OS IDIOTAS ESTÃO POR TODA A PARTE

Há 50 anos, Nelson Rodrigues constatou que os idiotas estavam por toda parte. Maria do Rosário confirma que já são amplamente majoritários no ministério de Dilma Rousseff

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(Foto: Valter Campanato/ABr)
Em maio de 2013, milhares de fregueses do Bolsa Família chegaram esbaforidos às agências da Caixa Econômica Federal para retirar a mesada antes do prazo combinado. Tão logo soube da correria, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, sacou o Twitter da bolsa e mandou bala nos suspeitos de sempre: “Boatos sobre fim do bolsa família deve (sic) ser da central de notícias da oposição. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política”. Logo se descobriu que a confusão fora provocada pelos próprios gerentes  do maior programa oficial de compra de votos do mundo.
Na versão divulgada pelo alto comando da CEF, um diretor afoito ordenara, sabe-se lá por quê, que o dinheiro pousasse antes da hora na conta da clientela. Retransmitida em cadeia pelos dependentes da esmola federal, a boa notícia espalhou-se pelo país e as filas começaram a assumir dimensões amazônicas. Alguém desconfiou que o presente inesperado era um prenúncio do encerramento do programa e a onda de rumores transformou a suspeita em certeza. A oposição não teve nada com isso. Maria do Rosário nem pediu desculpas pela cretinice.
Em outubro de 2013, Joselito Müller, editor de um blog humorístico, informou que a ministra dos Direitos Humanos, depois de confrontada com um vídeo em que um assaltante é baleado por um policial, ficara a favor do bandido. A brincadeira provocou uma colérica reação de Maria do Rosário. Em nota oficial, a companheira do PT gaúcho avisou que pedira à Polícia Federal “criteriosa investigação e responsabilização dos autores da notícia mentirosa publicada”. Ela também solicitara “à empresa que hospeda o site que retire o conteúdo difamatório do ar.
As solicitações deram em nadaA Polícia Federal tem mais o que fazer. E o controle social da mídia ainda é só um brilho no olhar da companheirada. Maria do Rosário teve de engolir sem engasgos tanto a piada quanto a retaliação imbecil.
Em novembro de 2013, no cemitério de São Borja, a ministra saudou a exumação dos restos mortais de João Goulart com uma discurseira de oradora de festa de batizado. “A investigação é uma missão de Estado, humanitária, cumprida com total isenção”, caprichou a sherloque convencida de que o presidente deposto em 1964 morreu não de enfarte, mas envenenado por agentes da ditadura dos generais. ”Custa menos do que uma ditadura, porque essa custou vidas, exílio, significou a morte. Estamos valorizando a democracia”.
Jango já foi devolvido à sepultura. Mas não descansará em paz enquanto a alma de Maria do Rosário continuar envenenada por teorias amalucadas que só vicejam em cabeças baldias. Ela fica especialmente excitada com a aparição de cadáveres que podem ser transformandos em instrumentos eleitoreiros. Coerentemente, não perdeu a chance de intrometer-se, neste janeiro, na história do jovem gay cujo corpo foi encontrado sob um viaduto no centro de São Paulo.
A polícia mal começara a investigar o caso quando a a ministra incorporou simultaneamente três personagens: o delegado que identifica culpados em cinco minutos, o promotor que se dispensa da apresentação de provas para exigir a imediata punição dos carrascos e o juiz que condena sem sequer folhear os autos. E lá veio mais uma nota oficial, abaixo reproduzida em sua essência:
“A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) vem a público manifestar solidariedade à família de Kaique Augusto Batista dos Santos, assassinado brutalmente no último sábado (11/01). (…) As circunstâncias do episódio e as condições do corpo da vítima, segundo relatos dos familiares, indicam que se trata de mais um crime de ódio e intolerância motivado por homofobia. (…) Em 2012, houve um aumento de 11% dos assassinatos motivados por homofobia no Brasil em comparação a 2011. (…) Diante desse quadro, reiteramos a necessidade de que o Congresso Nacional aprove legislação que explicitamente puna os crimes de ódio e intolerância motivados por homofobia no Brasil, para um efetivo enfrentamento dessas violações de Direitos Humanos”.
Nesta terça-feira, a mãe de Kaique admitiu que o filho cometeu suicídio. A hipótese se ampara em mensagens escritas, filmes e depoimentos. Os que embarcaram nas fantasias de Maria do Rosário vão caindo fora da nau dos insensatos. Maria do Rosário continua por lá. E continua ministra.
Na década de 70, Nelson Rodrigues constatou que os idiotas estavam por toda parte. Mas nem o grande cronista imaginou que, menos de 50 anos depois, cretinos fundamentais seriam amplamente majoritários no primeiro escalão do governo federal.

Da Coluna do Augusto Nunes de 23-01-14

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