era preposto do real proprietário e beneficiário final?
Faltou jatinho?
Brasil 29.05.17 18:12
Lula era esperado no encerramento do seminário petista, na Universidade de Brasília, com o tema "Democracia em xeque".
O petista ainda não apareceu.
Zanin quer seu cliente longe de Sérgio Moro
Brasil 29.05.17 17:55
Cristiano Zanin apresentou um agravo regimental no STF contra a decisão de Edson Fachin de remeter os trechos das delações da JBS referentes a Lula para Sérgio Moro.
O advogado do petista diz que Joesley Batista "fez duas referências genéricas ao nome de Lula em sua delação, sem qualquer base mínima que possa indicar a ocorrência dos fatos ou, ainda, a pratica de qualquer ato ilícito".
Sustenta, ainda, que os fatos não têm relação com a Lava Jato.
Exclusivo: Dida chama Joesley de 'my friend' e negocia presidência da Vale
Brasil 29.05.17 17:13
Joesley Batista contou à PGR que procurou Aécio Neves com um pedido de Aldemir Bendine, o Dida, para ser indicado à presidência da Vale.
Em troca de mensagens entre Joesley e Bendine, obtida com exclusividade por O Antagonista, Dida marca um jantar com o dono da JBS no dia 22 de março.
Depois da conversa, ele envia uma mensagem cifrada: "J, fiz o levantamento/valuation da empresa prospect. 40 eh um bom valor. Bem gerida, em um ano da para tirá-a de valor patrimonial para um múltiplo de, no mínimo, 8x."
Segundo Joesley, Dida estaria se referindo aos R$ 40 milhões que Andrea Neves lhe pediu de contrapartida pela presidência da Vale. O ex-presidente do BB e da Petrobras parece concordar com a cifra e promete um retorno de 8 vezes em um ano.
No dia 24, como revela gravação já divulgada, Aécio explicou a Joesley - num hotel em São Paulo - que já havia escolhido o presidente da Vale, mas poderia disponibilizar alguma diretoria a Dida.
O dono da JBS, então, envia mensagem ao amigo explicando: "Presidência já foi, se funcionar uma diretoria pode escolher". Dida responde, contrariado: "Que merda". Logo, agradece a "tentativa" e se despede.
Os prints foram entregues pelo empresário à PGR como prova de corroboração de sua delação.
Irmão de Ciro Gomes se lança ao Senado
Brasil 29.05.17 17:12
Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, se lançou candidato ao Senado pelo PDT do Ceará. Em reunião do diretório regional do partido, ele disse que quer ser senador "para "não deixar um ladrão assumir meu lugar", registra o Estadão.
Cid foi apontado por Wesley Batista como recebedor de R$ 24 milhões em propinas.

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