PRIMEIRA EDIÇÃO DE 06-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEGUNDA-FEIRA, 06 DE MARÇO DE 2017
Além dos 81 senadores no mandato, o Senado tem mais quatro “senadores licenciados”. São suplentes que pediram licenças por mais de 120 dias e ainda estavam afastados quando os titulares retornaram. O caso de Gilberto Piselo (RO) chama atenção. Ele assumiu o mandato no lugar de Acir Gurgacz (PDT) por seis dias, recebeu R$ 77,6 mil e gastou outros R$ 3,9 mil com passagens aéreas. E nós pagamos.
Suplentes, Fernando Ribeiro, Lauro Antonio e Ricardo Franco receberam dois pagamentos de R$ 33,7 mil a título de “ajuda de custo”.
Suplente de Jader Barbalho, Ribeiro foi senador de 30 de janeiro a 7 de abril de 2015. Recebeu R$ 149,7 mil além de R$ 33,7 mil do “cotão”.
O Senado não diz quanto Ricardo Franco recebeu para bancar senador por 10 meses. Só “cotão” e auxílio-moradia nos custaram R$140 mil.
Apesar de mencionados como “senadores licenciados” no sistema do Congresso, o Senado informa o óbvio: eles não são senadores.
Constitucionalista, o presidente Michel Temer cita de memória a íntegra do art. 7º da Constituição que determina a primazia do acordo firmado entre patrões e empregados, nas relações trabalhistas. Na reforma trabalhista em discussão no Congresso, o respeito ao acordo vai virar lei. Nem precisava, a Constituição já o determina, mas a Justiça do Trabalho tem castigado severamente empregadores que o celebram.
Temer observou, irônico, em conversa com a coluna, que, para valer, uma determinação da Carta Magna precisa de lei infraconstitucional.
Apesar de conhecer a Constituição como poucos, Michel Temer conta que conserva o hábito de reler e estudar o texto em vigor desde 1988.
Na Constituição, o artigo 7º (inciso XXVI) prevê claramente “o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho”.
O Fundo Partidário pagou R$118 milhões a 35 partidos políticos apenas nos dois primeiros meses de 2017. PT e PMDB receberam R$15,7 milhões e R$12,9 milhões, respectivamente. Para quê mesmo?
O PSDB de Aécio Neves levou R$ 13,3 milhões e o DEM de Rodrigo Maia R$ 5,01 milhões do Fundo Partidário em janeiro e fevereiro deste ano. Gastam mais frequentemente em jatinhos e jantares.
O presidente que mais nomeou ministros da Justiça foi o tucano FHC. Foram dez ministros no total, em dois governos. Mas tem dito que seu único arrependimento foi nomear Renan Calheiros para o cargo.
A Justiça do Trabalho vai custar ao contribuinte quase R$22 bilhões em 2017, segundo o Orçamento Geral da União. Mas estima-se que deve render menos de R$9 bilhões à indústria de indenizações trabalhistas.
Após substituir oito dos ministros, o presidente Michel Temer poderá substituir Eliseu Padilha (Casa Civil) – cuja saída, se confirmada, fará de Moreira Franco o único remanescente do “núcleo duro” original.
O superintendente do Sebrae-DF, Antonio Valdir Oliveira Filho, lidera comitiva de empresários de Brasília no EuroShop, em Dusseldorf, Alemanha, maior evento de varejo da Europa. O objetivo é conhecer tendências do varejo, fechar parcerias e atrair investimentos.
O presidente do PT chama de “perseguição política” ao partido o que não passa de perseguição aos malfeitores que roubaram a Petrobras, a Eletrobras, o Tesouro e as esperanças de muitos.
Diplomatas brasileiros sugerem ao novo chanceler do Itamaraty para esquecer o “sonho infantil” de assento no Conselho de Segurança da ONU e se concentrar na reestruturação de postos, corte de gastos e no desenvolvimento de novas estratégias.
... nem tudo dura para sempre, nem mesmo o “esticadão de carnaval” de senadores e deputados.

NO DIÁRIO DO PODER
PATRIMÔNIO ARTÍSTICO
RELÍQUIAS ESTÃO DETERIORANDO NOS PALÁCIOS DO PLANALTO E ALVORADA
TELAS VALIOSAS, TAPETES E MÓVEIS HISTÓRICOS ENTULHADOS COMO LIXO
Publicado: domingo, 05 de março de 2017 às 10:49 - Atualizado às 11:16
Redação
Investigação aberta a pedido da Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República revelou obras de arte e móveis de época seriamente danificados nos Palácios do Planalto e da Alvorada. Além disso, encontrou um depósito com relíquias empilhadas como se fossem entulho. No Alvorada, duas telas de Cândido Portinari – avaliadas em R$ 60 milhões – estão em estado crítico e a tapeçaria Múmias, de Di Cavalcanti, apresenta manchas e descoloração.
O inventário constatou, ainda, o sumiço do vaso de cerâmica pintado por Eliseu Visconti, que pertence à coleção do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. O dossiê ao qual também indica que um vaso oriental do século 19 apareceu quebrado e aparentemente foi “remendado” com cola, sendo devolvido nesse estado para aquele museu.
Até agora, o governo abriu seis processos de sindicância para apurar os danos ao patrimônio público e se houve negligência na manutenção do acervo de cerca de 13 mil bens móveis, artísticos, históricos e culturais, conforme determinação do Tribunal de Contas da União.
MÓVEIS DE ÉPOCA E OBRAS DE ARTE ENTULHADOS.
No depósito que abriga “bens inservíveis” dos palácios foram resgatados tapetes persas esburacados e outros dois da Casa Caiada – um deles com 20 metros quadrados, feito especialmente para a Presidência –, com rasgos nas pontas.
Da ação de fungos ao mofo, passando pelo ressecamento, várias foram as avarias encontradas em quadros, gravuras, tapetes e móveis, muitos expostos sem piedade ao Sol. Nessa lista estão duas poltronas Oscar, de Sérgio Rodrigues, com assento e encosto em palhinha à espera de socorro, além de uma tela de Alberto da Veiga Guignard, castigada por manchas.
Em dezembro, 48 das 49 obras emprestadas pelo Museu de Belas Artes ao governo, em regime de comodato, foram devolvidas pela administração de Michel Temer, causando grande polêmica.
Para Antônio Lessa, diretor de Documentação Histórica do gabinete presidencial, a devolução das peças era uma necessidade. “Havia danos em mais de 80% das pinturas e todas as obras precisavam de alguma medida de conservação”, disse Lessa.
A situação mais dramática, porém, foi verificada na sala de estar do Alvorada. Cedidos pelo Banco Central, os quadros Jangada do Nordeste e Seringueiros, assinados por Portinari e segurados em R$ 60 milhões, apresentam rachaduras na pintura. Nas próximas semanas, serão encaminhados para restauro e substituídos por réplicas.
Um ofício enviado pelo governo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) solicita a “instalação de película refletiva com filtro de raios UV na fachada de vidro” do Alvorada para atingir os “parâmetros mínimos de temperatura e luminosidade” necessários à preservação das obras de arte.
O Iphan também foi o órgão que autorizou a rede de proteção na varanda do Alvorada, para a segurança de Michelzinho, de 7 anos, filho do presidente. O fato provocou protestos do ex-curador Rogério Carvalho, que definiu a iniciativa como “uma barbaridade deplorável”. Temer e a família não se acostumaram com o Alvorada e, pouco mais de uma semana após a mudança, voltaram a morar no Jaburu.
Cúpula 
A sindicância da Diretoria de Documentação Histórica ainda não avaliou o estado do acervo no Jaburu e na Granja do Torto. A prioridade de Lessa, agora, é restaurar os Portinari, instalar câmeras de vigilância e uma cúpula de vidro reforçado para proteger as obras no Planalto e esvaziar os depósitos, onde repousam camas de jacarandá, peças assinadas por Joaquim Tenreiro, sofás de design e mais de cem cadeiras Tião e Kiko, também de Sérgio Rodrigues.
“Isso tudo é uma lástima”, afirmou Lessa. “Esses senhores que se dizem curadores criticam a devolução das obras para o museu, mas deveriam estar atentos à conservação do acervo, e não só à decoração.”
Ex-curador dos palácios no governo Dilma Rousseff, o arquiteto Rogério Carvalho reagiu no mesmo tom. “Essa criatura (Lessa) não tem a menor ideia do trabalho que fizemos porque é advogado e não entende nada”, rebateu ele. “Quando cheguei lá no Planalto, aquilo era um pardieiro. Tivemos de recuperar tudo. Os tapetes não foram rasgados na gestão da Dilma nem do Lula. Foram antes.”
O ex-diretor de Documentação Histórica, Cláudio Rocha contou que Dilma pediu a restauração dos tapetes do Alvorada e resgatou cadeiras originais do salão de banquetes. “O problema é que a administração dos palácios é negligente. Prefere muito mais cuidar de carro e apartamento funcional do que de obras de arte.”

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
J.R. Guzzo: Convite Aberto
O que impressiona é a cegueira de um país em que magistrados acham possível eliminar a corrupção sem reduzir ao mínimo indispensável o tamanho do Estado
Por Augusto Nunes
Domingo, 05 mar 2017, 15h02
Publicado na edição impressa de VEJA
O texto que se segue não é uma piada. Também não faz parte de uma conspiração para desmoralizar a Operação Lava-Jato e os seus esforços contra a corrupção no Brasil. Trata-se apenas do relato resumido de alguns fatos da vida como ela é no Brasil de hoje – tão comuns que só aguentaram ficar no noticiário por alguns minutos, logo superados por outros de maior interesse, como a história da mulher acusada de contratar o próprio assassinato ou as instruções para sacar contas inativas do fundo de garantia. Esses fatos consistem no seguinte: durante todo o famoso ano de 2016, imortalizado por diversos dos mais heroicos combates jamais travados contra a corrupção no Brasil, algumas dezenas de cidadãos metiam loucamente a mão em dinheiro público a algumas centenas de metros em linha reta, ou pouco mais, da sala de trabalho de ninguém menos que o juiz Sergio Moro, na 13ª Vara da Justiça Penal Federal de Curitiba. Mais. Roubavam na Universidade Federal do Paraná, desviando verbas de bolsas estudantis – e o juiz Moro, em pessoa, é professor de processo penal na Faculdade de Direito da infeliz universidade roubada. Os delinquentes começaram seu trabalho em 2013; jamais lhes passou pela cabeça que não deveriam estar desviando verbas bem na cara do Ministério Público, da Justiça Federal e da polícia. Conclusão prática: após todo esse tempo de Lava Jato, das denúncias, prisões e condenações das maiores estrelas da corrupção nacional, e apesar da vizinhança física da força-tarefa anticorrupção, o medo que os corruptos têm de ser punidos é igual a zero. Para eles, não está acontecendo nada de diferente no Brasil – aliás, não está acontecendo nada de diferente nem em Curitiba. É como se o juiz Moro, o promotor Dallagnol e outros vice-reis da Operação Lava Jato estivessem despachando na Cochinchina.
É bom deixar claro, o mais claro possível, que as ações anticorrupção comandadas a partir do juízo federal de Curitiba compõem, possivelmente, a decisão mais acertada que o Poder Judiciário brasileiro já tomou em toda a sua história. É um fenômeno excepcional, para começar, porque passou a punir de verdade um tipo de crime que na vida real não era punido no Brasil. Além disso, mandou para a cadeia gente que jamais alguém imaginou que pudesse ser presa neste país: para ficar numa lista resumida, estão neste momento no xadrez, ao mesmo tempo, os empresários Marcelo Odebrecht e Eike Batista, o ex-governador Sérgio Cabral, os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto, o ex-senador Gim Argello e mais uma penca de peixes graúdos. Quando aconteceu algo parecido? Uma salva de palmas para a Lava Jato, portanto, antes que alguém diga que estas linhas foram encomendadas pelo governo federal para divulgar a ideia de que a Lava Jato não adianta nada. Pelo governo ou pelo ex-presidente Lula e seus associados, que são os mais enterrados de todos nos processos de corrupção, mas segundo a ficção corrente já não têm mais muita coisa a ver com a ladroagem neurótica dos seus treze anos e meio de governo; o problema, pelo que se pode entender pelo noticiário, parece que é só dos que ficaram em seu lugar. Tudo bem – mas, sinceramente, em matéria de diminuir a corrupção, a Operação Lava Jato não adianta nada mesmo. Nem se diga acabar com a roubalheira; pelo que ficou demonstrado na Universidade Federal do Paraná, não está dando nem para diminuí-la um pouco. Dá para acreditar que o covil dos ladrões, durante esse tempo todo, estava num dos locais de trabalho frequentados pelo doutor Moro? Não há nada comparável em nenhum outro lugar do mundo. É artigo que não se imita, como diria Noel Rosa.
Os ladrões de bolsas não impressionam pelos 7 milhões de reais que roubaram; por se contentarem com uma mixaria dessas, é capaz até de receberem um prêmio no final do julgamento. Não seria de todo estranho, num sistema judicial que presenteia com prisão domiciliar e outros benefícios réus confessos e condenados por roubar dezenas de vezes mais – desde que façam a “delação premiada”. O que impressiona é a cegueira de um país em que milhares de magistrados e milhões de cidadãos acham possível eliminar a corrupção sem reduzir ao mínimo indispensável o tamanho do Estado brasileiro – e as oportunidades que ele oferece para ser roubado, da construção de refinarias a bolsas de estudo. Não somos roubados porque estão faltando leis. Somos roubados porque a máquina pública convida os ladrões a roubar.

Deonísio da Silva: Palavras faladas voam, escritas permanecem
Michel Temer recorreu ao 'verba volant, scripta manent', que deve ter retirado de algum compêndio de Direito, ambiente em que tais ditos são muito citados.
Por Augusto Nunes
Domingo, 05 mar 2017, 11h22
No dia 7 de dezembro de 2015, parece que foi ontem, tal a velocidade da época que se vive no Brasil, o então vice-presidente Michel Temer escreveu uma famosa carta à então presidente Dilma Rousseff.
Destacou 11 pontos, provavelmente inspirado por Bertrand Russel, que recomendou aludir a fatos diante de interlocutores ou temas complicados, que suscitam dúvidas em excesso. Outro antigo provérbio lembra que “contra fatos não há argumentos”.
A frase, porém, que o então vice escolheu para epígrafe de sua Carta foi o provérbio que é título deste artigo, cuja versão original em Latim é “verba volant, scripta manent”, que ele deu com a tradução entre parênteses, provavelmente por saber a quem se dirigia.
Estas frases famosas são conhecidas por diversas designações: máximas, provérbios, sentenças e também brocardos. Brocardo porque um bispo alemão chamado Georg Burckard, que viveu no século XI, organizou uma série destas frases em vários volumes. Elas já existiam em grande quantidade nos fins do primeiro milênio.
“Ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore” é outro brocardo muito conhecido e muito citado.
Michel Temer, o agora presidente, recorreu ao ‘verba volant, scripta manent”, que, ele homem de saber jurídico, deve ter retirado de algum compêndio de Direito, ambiente em que tais ditos célebres são muito citados.
Mas por que ele terá recorrido ao Latim? Só o Presidente poderá esclarecer o verdadeiro motivo, mas este escritor e professor aventa a hipótese de que poderá ter sido para indicar, entre tantas diferenças, que ele, um constitucionalista, prezava e preza o Direito. E que ele só assumiria a presidência se o afastamento da então presidente, já muito mais do que um rumor, obedecesse aos atos litúrgicos constitucionais desta passagem, sempre dolorosa e sempre sujeita a controversas interpretações.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Urge apelar ao STF com ADPF contra acordo espúrio “MPF-delatores”
Será que o Ministério Público tem autonomia para definir penas e aplicá-las ao arrepio do Judiciário? Não é o que vai no Inc. LXI do Art. 5º da Constituição
Por Reinaldo Azevedo
Segunda-feira, 6 mar 2017, 04h49 - Atualizado em 6 mar 2017, 06h44
Uma das reportagens mais importantes da Folha sobre a Lava Jato foi publicada no domingo. Está aqui. É de autoria de Wálter Nunes. O título, que está correto, já expressa parte do potencial da bomba porque afronta a Constituição. Lá se lê: “Executivos da Odebrecht cumprirão pena sem condenação”. Sim, o Supremo terá de ser acionado. Já chego lá.
E não! Não se trata de excesso de rigor com a empreiteira, como podem pensar os parvos. É o contrário. O MPF definiu “penas” informais sempre muito leves para os ditos colaboradores. Mas isso tinha um preço: entregar os políticos. A coisa é tão exótica que há gente “cumprindo pena” — modalidades de prisão domiciliar inventadas pelos procuradores — em razão de delações que não foram nem ainda investigadas. É um esculacho.
Para quem ainda não entendeu: os senhores procuradores resolveram tomar para si uma função que é exclusiva do Poder Judiciário. Pior e mais grave para o estado de direito: isso estava no documento das delações homologadas por Cármen Lúcia. Acho que ela nem sabia o que estava fazendo. E isso seria muito grave. Ou então sabia: e seria mais grave ainda.
Vamos lá. Será que o Ministério Público Federal tem autonomia para definir penas e aplicá-las ao arrepio do Judiciário? Não é o que está exposto no Inciso LXI do Artigo 5º da Constituição, a saber: “Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”.
Eis aí. O acordo feito pelo Ministério Público Federal e que pode abranger 72 dos 77 delatores da Odebrecht não fere apenas a Lei 12.850, que trata das delações premiadas. Ele agride também a Constituição. E, homologado ou não por Cármen Lúcia, é preciso que o Supremo de manifeste. É evidente que um preceito fundamental da Carta está sendo violado.
Por essa razão, urge que se ingresse no Supremo com uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), prevista no Parágrafo 1º do Artigo 102 da Constituição. E quem tem a chamada “legitimidade ativa” para ingressar com essa medida? Os mesmos entes que têm competência para recorrer a uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade), a saber:
I – o Presidente da República;
II – a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI – o Procurador-Geral da República;
VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII – partido político com representação no Congresso Nacional;
IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
É bom notar: a atuação do Ministério Público Federal, nesse caso, afronta não só o Poder Judiciário. Também o Legislativo é mandado às favas. Se a Lei 12.850 não é boa o bastante, que seja mudada. Os senhores procuradores não têm o direito de alterá-la ou de ignorá-la. Tampouco podem violar a Constituição.
Eis um momento em que as Mesas do Senado e da Câmara poderiam se tomar de um brio mínimo e recorrer, sim, à ADPF. O mesmo se diga, mas trato disto sem qualquer esperança, sobre a Ordem dos Advogados do Brasil e os partidos políticos. Estão todos com medo! E têm receio de entrar na lista dos supostos “sabotadores” da Lava Jato.
É à sombra desse silêncio energúmeno que a política brasileira vai sendo devastada, arando a terra para o retorno das esquerdas ao poder.

NO BLOG DO JOSIAS
Para salvar Michel Temer, TSE terá de se matar
Josias de Souza
Segunda-feira, 06/03/2017 04:28
Arma-se no Tribunal Superior Eleitoral uma grande encenação. Envolve o processo sobre a reeleição de Dilma Rousseff e Michel Temer. Suas páginas estão apinhadas de provas do uso de recursos ilícitos na campanha vitoriosa de 2014. As evidências tocam fogo na Presidência-tampão de Temer. Para ocultar as manobras que visam a salvar o mandato do substituto de Dilma, ninguém grita incêndio dentro do teatro. Mas a inclusão dos depoimentos de delatores da Odebrecht no processo mostra que, às vezes, torna-se inevitável gritar teatro dentro do incêndio.
Nesta segunda-feira, o ministro Herman Benjamin, relator do processo, interrogará mais dois ex-executivos da Odebrecht: Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar. Com isso, Benjamin fecha a série de cinco oitivas de colaboradores da empreiteira. Os depoimentos forneceram dados que complicam a vida da turma do deixa-disso. Agora, quem quiser se fingir de cego para livrar Temer da cassação terá de fechar os olhos para as propinas que ajudaram a reelegê-lo.
Ao julgar o processo, o TSE não decidirá somente contra ou a favor da interrupção do governo Temer ou da inelegibilidade de Dilma. Os ministros votarão para saber de que matéria-prima é feita a Justiça Eleitoral. Prevalecendo o conchavo, os colegas de Benjamin terão de fazer contorcionismo retórico para justificar um incômodo paradoxo: depois de transformar a auditoria nas contas da chapa Dilma-Temer num marco histórico, o TSE jogará o trabalho no lixo. Em nome da estabilidade da República, manterá a tradição de cassar apenas vereadores, prefeitos e governadores de Estados periféricos.
Inicialmente, tramava-se a separação das contas de Dilma e Temer, sob o pretexto de que apenas as arcas da campanha de madame receberam verbas sujas. Como os votos que o eleitorado deu para Dilma são os mesmos que fizeram de Temer seu substituto constitucional, aceitar a tese da segregação das contas poderia levar à desmoralização. Ficaria claro que, sob o exterior meio idiota de um magistrado disposto a engolir esse lero-lero, se esconde um débil mental completo.
Dentro e fora do TSE, os operadores de Temer agarraram-se a um novo lema: “Nunca deixe para amanhã o que você pode deixar hoje.” Trabalha-se agora para enviar o julgamento às calendas. Algo que talvez leve a plateia a se perguntar: para que serve a Justiça Eleitoral? Se o TSE chegar a esse ponto, como parece provável, potencializará a impressão de ter perdido a sua função.
Os partidários do resgate de Temer alegam que o TSE não pode ficar alheio à conjuntura política e econômica. O risco de mergulhar o país numa turbulência que ameaçaria a tímida recuperação da economia justificaria um olhar atenuatório sobre as culpas e as omissões de Temer.
Recorda-se, de resto, que a cassação de Temer desaguaria numa eleição indireta para a escolha do seu substituto. Como prevê a Constituição, caberia ao Congresso, abarrotado de parlamentares enrolados no Petrolão, apontar o nome do próximo presidente. Paradoxo supremo: para fugir da lama congressual, finge-se que a podridão da campanha não existiu.
Se a sensibilidade auditiva fosse transportada para o nariz, as pessoas, ao ouvir o burburinho por trás das portas de certos gabinetes brasilienses, sentiria um mau cheiro insuportável. É um odor típico dos processos de decomposição. Para salvar Michel Temer, o Tribunal Superior Eleitoral terá de se matar.

NO O ANTAGONISTA
Quem tem medo de Janot?
Brasil 06.03.17 07:20
Quem tem medo de Rodrigo Janot?
O levantamento da Folha de S. Paulo sobre a primeira lista de investigados da PGR mostra que o alarme dos políticos é ridiculamente despropositado.
“O anúncio da lista, em 6 de março de 2015, foi cercado de expectativa. Ao longo de meses, o procurador-geral da República manejou a relação em sigilo.
O ministro Teori Zavascki acolheu todos os pedidos e autorizou a abertura de 25 inquéritos. O STJ abriu mais dois.
Dois anos depois, 40% das 27 investigações foram arquivadas no todo ou em parte ou juntadas a outra apuração e outros 17 casos seguem em aberto, sem conclusão”.
A taxa de insucesso da PGR
Brasil 06.03.17 07:17
A nova lista Janot está quase pronta para ser encaminhada ao STF.
A Folha de S. Paulo analisou os resultados da primeira lista Janot, apresentada exatamente dois anos atrás.
Apenas 8% dos 50 políticos investigados se tornaram réus e nenhum deles foi condenado até agora.
O PT é impressionante
Brasil 06.03.17 07:12
O ministro Herman Benjamin ficou “particularmente impressionado” com o depoimento de Marcelo Odebrecht, segundo o Estadão.
“Primeiro, pelo grau de acesso e de domínio que o empresário contou ter ao topo da cadeia de poder, sugerindo a impressão de apropriação do poder público pelo poder privado.
Segundo, pelo valor de Caixa 2 – R$ 180 milhões –, desproporcionalmente gigantesco em relação às doações oficiais. O ministro batizou de Caixa 3, ou barriga de aluguel, a doação da Odebrecht para uma outra empresa o Grupo Petrópolis, da cervejaria Itaipava fazer o repasse, modalidade que considerou uma novidade no esquema de corrupção”.
O Estadão não disse, mas o topo da cadeia de poder era representado por Lula e Dilma Rousseff.
O Estadão também não disse, mas o 180 milhões de reais em Caixa 2 e Caixa 3 foram repassados a Dilma Rousseff e ao PT.
Vamos vazar
Brasil 06.03.17 06:20
Para evitar vazamentos nos depoimentos de hoje, “advogados, juízes auxiliares, membros do Ministério Público e até mesmo o ministro Herman Benjamin terão que deixar o celular do lado de fora da sala”, diz o Estadão.
O Antagonista, que publicou com exclusividade os depoimentos anteriores, considera que é um dever da imprensa furar o bloqueio do TSE.
O primeiro dia de uma semana explosiva
Brasil 06.03.17 06:07
Segunda-feira explosiva.
O ministro Herman Benjamin vai ouvir Alexandrino Alencar, Hilberto Silva e Cláudio Melo Filho às 17 horas.
Enquanto isso, na PGR, deve ser arrematada a nova lista Janot, com seus pedidos de inquérito e desmembramentos.
O filho de Cabral podia dormir sem essa
Brasil Domingo, 05.03.17 11:20
Marco Antônio Cabral, caçula de Sérgio Cabral, foi expulso duas vezes de um camarote da Sapucaí neste Carnaval. Deputado federal, tentou entrar sem a pulseira que dava acesso à área. E queria colocar dois amigos na balada.
Expulso pela segurança, deu a famosa carteirada: “Você sabe quem eu sou?”
Segundo o Radar, da Veja, uma recepcionista respondeu: “Sei. E você não tem condição moral de achar que manda alguma coisa aqui”.
Podia dormir sem essa.

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