UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

Fim de semana de manifestações específicas no Rio. Alckmin pede a Deus: “Quero Mercadante como adversário”. E Dornelles fulminando o ministro: “Mercadante fala muito e pensa que está forte”. Renan arma contra Dona Dilma, “arquivando” vetos antigos. Em 2007 revelei: “Pré-Sal só em 2020”. 13 anos de antecedência numa informação.

Helio Fernandes
Os que insistem na tolice de confundir plebiscito e consulta podem tomar aula prática sobre o assunto. No mês que vem a Irlanda faz plebiscito, naturalmente com uma única pergunta: Você quer a Irlanda independente ou confirmando como parte do Império britânico?
Pode parecer que todos preferem a independência. De certa maneira, é verdade. Mas um grupo considera que a independência enfraquecerá economicamente o país, então dirá NÃO a essa independência.
Um só exemplo: Andy Murray, tenista que é irlandês, não fala ostensivamente, mas deixa entrever que prefere “a situação como está”. E deve ganhar da rainha o cobiçado título de Sir. De qualquer maneira, como eu já disse com insistência, plebiscito é isso.
PRÉ-SAL A QUE PROFUNDIDADE?
Há 5 ou 6 anos, ainda na Tribuna impressa, quando começou o festival “patriótico” do Pré-Sal, e já começavam a recolher os lucros dessa descoberta, logo no amanhã, escrevi: “O Pré-Sal só passará a existir em 2020, talvez um pouco antes, “ligeiramente antes”. E fui explicando:
1 – Não existem equipamentos para retirar essa fortuna do fundo do mar.
2 – Ninguém sabe a que profundidade está esse petróleo.
3 – São totalmente desconhecidos os obstáculos que terão que ser ultrapassados até chegar ao objetivo.
4 – Quanto tempo levará até descobrirem os caminhos do petróleo?. Isso apenas para descobrirem.
5 – Qual o custo dessa tramitação, e quanto tempo será necessário para considerar o caminho “desbravado”?
6 – As companhias fabricantes de equipamentos para a extração do petróleo comum no mundo inteiro, atentas e observando tudo, mas totalmente imobilizadas.
7 – Interessadíssimas, mas sem saber o que fazer, aguardavam notícias da Petrobras. Só que esta, sem ter o que dizer, mas sem poder desmentir o repórter ou a Tribuna impressa, mentia.
8 – Dizia descaradamente, mas sem o menor constrangimento: “Já conseguimos retirar milhares de barris do Pré-Sal, diariamente”. E eu, tranquilo, insistia: “Se não há nem equipamento, como extrair alguma petróleo do fundo da terra?”.
9 – Continuava a dizer: petróleo do Pré-Sal, só em 2020. O que era confirmado pelos fabricantes que não sabiam o que fabricar. A situação era complicada. E se, em vez de mentir, a Petrobras tivesse utilizado a verdade e se entendesse com a opinião pública, muito mais importante e relevante?
10 – Agora, oficialmente, a Petrobras informa: “Em 2018 estaremos produzindo milhões de barris por dias”. E a informação anterior de que já estava produzindo no Pré-Sal?
11 – E que diferença faz, 6 anos depois, confirmar (?) a data de 2018, que antes desmentiam? Os industriais então terão agora 5 ou 7 anos para a fabricação de equipamentos, para a produção num caminho que nem conhecem?
12 – Como não chegarei aos 100 anos, não estarei aqui nem em 2018 ou 2020. Mas os milhares de participantes deste Blog-livre estarão e cobrarão.
13 – Sem falar que o mundo está descobrindo petróleo da forma mais simples. “À flor da terra”, de madeira, da pedra, de vários produtos. A custo BAIXÍSSIMO e em tempo CURTÍSSIMO.
FIM DE SEMANA COM MANIFESTAÇÕES
Desde 6 de junho, pensava-se que seria o primeiro fim de semana com ruas desertas e silenciosas. Mas o Rio de Janeiro manteve a pressão. No sábado, um grupo de ativistas protestou em frente à tradicional igreja do Carmo, onde acontecia o casamento da neta de um dos principais empresários do setor de transportes da cidade, Jacob Barata. Vestidos com roupas de festa junina e carregando cartazes, os manifestantes pediam a instalação de uma “CPI dos Transportes”.
Foi uma manifestação bem carioca e divertida. Uma jovem vestida de noiva tentava entregar baratas de plástico aos policiais militares e agentes particulares que fazia a segurança do evento. O cartaz carregado por ela dizia: “Dona Baratinha, vai de ônibus para o Copacabana Palace”, em referência ao local onde foi realizada a recepção de convidados da cerimônia.
Policiais militares tiveram que fazer um cordão de isolamento para que a noiva, Beatriz Barata, pudesse entrar na igreja. Após a cerimônia, os manifestantes seguiram para o Copacabana Palace.
Enquanto isso, moradores de Santa Teresa faziam outra manifestação diante do Palácio Guanabara, com cartazes, além da réplica de um bonde e de caixões. Entre as mensagens estão “Bonde Já! Dois anos sem o bonde já é demais”.
Como se sabe, o tradicional bonde de Santa de Teresa parou de circular em agosto de 2011, depois que um deles descarrilou, deixando seis mortos e mais de 50 feridos.
No domingo, estavam previstas mais manifestações contra Serginho Cabralzinho Filhinho, o governador “virtual”, em frente ao Palácio Guanabara e à residência dele, no Leblon. Ele merece.
O FUTURO DE RENAN CALHEIROS
Tendo renunciado para não ser cassado, estabeleceu: tenho que voltar à presidência do Senado, no máximo em três mandatos de outros senadores. Acertou em cheio. Embora não conheça História, fez o mesmo que o general MacArthur, quando o presidente Roosevelt mandou que saísse das Filipinas, na Segunda Guerra Mundial. Saiu, mas garantiu: “Eu voltarei”. Voltou mesmo, embora os personagens e as motivações, inteiramente desiguais e diferentes.
Agora, Renan trama se reeleger para o Senado e para a presidência. Dona Dilma, que tinha alergia (só suposta ou aparente), fez a proposta.”Dispute o governo de Alagoas, tem todo o meu apoio”.
Renan agradeceu e recusou. E já trabalha para continuar presidindo o Senado. Deu demonstração de “homem forte”, no jeitinho do jatinho. Não está nem assustado. E já trabalha para agradar a Dona Dilma. Tenta não votar nenhum dos milhares de vetos, só começariam a ser apreciados a partir de agora. Dona Dilma ficaria “sensibilizada” com o arquivamento do Código Florestal. E ninguém reclamaria.
Alguém reclamou até agora? Só um exemplo: na votação do Código Florestal, discussões devastadoras no plenário, a impressão é que os dois lados “salvavam a pátria”.
Os mais conservadores ovacionavam Aldo Rebelo, gritavam: “Aldo Rebelo para presidente da República”. E todos se entendiam. “Líderes” da base (o Congresso não se livra, nem quer, da ditadura dos “líderes”, que controlam tudo, a imensa maioria vota no que mandam) tentavam aprovar alguma coisa, mas quem apoiava a pauta dos reacionários era o comunista Aldo Rebelo.
COMUNISTA E MINISTRO
Depois, Dona Dilma vetou o que bem entendeu, ninguém mais comentou, silêncio total. E o veto ficou perdido entre outros 3 mil. Agora, Renan Calheiros tenta chantagem com a presidente, com a proposta: “Todos esses vetos ficam suspensos, podem sair do arquivo, A PEDIDO”. O planalto percebeu, mas não sabe o que fazer.
Para terminar, um ministro comunista (o PCdoB é comunista?) foi demitido por irregularidade, Aldo Rebelo entrou como ministro do Esporte. Escrevi então: “Aldo Rebelo ficará ministro durante a Copa das Confederações, do Mundo e Olimpíada, Dilma nomeou-o, Lula a partir de 2014 certamente irá mantê-lo”. A não ser que as ruas façam uma cirurgia ampla, geral e irrestrita no processo eleitoral.
(Agora, em Brasília, falam que Rebelo deixará o ministério. Duas coisas que têm trânsito permanente na capital: falar e corromper. Às vezes os alvos não são os mesmos).
COM UM TIRO DE ESCOPETA,
DORNELLES DERRUBOU MERCADANTE

O senador do Rio, com um caminhão de títulos e uma carreira que vem desde os 23 anos, sem parar, não é de andar armado dia e noite. Mas quando atira, é pra valer. Mercadante está assustado até agora.
O que Dornelles falou foi colocado num cartaz, por parlamentares e ministros. O que doeu mesmo: “Mercandante pensa que está forte”. O “Mercadante pensa” já foi bonificação do senador. Antes eu já havia revelado aqui, o Alckmin pede a Deus todos os dias: ter Mercadante como adversário.
Em relação ao senador Dornelles, há anos combatemos “o voto proporcional, como o maior inimigo da representatividade”.
PS – A Época produziu esta semana, notável capa. Pegaram a frase-chave de Obama em 2008 (“Sim, nós podemos”), compararam com a sua fase de agora, violando e violentando a privacidade do mundo, magnífico.
PS2 – Eu, que passei uma parte de minha vida dentro de revistas (O Cruzeiro, onde comecei. Manchete e Revista da Semana, as três únicas ilustradas do Brasil) fiquei profissionalmente feliz.
PS3 – Ideia admirável, admiravelmente executada. Não precisam comprar a revista, que não tem nada de importante. Basta passar numa banca perto de casa e olhar a capa.

Da Tribuna da Imprensa de 15-7-2013.

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