Crônicas e Artigos
O Consolador, Ano 6 - N° 270 - 22 de Julho de 2012
JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, MG (Brasil)
      
 
A verdade é algo complexo e pode ser até um paradoxo

A verdade humana é muito instável, pois é sempre relativa. Quando ela não é subjetiva, mas objetiva, é mais real, porém é também relativa, pois só a divina é absoluta e, no entanto, incompreensível por nós.
A nossa verdade sobre Deus é, pois, relativa. Influenciados pela mitologia, os teólogos antigos acabaram antropomorfizando Deus, e não se contentaram em transformá-Lo em uma pessoa, mas até em Três Pessoas, o que para o mundo de hoje é insustentável diante do próprio monoteísmo cristão.
O apóstolo Paulo disse para os gregos que o Deus dele era desconhecido (ignoto), tal qual o deles (Atos 17: 23).  Paulo se aproxima da ideia dos agnósticos, os quais consideram Deus inacessível ao nosso entendimento. Comparemos essa teologia paulina com a da confusa Santíssima Trindade!  Estou mais com Paulo, cujo Deus é indefinido, mas que nos leva a mais amor a Deus, e não à confusão sobre Ele e medo Dele!
Os teólogos adversários da teologia ortodoxa ou oficial foram chamados de hereges. Mas apoiados pelos imperadores, os ortodoxos transformaram suas doutrinas em dogmas. E quem os negasse de público, coitado!, era condenado, inclusive com a morte, e, mais tarde, era colocado vivo na fogueira! E, assim, os dogmas chegaram até hoje. Respeitemo-los, mas são eles que estão prejudicando seriamente o Cristianismo. E este inimigo é terrível, pois o Cristianismo sempre teve inimigos externos. Agora, seus inimigos são de dentro do próprio Cristianismo, como está acontecendo com a Igreja e com outras igrejas cristãs, o que não aplaudo, mas lamento. E o Islamismo cresce, enquanto que o Cristianismo decresce.  A teologia islâmica de um Deus único, Alá, e a espírita, da Inteligência Suprema e causa primeira de todas as coisas, são mais coerentes com a razão do que o Deus confuso trinitário. Dizem os teólogos que se trata de um mistério, o que pode até se aproximar de algum modo do Deus desconhecido paulino. Mas a coisa se complica quando eles afirmam que Jesus e o Espírito Santo são também outros deuses onipotentes iguais Àquele verdadeiro, que Jesus chamou de Pai Dele e de nós. Os teólogos agiram de boa-fé, mas acabaram perdidos no labirinto das elucubrações teológico-mitológico-politeístas.
Realmente, a verdade humana é complexa, paradoxal e relativa. E ela depende também do fator tempo. O que é verdade hoje, amanhã poderá não ser e vice-versa. Jesus e Buda não quiseram defini-la. E por que, então, os teólogos de hoje querem sustentar “verdades esquisitas”, e logo sobre Deus, de seus colegas antigos? Estes erraram, mas são justificados por seu atraso evolucional cultural, ou seja, por ignorância. Porém os de hoje erram muito mais, pois não é tanto por atraso cultural o seu erro, mas é por contumaz teimosia em quererem manter as estranhas “verdades” de seus colegas do passado!
A causa de todo esse imbróglio é que, se os teólogos de hoje aceitarem que seus colegas do passado cometeram erros teológicos, eles, os de hoje, têm que admitir que eles também não são infalíveis.
O Nazareno disse que, para sermos seus discípulos, temos que renunciar até a nós mesmos (São Mateus 16: 24).
E eis uma das grandes verdades: o ego dos teólogos de hoje trava as verdades, emperrando o Cristianismo!

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