UMAS E OUTRAS DO HÉLIO FERNANDES


Juros mais altos correspondem obrigatoriamente à inflação mais baixa? Não parece, o mundo ensina o contrário, menos no Brasil.

Helio Fernandes
No momento em que a inflação mostra suas garras assustadoras, o assunto ganhou espaço destacado em todos os tipos de comunicação, mas a divergência cresceu na mesma proporção, “é a economia, estúpido”.
O Banco Central deu sua opinião-determinação. Vai subir os juros. Os 7,25 que pareciam seguros, já percorrem desabridamente o caminho até 8,50 e olhe lá. O Ministro da Fazenda mostra suas pedras nesse jogo de xadrez, mas move o câmbio e não os juros. E não dá nem sinais de inquietação. Só não quer juros altos. Mas o BC tem “autonomia”.
Os economistas que servem a todos os governos (são serviçais, deveriam ser incluídos na PEC que melhorou a vida dos empregados domésticos) não têm convicções, e sim submissões que precisam cumprir. Para um lado e para o outro.
A ECONOMIA É
DE MÃO ÚNICA?
Não é ciência exata, tem mão e contramão, seus resultados chegam a conclusões inteiramente disparatadas. Dependendo de quem paga, naturalmente governos. Os economistas que trabalham para empresas privadas não têm problemas ou preocupações. Quando vendem seus serviços profissionais, entregam também suas convicções, tomam a forma do vaso que os contém, o que interessa é a empresa.
Nem surpreendente, nem condenável. Não seria compreensível ou aceitável que economistas fossem trabalhar para uma automobilística, defendendo a redução da produção de carros, argumentando que estão transformando as cidades em engarrafamentos desastrosos, caos completo em toda e qualquer hora.
OS JUROS ALTOS PODEM
DERRUBAR A INFLAÇÃO?
Não é consenso, ou melhor, dependendo dos interesses e da proximidade da eleição. O Brasil tem um dos juros mais altos do mundo e morre de medo da inflação. E os países importantes? EUA – 0,25% de juros e preocupação com o orçamento e não com a inflação. Japão – 0,1% de juros e sempre tentando o povão a não poupar tanto, o dinheiro tem que circular.
Na Europa em crise, assustada até com a lavagem de dinheiro de Chipre, a inflação não entra em pauta, em nenhuma reunião. Dependendo dos 17 países da Zona do Euro, fica entre 1 e 1,5%. E estamos conversados.
Aqui o desacerto, o improviso e o inexplicável ganham espaços em matéria de contradição. Delfim Netto, que fez mestrado e doutorado durante a ditadura, tenta a recuperação. E como está no caminho certo (defende a queda dos juros), esqueçamos o passado.
Economistas que não saem da televisão e são sócios de prósperas consultorias (a vantagem de terem sido diretores do Banco Central) lançam propostas amalucadas, que logo são discutidas ou adotadas.
A mais inacreditável: reduzir o crescimento, tendo como base e como bandeira a demissão pura e simples. E como dizem sem medo e sem limite: “A solução para combater a inflação é aumentar o desemprego”. Como responder ou comentar a isso?
A CONTRADIÇÃO
DA INFLAÇÃO
Enquanto desbaratam ideias e plantam absurdos no problema diário, o que mais interessa ao cidadão, surge um fato que nunca existiu. Sempre a inflação alta refletia nos preços (principalmente nos supermercados, alimentação, transportes), que subiam simultaneamente.
Agora, os preços desses produtos citados sobem sozinhos (sozinhos?), provocando a alta da inflação. Os economistas ex-BC não falam sobre isso. Devem ter esgotado a capacidade de visão, ou vão acabar proclamando como este repórter: QUE REPÚBLICA. Só que usam exclamação.
ALCKMIN NÃO ENGANA NINGUÉM:
QUER CONTINUAR NO PODER
Defende não a candidatura presidencial de Aécio, mas a sua permanência como governador. Está no Palácio Bandeirantes (às vezes de forma inconstitucional) desde 1994. Com a ligeira interrupção em 2006, quando saiu para ser derrotado a presidente. Começou nesse 1994 como vice de Covas, este já com problemas de coração.
Em 1998, reeleito a vice, mas com Covas governador com o coração preocupando desde 1986, quando se elegeu senador. Em 2002, Alckmin eleito governador sem sair do cargo e do Bandeirantes. No já citado 2006, saiu, voltou em 2010. Agora, quer ficar até 2018, quando, acredita, tem todo direito de tentar novamente a Presidência.
POR ISSO, O GOVERNADOR DE
PERNAMBUCO QUER NOVIDADE
Nesse “duelo” de companheirismo-adversários que trava com Dona Dilma, defende a renovação, que seria ele. Mas com as características de todos, menos a idade. Já está completando os 8 anos permitidos de governador. Se chegar a presidente em 2018, lógico, tentará a reeleição. Usando a máquina e o poderio conseqUente.
E a reforma partidária? O fim do voto obrigatório? A extinção do horário eleitoral “gratuito”, que ele tanto explora e inclui em todos os acordos? Eduardo Campos não é nem nunca foi revolucionário, mas será conservador (conservadoríssimo) no Poder. Lembram do esforço maternal para nomear a mãe para o Tribunal de Contas? E só tinha, ainda, a máquina estadual.
UMA SITUAÇÃO
“INSUSTENTÁVEL”
Coloquei a palavra entre aspas, pois é a mais importante numa frase-sentença-quase-determinação do presidente da Câmara: “A situação do presidente da Comissão de Direitos Humanos é INSUSTENTÁVEL”. Não era, embora ainda seja. Isso foi na terça-feira. Na quarta, ontem, eu esclareci a questão.
Mostrei que Henrique Eduardo Alves, apesar de presidente da Câmara, podia menos do que Eduardo Cunha. E para quem não sabia, expliquei: já foram grandes amigos, agora estão brigados.
Concluí: Feliciano só sai se Cunha mandar, aí o PSC atende ou obedece. Eduardo Cunha mandou não sair, podem gritar à vontade, ele não sai. Só se acontecer “uma surpresa” de bastidores, quem sabe até com influência do Planalto.
ENTENDAM COMO FUNCIONA A BOLSA
E O MERCADO FINANCEIRO
No dia em que anunciou prejuízo de 1 bilhão e 500 milhões, as ações da Gol subiram 3,9%. E o movimento dessas ações dobrou, perdão, triplicou.
O banco mais importante de Chipre, tido e havido, conhecido e reconhecido como especialista em lavagem de dinheiro, está há dias no auge da comunicação do mundo. E garantem que pode arrastar a economia e até abandonar a Zona do Euro.
Por tudo isso, e pelo que se sabe, mas as potências não deixam ocupar as manchetes, irá “receber” empréstimo de 10 bilhões de euros. Tão pouco para os países riquíssimos que movimentam o mercado e a lavagem de dinheiro?

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