A ESQUERDA E OS 'ROLEZINHOS'

O "rolé" como via revolucionária

Com os os rolezinhos sendo apropriados pelo discurso da esquerda, esses encontros para "zoar" em shoppings se tornaram a nova força motriz da evolução social

E lá se vem o espírito da esquerda a se apropriar da farra de adolescentes batizada de “rolezinho”. Ai, ai... sou de um tempo em que a esquerda se mobilizava para fazer grupos de estudo e conquistar no gogó o apoio da classe operária e dos mais pobres (mas, só conseguíamos atrair um punhado da classe média). Agora, estimula-se a revolução sob o som do funk e suas letras consumistas, quando não violentas.
De relance, lembro-me do assassinato do padre Elvis Marcelino. Quem o matou foi um garoto que roubava para ostentar nos bailes funk. Seu perfil na rede social mostrava bebidas caras, relógios e roupas de marca. Tudo bancado pelas vítimas. No espírito do tempo que nos rodeia, seria ele um Hobin Hood que arranca dinheiro à força da classe média como uma espécie de vingança social?
O espírito do tempo. O espírito de uma época. Os alemães criaram uma palavra para isso: “zeitgeist”. Em resumo, significa o clima intelectual e cultural de um determinado momento. E o “zeitgeist” da vez entre nós é um tipo de preconceito ao contrário. No caso, a demonização dos ricos e remediados como forma de combater a suposta discriminação sofrida pelos mais pobres.
Há tempos que escrevo a respeito. Há tempos que venho apontando que o mecanismo de dominação e conquista dos nossos tempos é a divisão. Afinal, quanto mais dividido, mas fácil é a dominação. Então, mãos à obra na tarefa de separar pobres, ricos e remediados. É fácil, bastam umas frases de efeito baseadas no coitadismo e dizer que do outro lado estão os ricos.
Com os rolezinhos sendo apropriados pelo discurso da esquerda, esses encontros para “zoar” em shoppings se tornaram a nova força motriz da evolução social. Ora vejam. Logo os shoppings com suas livrarias, praças de alimentação, cinemas e a maioria de lojas que tem como público principal o consumidor de classe C? Perguntem à Insinuante.
Ou tem alguém aí que ainda acha que os shoppings são lugares de ricos? São nada. Estudei sobre o assunto. Hoje o foco dos empreendedores de shoppings são os bairros que misturam classe média com o imenso público que, oriundo da base da pirâmide social, subiu no patamar do consumo nos últimos 20 anos.
É a miséria do pensamento a politização da farra dos adolescentes em centros de compras. Pobre esquerda. Deveria estar brigando para que os jovens mais pobres tenham acesso às melhores escolas e que as melhores escolas sejam as públicas. Assim, como nos Estados Unidos, não é? Sim, a educação é a única forma de transpor os tais muros e gerar mais democracia social.
Ouvi o ministro Gilberto Carvalho dizer: “Os jovens de periferia também têm direito à diversão e lazer”. É mesmo? E quem está negando esse direito? Quais shoppings proíbem a entrada de jovens seja de que classe social ou cor de pele for? Mas, é preciso dividir. É o espírito do tempo.
Notaram como funciona? Faz-se o discurso da igualdade para gerar mais desigualdade e mais divisão. O grande alvo a ser atacado é a classe média, aquele povo que costuma garantir sua sobrevivência exclusivamente pelo mérito e com muito trabalho.
UM ROLEZINHO DE BICICLETA
No domingo anterior, tratei da questão urbana. A propósito, mais uma colaboração do professor Diatahy Bezerra de Menezes:
“A mentalidade de engenheiro e empreiteiras está desfigurando a cidade como modo de vida e convivialidade. Conheci Hamburgo, quando fazia meu pós-doutorado em Paris e fui convidado para uma reunião no seu centro de estudos latino-americanos. Possui um dos maiores portos da Europa. Vivi em Colônia no primeiro semestre de 1996, quando fui com bolsa do DAAD-CNPq como pesquisador-visitante de sua Universidade. Passei algum tempo também em Berlim, Oldenburg, etc. E vivi muito tempo em Paris. Dou meu testemunho: raramente vi algum amigo nestas cidades tirar o carro de casa ou de um estacionamento, a não ser nos domingos para passear com a família, visitando bosques, castelos, arredores... Em 1995, vindo de um Congresso de Sociologia no Canadá, com Zaíra, resolvemos revisitar Nova York, em casa de Ralph Della Cava. Visitamos intensamente a cidade, percorrendo quase tudo a pé, ou de ônibus, etc. Ralph saiu várias vezes conosco a passeio e jamais tirou o carro para isso: íamos de ônibus ou de metrô. E na Alemanha e na Holanda é imensa, além disso, a presença de bicicletas; o pátio da Universität zur Köln ficava cheio de bicicletas.”
CHAPA PMDB-PSDB-PRÉ 
Fato: o senador Eunício Oliveira está tentando convencer o tucano Tasso Jereissati a se candidatar ao Senado montado numa aliança entre PMDB e PSDB. O PR, de Lúcio Alcântara e Roberto Pessoa, também está sendo convidado a compor a mesma chapa, que teria Eunício para o Governo. Até agora, Tasso tem mantido seu estilo esfinge. O PR topa a parada. Uma aliança entre os três partidos garantiria o maior tempo no horário gratuito e uma boa estrutura de campanha no Interior. 
TARDE PARA FREIO
Enquanto o governador Cid Gomes continua dizendo que é cedo para tratar de eleições, Eunício Oliveira claramente azeita uma agenda de candidato a governador. Do jeito que o senador age, chegará rapidamente ao ponto em que sua candidatura ao Governo será fato consumado, com grandes dificuldades para organizar recuos. No mercado político, as apostas estão divididas. Uma parte acredita que o senador prosseguirá firme nos planos de ser candidato. Outra parte avalia que o peemedebista faz jogo de cena para aumentar seu cacife político. 
HISTÓRICO
O PT  cearense trabalha com o projeto de conquistar uma margem de dois milhões de votos de diferença a favor de Dilma Rousseff no Estado. Seria uma forma de compensar os votos perdidos para Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco. Nas duas eleições de Lula e na eleição de Dilma, o Ceará ficou entre os três estados que deram o maior percentual de votos para os dois candidatos a presidente do PT. Maior até que Pernambuco, terra natal de Lula. 
QUESTÃO DE ÓTICA
Que tal um rolezinho no Acre? Levas de haitianos pobres tiveram essa ideia, mas o Governo do Acre, comandado pelo petista Tião Viana, não está gostando nada dessa história e quer o fechamento das fronteiras. E se o Acre fosse comandado por um tucano? Já viriam as hordas ideológicas a apontar discriminação contra pobres e negros. No entanto, trata-se apenas de uma questão racional. Na cidade de Basiléia, por exemplo, entram de 70 a 80 haitianos todos os dias.

Da Coluna de Fábio Campos (O Povo) de 19-01-14.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 10/12/2023 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 05/8/2023 - SÁBADO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 08/4/2024 - SEGUNDA-FEIRA