UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

O neto de Silvio Santos, o avô e a TV Globo. O americano Joe Wallace e a demissão de Walter Clark. As memórias de Boni, fracasso de público e de crítica.

Helio Fernandes
O garoto estreou no teatro, glamuroso, rumoroso, grandioso. Fez o personagem principal sobre a vida de Tim Maia, o próprio aplaudiria, se pudesse. Tal o sucesso que foi logo arrastado pela televisão. Mas teve o bom-senso de se afastar da empresa do avô, apesar de adorá-lo.
Na Dança dos Famosos, do Faustão, chegou à final, merecia ter tirado o primeiro lugar e não o segundo, tanto no samba quanto no tango. Convidou o avô para ir assisti-lo, a resposta: “Não serei muito bem recebido na Globo”. Não sei a razão dessa reação.
Joe Wallace, o único americano que ficou no Brasil e teve participação na Globo até se aposentar, escreveu, quando Roberto Marinho enganou a Time-Life: “Durante muito tempo, a Globo vivia de empréstimos do grupo Silvio Santos”.
E esclarecendo: “Pagávamos 8,5 por cento de juros mensais ao Silvio Santos. Roberto Marinho nem aparecia”. Wallace garante: “O Walter Clark foi o único gênio da televisão brasileira”.
No livro do Boni, muita falsidade. Fraquíssimo, baseado no autoendeusamento e na louvação a Roberto Marinho. Se colocou em posição totalmente contrária ao que foi revelado pelo Wallace. Para começo de conversa, o americano ficou na TV Globo desde o primeiro dia, trabalhou antes da chegada do Boni, muitos anos depois.
O BONI TENTA
DIMINUIR WALTER CLARK

O livro do Boni não fez o menor sucesso, nem de crítica nem de bilheteria. Vendeu mal, ninguém leu. O que conta do Walter Clark é unicamente para depreciá-lo. Dominando totalmente a Globo, Walter se deixou levar pela bebida, ficou realmente alcoólatra incurável. Isso não era para ser contado.
O JANTAR COM
GEISEL “PRESIDENTE”

Roberto Marinho foi jantar com Geisel no Palácio do Parque Guinle. Sem o Boni, só Walter e Wallace. Walter bebeu demais, quase sem que se entendesse bem, espinafrou a “revolução”, o próprio Geisel, no ímpeto se levantou, caiu no chão desacordado.
Vieram uns seguranças, Roberto Marinho falou sem qualquer consideração: “Joguem na primeira lata de lixo que encontrarem”. Olharam para o “presidente”, que se virou para o lado, sem dizer nada.
No dia seguinte, Walter Clark estava demitido. Joe Wallace, com quem jamais falei (nem com Roberto Marinho, é claro) não escreveu uma linha sobre o assunto. O Boni fez uma força tremenda para mostrar, sem provar, que ele e o “doutor” Roberto foram os arquitetos da TV Globo.
O crescimento do Globo, na verdade, não teve arquitetos. (O mesmo para todos os jornalões). Enriqueceram, se tornaram poderosos e invencíveis, sendo servos, submissos e subservientes à ditadura. E aos generais torturadores.
PAULO MALUF E
ROBERTO MARINHO

O ex-governador e ex-prefeito de São Paulo está sendo acusado de ter desviado 334 milhões de dólares (não sei como deveria ser a conversão, desconheço o valor do dólar há 20 anos) na construção de uma avenida na capital.
Mas sem coincidência, ironia ou sustentabilidade, essa avenida, bem antes de iniciada a obra, já era denominada Roberto Marinho. O jornalista (?) telefonou para o prefeito, agradecendo. Mas para o nível dos dois personagens, era ninharia ou miséria. Pelo currículo de ambos, mereciam muito mais.
Da Tribuna da Imprensa de 09-10-2013.

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