PRIMEIRA EDIÇÃO DE 1º-9-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
01 DE SETEMBRO DE 2016
O PT deixou claro a Dilma Rousseff que fora da presidência da República ela virou peça descartável para o partido. Após o Senado destituí-la do cargo em definitivo, Dilma leu um vigoroso discurso de protesto contra o impeachment. Auxiliares próximos dizem que Dilma não sabe ainda o que vai fazer da vida, mas o “gelo” que já percebe no PT pode levá-la de volta ao PDT, o primeiro partido a que se filiou.
No PDT, Dilma dava uma assessoria a Leonel Brizola à distância, enviando-lhe um clipping diário de notícias, sua maior especialidade.
Dilma fez discurso cheio de mágoas, ontem, diante de uma pequena plateia na qual uma ausência foi muito notada: o ex-presidente Lula.
Por influência de sua mulher, Lula não associa sua imagem a más notícias: áreas inundadas, deslizamentos, queda do jato da TAM...
Segundo pesquisas internas no PT, Dilma lembra mais o envolvimento do partido com corrupção que Lula, o chefão.
Os 61 senadores que aprovaram o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (31), foram eleitos por um total de 83,1 milhões de votos, em todos os estados e no Distrito Federal. Em 2010, foram eleitos dois senadores em cada unidade da federação e um senador em 2014. A representatividade popular dos 61 senadores supera em mais de 29 milhões a votação que reelegeu Dilma em 2014.
A soma de votos representa todos os votos individuais recebidos por senadores que se encontram no exercício do cargo.
Os votos de alguns senadores não foram considerados: caso de José Serra, eleito com 11 milhões de votos, mas agora licenciado do cargo.
Somente a votação dos senadores paulistas e mineiros pró- impeachment representa impressionantes 48 milhões de eleitores.
O precedente criado no Senado, sob influência do Jurista de São Bernardo, beneficia Eduardo Cunha: se for cassado, tem chance de se livrar da perda dos direitos políticos e pode estar de volta em 2018.
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, deve ter propriedades mediúnicas: confessou que avaliava desde sábado o fatiamento da Constituição. Notável premonição sobre o “destaque” de autoria do PT.
Não por acaso o presidente do Senado, Renan Calheiros, alvo de oito denúncias graves no Supremo Tribunal Federal, foi um dos artífices da presepada que criou a figura da cassação pela metade.
A desconcertante sinceridade de Michel Temer, em sua primeira reunião de governo, reclamando do acordão de Renan Calheiros para impedir a suspensão dos direitos políticos de Dilma, fez parecer que o presidente não sabia que falava ao vivo para todo o País.
Ricardo Lewandowski ignorou a jurisprudência do STF, que ele próprio preside: provocado pelo ex-presidente Fernando Collor, a Corte decidiu que é inseparável cassação do mandato da perda dos direitos políticos.
O presidente Michel Temer vai reencontrar um amigo, na reunião dos países do G-20, em Hangzhou: o atual presidente da China, Xi Jinping. Ele pediu uma reunião com Temer por 40 minutos, não os 15 de praxe.
Gente com memória fraca diz que Itamar Franco “não se envolveu” no impeachment de Fernando Collor. Itamar não fez outra coisa, também por meio de auxiliares como o embaixador José Aparecido. Além disso, entregou o governo ao Senado que julgaria o presidente afastado.
Presidido pelo Jurista de São Bernardo, o Senado não precisou de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para alterar a Constituição. Agora, para isso, basta articular a aprovação de destaque no plenário.
...o Jurista de São Bernardo, berço do PT, criou o meio “impichado”: perde-se o mandato, mas não os direitos políticos.

NO DIÁRIO DO PODER
JULGAMENTO DE DILMA
CELSO DE MELLO ACHA QUE IMPEACHMENT E INABILITAÇÃO SÃO INDISSOCIÁVEIS
SEM COMENTAR O CASO DILMA, MINISTRO DISCORDA DO 'FATIAMENTO'
Publicado: quarta-feira, 31 de agosto de 2016 às 23:34 - Atualizado às 23:37
Redação
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), estranhou nesta quarta-feira (31), tanto quanto qualquer brasileiro, que o impeachment de presidente da República implica necessariamente em inabilitação para ocupar cargos públicos. No julgamento da ex-presidente Dilma Rousseff no Senado, o conchavo entre senadores do PMDB e do PT, com anuência do presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowski, os direitos políticos da condenada foram preservados.
Ele disse que não opinaria no caso concreto ocorrido nesta quarta-feira, 31, mas lembrou que votou dessa forma em 1992, em mandado de segurança proposto pela defesa do ex-presidente Fernando Collor após o processo de impeachment. “Eu não posso responder especificamente essa pergunta, porque já se veiculam notícias de que poderia haver uma impugnação perante o STF dessa deliberação”, ressalvou Celso de Mello, mas, observou, “eu posso dizer é que, quando nós decidimos o último mandado de segurança impetrado pelo presidente Collor, o meu voto foi um voto vencido no sentido de que o artigo 52 da Constituição da República compõe uma estrutura unitária incindível, indecomponível, de tal modo que, imposta a sanção destitutória consistente da remoção do presidente da República, a inabilitação temporária por oito anos para o exercício de qualquer outra função pública ou eletiva representa uma consequência natural, um efeito necessário da manifestação condenatória do Senado Federal”, disse ele ao jornal O Globo.
Mais antigo ministro no STF, Celso de Mello declarou na ocasião do caso Collor que, perdendo o cargo, o presidente ficaria automaticamente inabilitado.
Nesta quarta-feira, Celso de Mello também disse que a Lei da Ficha Limpa só pode ser aplicada em casos explícitos. A norma não menciona o cargo de presidente da República.
“Nós não podemos aplicar por analogia medidas que envolvam restrição a direitos. E estamos falando de um direito fundamental: de participação política, que compete a todos e a cada um de nós como cidadãos de uma república livre e democrática. Portanto, inelegibilidade apenas onde houver expressa previsão. Se o Senado optou por não impor à presidente Dilma Rousseff a sanção de inabilitá-la temporariamente para o exercício de qualquer função pública, eletiva ou de nomeação, então a consequência parece-me evidente”.

NADA DE NOVO SOB O SOL
Carlos Chaga
Quinta-feira, 1º-9-2016
Quem abrir a janela, hoje de manhã, verá a mesma luz do Sol, se não estiver chovendo, e a mesma balbúrdia proveniente do trânsito, das crianças indo para a escola, e das donas de casa apressadas para as compras de sempre.
Numa palavra, nada terá mudado. O gosto da pasta de dentes, do café e o frio do chuveiro serão iguais.
Sendo assim, melhor ninguém se entusiasmar com os editoriais dos jornais ou a euforia dos locutores e comentaristas de rádio e televisão, a respeito de o Brasil ter amanhecido outro, diferente e promissor, por conta da deposição de Dilma Rousseff na véspera. Ou por dispormos de um novo presidente, senão cheio de promessas, ao menos disposto a minorar os efeitos da crise econômica. É verdade que Michel Temer mandou-se para a China, quando deveria estar se mostrando por aqui, ou melhor, começando a trabalhar.
Mas é preciso insistir: o País não mudou um milímetro, exceção de Madame ter sido afastada e seu substituto, assumido, apesar de há mais de cem dias estar nas telinhas e nas primeiras páginas como interino. Fica devendo uma apresentação por inteiro, em especial sobre os sacrifícios que exigirá da população e com quem espera contar para eles.
Itamar Franco, na mesma situação, reuniu os líderes de todos os partidos e disse que renunciaria caso não dispusesse da boa vontade de todos na busca de soluções para os graves problemas nacionais. Só o PT saltou de banda, colhendo depois duas derrotas do Lula para Fernando Henrique. Bem feito, mas a perspectiva, para agora, parece igual.
Ficam o vazio e a interrogação: como conter o desemprego que ultrapassou doze milhões de trabalhadores? De que maneira retomar o crescimento econômico reduzindo conquistas sociais e abrindo maiores espaços para os privilégios das elites.
Enfim, agosto se foi.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Mantega, o Profeta
Guido Mantega previu o fim de Dilma mas não contou para a chefe
Por: Augusto Nunes 
Quarta-feira, 31/08/2016 às 18:59
“Ninguém quer mais saber de déficit público ou de inflação. Se no futuro for eleito um presidente irresponsável, ele terá de se submeter a regras consolidadas ou será ‘impichado’”. (Guido Mantega, na entrevista concedida a VEJA em dezembro de 2007, quando era ministro da Fazenda de Lula, revelando que ou se esqueceu de transmitir o aviso a Dilma Rousseff ou preferiu calar-se para não levar mais um pito)

Vlady Oliver: Os nomes aos bois
Veja a lista dos que ajudaram a tropa de Dilma a estuprar a Constituição
Por: Augusto Nunes 
Quarta-feira, 31/08/2016 às 18:52
Sempre sou acusado por aqui de não nominar meus desafetos. Se o faço, é com a intenção de preservar o próprio mentor deste espaço, responsável por tudo que aqui é publicado e que não merece ser responsabilizado judicialmente pelas gargantas barulhentas de seus comentaristas mais destemperados. No entanto, o momento exige uma exceção. Aqui vão os nomes da turma que, em parceria com o bando de Dilma, estuprou a Constituição para preservar os direitos políticos da presidente castigada com o impeachment:
– Acir Gurgacz
– Antonio Carlos Valadares
– Cidinho Santos
– Cristovam Buarque
– Edison Lobão
– Eduardo Braga
– Hélio José
– Jader Barbalho
– João Alberto Souza
– Raimundo Lira
– Renan Calheiros
– Roberto Rocha
– Rose de Freitas
– Telmário Mota
– Vicentinho Alves
– Wellington Fagundes
Três favoreceram Dilma com a abstenção:
– Eunício Oliveira
– Maria do Carmo Alves
– Valdir Raupp
Como venho defendendo aqui mesmo, a única forma de limpeza de nossa democracia contaminada é o conhecimento. É a verdade. São as reais intenções postas a nu. Michel Temer acaba de dar uma demonstração de transparência, franqueando o início de sua reunião ministerial à imprensa. Muito diferente da malandragem arquitetada na surdina, na intenção de minimizar os efeitos do impeachment e não punir a presidente afastada pelos seus atos e improbidades.
A historinha sentimentaloide de que foi um gesto de grandeza não cola. Foi um tapa na cara da Nação e da cidadania, urdido na calada da noite. Que respondam nas urnas por mais essa pilantragem. Nesses senhores aí em cima eu não votarei nunca mais. Latrina neles.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
VAMOS PARAR DE CONFUSÃO: FALSETA DE LEWANDOWSKI PRÓ-DILMA NÃO BENEFICIA CUNHA!
Atenção! Lei da Ficha Limpa é, de fato, omissa em relação ao presidente da República, mas Cunha, se cassado, incide na Alínea b da Lei Complementar 64
Por: Reinaldo Azevedo 
Quinta-feira, 01/09/2016 às 6:44
Não!
A decisão que beneficiou — por enquanto ao menos — Dilma Rousseff, livrando-a da inabilitação para cargos públicos, não vai beneficiar automaticamente o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que não quer dizer que ele não vá tentar manobrar, é claro! Como é mesmo? Se a Constituição não existe, então tudo pode parecer permitido. Vamos ver.
É preciso pôr alguns pressupostos nesse debate.
Em primeiro lugar, Ricardo Lewandowski tomou uma decisão inconstitucional ao fatiar a votação — na verdade, ele fatiou a Constituição e a fez objeto de destaque. A manobra é grosseira. Tanto pior porque ancorada num artigo meramente procedimental do Regimento Interno do Senado e num erro crasso cometido pela Casa no julgamento de Collor. Mas esse é apenas um registro de rigor. O que importa é outra coisa.
A Lei da Ficha Limpa, aquela que já nasceu de porre, que torna inelegível até alguém que tenha sido punido por um conselho profissional, é, de fato, omissa quanto à inelegibilidade de um presidente da República condenado por crime de responsabilidade.
O texto é tão estúpido que um presidente se torna inelegível se renunciar, mas não se for condenado. Faz sentido? A resposta, obviamente, é não.
Ocorre que, se Cunha for cassado, seu caso está previsto na Alínea b da Lei Complementar nº 64, que vem a ser justamente aquela que foi alterada pela chamada Ficha Limpa. E aquela alínea foi recepcionada no novo texto. Lá está escrito que são inelegíveis:
“Os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura;”
Se Cunha for cassado, será por quebra do decoro parlamentar, que é justamente o Inciso II do Artigo 55, de que trata a lei.
A chance de o deputado não ter seus direitos políticos cassados, pois, é ser absolvido. Se for cassado, ele cai da Lei da Inelegibilidade. A gambiarra de Lewandowski não serve pra ele.
Sim, inventada uma gambiarra, grotesca como foi, talvez se tentem inventar outras. Uma coisa é fato: a tramoia que, por enquanto, beneficia Dilma não beneficia Cunha. Será preciso apelar a um novo dispositivo do direito criativo.

Dilma tem de ser coerente com o que diz e voltar à luta armada
Em discurso indigno e falacioso, ex-presidente compara o seu impeachment ao golpe de 1964
Por: Reinaldo Azevedo 
Quinta-feira, 01/09/2016 às 4:48
Não sei se entendi direito a fala da ex-presidente Dilma. Temos uma incompatibilidade fundamental. Eu sou fanaticamente lógico. E a presidente é patologicamente ilógica. Então as coisas se complicam entre nós. Eu aposto sempre no sentido das palavras. Dilma é viciada em anacolutos sintáticos e mentais. Então vamos lá.
Ela resolveu abusar da fala condoreira em seu primeiro pronunciamento depois do impeachment, cercada de sua Armata Brancaleone. E disparou:
“Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado. Esse é o segundo golpe que enfrento na vida. O primeiro, um golpe militar apoiado na truculência das armas da repressão e da tortura, que me atingiu quando eu era uma jovem militante. O segundo, parlamentar, desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica que me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo. É uma inequívoca eleição indireta”.
Mas calma que vem mais. E aí será preciso juntar o trecho abaixo ao anterior:
“Sei que todos nós vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer. Repito: a mais determinada oposição que um governo golpista pode sofrer (…). Nós voltaremos para continuar nossa jornada rumo ao Brasil em que o povo é soberano”.
Para onde isso leva Dilma? Entendo que de volta à luta armada, ora bolas! Vamos ver. Se ela diz que esse é o segundo golpe que enfrenta — em março de 1964, tinha 16 anos; se ela diz que o que muda é só a forma; se ela prega “a mais determinada oposição que um governo golpista pode sofrer”, o que devo concluir? É para pegar de novo na metranca! Acho que Dilma tem de cair na clandestinidade e aderir de novo à luta armada.
Convenham: oposição, mesmo “a mais determinada”, entendo, se faz no Congresso e nos espaços institucionais quando se está numa democracia. Quando se trata de enfrentar o golpe, o limite da determinação há de ser a porrada. Aliás, enquanto ela fazia esse discurso, seus partidários saíam depredando lojas e bancos em São Paulo e metendo fogo em bens públicos.
Dilma chama a maior recessão da História do País, decorrência do seu governo desastrado, de “projeto nacional progressista, inclusivo e democrático”. Segundo ela, o dito-cujo está sendo “interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal.”
Aquela que comandou o governo que quebrou a Petrobras, onde se acoitava uma quadrilha de ladrões e vagabundo, diz que seus adversários “vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social”. O bom é capturar o Estado e colocá-lo a serviço de um bando.
A mulher que é figura central das delações de algumas das mais vistosas personagens do escândalo sob investigação afirma: “Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado”.
E voltou com o discurso terrorista já conhecido: “O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.”
Os desastres protagonizados por Dilma fizeram a economia recuar, em muitos indicadores, a números de 10 anos passados. Para vocês terem uma ideia, a dívida bruta brasileira em relação ao PIB só voltará ao patamar de 2013 no ano de 2030.
Os crimes cometidos por esta senhora e por seu partido são muito mais graves do que os de responsabilidade. São crimes de lesa pátria.
De todo modo, dado o seu discurso, espero a qualquer momento que anuncie a adesão a algum novo grupo terrorista.
Nota: três senadores discursaram contra a perda dos direitos políticos de Dilma. E os três falaram em conciliação e mão estendida: Kátia Abreu (PMDB-TO), João Capiberibe (PSB-AP) e Jorge Viana (PT-AC).
Parece que Dilma prefere outra coisa.

Renan e Eunício conspiraram com Lewandowski contra a Constituição; grupo de Temer foi surpreendido
Entre os 19 senadores que votaram pela cassação, mas não pela perda dos direitos políticos, 10 são do PMDB; a maioria é da esfera de influência de Renan
Por: Reinaldo Azevedo 
Quinta-feira, 01/09/2016 às 2:59
Que diabos, afinal de contas, aconteceu para 61 senadores votarem no impeachment de Dilma, mas só 42, 19 a menos, em favor também da sua inabilitação para a vida pública? Eram necessários 54. Ficaram faltando 12. Dos 19, oito peemedebistas resolveram manter os direitos políticos da impichada, a saber: Renan Calheiros (AL), Edison Lobão (MA), Raimundo Lira (PB), Eduardo Braga (AM), Hélio José (DF), Jader Barbalho (PA), Rose de Freitas (ES) e João Alberto Souza (MA). Houve duas abstenções: Eunício Oliveira (CE), líder do partido na Casa, e Valdir Raupp (RO).
Atenção, a maioria desses 10 peemedebistas que deram uma mãozinha para Dilma é constituída de peixes graúdos. Será que o próprio presidente Michel Temer endossou a patuscada? Não! Sigamos. Já volto ao ponto. O DEM também deu a sua ligeira contribuição, com a abstenção de Maria do Carmo (SE). Os outros votos exóticos se distribuem em quatro partidos: Telmário Motta (AP) e Acir Gurgacz (RO), ambos do PDT; Cristovam Buarque (PPS-DF); Antônio Valadares (SE) e Roberto Rocha (MA), ambos do PSB, e Cidinho Santos (MT), Vicentinho Alves (TO) e Wellington Fagundes (MT), os três do PR.
O que aconteceu? Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eunício Oliveira, líder do PMDB na Casa, conspiraram com Ricardo Lewandowski, que preside o Supremo, contra a Constituição.
Logo depois da votação, Renan viajou para a China com o presidente Michel Temer. Teria sido um jogo ensaiado? Não! Foi só uma demonstração de força do enroscado presidente do Senado. Como esquecer que, em dezembro do ano passado, os dois trocaram farpas publicamente? Referindo-se ao então vice-presidente, o senador afirmou que o PMDB não tinha dono. Temer respondeu que o partido não tinha dono nem coronéis. O político alagoano só deixou de ser um esteio de Dilma no Senado quando percebeu que ela já não tinha mais saída.
A articulação foi comandada pessoalmente por Renan, cuja influência se estende além do seu partido. Os únicos que não são, vamos dizer, da sua turma, entre os 19, são Cristovam Buarque e Acir Gurgacz.
E por que não se pode atribuir ao espírito conciliador de Temer tal resultado? Porque não é do interesse do presidente. A verdade é que o Palácio do Planalto, em especial o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tomou a chamada “bola nas costas”, como se diz no futebol. Ou levou um chapéu.
Tivesse se cumprido a Constituição, que, entendo, foi fraudada por Ricardo Lewandowski, as ações que tramitam no TSE contra a chapa Dilma-Temer perderiam a razão de ser. Agora não mais. Afinal, um dos objetos do que se julga lá remanesce: a inelegibilidade de Dilma, que decorre da eventual cassação da chapa, o que pode colher Temer. A conspirata da qual Lewandowski participou só torna mais enrolado o cipoal jurídico.
Renan, o “companheiro” da viagem à China, deu uma demonstração evidente de poder. E quis dizer a Temer que, no Senado, a governabilidade tem de passar, sim, por ele. O resultado provocou, por motivos compreensíveis, um profundo desconforto no PSDB.

NO BLOG DO JOSIAS
Avisado, Lewandowski preparou-se para manobra que suavizou punição de Dilma
Josias de Souza
Quinta-feira, 01/09/2016 05:09
A manobra regimental que atenuou a punição de Dilma Rousseff foi negociada em segredo por parlamentares leais à presidente cassada com o mandarim do Senado, Renan Calheiros. Embora chame o impeachment de “golpe”, Dilma concordou com o acerto que lhe assegurou o direito de assumir cargo público mesmo depois de deposta. Lula avalizou a articulação. Informado com antecedência, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, estudou leis e regimentos. Equipado, refutou todas as ponderações em contrário. Escorando-se em anotações minuciosas, deferiu o fatiamento da votação, em desacordo com o que prevê a Constituição.
A matéria está regulada no parágrafo único do artigo 52. O texto constitucional é claro como água de bica. Prevê que o impedimento deve ser votado junto com a proibição de exercer cargos públicos. Anota que, nos casos de crime de responsabilidade, os senadores votam “a perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.” Coube ao PT apresentar o requerimento para votar separadamente a segunda parte da condenação. Inicialmente, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra e amiga de Dilma, tomaria a inciativa. Mas verificou-se que o pedido teria de ser feito em nome de um partido.
Para deferir o pedido, Lewandowski brandiu artigos extraídos do regimento interno do Senado e da Lei 1.079. Fez isso mesmo sabendo que a Constituição se sobrepõe à legislação infraconstitucional. O inusitado roçou a fronteira do paroxismo nos instantes e que o presidente do Supremo equiparou o julgamento do impeachment à análise de uma proposição ordinária, passível de ser emendada. Nessa versão, aplica-se o artigo 312 do regimento do Senado, que faculta aos partidos requerer o destaque de trechos de propostas submetidas à deliberação dos senadores para que sejam votados separadamente.
Graças a essa excentricidade jurídica, o Senado subverteu um mandamento constitucional valendo-se de um reles regimento interno. Deu-se, então, o fenômeno do voto com dupla personalidade. Dilma foi deposta por 61 votos a 20. Na segunda votação, apenas 42 senadores votaram a favor da inabilitação da condenada para o exercício de cargos públicos — 12 votos abaixo do mínimo necessário. Ironicamente, deve-se sobretudo ao PMDB, partido do “golpista” Michel Temer, o tratamento misericordioso dispensado a Dilma.
Dez senadores do PMDB que votaram a favor do impedimento viraram a casaca na segunda rodada. Oito votaram contra a inabilitação: Edison Lobão (MA), Eduardo Braga (AM), Hélio José (DF), Jader Barbalho (PA), João Alberto Souza (MA), Raimundo Lira (PB), Rose de Freitas (ES) e Renan Calheiros (AL). Dois se abstiveram de votar: o líder da bancada Eunício Oliveira (CE) e Valdir Raupp (RO). Na prática, a abstenção vale tanto quando um voto a favor de Dilma.
Mantidos completamente no escuro sobre as negociações que se arrastavam há pelo menos duas semanas, os senadores do PSDB e do DEM escalaram as tamancas. Aliados do governo, tomaram como um gesto de traição a aliança dos peemedebistas com o PT. Líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes fez chegar ao Planalto a contrariedade da tropa. Os mais exaltados falavam em rompimento. Michel Temer apressou-se em ligar para Aécio Neves (MG), presidente do PSDB. Disse-lhe que também desconhecia a articulação pró-Dilma.
Aécio informou a Temer que PSDB e DEM recorreriam ao Supremo contra o refresco servido a Dilma. Ficou combinado que Romero Jucá (RR), presidente em exercício do PMDB, subscreveria o recurso. No final da tarde, porém, abandonou-se a ideia de recorrer. Pelo menos dois senadores do PMDB informaram ao blog que Temer foi informado sobre a manobra que disse desconhecer. Mais que isso: ele teria avalizado o abrandamento do castigo a Dilma.
Em sua primeira reunião ministerial depois de ser empossado como presidente efetivo, Temer referiu-se ao episódio que trincara seu bloco de apoiadores no Senado. “Hoje, tivemos um pequeno embaraço até na base governamental, em face de uma divisão que lá se deu'', declarou, sob refletores. ''É outra divisão também inadmissível. Se é governo, tem que ser governo”, completou, num timbre que foi entendido pelo tucanato como uma espécie de bronca cenográfica no PMDB.
Além dos partidários do impeachment, também integrantes da força-tarefa da Lava Jato espantaram-se com o comportamento de Lewandowski. Em conversa com o blog, um dos procuradores ironizou: “O ministro estava tinindo nos cascos.” O comentário remete a uma página pouco dignificante do caso do Mensalão. No dia em que a denúncia da Procuradoria da República foi convertida em processo penal, Lewandowski foi o ministro que mais divergiu do voto do relator Joaquim Barbosa. Foram 12 divergências. Ele discordou, por exemplo, do acolhimento da denúncia contra José Dirceu e José Genoino por formação de quadrilha.
Terminada a sessão, Lewandowski foi jantar com amigos num restaurante de Brasília. A certa altura, soou-lhe o celular. Era o irmão, Marcelo Lewandowski. O ministro levantou-se da mesa e foi para o jardim externo do restaurante. Por mal dos pecados, uma repórter, acomodada em mesa próxima, escutou algumas de suas frases.
“A imprensa acuou o Supremo. Todo mundo votou com a faca no pescoço”, disse Lewandowski na época. “A tendência era amaciar para o Dirceu”, acrescentou. Deu a entender que, não fosse pela lâmina na jugular, poderia ter divergido mais de Barbosa: “Não tenha dúvida. Eu estava tinindo nos cascos.”
Os investigadores da Lava Jato receiam que o Senado tenha inaugurado uma trilha que será percorrida por políticos que se encontram sob investigação. Entre eles o próprio Renan Calheiros e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que já começou a se mexer.

NO O ANTAGONISTA
Brasil 01.09.16 07:02
Assim como os Estados Unidos, a União Europeia já descartou Dilma Rousseff...
O Financista 01.09.16 07:09
Valor, em editorial:
"O impedimento de Dilma por crime de responsabilidade, mas com a manutenção dos direitos políticos...
Brasil 01.09.16 06:38
O golpe do STF contra a Lava Jato, iniciado no julgamento do impeachment, com Ricardo Lewandowski, pode continuar hoje.
O tribunal decide daqui a pouco se condenados em segunda instância podem ser presos...
Brasil 01.09.16 06:24
Dilma Rousseff chamou Telmário Mota de “filho da puta”.
Ela soltou o xingamento, segundo a Folha de S. Paulo, quando soube que o senador havia votado a favor do impeachment...
Brasil 01.09.16 06:05
O golpe costurado por Lula e Renan Calheiros para blindar Dilma Rousseff contra a Lava Jato será estendido a todos os membros da ORCRIM.
O Estadão, em editorial, mostra que, se isso passar, o governo de Michel Temer já nasce morto...
Brasil 01.09.16 05:44
As falanges do PT, ontem à noite, infernizaram São Paulo.
O Bradesco, que apoiou e financiou Lula e Dilma Rousseff, foi depredado. A Folha de S. Paulo, que publica o chefete do MTST - um dos promotores da barbárie petista - foi vandalizada...
O Financista 31.08.16 21:18
Com a decisão do Copom de manter a Selic em 14,25% ao ano, o Brasil segue confortavelmente como o campeão mundial de juros reais...
Brasil 31.08.16 21:07
A baderna em São Paulo e a abolição da pena prevista no artigo 52 da Constituição são faces da mesma moeda de troca com o PT.
Não se pode esperar ordem de um país cujos políticos rasgam a Carta Magna para beneficiar-se reciprocamente.
Brasil 31.08.16 21:03
Roberto Requião? Lindbergh? Guilherme Boulos? Jandira Feghali? Maria do Rosário? Lula?
Essa era a "oposição implacável"?
Felizes com as imagens que chegam de São Paulo?

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