JÓIAS DA POESIA CONTEMPORÂNEA


CURA DOS MAUS INSTINTOS

Sei que a doença, Mestre, nos depura
Dos males que não fomos rejeitando,
Como as ondas do mar vão empurrando
De volta o rio em plena embocadura.

É quando a maré cheia a certa altura
A sujeira do mar vai vomitando,
E os entulhos que o rio vai levando
Dão à foz uma cor barrenta, escura!

Assim também na nossa vida ocorre,
Para dentro de nós um rio corre
Dos atos e dos sujos pensamentos.

Para a depuração dessa torrente,
Que tem nos maus instintos a nascente,
Só tem uma receita: os sofrimentos!

O BELO QUE NÃO VEMOS

É noite. A Lua surge na janela
E uma paisagem nova se projeta.
No ar ronda uma música secreta
E tudo pouco a pouco se acautela.

O céu parece, então, imensa tela,
Que não há sobre o chão nenhum poeta
Capaz de descrevê-la tão completa,
Tal como nesta noite se revela!

Na minha inspiração eu não me iludo
Que vejo a mão de Deus por trás de tudo
A nos propiciar tanta beleza!

Pena é que esses quadros não vejamos
Porque, infelizmente, nos tornamos
Cegos, caçadores de tristeza!


A APATIA DOS HOMENS

As brisas perfumadas da manhã
Sopram mansas lufadas de energias
Balsâmicas, de paz e de harmonias,
Para uma vida cada vez mais sã.

E se assemelha o Sol a uma romã
Rubro-amarelo, cores que aprecias.
Imensa, por detrás das serranias,
Tal como o antigo deus da fé pagã.

Começa o dia e a luta se repete,
Deus verdadeiro em tudo se reflete
Para ajudar aos homens que O esquecem.

Coloca a Natureza ao seu dispor
E mais: trabalho, teto, lar e amor,
Mas só procuram Deus quando adoecem,


OLHA Á TUA VOLTA

Levanta os olhos! Solta o pensamento!
Liberta-te um momento do teu eu.
Contempla tudo quanto Deus te deu
Não vivas algemando o sentimento.

Vê os rastros de luz no firmamento,
Uma árvore florida ao lado teu,
A criança que ri, depois correu,
A praça ajardinada, o movimento!

Não vivas como eterno insatisfeito,
Preso na cela escura do teu peito,
Vivendo para si, para mais nada!

Enquanto não pensares nas pessoas,
Não te libertas nem te aperfeiçoas,
E a vida te parece amargurada.


Do jornalista, poeta e escritor cearense, Wanderley Pereira, residente em Fortaleza, CE.

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