O mensalão dos gagos

Sebastião Nery
GUARAPARI – Francisco Lacerda, o Chiquinho Lacerda, era governador do Espirito Santo na noite de 31 de março de 1964. As notícias de Minas ainda estavam confusas. Ele se trancou no gabinete com os assessores Mário Gurgel (depois deputado do MDB, cassado em 1968) e Setembrino Pelissari (depois deputado da Arena e prefeito de Vitória).
Preparou dois manifestos. Um contra o movimento militar, para, se fosse o caso, ser lido por Gurgel. Outro, a favor, para, também se fosse o caso, ser lido por Setembrino. E ficou esperando, de ouvido no rádio e boca no telefone, falando com o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte.
De repente, toca o telefone no gabinete. Era o coronel comandante do 3º BC de Vila Velha, o mais graduado comando militar do Estado:
- Boa noite, governador. Como estão as coisas?
- Não sei, coronel. O senhor sabe?
- Sei, governador. Mas antes quero saber de que lado o senhor está.
Chiquinho parou, pensou, gaguejou:
- Estou do lado da Escola Normal, coronel.
O Palácio Anchieta, em Vitória, dá os fundos para a Escola Normal.


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LULA
Lula, falso e enganador como sempre, garantiu a Marcos Valerio, a Delubio Soares e a toda a turma do Mensalão que o processo era “uma farsa”, uma “piada de salão” e que não ia dar em nada porque ele tinha nomeado quase todo o Supremo Tribunal e “controlava a situação”. Agora que Marcos Valerio já pegou 40 anos de cadeia e há 24 outros réus sendo julgados, Lula ficou gago.
Não atende telefone de Marcos Valerio nem ninguém do grupo. Como Chiquinho de Vitoria, Lula está “ao lado da Escola Normal”, lá em São Bernardo, no ex-triplex do compadre Teixeira.
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HERON DOMINGUES
Chiquinho Lacerda, governador, conspirou com Magalhães Pinto, fez Marcha da Família com Deus pela Democracia contra o Comunismo e saudou a “Revolução Redentora”.
Os primeiros inquéritos levantaram pilhas de provas contra ele. Chiquinho foi ficando. Eurico Rezende, deputado federal e representante de Chiquinho nas jogadas nacionais, armou um esquema para salvá-lo.
Os saudosos Heron Domingues e José Ayler Rocha tinham a agência de promoções “Pró-News”. Eurico pediu um plano de relações públicas para evitar a cassação de Chiquinho. Oliveira Bastos, chefe da equipe de Heron, foi a Vitória conversar com ele. Trancaram-se numa sala e Bastos passou a mostrar ao governador o que era possível fazer.
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OLIVEIRA BASTOS
- E quanto vai custar isso, Oliveira?
- 150 milhões. Mas sem isso o senhor será inevitavelmente cassado.
- Meu caro, eu não estou me incomodando de ser ou não cassado. O que eu não quero é que o governo toque em meu patrimônio. Isso é que me interessa e me preocupa. Por que então eu iria desfalcar meu patrimônio em 150 milhões? Se quiserem, eu saio. Contanto que não bulam no que é meu.
Chiquinho renunciou, não foi cassado e salvou todo o patrimônio. Inclusive os 150 milhões que não pagou à agência de Heron.
(A esta altura José Dirceu, que ficou muito rico de repente, está mais preocupado é com o que vai ter que devolver: -“não bulam no que é meu”).
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DIRCEU
O presidente Dutra tinha um auxiliar capixaba, oficial do Exército, meio gago. Quando Dutra dava uma ordem, ele ficava mais gago ainda.
Resolveu dar um jeito de curar a gagueira. Soube que o Méier tinha uma escola para gagos, tocou para lá. O endereço que levou não coincidia. Procurou no bairro todo, nada. Foi ao português da esquina:
- O sesesenhor popopodia mememe inininformar se aaaqui temtem uma escococola para gagagago?
- Mas o senhor já fala gago tão bem, para que quer escola?
(Dirceu, Genoino,sempre falantes, calaram. Estão gagos. Querem que os amigos façam um“movimento internacional para denunciar o Supremo”.
sebastiaonery@ig.com.br

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