DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 13-5-2013

NO BLOG DO EGÍDIO SERPA


Uma visão trágica da seca

Para o presidente da Federação da Agricultura do Ceará, Flávio Saboya  “o endividamento rural, decorrente de uma política creditícia incompatível com a realidade do semiárido, não tem mais solução”.
Ele acrescenta:
“As cobranças judiciais generalizadas, em plena seca, levam os pequenos produtores e suas famílias ao desespero”.
Saboya dramatiza as suas palavras:
“Os rebanhos atingidos pela seca vão morrer de fome no curto prazo pela falta de forragem; a pecuária tenderá a desaparecer. O êxodo rural será inevitável. Quando passar a seca, a renda da região ficará limitada aos programas assistenciais do Governo”.
Mais trágico do que isso, impossível.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

Grande talento 
de Afif é multiplicar
sua fortuna

O vice-governador paulista Guilherme Afif Domingos (PSD), nomeado ministro, está no cargo errado. Seu incomum talento para engordar a própria fortuna faz dele merecedor da presidência do Banco Central, no mínimo. Dos seus R$ 11,3 milhões declarados em 2006, passou quatro anos depois, em 2010, a somar R$ 49,2 milhões – valor 6 vezes maior que o orçamento da sua mini-Secretaria de Micro e Pequena Empresa.

Enviar por e-mail Imprimir Twitter

Domínio público

As declarações de bens do ministro Afif Domingos estão disponíveis nas páginas da Justiça Eleitoral, na internet.

Homem de posses

Afif Domingos tem participação acionária na Sundays Participações, na Itaberaba Participações e na Manacial Corretora de Seguros.

Investimentos

Outros negócios do vice-governador de São Paulo são ações da Cesp e da Eletrobras e aplicações nos bancos Credit Suisse e Bradesco.

Garçons atentos

Foi rompido o dique da contenção da divergência entre o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e seu ambicioso secretário-executivo, Alessandro Teixeira. Até o garçom que serve cafezinho no gabinete do ministro sabe a que a situação está insustentável.

Freud não explica

Ex-segurança de Lula, Freud Godoy precisa de terapia: na CPI dos Correios disse que Marcos Valério pagou “por fora” R$ 98,5 mil à empresa Caso, em 2002. Na CPI da Bancoop: “foram contabilizados”.

A alma do negócio

Será a cubana Comercializadora de Servicios Médicos (Servid) a responsável pelo processo de “importação” de médicos cubanos, caso a maluquice seja aprovada por decreto. Fatura alto também com o “turismo médico” na ilha, mas a grana não impediu epidemia de cólera.

Pensando bem...

...o Brasil pagou pelo menos a moldura e o vidro da foto de Chávez que Dilma recebeu do presidente mais ou menos eleito da Venezuela.




NO BLOG DO NOBLAT

Só tem tamanho

Dora Kramer, O Estado de S. Paulo
Fato inusitado, digno de figurar no catálogo dos ineditismos dos quais se orgulha o PT na alucinação de que reinventou o Brasil: a presidente da República é altamente popular, conta com maioria parlamentar esmagadora, tem oposição mirrada e, no entanto, em questões fundamentais perde uma atrás da outra no Congresso.
A lista de revezes mais recentes é conhecida: Código Florestal, lei de distribuição dos royalties do petróleo, reforma do ICMS e marco regulatório dos portos.
Para governo que, em tese, domina 80% do Parlamento, convenhamos, são proezas de monta ter um veto derrubado (royalties), ser derrotado por ação do principal parceiro (PMDB, no Código Florestal), ver uma proposta retaliada por governistas (ICMS), cogitar recorrer a decreto caso deputados e senadores não atendam ao “apelo” de aprovar medida provisória (portos) às vésperas de perder a validade.
A conclusão óbvia é a de que essa base aliada só tem tamanho. Serve para interditar investigações parlamentares, para dar seguimento a manobras como a tentativa de restringir o funcionamento de novos partidos – para criar dificuldades a possíveis adversários eleitorais; serve para garantir tempo de televisão na propaganda política, mas não tem a menor serventia quando se trata de fazer andar o país.
Simplesmente porque a presidente Dilma Rousseff não parece ter a menor noção do que significam termos e expressões como articulação, negociação, construção de consenso, poder moderador, conciliação de interesses, exercício de autoridade delegada, composição de opiniões.
Ignora solenemente os componentes indispensáveis ao funcionamento de uma administração em regime democrático.
Inepta na pilotagem da política – atividade que dá sinais de menosprezar – Dilma acabou por transformar sua enorme base parlamentar em um gigante desgovernado.
Talvez ela não saiba ou não tenha dado ouvidos a quem porventura tentou avisá-la: a mera aquisição de aliados mediante distribuição de ministérios não move o moinho. Pode até não parecer, mas o fisiologismo sozinho não motiva o Congresso.
O voluntarismo, a imposição da vontade, os maus modos, a irritabilidade podem até compor uma imagem forte de governante, mas não asseguram a fortaleza de estadista.

Leia mais em Só tem tamanho

PEC 37: 'É difícil dizer que a polícia é isenta'

Marcela Mattos, Veja
Na última terça-feira, representantes do Ministério Público, do Congresso Nacional, do Ministério da Justiça e da polícia se reuniram pela primeira vez para tentar acabar com o impasse causado pela PEC 37 – proposta de emenda à Constituição que concede poder exclusivo às polícias Federal e Civil de conduzir investigações criminais. Se a medida for aprovada, o Brasil entrará para um grupo restrito de países que proíbem promotores e procuradores de investigar: Quênia, Uganda e Indonésia.
Para o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, além do retrocesso na democracia que representa a proposta, também há de se observar que a polícia não passa por bons momentos: além dos problemas estruturais, falta de capacitação e efetivo, sua eficiência é questionada, principalmente quando o assunto é transparência e isenção.


‘Amigopólio’ de Cristina garante vantagem em publicidade na Argentina

Estadão
O governo da presidente Cristina Kirchner implementou em fevereiro um congelamento de preços de produtos que foi acompanhado por uma proibição às redes de supermercados e lojas de eletrodomésticos de publicar anúncios com ofertas nos jornais e canais de televisão da cidade de Buenos Aires e da Grande Buenos Aires. No entanto, desde de domingo, 12, a proibição não está sendo mais aplicada para os meios de comunicação.
Ou, quase todos os meios de comunicação. Ficam de fora da suspensão desta proibição os jornais “Clarín”, “La Nación” e “Perfil”. Coincidentemente, estes três periódicos possuem tons críticos com a administração Kirchner. Um deles, o “Clarín”, é considerado “inimigo mortal” pela presidente Cristina.
  

‘Indignados’ espanhóis voltam às ruas

O Globo
Dois anos depois, os espanhóis voltaram às ruas neste domingo para lembrar as manifestações contra as medidas de austeridade na economia, a corrupção e o desemprego. O “movimento dos indignados”, como ficaram conhecidos os protestos de 15 de maio de 2011, reuniu milhares de pessoas na capital do país.
Com o lema “Da indignação à rebelião”, os manifestantes saíram de três diferentes pontos de Madri e se reuniram próximo à praça Porta do Sol, que tornou-se símbolo do movimento. Nos vários cartazes, era possível ler mensagens como “Juntos é possível” e “A luta continua”. Os manifestantes comemoraram o aniversário fazendo um minuto de silêncio.



NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Comissão da Verdade, Brilhante Ustra e Dilma: do trágico ao ridículo

Na sexta-feira, a Comissão da Verdade ouviu o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou DOI-CODI entre 1970 e 1974. Ele negou que tenha havido tortura no tempo em que comandou o órgão. Todas as evidências factuais, além de testemunhos de sobreviventes, apontam o contrário. Próceres do Regime Miliar, como o ex-ministro Jarbas Passarinho, admitiram a existência dos porões. Não foi diferente com o próprio presidente Ernesto Geisel, quando, no dia 19 de janeiro de 1976, deu um murro na mesa e afastou o general Ednardo D’Ávila Melo do Comando do II Exército (ao qual era subordinado o DOI-CODI), onde estava havia menos de dois anos. Três meses antes (25 de outubro de 1975), Vladimir Herzog havia sido assassinado nas suas dependências. No dia 17 de janeiro, foi a vez do operário Manuel Fiel Filho. Geisel, então, resolveu comprar a briga com a linha dura do regime. Negar que tenha havido tortura no DOI-CODI é negar os fatos. Só que, no depoimento de sexta-feira passada, Ustra não foi o único a atropelar a história.
Vamos ver. Num dado momento de seu depoimento à Comissão da Verdade — o coronel obteve na Justiça o direito de ficar calado, mas preferiu falar —, afirmou Ustra: “Cumpri ordens legais. O objetivo dos terroristas era a implantação de uma ditadura do proletariado, do comunismo. Isso está escrito no estatuto de todas as organizações terroristas, inclusive no das quatro que a presidente da República participou.”
Foi um deus-nos-acuda. Boa parte da imprensa brasileira, em tom exclamativo, resolveu fazer alarde: “Ustra diz que Dilma participou de grupos terroristas”, como se, nesse caso, o país estivesse diante da mera “versão do torturador”, e também isso, a exemplo da negativa de que tenha havido tortura, fosse apenas mais uma manifestação contra a evidência dos fatos. Pergunto: A COMISSÃO DA VERDADE ESTÁ OU NÃO PREPARADA PARA LIDAR COM A VERDADE? Não sei de onde o coronel tirou a quarta organização. Uma coisa é certa: a agora presidente pertenceu a TRÊS grupos terroristas: Polop (Política Operária), Colina (Comando de Libertação Nacional) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares), que surgiu da união da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) com o Colina. Todas essas organizações admitiam métodos terroristas para a) derrubar o Regime Militar; b) implantar o comunismo no Brasil. E todas elas mataram pessoas inocentes em sua “luta”, admitindo pôr em risco a segurança de inocentes para que a “luta” pudesse avançar. O Colina, aliás, é tratado como grupo que aderiu ao terrorismo pelo livro “Combate nas Trevas”, escrito por Jacob Gorender, um comunista.
Quem queria democracia? Ustra certamente não a queria. E Dilma também não. Consta que ela, pessoalmente, não matou ninguém. Mas as organizações a que pertenceu mataram. Ela foi quadro dirigente da VAR-Palmares. Não consta que se dedicasse ao piano e à declamação de poesia. Deveria ter sido torturada por isso? Resposta óbvia: não! Se a questão é falar em termos puros, cumpre observar: a quem devemos mais reverência? Ao terrorista ou ao torturador? A minha disposição é não querer formar uma civilização nem com um nem com outro; é não chamar para jantar nem um nem outro.
Os que negam e os que se orgulham
Vejam que curioso: contra a evidência dos fatos, o coronel Ustra nega que tenha havido tortura no DOI-CODI sob o seu comando. Como está numa Comissão da Verdade que atua como Comissão de Revanche, é o esperado, ainda que esse grupo não tenha como encaminhar processos de natureza criminal. A questão que conta ali é outra: trata-se de um acerto de contas, vamos dizer, de natureza moral. Ustra nega a tortura porque sabe que isso é uma mácula. Nega porque sabe que não há como justificá-la naquelas circunstâncias — no mundo contemporâneo, o terrorismo recoloca, de maneira nefasta, a questão: a tortura de um terrorista que tenha uma informação que possa salvar centenas ou milhares de vidas é moralmente aceitável? Pensem aí. Utra nega porque sabe que está diante de um anátema.
Notem, no entanto, que os terroristas de antes, alguns deles homens e mulheres de Estado hoje em dia, se orgulham do que fizeram. Continuam a emprestar um tom heroico a suas escolhas. Chegam mesmo a mentir: teriam todos lutado por democracia. Ora, isso é escandalosamente mentiroso, não é mesmo? E não estou, com isso, dizendo que os dois lados eram iguais. Não! Eram diferentes! Cada visão de mundo era nefasta à sua maneira. É claro que o Estado, que tem o monopólio do uso legal e legítimo da força, deveria ter combatido de pronto a tortura ou os métodos que não eram aceitos pela legalidade — porque havia uma — da própria ditadura. Os crimes então cometidos, então, se tornaram crimes de Estado. Isso é inegável! E ele tem, sim, de assumir as suas responsabilidades.
Só que, atenção!, o mesmo Estado que criou a Comissão de Anistia, que decidiu pagar as indenizações e pensões (há casos escandalosos de fraude moral e política, é bom lembrar) e que instituiu a Comissão da Verdade também aprovou a Lei da Anistia. E anistiou os excessos de ambos os lados. E anistiou tanto os torturadores como os terroristas. Aí o apressadinho salta da cadeira: “Pegamos a falácia argumentativa! O Estado que criou a Lei da Anistia ainda era o ditatorial; o que criou a Comissão da Verdade é o democrático!” Pois é… Falacioso é esse raciocínio! Afinal, aquele que torturou e matou também era o ditatorial. Por que a reparação deveria ser feita, então, pelo democrático?
A verdadeira sandice
A verdadeira sandice, esta sim, é o país ficar preso a esse Dia da Marmota, dedicando-se a recontar a história dos últimos 50 anos, com uma pauta já definida, destinada a linchar moralmente os “bandidos” e santificar os “heróis”. Noto que a imprensa registrou a fala de Ustra, tratado o tempo inteiro como torturador ainda hoje, mas não informou com clareza que Dilma efetivamente pertenceu a grupos terroristas. Não, senhores! Eu não estou aqui a dizer que isso os iguala. Tanto não os iguala que estavam em lados opostos da contenda. Isso os diferencia no erro.
Eu tinha 16 anos quando fui importunado pela ditadura, denunciado por um professor — sim, alguém que deveria ajudar a me instruir me denunciou! Há outros professores, vivos e lúcidos, felizmente, que se lembram do caso. Poucas coisas, suponho, podem ser tão asquerosas quanto isso. O dito-cujo era um juiz de menores que dava aula, ligado ao Deops. Tenho uma péssima memória do período e sei o medo que passei. Em 1977, os dias ainda não eram nada tranquilos. Não tenho por que simpatizar com Ustras e congêneres. Mas não me peçam para endossar uma patuscada revanchista que, de resto, não nos conduz, como país, a lugar nenhum! Ao fim da jornada, essa Comissão terá apenas dado corpo a mistificações que não servem à elucidação da história, não servem, por óbvio, aos mortos de ambos os lados e só interessa mesmo aos vivaldinos que querem usar os confrontos de quase um século atrás para justificar pilantragens presentes.
Sim, houve torturas e mortes no DOI-CODI.
Sim, Dilma integrou três grupos terroristas.
Assim como aquele Estado, mesmo ditatorial, não poderia ter sido posto, como foi, a serviço da violência, o de agora, democrático, não pode ser usado para fraudar a história. Usar o justo repúdio à tortura para transformar o terrorismo em escolha heroica é coisa de pilantras e oportunistas, que reivindicam licenças especiais para lambança não em 1964, não em 1968, não em 1974. Esses são tempos mortos. Querem é ser tratados acima do bem e do mal em 2013, em 2014, eternidade afora se possível. A história é rica em exemplos. Um país que tem uma comissão estatal da verdade está apenas redigindo uma mentira oficial.
Por Reinaldo Azevedo

Empreiteiras pressionam, e governo aceita pagar mais por grandes obras

Por José Ernesto Credendio e Dimmi Amora, na Folha

Chamada de “adicional de risco”, essa elevação é uma forma de compensar os tradicionais aditivos, que foram praticamente extintos em 2011 após uma série de suspeitas de desvio de recursos por meio de acréscimos feitos após a contratação. A restrição a aditivos nasceu quando o governo criou o RDC (Regime Diferenciado de Contratações), hoje adotado nas obras rodoviárias -R$ 8 bilhões em contratos-, aeroportos e ferrovias. No lobby contra o fim dos adicionais, as empreiteiras dizem que o governo deixou de pagar mais pela obra mesmo quando os custos subiam muito acima do contratado. O “adicional de risco” foi acordado em reunião com a presença da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela disse que “o RDC veio para ficar”, mas considera que são necessários ajustes.
A partir de agora, o governo insere, já no orçamento do edital, um valor extra para compensar custos que eventualmente surjam durante a execução obra. Esse valor extra, que varia de acordo com o risco estimado pelo governo, é adicionado ao custo da obra e é desembolsado independentemente da ocorrência dos obstáculos. No Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), primeiro órgão a adotar a novidade, o extra vai girar em torno de 17%, percentual que é uma média histórica dos aditivos anteriores. Sem isso, empresas ameaçavam não participar de licitações de obras de alto risco. O principal exemplo é o terminal 3 do aeroporto de Confins (MG), que foi licitado duas vezes sem sucesso porque as empresas acharam o preço baixo demais.
AbandonoNo modelo do RDC, as licitações são feitas com projeto básico -que é preliminar e contempla aspectos genéricos da obra. A empresa deve complementar o projeto e executá-lo sem aditivos para reequilibrar valores. Caso abandone a obra, fica impedida de ser contratada por cinco anos. O diretor de infraestrutura de logística do Ministério do Planejamento, Marcelo Bruto, diz que o adicional de risco oferece maior solidez ao contrato e evita atrasos. A mudança foi adotada na licitação para a obra em 300 quilômetros da rodovia BR-381, em Minas Gerais, cuja “matriz de riscos” lista desapropriações imprevistas, cumprimento de obrigações ambientais e aumento elevado e inesperado de insumos.
(…)


Energia barata nos EUA já afeta indústrias no Brasil

Por Sabrina Valle, no Estadão

A concorrência com o baixo custo do gás de xisto americano, que em três anos passou a custar 20% do preço do gás natural no Brasil, está fazendo o País perder ou adiar bilhões de dólares em investimentos. Indústrias que têm até 35% de seus custos no gás, como fabricantes de cerâmica e vidro, petroquímica e química, perderam competitividade, elevaram importações e migram investimentos para o exterior. Até setores tradicionais, como o de brinquedos, sentem os efeitos. ”Uma fatia importante do setor está com forno desligado. Estamos perdendo competitividade. O risco é a produção nacional ser substituída pela importada”, diz o superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos (Anfacer), Antonio Carlos Kieling.
Kieling diz que as importações do setor estouraram 9.000% em sete anos, para US$ 220 milhões ao ano, num movimento crescente, já que 25% dos custos de produção vêm do gás. A avaliação sobre perda de competitividade é a mesma em vários setores, mas atinge com maior peso a indústria química e petroquímica. Empresas como Braskem, Unigel e Dow Chemical estão entre as que paralisaram decisões de investimento de bilhões de dólares. A multinacional de vidros AGC decidiu há pouco mais de três anos investir numa fábrica de R$ 800 milhões. Será inaugurada em Guaratinguetá (SP) neste ano para produção de vidro plano, espelhos e vidro automotivo. “De lá para cá, o preço do gás dobrou, mudou totalmente o cenário e a rentabilidade”, disse o CEO da AGC Vidros do Brasil, Davide Cappellino.
 A decisão de dobrar a capacidade, com mais R$ 800 milhões, foi suspensa por tempo indeterminado. Unidades da multinacional nos Estados Unidos, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Egito, onde o preço do gás é 20% do cobrado no Brasil, ganharam preferência na destinação de recursos. “Com certeza, o preço do gás tornou a decisão de investir no Brasil muito mais difícil.”

Servidora cita “mala de R$ 1 milhão” para juiz

Por Fausto Macedo, no Estadão:

Depoimento de uma servidora administrativa da Secretaria da Fazenda de São Paulo revela que o juiz Élcio Fiori Henriques, do Tribunal de Impostos e Taxas (TIT), teria recebido “mala com R$ 1 milhão” no exercício de sua atividade como julgador de recursos de empresas autuadas pelo Fisco. Silvânia Felippe declarou à Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava-Rápido – investigação sobre desvios de processos fiscais – que um outro magistrado do TIT foi afastado por um juiz presidente de Câmara “porque ele deu mala com R$ 1 milhão para o juiz fiscal Fiori”.
Silvânia, concursada de 1992, declarou que “diversos processos bons com valores altos são direcionados para Élcio Fiori, não sabe exatamente por que razão”. Afirmou: “O juiz presidente, ao julgar processos, dá provimento com a parceria de mais um juiz, e outros dois negam provimento. Entretanto, como o juiz presidente pode dar o voto de desempate, tudo já está acertado com empresários”.
O relato da servidora foi feito em novembro de 2012, quando estourou a Lava-Rápido, e reforça a suspeita que cerca a origem da fortuna do magistrado. Em apenas 30 meses, de 4 de março de 2010 a 5 de outubro de 2012, Fiori – agente fiscal de rendas de carreira com vencimento líquido de R$ 13,02 mil – construiu patrimônio de R$ 30,75 milhões. Ele comprou, naquele período, 19 imóveis de alto padrão em áreas nobres de São Paulo. Em cartório, declarou desembolso de R$ 15,28 milhões. Alcançou lucro a realizar de R$ 15,46 milhões.
Todos os bens de Fiori – inclusive aplicações financeiras de até R$ 3 milhões, sob penhora online – e de sua empresa, JSK Serviços, Investimentos e Participações, constituída em maio de 2011, estão bloqueados por ordem da 9.º Vara da Fazenda Pública da Capital.
Os investigadores trabalham com a hipótese de que o juiz conquistou seu tesouro recebendo propinas para anular ou rever autos de infração aplicados a empresas por sonegação e irregularidades tributárias.
A Justiça mandou o TIT apresentar, em dez dias, certidão sobre eventual existência de processos na Câmara Julgadora de Fiori – 16.ª – tendo como partes os alienantes dos imóveis mencionados nos autos. O cruzamento de dados poderá levar a empresas supostamente beneficiadas pelo juiz. Investigadores apontam para “esquema de corrupção intolerável no TIT” – o tribunal tem caráter administrativo, seus integrantes não são da Justiça comum.
Outra testemunha, Cleiresmar Machado – demitida da Fazenda por ligações com a quadrilha que encomendava o roubo de autos fiscais -, afirmou à PF que Fiori “era destinatário de muitos processos distribuídos”. “Na maioria dos processos constava que estava sendo convertido em diligência, ao invés de constar o resumo da decisão proferida, a ementa”.

NO BLOG DO CORONEL

Sem estrutura, TCU deixa R$ 20 bilhões sem fiscalização.
Estudos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a fiscalização de convênios federais consideram "sistêmicas" falhas na estrutura da União, destacando como problemas mais sérios o baixo número de servidores e a falta de qualificação de parte deles. Nesse contexto de fraca vigilância, convênios patrocinados por parlamentares já estiveram no centro de vários escândalos que atingiram os governos Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. 
Em 2011, o então ministro do Esporte, Orlando Silva, teve de pedir demissão após a revelação de que convênios irregulares ajudaram a abastecer ONGs ligadas a seu partido, o PC do B. No mesmo ano, a chamada "farra dos convênios" para patrocinar eventos em cidades do interior derrubou o então ministro do Turismo, Pedro Novais. Investigações da Polícia Federal constataram uma série de desvios e ausência de controle sobre a aplicação dos recursos.
Em 2010, o TCU analisou a estrutura de fiscalização dos convênios e detectou a existência de estoque de R$ 16 bilhões em prestações de contas não analisadas. Além disso, havia quase R$ 2 bilhões de convênios cuja prestação de contas não havia sido apresentada no prazo legal. O órgão com situação mais frágil era o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com mais de 15 mil prestações de contas não analisadas, cujo valor chegava a cerca de R$ 4 bilhões. Para fiscalizar esses convênios havia apenas 89 servidores efetivos.
Em 2011, em um novo relatório sobre as contas do governo, o órgão constatou que as prestações de contas com análise atrasada já somavam quase R$ 20 bilhões. O atraso médio das análises era de pouco mais de cinco anos. O número de prestações de contas não apresentadas no prazo devido era de 3.179, 14% maior do que o registrado no ano anterior. Desde então o TCU não atualizou esses dados, mas atrasos e a falta de funcionários persistem, segundo o presidente da instituição, Augusto Nardes. (Estadão)

PF cala a boca do MPF.
"Eu acho importante a operação, mas é suficiente? Quantos desses presos são criminosos do colarinho branco? Quantos são políticos ou empresários? E o fraudador amigo do poder? Aquele que tem o telefone do Secretário da Segurança, o celular do governador ou do ministro? Quem vai prender um cara desses? Quantos foram presos desviando dinheiro público aos milhões? Eu não vi nenhum, você viu algum?"
Hélio Telho, procurador do MPF, criticando a super operação da Polícia Civil em quase todo o País, deflagrada quinta feira, que culminou com 2 mil prisões.
A resposta para o procurador está no post abaixo, sobre a operação da PF no Acre do PT.

PF flagra governador do PT ensinando empreiteiros a montar o "esquema".
Ao investigar secretários de estado, empreiteiros e servidores públicos envolvidos com um grupo de sete empresas de construção civil que atuavam em conjunto para fraudar licitações de obras públicas no Acre, a Polícia Federal interceptou um telefonema do governador Tião Viana (PT) para o empreiteiro João Francisco Salomão, ex-presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fiac). O empresário foi preso pela Polícia Federal na sexta-feira (10), juntamente com outras 14 pessoas, por ordem da desembargadora Denise Bonfim, do Tribunal de Justiça do Acre, durante a Operação G-7.
Os irmãos Vianna que comandam o esquema do PT no Acre
A reportagem obteve uma cópia da representação de 409 páginas apresentada à desembargadora pela Polícia Federal para que fossem decretadas prisões preventivas, expedição de mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva, bloqueio de bens (congelamento de conta correntes) e compartilhamento de provas da Operação G-7. No documento, quando trata das "linhas de crédito para capital de giro para as empresas do cartel', consta o áudio e as transcrições de ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal com autorização judicial.
As chamadas evidenciam a proximidade que as empresas do cartel têm com o poder público estadual. Na chamada de índice 5175762 o empreiteiro João Francisco Salomão recebe ligação do governador Tião Viana informando a possibilidade de o Banco do Estado de Sergipe emprestar dinheiro sem as garantias da obra, e sem as amarras do Banco do Brasil, do Banco da Amazônia (Basa) e da Caixa.
O governador diz que fará a mediação entre Francisco Salomão, o presidente da Fieac, Carlos Takashi Sasai, e o presidente da Federação do Comércio (Fecomercio), Leandro Domingos, o secretário da Fazenda, Mâncio Cordeiro, e o presidente do Banco do Estado de Sergipe. Tião Viana afirma que a operação se dará via Fieac, com a Secretaria da Fazenda atestando os contratos, juntamente com as secretarias de Planejamento e de Obras. O presidente da Fieac é outro réu preso durante a Operação G-7.
A conversa aconteceu às 8h56 da manhã de 12 de janeiro e durou 2m38s. O governador, que estava passando férias com a família, diz que "aqui tá uma maravilha, estou adorando Sergipe, lugar lindo". Salomão informa ao governador que o capital de giro iria dar outro ritmo às obras. Posteriormente, Salomão conversa sobre o assunto com Carlos Afonso Cipriano, que também é réu preso, e diz que precisaria de uma reunião com o secretário da Fazenda e com o presidente da Fieac.
Leia aqui a transcrição do grampo da PF.










Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 26/02/2024 - SEGUNDA-FEIRA