A PARTICIPAÇÃO DE GENOÍNO NA GUERRILHA DO ARAGUAIA

Lucas Pavanelli
(O Tempo)
Na mesma sessão em que aprovou dois projetos para cercear direitos dos homossexuais, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara acatou um requerimento para “debater os fatos relacionados à guerrilha do Araguaia”.
À primeira vista, em se tratando do tema do colegiado e da audiência pública, seria possível imaginar que a reunião discutiria, por exemplo, as escavações para localizar restos mortais de desaparecidos durante a guerrilha.
Mas, definitivamente, não é esse o objetivo do autor da proposta, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). “Quero contar a verdadeira história do Araguaia, o depoimento do Genoino e como o grupo dele matou”, dispara.
O pedido foi feito pela Subcomissão para Defesa da História das Forças Armadas na Formação do Estado Brasileiro, um colegiado criado dentro da própria CDHM após pedido de Bolsonaro, que é militar reformado. O requerimento foi apresentado em 26 de setembro, três dias depois de ele ter agredido o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) durante visita da Comissão Nacional da Verdade à antiga sede do DOI-CODI no Rio, que abrigou um dos maiores porões de tortura no país durante a ditadura militar. Foi aprovado uma semana depois.
“Essa comissão é da mentira deslavada, que está preocupada em chafurdar em um lado da história”, diz.
Para a presidente da Frente Parlamentar dos Direitos Humanos, deputada Érica Kokay (PT-DF), a instalação da subcomissão é uma “busca por holofotes”.
“Essa comissão não representa a luta pelos direitos humanos, está sequestrada. Nós ignoramos essas atitudes”, afirma a petista.
Outro deputado que também deixou a CDHM, o mineiro Nilmário Miranda (PT) questiona a representatividade do próprio Bolsonaro.
“Ele não representa as Forças Armadas, mas um segmento vinculado ao passado. Semana passada, os três comandantes carregaram o ataúde do ex-presidente João Goulart. Um gesto muito simbólico. Eles também estavam na instalação da Comissão da Verdade”, conta.
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NOTA A REDAÇÃO DO BLOG – Vai ser uma cena apoteótica. Bolsonaro vai levar novamente ao Congresso o oficial do Exército que prendeu Genoino no Araguaia. O coronel Licio Augusto Maciel vai repetir o disse antes, reafirmando que Genoino foi preso incólume (há fotos dele preso) e delatou todos os companheiros, sem ter sofrido qualquer tortura física ou mental. Há alguns anos, o Coronel Lício fez essa acusação e Genoino não respondeu. (C.N.)

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