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O GRITO DE PROTESTO DA "FORTALEZA APAVORADA"


Fortaleza apavorada: o movimento da mão espalmada

Por Fábio Campos

O incrível silêncio do Governo do Ceará acerca dos índices de violência abre um imenso vácuo no debate público. É evidente que, no âmbito da opinião pública, esse vácuo é rapidamente ocupado. Diante do silêncio, prevalece a voz e a versão de quem fala. E são os cidadãos vitimados e as potenciais vítimas que estão a falar.
O (justo) clamor dos incomodados encontrou eco nas redes sociais e não dependeu dos espaços da imprensa para crescer. Não há partidos, não há líderes políticos, não há sindicatos, não há carreiristas na liderança dos protestos. Não há o tal do “movimento social” (braços dos partidos de esquerda tradicional) por trás das mobilizações.
Para o Governo, é o pior dos mundos. Da esquerda à direita, passando pelo centro, nossa categoria política não está acostumada a lidar com contrapontos que se organizam espontaneamente na sociedade. Fica tudo muito complexo para a política tradicional quando não se pode carimbar a crítica como “coisa da oposição raivosa”.
Um desses movimentos que clamam por respostas do aparato de segurança pública no Ceará chama-se “Fortaleza Apavorada”. Nasceu da angústia de um pequeno grupo de mulheres da classe média de Fortaleza. Há outros movimentos, mas esse tem um sentido mais agudo por ter estabelecido como ação básica uma manifestação de rua.
O grupo se afirma como apartidário, sem objetivos de fazer oposição a quem quer que seja e com a meta exclusiva de reclamar por ações efetivas de segurança pública. Em 35 dias, o movimento atraiu as atenções de 20 mil pessoas. Em tese, aproximadamente 600 adesões diárias. Quase todas espontâneas e outro tanto conquistada a convite.
Curiosamente, a página do grupo, abrigada no Facebook, desapareceu na madrugada de ontem. Perdeu-se uma memória de milhares de postagens. Muitas delas eram vídeos com flagrantes de crimes. Os organizadores não sabem se foi decisão do Facebook ou se ação de hackers.
Outro grupo similar foi criado pelos organizadores. Menos de 24 horas depois, havia praticamente a mesma quantidade de adesões de antes. O fato é que se aproxima a data da manifestação do “Fortaleza Apavorada”. Será na próxima quinta-feira, dia 13, com concentração em frente ao Palácio da Abolição, a partir das 15 horas.
Como o silêncio continua como a única estratégia perceptível, não se sabe como o Governo vai se comportar. Talvez esteja como São Tomé: na descrença. A aposta possível (e comum nesses casos) é que um punhado insignificante de andorinhas vá às ruas e o movimento morra de inanição. Uma morte tão espontânea quanto a que o fez nascer.
Afinal, sabe-se o quanto é difícil juntar gente nas ruas sem um partido e sem um projeto de poder a mobilizar. No Brasil, o cidadão não gosta de participar nem de reunião de condomínio.
Porém, a contragosto do histórico e do costume nacional, o movimento da mão espalmada vermelha de sangue pode surpreender, fazendo volume e barulho suficientes para assustar e provocar uma reação do Governo. Nesse caso, que a reação seja oferecendo mais e melhores respostas para o problema exposto.
A área projetada para a concentração é delicada. Há uma lei que estabelece uma zona especial no entorno do Palácio. Como o movimento faz campanha com dia e hora marcada para o ato, certamente o Governo vai mobilizar seu aparato.

Do Jornal O Povo de 06-6-2013.

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