O SERTÃO NORDESTINO CLAMA POR SOCORRO


O sertão clama por socorro seca

Pelo tempo do Carnaval, compareço ao sertão onde nasci e me criei, para ver mais uma seca de perto, em terras do Riacho do Sangue. Visito as fazendas que pertencem às gentes da família: Juiz, Campo Verde, Campos, Iracema, Irajá, Nova Empresa, Cristais e Bela Vista. 

O pequeno mundo que foi vasto na minha infância! São modestas propriedades, todas elas herdadas do espólio do patriarca Orotílio Diógenes, meu avô.

Tristeza profunda! Tudo estorricado e cinzento, verde só as copas dos juazeiros. Açudes secos, não há água, nem no porão, para apaziguar a sede de um passarinho. Animais morrendo de fome e sede. Pastagem já não há e a água mais próxima fica a quatro léguas, em Laranjeiras, dádiva do rio Banabuiú, que o grande açude perenizou. Carros-pipas levantam poeira nas estradas, num vai e vem por oitenta reais a carrada. E não dão vencimento, os carros-pipas, à míngua de água que dizima os rebanhos.

O lúcido azul do céu, com sobras de nuvens descarregadas, contrasta com manchas negras sobrevoando a morte. Urubus! Desesperança! O sofrido povo do sertão das secas recorrentes clama por socorro, em vão, porque Brasília é muito distante. E o Brasil não é um país de todos, como apregoa o governo. Em nome do Pai...

Por Sebastião Diógenes
Médico

Do Jornal O Povo (Artigos) de Fortaleza, em 23-4-2013.

Comentários

  1. PRECISAMOS DE HOMENS CHEIOS DE DEUS ,PRA AMAR O PROXIMO.AMAR NAO COM PALAVRAS ,MAS OBRAS

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