DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Sete empreiteiras enroladas no Petrolão ganharam dos governos Lula e Dilma mais de 3.500 financiamentos diretos do BNDES na aquisição de máquinas e equipamentos para execução das obras bilionárias para as quais foram contratadas por outros órgãos da administração federal, como Petrobras e Eletrobras. As sete enroladas são Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, UTC, Odebrecht, OAS, Engevix e Camargo Corrêa.
Para não faltar dinheiro farto e barato do BNDES, só no financiamento direto as empreiteiras faturaram na era PT mais de R$ 2,37 bilhões.
Maior beneficiada por financiamentos diretos do BNDES, a Camargo Corrêa levou R$ 520 milhões do contribuinte nos últimos 12 anos.
Chefe da CGU, Jorge Hage, que só age a reboque, nem esperou o Dia Internacional de Combate à Corrupção, hoje (9), para sair do governo.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, elogiado por sua atuação durante a última campanha, está chocado com os custos do processo eleitoral no Brasil que, segundo ele, é o dobro da campanha nos Estados Unidos. Nesta terça (09), Toffoli deve conversar com o colega Gilmar Mendes, no TSE, sobre formas de tornar mais eficazes controle e limites dos custos de campanha.
Gilmar Mendes é o ministro relator das contas de campanha de Dilma. O PT anda morrendo de medo da mão pesada do ministro.
Aos amigos, Dias Toffoli concluiu, desolado: “Já tivemos Mensalão, Petrolão e pelo andar da carruagem vamos ter outros escândalos”.
O desabafo de Dias Toffoli foi feito a amigos, em voz audível, durante feijoada do restaurante Figueira Rubayat, sábado (6), em São Paulo.
O envolvimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, peça-chave no Petrolão, devastou a família. A própria mãe ignorava os negócios dele. A vida de ex-assessores foi vasculhada pela Polícia Federal.
Ministro recém-aposentado no STF não ficou surpreso com as reuniões – reveladas pela imprensa – do procurador-geral, Rodrigo Janot, com empreiteiras do Petrolão: “É típico. Escorregadio, pensa que é esperto”.
É de D. Marisa a cobertura triplex de Lula no Guarujá (SP), que a coluna mostrou em 2008. O prédio “Mar Cantábrico” só saiu do papel na Bancoop após os R$100 mil que condôminos pagaram à OAS.
Informado do projeto de Marcelo Crivella (PRB-RJ) que pretende proibir a polícia de subir morros cariocas com armas de fogo, o empresário José Lírio de Aguiar sugeriu que o senador vá na frente, na primeira subida da PM no Morro dos Macacos, após a lei entrar em vigor.
Foram quase 60% (58,7%) e não 71% os pareceres da Procuradoria Geral Eleitoral favoráveis ao PT nas eleições, segundo a própria PGE. Os petistas levaram a melhor em 91 dos 155 processos.
O vice-procurador geral eleitoral, Eugênio Aragão, candidato à vaga de Joaquim Barbosa no Supremo, apesar do parecer técnico, recomendou a rejeição da impugnação do PSDB às contas da campanha de Dilma.
…comprar a R$ 8 não é uma boa ação na Petrobras. É ato de caridade.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES

Os leitores nativos logo terão de aprender Francês para saber o que acontece no Brasil, sugere a página do Le Monde acima reproduzida. Como se vê, o jornal editado em Paris noticiou com destaque um fato ocorrido em São Paulo que os jornalões brasileiros esconderam em espaços mesquinhos e textos tão verazes quanto um discurso da inventora do dilmês.
A turma que maltrata a verdade e o Português enxergou uma “passeata da discórdia” e menos de mil manifestantes berrando slogans dissonantes, frequentemente antagônicos. Le Monde viu o que efetivamente aconteceu: um ato de protesto promovido por milhares de cidadãos indignados com o governo corrupto de Dilma Rousseff.
“O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter”, constatou Cláudio Abramo. O tratamento conferido ao mesmíssimo fato por jornais da França e do Brasil grita que inteligência e caráter são artigos em falta por aqui.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
A agonia da Petrobras parece não ter fim. E não terá até que a presidente Dilma Rousseff tome uma providência drástica, que acene com alguma seriedade no trato da cadeia de descalabros que tomou a empresa. Toda a diretoria — toda, sem exceção — tem de ser demitida. É preciso também substituir, com as desculpas antecipadas aos que nada têm a ver com a bandalheira, os cargos executivos de gerência. Não custa lembrar que Pedro Barusco, o homem que fez, até agora, o maior acordo para a devolução de dinheiro, era um mero gerente. Ah, sim: estamos falando de US$ 97 milhões. E por que se cobra aqui essa atitude?
O escritório americano de advocacia Wolf Popper, em parceria com o Almeida Law, no Brasil, entrou na Justiça americana contra a petroleira brasileira. Eles representam um grupo de investidores — já falo a respeito deles — que compraram ações na Bolsa de Nova York (as chamadas ADRs) entre maio de 2010 e novembro de 2014. Pois bem: a alegação é a de que a estatal brasileira mentiu aos acionistas e omitiu dados importantes, ferindo cláusulas da “Securities Exchange Act”, legislação que regula as empresas de capital aberto dos EUA.
E quais fatos são relacionados para caracterizar a mentira e a omissão? As evidências de corrupção. E os escritórios estão com um trunfo nas mãos, dado por Graça Foster, presidente da Petrobras — e podem apresentar outro, dado por Dilma Rousseff, que preside nada menos do que a República. Vamos ver. No dia 11 de novembro deste ano, escrevi aqui um texto apontando um absurdo dito por Graça naquela terça-feira, numa conferência com investidores, quando anunciou, então, que adiaria a divulgação do balanço trimestral. E o que afirmou a mulher que preside a estatal?
Antes de reproduzir a sua fala, tenho de lembrar alguns fatos. Em fevereiro, reportagem de VEJA informou que a empresa holandesa SBM havia pagado propina a funcionários da Petrobras em operação envolvendo plataformas de petróleo. No fim de março, Graça concedeu uma entrevista em que negou solenemente que houvesse alguma irregularidade. No mês passado, eis que esta senhora diz o seguinte (reproduzo entre aspas):
“Passadas algumas semanas, alguns meses [da investigação interna da Petrobras], eu fui informada de que havia, sim, pagamentos de propina para empregado ou ex-empregado de Petrobras. Imediatamente, e imediatamente é ‘imediatamente’, informamos a SBM que ela não participaria de licitação conosco enquanto não fosse identificada a origem, o nome de pessoas que estão se deixando subornar na Petrobras. E é isso que aconteceu, tivemos uma licitação recente, para plataformas nos campos de Libra e Tartaruga Verde, e a SBM não participou.” 
Escrevi naquele dia 11: “É pouco e errado, minha senhora! Quem estava informado sobre tudo isso? A Petrobras não é patrimônio seu, mas do povo brasileiro.” Mas as coisas não param por aí. Graça se esqueceu de que a Petrobras é uma empresa de economia mista, com ações negociadas em bolsas de valores, inclusive nos EUA, onde esse negócio é levado a sério.
Atenção! Os dois escritórios, por enquanto, representam investidores institucionais, como fundos de pensão, por exemplo. E isso quer dizer que se pode estar a falar de uma montanha de dinheiro. Mas fica claro que qualquer investidor pode aderir ao processo. Só para que vocês tenham em mente: os preços das ADRs da companhia caíram de US$ 19,38 em 5 de setembro deste ano para US$ 10,50 em 24 de novembro, uma queda de 46%.
Os escritórios estão com uma penca de evidências nas mãos. Uma das maiores foi fornecida pela própria Dilma, quando afirmou que, na condição de presidente do Conselho, fora enganada pela diretoria da Petrobras na operação que resultou, por exemplo, na compra da refinaria de Pasadena. Pergunta óbvia: os acionistas foram advertidos? É claro que não!
Nesta segunda (08), com queda de mais de 6% na Bolsa, as ações preferenciais da Petrobras tiveram sua menor cotação em quase dez anos: R$ 11,50, pouco acima do piso de R$ 11,39 de janeiro de 2005, antes das descobertas supostamente fabulosas do pré-sal. A queda do petróleo no mercado internacional — o que começa a tornar antieconômica a exploração do óleo em águas profundas — foi o principal fator do dia. Ocorre que essa má notícia para a Petrobras colhe a empresa quando ela está no fundo do poço moral. É claro que o processo dos acionistas, nos EUA, não ajuda.
Num mundo de decisões puramente racionais, Dilma anunciaria a privatização da Petrobras, as ações disparariam, a empresa recuperaria boa parte do seu valor de mercado, e o país sairia ganhando, podendo cobrar os tubos pela exploração do petróleo, sem ter de arcar com essa estrovenga. Afinal, por determinação constitucional, tudo o que está no subsolo pertence à União. Ninguém vai roubar o nosso petróleo de canudinho.
Mas nem Dilma nem presidente nenhum farão isso. Pior para a Petrobras. Pior para o Brasil. Pior para os brasileiros. Seguiremos sendo roubados, mas cantando o Hino Nacional, cheios de orgulho.

Bem, bem, bem… Então vamos ver. Técnicos do Tribunal Superior Eleitoral que analisaram a prestação de contas da candidata do PT à Presidência em 2014, Dilma Rousseff, recomendaram a sua rejeição. O parecer foi enviado a Gilmar Mendes, ministro do STF e que é o relator do caso no TSE. Ele remeteu o parecer ao Ministério Público Eleitoral e estipulou um prazo de 48 horas para que o órgão se manifeste. Nesta quarta (10), o ministro deve apresentar o relatório. O gabinete de Mendes também andou encontrando coisas estranhas. Já chego lá. Antes, é preciso destacar que tem um motorista no meio do caminho. No meio do caminho tem um motorista.
Segundo informam Andréia Sadi, Ranier Bragon e Gustavo Uribe na Folha, vejam vocês, “a segunda maior fornecedora da campanha de Dilma Rousseff tem como um dos sócios administradores uma pessoa que, até o ano passado, declarava o ofício de motorista como profissão.”
É… Uma empresa chamada Focal Confecção e Comunicação Visual recebeu a bolada de R$ 24 milhões da campanha. Só o marqueteiro João Santana levou mais: R$ 70 milhões. A Focal fica em São Bernardo, e um dos seus donos, no papel ao menos, é Elias Silva de Mattos, um rapaz que é motorista e que, até o ano passado, recebia R$ 2 mil por mês. Ele se tornou sócio em novembro do ano passado, com participação de R$ 3 mil na composição da empresa. A outra sócia é Carla Regina Cortegoso, com cota de R$ 27 mil.
A reportagem da Folha falou com Mattos. Sua reação? Esta, prestem atenção:
“Eu sabia que ia virar transtorno na minha vida. Eu não posso dar entrevista, não estou preparado para falar. Eu não sou nada, vai lá conversar com eles”. Mattos se referia à empresa.
Quem falou em nome “deles” foi Carlos Cortegoso, pai de Carla Regina, que nem sócio da empresa é. Ele preferiu emprestar à coisa um sotaque sociológico, de luta de classes talvez: “Todo mundo tem o direito de ascender na escala social mediante o trabalho e competência”. Nisso, claro!, estamos de acordo, né? Em 2005, com outra composição societária, sem o motorista, a Focal foi apontada por Marcos Valério — aquele do mensalão — como uma das destinatárias de recursos do esquema, por indicação do PT.
Voltemos à prestação de contas. As notas fiscais apresentadas pela Focal, que teria atuado na área de montagem de eventos, integram o lote dos problemas apontados pelos 16 técnicos do TSE, que afirmam ter encontrado irregularidades em 4% da arrecadação de campanha (R$ 319 milhões) e em 14% das despesas — ao todo, R$ 350 milhões.
O ministro Gilmar Mendes solicitou ainda à Receita dados complementares sobre cinco empresas que colaboraram com a campanha de Dilma: a Saepar Serviços, a Solar BR, a Gerdau Aços Especiais, a Ponto Veículos e a Minerações Brasileiras Reunidas. O total doado por essas companhias ultrapassa os R$ 10,6 milhões. A lei estabelece que cada empresa pode doar, no máximo, 2% do seu faturamento. Segundo cálculo feito pelo gabinete de Mendes, o limite foi ultrapassado. Em despacho à Receita com data de sexta (05), o ministro cobra os números com “máxima urgência”, dados os “fortes indícios de descumprimento do limite para doação”.
E agora?
Mendes deve apresentar seu relatório na quarta (10). Pode acatar o parecer dos especialistas do TSE — e vamos ver o que diz o Ministério Público Eleitoral — ou rejeitá-lo. Em 2010, Lewandowski ignorou a opinião dos técnicos, que recomendavam a rejeição das contas de Dilma, e as aprovou, no que foi seguido por seus pares. Ele chegou, acreditem!, a omitir a avaliação técnica em seu texto final.
Mesmo que as contas sejam rejeitadas pelo TSE, Dilma pode ser diplomada. Mas a oposição terá em mãos um trunfo para pedir uma investigação judicial, que pode resultar até na cassação do diploma da presidente e na consequente perda do mandato. O caso do motorista que ganhava R$ 2 mil e que agora é sócio de um empreendimento que está em segundo lugar no item das despesas do PT não ajuda muito, né? Sobretudo porque, tudo indica, o rapaz não está à vontade na pele de um dos donos de uma empresa que fatura R$ 24 milhões com um único cliente.
Para arrematar: pensemos nesse caso. Alguns tontos dizem que os males do Brasil são as doações de empresas a campanhas. É mesmo? Se o financiamento fosse público, será que não existiriam mais assalariados de R$ 2 mil como sócios de empreendimentos de faturamento milionário?
Tem um motorista no meio do caminho, PT!
No meio do caminho, tem um motorista!

É incrível a velocidade com que tudo se deteriora, inclusive as expectativas. O que vai agora não é torcida, não — até porque ninguém sai ganhando se as piores previsões se concretizarem: governo, oposição, população… Ninguém! O fato é que, nos corredores do mercado financeiro, já começou a ser feita uma aposta: quanto tempo Joaquim Levy, futuro ministro da Fazenda, vai durar no cargo. E, obviamente, coisas assim não contribuem para aumentar a confiança no Brasil.
No começo do mês, o banco Morgan Stanley, por exemplo, cortou a sua projeção de crescimento para o ano que vem, que já vinha distante do magríssimo (nunca “magérrimo”!!!) 0,8% que era ventilado até dia desses pelo mercado, perspectiva agora assumida pelo governo. O Morgan transformou uma previsão de mero 0,3% positivo em 0,3% negativo. Vale dizer: para essa instituição bancária, o Brasil terá uma recessão no ano que vem.
Um conhecido que participou de recente jantar com diretores de bancos de investimento acompanhou, algo espantado, a avaliação, praticamente consensual, de que Levy não resistirá a uma recessão que também dão como certa em 2015: os otimistas falam em queda de pelo menos 0,5%; os pessimistas, de até 2,5%.
Uma coisa é produzir crescimento pífio, ou recessão mesmo, como se antevê, quando há um “companheiro” no comando da economia; outra, distinta, é ver o número negativo quando, no timão da economia, está alguém que a companheirada considera “sapo de fora”, um “tucano infiltrado”, a “direita neoliberal”.
Aguardem!

NO BLOG DO CORONEL
Há três semanas, ao raiar do Juízo Final – a sétima fase da Operação Lava Jato, que levou à cadeia executivos das principais empreiteiras do país –, uma equipe da Polícia Federal dirigiu-se a Santana de Parnaíba, município de São Paulo. Estavam atrás do engenheiro mecânico Cristiano Kok, de 49 anos, diretor da Engevix. A missão dos agentes era levá-lo à superintendência da Polícia Federal (PF), onde ele deveria ser interrogado sobre as suspeitas de corrupção que pesam contra a empresa. Havia um mandado para que, no jargão jurídico, os policiais o submetessem a "condução coercitiva". Acompanhado de uma advogada, Kok reivindicou seu direito de permanecer calado.
Enquanto Kok se negava a detalhar o que sabia, outra equipe da PF vasculhava a sala dele e de outros diretores da Engevix, na sede da empresa, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo. Começava ali o Juízo Final na corrupção brasileira, de acordo com os investigadores. Na sala de Kok, dizem eles, houve a mais proveitosa de todas as buscas feitas pela PF naquele dia. Ali foram encontradas planilhas e anotações que, segundo os investigadores, corroboram fortemente a acusação de que um cartel domina há anos os contratos na Petrobras. 
A papelada confirma, em parte, o que o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e dois dirigentes da empreiteira Toyo Setal revelaram em suas delações premiadas. Essas provas serão decisivas para embasar as denúncias que deverão ser apresentadas nesta semana pelo Ministério Público Federal (MPF) contra os empreiteiros presos.
ÉPOCA teve acesso ao conjunto de documentos recolhidos nas dependências da Engevix. Além de ratificar o que os delatores já disseram, os papéis revelam detalhes inéditos sobre os bastidores do que, em algumas das anotações, era chamado de “bingo” – e os investigadores chamam de "cartel". Os nomes de 16 empreiteiras – os "jogadores" do tal bingo – aparecem nas planilhas.Todas elas contêm colunas com os nomes de participantes. Estão listadas algumas das principais obras da Petrobras, como as refinarias de Abreu e Lima (Pernambuco), Presidente Getúlio Vargas (Paraná), Duque de Caxias (Rio de Janeiro) ou Paulínia (São Paulo). 
Há indícios, de acordo com os investigadores, de jogo combinado entre as empresas na distribuição dos contratos. O autor dos documentos – não se sabe ainda se Kok ou outro diretor da Engevix – anotava as prioridades de cada uma das empresas. Também registrava o apoio mútuo entre elas, para que saíssem vitoriosas nas licitações de sua preferência. A Engevix é alvo de dois inquéritos para apurar seu envolvimento nas irregularidades. Um deles trata especificamente do consórcio Rnest, liderado pela Engevix para prestar serviços à Petrobras na obra da refinaria de Abreu e Lima.
A cronologia dos papéis apreendidos na Engevix oferece um roteiro para entender como os jogadores do bingo combinavam aquilo que chavam de "prêmios" – e os investigadores afirmam ser os contratos da Petrobras. O primeiro documento é uma planilha de 24 de setembro de 2007. Leva o título “Lista de Novos Negócios (Mapão)”. Trata-se de um documento que descreve as obras das Petrobras e os serviços previstos em cada uma delas. A maior parte das contratações é para serviços em refinarias, área comandada entre 2004 e 2012 por Paulo Roberto Costa. No rodapé da planilha, uma observação chamou a atenção dos investigadores: “QG, CC e CN se posicionaram na Renest em prol do restante”. 
Na avaliação dos investigadores, a frase demonstra acertos futuros. As iniciais representam, segundo os investigadores e dois lobistas do setor ouvidos por ÉPOCA, as empresas Queiroz Galvão (cujas iniciais são QG), Camargo Corrêa (de iniciais CC) e Odebrecht (ou Construtora Norberto Odebrecht, de iniciais CNO, ou apenas CN, segundo os investigadores). Quatro dias após montar o tal "mapão", o autor atualizou o documento. Chamou-o de “Lista de Compromissos”. Ela foi novamente atualizada ao menos duas vezes, em 14 de março e 29 de abril de 2008. As combinações que aparecem no mapão espelham-se, na maiora das vezes, nos contratos fechados pela Petrobras.
Ao lado do "mapão" com as relações dos "prêmios", a PF apreendeu na Engevix anotações específicas sobre as obras de Abreu e Lima e do Comperj, as duas mais caras da Petrobras, e as duas contra as quais mais pesam as evidências de propina. Também apreendeu atas das reuniões. O autor das anotações chamou uma delas, datada de agosto de 2008, de “Tentativa para a ‘Fluminense’”. Uma outra leva o nome “Proposta de Fechamento do Bingo Fluminense”. "Bingo Fluminense" é, no entender da PF e do MPF, um codinome para as obras do Comperj. 
Segundo os documentos, os "jogadores" do "bingo" se reuniram em São Paulo, em 14 de agosto de 2009. A ata registra: "Reunião do bingo". Nela, descrevem-se as combinações dos contratos e as empreiteiras responsáveis por fazer a "coordenação". Anotações dão detalhes das negociações. Numa delas, registra-se, segundo os investigadores, que a sueca Skanska deveria desistir de um dos acertos: "SK não ficou com nada, quer posição futura".
CLIQUE AQUI e leia na Época mais esta reportagem de Diego Escosteguy e Marcelo Rocha.

Petrobras pode ir à falência se perder ação bilionária movida contra ela nos EUA.
Aqui, em inglês, a ação movida pela Wolf Popper, um dos mais poderosos escritórios de advocacia dos Estados Unidos.

O escritório de advocacia norte-americano Wolf Popper LLP entrou com uma ação coletiva contra a Petrobras em Nova York em nome de todos os investidores que compraram ADRs (recibos que representam ações de uma empresa na Bolsa de NY) da companhia entre maio de 2010 e 21 de novembro de 2014. 
De acordo com a ação, a Petrobras violou artigos a lei que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos, a Securities Exchange Act, ao emitir declaração falsas e enganosas e não revelar "a cultura de corrupção dentro da companhia, com um esquema multibilionário de lavagem de dinheiro e subornos desde 2006." 
O processo afirma que a companhia exagerou ao declarar o valor de suas propriedades e equipamentos no balanço financeiro em decorrência do superfaturamento de contratos. "O preço das ações da Petrobras caiu de cerca de US$ 19,38 em 5 de setembro de 2014 para US$ 10,50 em 24 de novembro de 2014, um declínio de US$ 8,88 por ação, ou 46%", diz o documento. 
Ao longo de todo o período citado pela ação, o preço dos papéis da Petrobras registrou queda de 69%, passando de US$ 34,30 em 21 de maio de 2010 para US$ 10,84 em 21 de novembro deste ano. Qualquer pessoa que tenha ADRs da companhia pode propor uma ação contra a Petrobras para recuperar os prejuízos sofridos. Para vencer o processo, os responsáveis por ele terão de provar que os esquemas de corrupção eram conhecidos pelos diretores da companhia e que a perda dos acionistas foi consequência direta do escândalo. 
Na ação, os advogados da Wolf Popper afirmam que "o momento e a magnitude da queda das ações negam qualquer alegação de que as perdas sofridas tenham sido causadas por uma piora nas condições do mercado, fatores macroeconômicos ou da indústria, ou fatos específicos da companhia que não tenham relação com a conduta fraudulenta."
Em geral, casos como este terminam em acordo, com a empresa ressarcindo a maior parte dos prejuízos aos acionistas. Procurado, o advogado responsável pela ação, Robert Finkel, não retornou as ligações da reportagem. (Folha de São Paulo)


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