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UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES


Em Valença, foi vendida a fazenda de Sebastião Lacerda, sobre a qual um neto, Carlos Lacerda, escreveu seu melhor livro, com o título "A casa do meu avô". Graça Foster garante que "as ações da Petrobrás vão subir". Sérgio Gabrielli, na Folha, tenta defender e justificar os 7 anos de incompetência na presidência da empresa.

Helio Fernandes
Ministro do Supremo muito moço, Sebastião Lacerda descobriu Valença, se apaixonou, construiu ali o que ele chamou de fazenda-biblioteca. Terras enormes, livros aos milhares. Nas folgas do Supremo, ia para lá, que tempos, de trem. Saltava na estação de Comércio (hoje, merecidamente com o nome dele), andava 300 metros, estava em casa.
 Lacerda e seu melhor livro
Teve um filho, Mauricio Lacerda, notável orador e grande polemista. Em 1916 os alemães afundaram navios do Brasil, aqui mesmo na nossa costa. Fez extraordinário discurso-libelo na escadaria do Teatro Municipal, pedindo a declaração de guerra.
O presidente Wenceslau Braz declarou guerra à Alemanha, mas absurdamente mandou prender o deputado. O advogado de Mauricio foi um jovem de 23 anos, chamado Peixoto de Castro, cujo futuro era visto e previsto por todos. Absolveu Mauricio Lacerda, mas logo casava com Zelia Gonzaga, das maiores fortunas do Brasil. (Abandonou tudo, virou mpresário, isso é outra história).
Mauricio foi pai de Carlos Lacerda , que nascido em 1914, de 1934 em diante viveu um tempão na fazenda-biblioteca do avô. Devorou aqueles livros, sua formação intelectual, que era inata e hereditária, se aprofundou ali.
LACERDA FOI COMUNISTA?
Foi preso em 1934 e 1935, eram tempos de repressão indiscriminada. Estava na Faculdade de Direito, era praticamente obrigação, como o pai e o avô. (Mas não passou do primeiro ano, abandonou, o que aconteceu também com Roberto Marinho, a vida inteira grandes amigos e inimigos irreconciliáveis).
Quando dirigi a Manchete durante 22 meses, de janeiro de 1951 a dezembro de 1952 (da falência à consagração), fazia reportagens curtas com textos e fotos. Uma delas, com muita repercussão, se chamava “Os generais de Imprensa”. Texto curto sobre os donos dos jornais da época, geralmente com revelações.
Sobre Lacerda, escrevi: “Pertenceu ao Partido Comunista por algum tempo”. Me escreveu (publiquei, claro) carta maior do que eu publicara, ele era assim. Dizia: “Helio, nunca pertenci ao Partido Comunista. Durante certo tempo, posso dizer que estive à beira da Juventude Comunista, mas nunca assinei ficha alguma, não cheguei a pertencer a nada ligado ao partido.
Não acreditei nem desacreditei, a posição de Lacerda sempre foi controversa e contraditória em matéria de ideologia. Não muito mais tarde publicou a matéria enorme que o acompanharia (negativamente) pelo resto da vida. Hostilizou brutal e duramente os comunistas (e o próprio partido) num mensário chamado “Observador Econômico e Financeiro”, do empresário Valentim Bouças.
O genro desse empresário era o melhor amigo de Lacerda, grande advogado, Fernando Veloso, filho do Almirante Braz Veloso, chefe da Casa Militar do presidente Washington Luiz.
Depois, seguido pela polícia, Lacerda ia para a fazenda, os beleguins sabendo que o avô era ministro do Supremo, desapareciam. Foi com o ministro já morto que Lacerda começou a escrever o admirável “A casa do meu avô”, que concluiria mais tarde, no Rio. Saiu em formato álbum, com tanto sucesso que foi repetido em livro, tamanho normal.
Agora o filho de Lacerda, bisneto do ministro e também Sebastião, vendeu a fazenda-biblioteca. O bisneto, excelente figura, intelectual nato, melhorou a condição como diretor-proprietário da Editora Nova Fronteira, fundada pelo pai, quando ficou rico, vendendo a sua Tribuna para Nascimento Brito, genro da dona do Jornal do Brasil.
O PASTOR SATANÁS
Além de todas as acusações que são feitas ao pastor corrupto Marco Feliciano, ele mesmo aumenta a lista: tolo e falastrão, dizendo que “todos os ex-presidentes presidiam a Comissão, com ajuda Satanás”. Tão inútil que provocou a revolta do próprio líder do seu partido.
Não parou por aí. Presidentes e ex-presidentes da Comissão presidida por Feliciano estão preparando o pedido de cassação dele através da Comissão de Ética. Resposta surpreendente do pastor: “Não estou preocupado, vou provar a acusação que fiz”.
Pelo que se depreende ou se entende, o pastor tem “ligação ” com Satanás, não “usou seu santo (para ele) nome em vão”. Essa constatação melhora ou piora a situação? Era “insustentável” (royalties para Henrique Eduardo Alves), o que será pior do que isso?
DONA GRAÇA FOSTER
Ficou um tempo fora do noticiário, presidir a ex-maior empresa do país, agora com patrimônio menor do que a cervejeira Ambev, não é fácil. Pelo produto das duas empresas poderiam falar em patrimônio líquido.
Mas Dona Graça voltou otimista e generosa: “As ações da Petrobras vão subir”. Falando pública e antecipadamente, Dona Graça se livrou de uma acusação de “informação privilegiada”, existente e evidente em muitos (quase todos) mercados financeiros do mundo.
O QUE É MELHOR PARA A PETROBRAS
Perguntinha inútil e ingênua: quando essas ações irão subir? E qual será a percentagem dessa alta, lembrança de que ações da Petrobras já estiveram a 52 reais e agora oscilam entre 16 e 18 reais? Quantos passos gigantes serão dados para retomar a caminhada?
Para os que gostam de conclusões apressadas, estou defendendo a empresa. Sou “petrobrasista” de sempre, de antes, de agora, só tento lutar para que haja um depois. Exatamente o contrário do senhor Sergio Gabrielli, que publicou artigo na Folha, cheio de contradições. Um período desmentindo o outro, um parágrafo negativo em cima de outro positivo.
Altamente compreensível: Gabrielli defendia seus 7 anos como presidente da Petrobras, os mais tenebrosos de todos os tempos. Poderia citar presidentes desprezíveis e incompetentes da Petrobras e compará-los com esses 7 anos tão citados. Prefiro deixar Gabrielli sozinho, na tentativa de se eleger governador da Bahia, que não merece isso.
MUDANÇA NO ORÇAMENTO. NINGUÉM QUER, NEM A BASE
Desde a República, o orçamento é meramente autorizativo. Em 5 constituintes, tentaram modificar o sistema, não conseguiram. Poder excessivo do Executivo, falta de interesse do Legislativo.
Afonso Arinos, notável figura, na Câmara e no Senado, discursou muitas vezes propondo: “Temos que trocar o orçamento AUTORIZATIVO pelo IMPOSITIVO. Com enorme liderança e carisma, era aplaudido e abraçado, mas ficava tudo igual. Como agora.

Da Tribuna da Imprensa de 05-4-2013

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