A GERAÇÃO NEM-NEM


Enviado por Ricardo Noblat - 
18.9.2012
 | 13h04m
POLÍTICA

Nem-nem, ni-ni... , por Ateneia Feijó


Por que tanta apatia? Neste século, grande número de jovens brasileiros nem estudam, nem trabalham. É a geração nem-nem. Sem ideias ou realizações. Sem ambições? Ela também existe em outros países, como Espanha, Portugal, Inglaterra, Itália... Uma geração formada por uma juventude, com diferentes níveis de renda, que não está nem aí.
Seu comportamento pode até variar um pouco em função de cultura, classe socioeconômica, gênero, etnia, religião, país em que vive. Mas sua característica, em geral, é a inexistência de motivação para buscar uma ocupação profissional, um curso de formação ou qualquer coisa que envolva comprometimento para se tornar ativa e independente.
Foram-lhe negadas condições? Este século nada tem a ver com tempos recentes em que pais e mães avisavam os seus rebentos: “Se não quiser estudar, vai trabalhar!”
Porém, diga-se de passagem, a prioridade da família estava na educação. Se um filho estudioso chegasse, inesperadamente, dizendo que havia arranjado um emprego, era aconselhado a desistir dele para não perder a oportunidade de se dedicar com exclusividade aos estudos. Quando essa oportunidade existia, óbvio.
Então havia jovens que somente estudavam, estudavam e trabalhavam, só trabalhavam; e pouquíssimos nem-nem. Agora, como demonstra a reportagem de Fabiana Ribeiro (O Globo, 16/9), um quinto dos brasileiros entre 18 e 25 anos nem estuda, nem trabalha, nem está interessado em emprego.
Essa fração corresponde a 5,3 milhões de jovens (quase a população da Dinamarca). Isso, com base no censo demográfico do IBGE de 2010, quando a economia do Brasil cresceu 7,5%. Em 2012, as taxas de desemprego se mantêm baixas e os empresários continuam a se queixar de escassez de mão de obra qualificada.
Grande parte dos nem-nem não aceita trabalhar por pouco dinheiro, nem admite a necessidade de aprender mais para ganhar melhor. Quer menos responsabilidade e mais liberdade. Quase sempre para curtir, deixando de lado as “chateações”. Do mundo real, apenas o que é prazeroso. Pensar no amanhã? Como assim? E o dia de hoje?
Não é à toa que o economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, adverte que essa geração perdida vai fazer falta para um crescimento sustentado.
Perigosamente despreocupados ou indiferentes com o próprio futuro, os maiores prejudicados serão os jovens nem-nem da classe média baixa e da classe pobre. Eles poderão ficar eternamente dependentes. Na melhor das hipóteses, da família ou do Estado.

Ateneia Feijó é jornalista

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