ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS: O PAÍS NÃO SERÁ TAMBÉM VENCEDOR


Em 1994 começou a disputa presidencial PSDB-PT. Agora o resultado está 3 a 2. Em 2014, completando 20 anos, o PT estará vencendo por 4 a 2. O país não será também vencedor. Mas com o PSDB, retrocesso certo, um país novamente perdedor.

Helio Fernandes
A história presidencial de FHC se consolida em 1994. Mas na verdade começa em duas outras oportunidades. 1986, suplente em exercício de senador, se candidata a senador de verdade. Eram duas vagas, o companheiro de chapa, Mario Covas. 1993, depois do impeachment de Collor, Itamar assume e como tinha apenas dois anos de mandato, equivocadamente se decide por FHC para seu sucessor. E joga toda a máquina na eleição e vitória do sociólogo da Fundação Ford.
Examinemos ligeiramente as barbaridades políticas, eleitorais e financiadoras que FHC praticou. Em 1986 existiam 3 candidatos a governador de São Paulo. Um deles era Maluf, que iria lançar para o Senado o ex-“governador” da ditadura, José Maria Marin. (Esse mesmo que 25 anos depois controla a paixão dos cidadãos, que é o futebol).
FHC teve vários encontros com Maluf, até na sua própria casa, o que irritou profundamente a grande figura que era sua mulher, Dona Ruth. Fez acordo com Maluf, este não lançou candidato ao Senado, apoiou FHC. E ainda insiste em falar em moralidade. Criticou Lula quando apareceu publicamente com o mesmo Maluf.
O segundo candidato a governador era Antonio Ermírio de Moraes, riquíssimo e com obsessão pela política. Critiquei muito Ermírio de Moraes, um dia, no Grand Slam de Roland Garros, seu irmão José me disse: “Helio, você tem razão. Eu já falei com o Antonio, empresário ou político, as duas coisas, não”.
Antonio Ermirio ia lançar para o Senado um dos maiores amigos de FHC, este falou: “Com candidato ao Senado, você não terá meu apoio”. Ermírio de Moraes “demitiu” imediatamente o previsível candidato ao Senado, FHC ficou sozinho, ele e Covas.
O terceiro candidato a governador, a maior figura do PMDB de São Paulo, era Orestes Quércia, que foi eleito fácil e disparadamente. Sem adversários.
FHC teve 8 milhões de votos, a mesma coisa de Covas. Foi a última disputa pelo PMDB, fundaram logo o PSDB. Dizia: “Não posso conviver com Quércia”. Com Maluf e outros, podia?
Veio o impeachment de Collor, Itamar, excelente figura, mas rigorosamente ingênuo, nomeou FHC para tudo. Ministro da Fazenda, Ministro do Exterior, candidato a presidente em 1994. Mas FHC não tinha nenhuma segurança de vitória. Basta este exemplo: o mandato de presidente era de 5 anos, FHC seduziu Itamar para reduzir o mandato para quatro anos.
Ora, quem disputa a presidência com todo o apoio da máquina e do presidente no Planalto, por que reduzir o mandato? A não ser que não acredite na própria vitória. Ganhou, “compraria” a reeleição pela primeira vez na História da República.
EM 1998, LULA É QUE NÃO
ACREDITAVA NA VITÓRIA

Contabilizada a destituição da cláusula pétrea que proibia a reeleição, Lula se lançou apenas para consolidar a vaga em 2002. Foi o que aconteceu. Mais forte pela própria trajetória e favorecido pela trajetória negativa e angustiante de FHC, eis Lula transformado em presidente.
Reeleito em 2006, tentou o terceiro mandato GERAL, Lula não conseguiu, como FHC também não conseguira. Na verdade os dois só têm esse traço parecido: se deixarem, não saem do Poder, ou voltam, dependendo da idade.
SEM NENHUM SUSTO, O PT IRÁ
AMPLIAR A VANTAGEM EM 2014

Que o PT obterá a quarta vitória seguida, nenhuma dúvida. E pode até nem ser com o PSDB, que vem se desmanchando política, eleitoral, partidariamente. Há muito tempo o candidato do PSDB é Aécio Neves. Mas também há muito tempo, o neto de Tancredo não se firma nem se confirma como candidato.
A sorte de Aécio é que seus substitutos dentro do partido seriam Serra e Alckmin, já três vezes derrotados. Mas a falta de sorte é que, sem São Paulo, Aécio não ganha eleição. E para infelicidade geral, quando se juntam São Paulo e PSDB, a equação só se fecha com Serra e Alckmin.
DONA MARINA SILVA E OS
SEUS 20 MILHÕES DE VOTOS

É um equívoco infeliz, Dona Marina pensava mesmo que fosse surgir como terceira força. Não é nem a quarta nem a quinta, se quisesse ser já deveria ter tentado há 20 anos. Agora é muito tarde.
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PS – Desculpem, a culpa não é minha nem do blog. Todos se lançaram na aventura presidencial, com 20 meses de antecedência. O que fazer?
PS2 – E como existe muita coisa não esclarecida, temos que tentar. Sem privilégio para ninguém, total isenção.

Na Tribuna da Imprensa de 25-02-2013.

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