"LAVA JATO": 50 EMPRESAS NO ESQUEMA DE LAVAGEM

Novos detalhes da delação de Meire Poza, a contadora de Youssef
FELIPE PATURY, MARCELO SPERANDIO E TERESA PEROSA
Época de 11/08/2014 20h37 - Atualizado em 12/08/2014 12h18

Em depoimento à Polícia Federal prestado em 23 de julho, a contadora Meire Bonfim da Silva Poza, dona da empresa Arbor Consultoria e Assessoria Contábil, envolveu mais de 50 empresas no esquema de lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Youssef. Meire Poza prestava serviços a Youssef e relatou à PF o papel de cada uma delas no esquema de lavagem de dinheiro que as autoridades atribuem a ele. Sete delas ainda não foram mencionadas. São elas:
RCI Software e Hardware
Comandada por Waldomiro de Oliveira, descrito por Meire Poza como empregado de Alberto Youssef, essa empresa não tinha atividade operacional. Emitiu notas em favor da OAS. A RCI também apareceu em outra operação da PF, a Monte Carlo, que, em 2012, desarticulou um esquema de corrupção chefiado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Empreiteira Rigidez
Controlada por Alberto Youssef, a construtora também não tinha atividade operacional e emitiu notas em favor da OAS e da Toshiba Infraestrutura América do Sul. As operações da Rigidez também estavam sob a supervisão de Waldomiro de Oliveira.
Trecho de depoimento de Meire Bonfim Da Silva Poza à Polícia Federal (Foto: reprodução)

MPE Montagens e Projetos Especiais
A MPE está no grupo das fornecedoras da Petrobras que receberam notas fiscais frias da GFD, a empresa de fachada de Alberto Youssef. A MPE é a responsável pelas obras de tubulações do Complexo Petroquímico de Itaboraí, no Rio de Janeiro. O Tribunal de Contas da União apontou irregularidades na obra no ano passado.
Trecho de depoimento de Meire Bonfim Da Silva Poza à Polícia Federal (Foto: reprodução)

Treviso Empreendimentos
Empresa usada por Alberto Youssef para justificar a entrada de dinheiro em espécie na conta da GFD. Outras duas empresas operavam da mesma forma: Piemonte e Auguri.
Trecho de depoimento de Meire Bonfim Da Silva Poza à Polícia Federal (Foto: reprodução)

Meire Poza tornou-se, no final de julho, uma das personagens principais da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ela depôs por duas vezes na PF: em 23 e 25 de julho. Em ambas ocasiões, prestou seus esclarecimentos à Superintendência Regional da PF no Paraná. Ela contou que trabalhou como contadora de Youssef por três anos. Segundo ela, Youssef tinha uma rede de empresas de fachada que emitiam notas fiscais frias para grandes prestadoras de serviços da Petrobras. A PF acredita que o dinheiro que as empresas fantasmas de Youssef recebiam por serviços não prestados era usado para pagar propina.
Meire foi apresentada a Youssef pelo mensaleiro Enivaldo Quadrado, condenado por lavagem de dinheiro. Quadrado trabalhava na GFD, uma das empresas de Youssef. Meire disse que, por ser amiga de Quadrado, “achava justo dividir as comissões que recebia de Youssef com ele”. Meire delatou: “Considerando que a GFD não tinha atividade efetiva, todos os investimentos foram feitos com dinheiro de origem duvidosa”. Entre 2011 e 2013, a GFD recebeu R$ 5,9 milhões da Mendes Júnior e mais R$ 5,9 milhões da Sanko Sider, duas prestadoras de serviços da Petrobras. Meire afirmou que “o dinheiro que entrava na conta da GFD depois era usado para realização de investimentos diversos em imóveis, hotéis, terrenos, aquisição de outras empresas”. A contadora disse que “emitiu centenas de notas fiscais a pedido de Enivaldo Quadrado e de Alberto Youssef”.
Outra empresa de fachada controlada por Youssef era a MO Consultoria. Essa empresa estava no nome de Waldomiro de Oliveira, um empregado de Youssef. No depoimento, Meire disse que “todas as notas emitidas pela MO Consultoria tratam-se de documentos meramente formais”. Meire contou que seria “praticamente impossível” regularizar a situação da MO Consultoria, porque “a empresa não possuía atividade operacional e nem justificativa para a circulação do volume de dinheiro”. Entre 2010 e 2013, a MO Consultoria recebeu um total de R$ 39,2 milhões das empreiteiras Sanko Sider, Galvão Engenharia, Consórcio Rnest, Coesa e OAS – todas fornecedoras da Petrobras. Meire afirma que “sempre atuou como contadora, não tendo participação em qualquer esquema criminoso”.

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