ALIMENTOS ULTRAPSOCESSADOS


Ideias Verdes

Você sabe o que são alimentos ultraprocessados?

Lydia Cintra
Você sabe o que são alimentos ultraprocessados?



 

Alguns tipos de processamento de alimentos sempre aconteceram na história. “A humanidade aprendeu a processar para conservar. A carne, antes da geladeira, era conservada em banha ou sal”, diz Maluh Barciotte, doutora em Saúde Pública e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, o NUPENS.
O problema é que, com o desenvolvimento industrial das últimas décadas, cresceu vertiginosamente a fabricação de alimentos prontos em larga escala, “vazios” em nutrientes e cujo consumo frequente acarreta problemas de saúde como colesterol, diabetes, pressão alta e obesidade.
A industrialização do setor alimentício mudou os hábitos de boa parte da população (especialmente nas cidades) e passou a ofertar produtos commais açúcar, mais gordura saturada, mais sódio, mais substâncias químicas(como conservantes, aromatizantes e estabilizantes) e menos fibra do que o recomendado para uma alimentação saudável. “A gente compra chocolate achando que é chocolate e é só gordura hidrogenada com excesso de açúcar”, explica Maluh.
Temperos de macarrão instantâneo e tabletes de caldos prontos são um caso clássico de produto com sódio em excesso. “Se a gente já tem no Brasil tantos temperos maravilhosos, por que precisa, além deles, colocar um ingrediente ou caldos artificiais? Tudo fica com o mesmo gosto. Quando você cria o seu tempero, faz uma comida mais com a sua cara”, sugere a pesquisadora.
Para ela, os ultraprocessados são alimentos que perderam a alma. “E o problema é que hoje isso virou sinônimo de comida. Para ser saudável, a gente tem que cozinhar. É aquilo que se faz em casa, tem cheiro, tem memória afetiva, que passa por gerações”, argumenta.


São as substâncias usadas para preparar a comida do dia a dia e que passam por processamento como moagem e refinamento. Alguns exemplos são açúcar, farinha, amidos, sal, óleos vegetais e manteiga.

Um exemplo importante são os embutidos – mortadela, salame, presunto e salsicha. É importante não confundi-los com carne, que é classificada como alimento fresco. “Eles passaram por tantos processos químicos que perderam as características básicas de um alimento como a carne, com proteínas e gorduras adequadas”.

Um dos maiores problemas é que o sabor do alimento não está conectado aos nutrientes. “Um bolo de amêndoas industrializado, que vem na caixinha, só tem sabor de amêndoas, mas não os nutrientes ligados àquele sabor. É como se o organismo fosse enganado”, explica Maluh Berciotte. Algumas características básicas dos ultraprocessados são:
- Têm alto poder calórico, mas com uma energia “vazia”. No processamento, perdem os nutrientes e mantém as calorias. “É um excesso de caloria que não nutre. O exemplo máximo disso é o refrigerante”, diz Maluh.
- Têm hiperpalatabilidade, ou seja, um sabor artificial exagerado, que exacerba os nossos sentidos e cria um padrão de gosto no organismo. “Uma criança acostumada a tomar refrigerante muitas vezes não consegue tomar nem água”. O mesmo acontece com sucos. Se nos acostumamos a beber suco em pó, dificilmente nosso paladar reconhece o sabor da fruta “de verdade” no suco natural.
- São alimentos altamente disponíveis para consumo. Toda essa facilidade se reflete no supermercado, com tantas opções nas prateleiras. Nunca na história humana foi tão fácil consumir alimentos prontos. É só pensar: quantas embalagens você compra que é só abrir e comer o que vem dentro?
- Contêm excesso de sal, açúcar, gorduras e substâncias químicas como conservantes, estabilizantes, flavorizantes e corantes. Por isso é tão importante ler os rótulos!

- Evite ingredientes refinados e “branqueados”, como açúcar refinado e farinha branca. Opte por opções integrais.
- Busque alternativas para quando estiver fora de casa. Por exemplo: batata doce tem um tipo de açúcar mais saudável que a batata normal. “Fazer um lanchinho de batata doce para levar para o trabalho é algo supersaudável”, comenta Maluh. Frutas e frutas secas também são sempre boas opções para ter na bolsa.
- Evite levar crianças às compras. Elas são mais vulneráveis às embalagens e produtos coloridos. Sem elas, fica mais fácil dizer “não” e evitar guloseimas;
- Sempre que puder, evite os sucos de caixinha ou em pó (prefira sempre os naturais) e tome o mínimo de refrigerante que conseguir;
- Procure comer frutas puras, sem disfarçar o gosto com cremes e açúcar;
- Aprenda a cozinhar refeições simples e rápidas. É uma boa forma de abrir mão da praticidade daquela pizza ou sanduíche congelados;
- Substituir o pão de padaria (feito com excesso de farinha refinada) por pão caseiro já é um ganho para a saúde. “O ideal é que as pessoas comecem a aprender receitas de pão, pode ser até de liquidificador”, propõe Maluh;
- Se tiver esta opção, prefira feiras de rua ao supermercado. As tentações são menores e a oferta de alimentos mais saudáveis costuma ser maior.
Tem mais sugestões? Compartilhe com a gente!

Da Revista Superinteressante

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