QUEREM SABOTAR A PRESIDENTE

Por Carlos Chagas

 Deve cuidar-se  Dilma Rousseff, apesar de sua popularidade  crescente e das iniciativas tomadas para evitar a recessão na indústria e a orgia de gastos públicos peculiares a períodos eleitorais.  Porque a presidente   vem sendo sabotada. Primeiro, pela inoperância de parte de seu governo. Depois, pelos partidos de sua base parlamentar, a começar pelo PT. Em seguida, por forte parcela das elites  financeiras e seus porta-vozes na imprensa. Sem esquecer as elites sindicais. 
                                                       Isoladamente, seria possível neutralizar cada um desses segmentos, mas o fato de se apresentarem unidos deveria preocupá-la. Mesmo  que cada um disponha de interesses específicos, reuniram-se e formam um obstáculo, tanto para a reeleição de 2014 quanto para a concretização de planos e programas uma vez imaginados,  capazes de caracterizar de fato e ideologicamente sua administração.
                                                        Tome-se a parte furada do governo. Reflete na população e é aproveitada pelos adversários a lamentável situação das rodovias nacionais. Buracos  a cada metro, asfaltamento fajuto sem a devida punição a empreiteiros  aquinhoados com contratos superfaturados. E mais a paralisação de um monte de obras do PAC, do faraônico desvio das águas do rio São Francisco à implantação de refinarias que não saíram do papel. No que se refere à saúde pública, apesar das obrigações estaduais e municipais, é para o plano federal que se voltam as  cobranças e as queixas pela péssima ou nenhuma prestação de serviços e pelo mau   funcionamento do SUS.
                                                        Os partidos que apóiam o governo mostram sua má vontade pelo não recebimento de liberações  de verbas, nomeações,  favores e benesses. Começa que o PT, amuado por não exercer o poder absoluto,  falta com suas obrigações. O PMDB lava as mãos enquanto o PSB ensaia passos de independência indevida. Sem falar no distanciamento do PTB, PDT e PR.  Tudo deságua num bate-cabeça estimulado pela proximidade das eleições municipais, enfraquecendo a maioria que deveria ser sólida no Congresso e transformando em filme de suspense  cada votação de projeto de interesse oficial. 
                                               As elites financeiras apóiam o governo desde que este atenda suas reivindicações. Detestaram a redução dos juros, que engoliram, mas,   na surdina,  dão o troco. Voltaram a exigir sua versão egoística da reforma tributária, claro  que  para beneficiá-las. Ressuscitam a vigarice do mote de que “melhor será que mais cidadãos paguem impostos para que todos paguem menos”. Todos quem, cara-pálida? Eles,  os  potentados, em prejuízo dos assalariados de baixa renda, que pretendem incluir na faixa de contribuintes.  Fazem o mesmo com a reforma trabalhista, visando suprimir os derradeiros direitos do trabalhador, já ceifados ao longo das últimas décadas. Férias pagas antecipadamente? Décimo-terceiro salário? Indenização por demissão imotivada? Tudo anacronismo que pretendem extinguir...
                                               Braço ostensivo dos setores privilegiados, boa parte  dos meios de comunicação abriga a chantagem das reformas elitistas  e não perde oportunidade de demolir posturas e iniciativas  do governo contrárias à sua ideologia neoliberal e conservadora. Aí está, em cascata, a  reação da mídia ao posicionamento do Brasil diante da crise no Paraguai, mais  a má-vontade para com a Venezuela, a Bolívia, o Irã e quantos mais?  
                                                        Não ficam atrás as elites sindicais. Mesmo na sombra, CUT e Força Sindical estimulam a atual onda de greves que atinge o funcionalismo público, o magistério universitário e os serviços de saúde e segurança. Não aceitam no palácio do Planalto quem não ponha o seu boné na cabeça nem recupere a influência que deixaram de possuir. O resultado, porém, está à vista de todos: parte do  governo de braços cruzados.
                                                        Repetindo: cada uma dessas investidas o governo Dilma enfrentaria e  tiraria de letra, tratando-as de per si. O diabo é que, unidas, formam um conjunto perigoso, sabe-se lá com que intenções. Deve cuidar-se, a presidente.

FULMINADO

                                                        Foi fulminante o voto do senador Pedro Taques,  na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, ontem. A participação do senador Demóstenes Torres nos negócios ilícitos do bicheiro Carlinhos Cachoeira    não permitiu outra alternativa do que concordar com as  investigações feitas pela Polícia Federal. A CCJ pronunciou-se pela admissibilidade da representação contra Demóstenes, conforme a Constituição. Agora, é aguardar a decisão do plenário, na próxima semana.

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