-O CASO DE PINDAMONHANGABA-
Uma colaboração de Estênio Negreiros
(estenionegreiros@hotmail.com)
O espírito de um médico desencarnado
em Bauru,SP, há cerca de vinte anos, completamente materializado realizou na
mais absoluta obscuridade uma operação cirúrgica de apendicite com toda a
técnica médico cirúrgica, sem anestesia, sem instrumentos cirúrgicos visíveis e
sem esterilização.
A intervenção no paciente, que sofria
de apendicite crônica, constatada anteriormente pela radiografia de seu
apêndice infeccionado foi realizada sob rigoroso controle de três médicos
insuspeitos e fiscalizada pelo próprio delegado de policia local. O apêndice,
extraído pelo espírito do médico operador foi encerrado num vidro, com álcool,
encontrado junto à cama do operado.
O exame radiológico praticado no
paciente sete dias após a operação, pelo Doutor Ortiz Patto, de Taubaté,SP
revelou a ausência daquele órgão, evidenciando que André di Bernardi tinha sido
de fato operado.
Este fato mediúnico provocou, como não
poderia deixar de provocar, assombro no meio profano e inaugurou, no dizer do
doutor Lessa, médico presente à operação, a “Era das operações cirúrgicas no
escuro sem as banalidades das assepsias”.
Os antecedentes do fato
Foi na sessão de 16 de dezembro de
1944 que o espírito-guia do padre Zabeu Kauffman, em voz direta (pneumatofonia)
cientificou aos componentes do Centro Irmã Terezinha, de Pindamonhangaba,SP,
que ali seria, em muito breve, procedida uma operação cirúrgico-espiritual na
pessoa do nosso irmão André Di Bernardi, sendo, no entanto, necessário que o
Dr. F. Lessa Jr. providenciasse antes a colocação no recinto destinado à
intervenção, os objetos usuais e indispensáveis nesses trabalhos, inclusive um
vidro com álcool destinado aos resíduos operacionais.
Adiantou o Espírito comunicante que o
operador seria o Espírito materializado do Dr. Luiz Gomes do Amaral, devendo
ser o paciente previdentemente examinado por médicos, obtidas chapas
radiográficas antes e depois da operação, enfim, documentos comprobatórios do
acontecimento e que lhe sirvam a todo tempo de prova concludente e
insofismável.
Por vontade do Dr. Luiz Gomes, o
Espírito operador, foi feito um convite ao seu filho terreno, Dr. Edson do
Amaral, para determinar o dia da intervenção cirúrgica a qual teria que
assistir. Ciente, Dr. Edson foi o único médico desta capital presente à sessão
de Pindamonhangaba. Esse conceituado médico operador, aceitando o convite,
designou o dia 6 de janeiro findo para o ato operatório e assim se manifestou à
Imprensa relatando os motivos pelos quais resolvera comparecer ao ato da
operação realizada em Pinda, confessando, ao mesmo tempo, o inteiro sucesso
dessa sensacional intervenção cirúrgica:
“É interessante a maneira como
resolvi assistir a operação realizada em Pindamonhangaba.
Disseram-me que meu pai fora médico da
Leopoldina e que havia morrido em Bauru,SP, precisando exatamente a data do seu
passamento em 06/10/1926. Diante disso, e atendendo a insistentes convites com
o único objetivo de estudos, fui a Pinda. Preferi ficar em casa de um dos
médiuns e não permiti que um conversasse com o outro.
No ato da operação, realizada numa
sala exígua, examinei tudo com muita atenção e mandei até pregar as tábuas de
uma janela existente. Amarrei o paciente André di Bernardi. O Espírito mandou
pôr um vidro de álcool, no qual, finda a operação, com surpresa geral, apareceu
um apêndice... Fiquei na porta de mãos dadas com os dois médiuns, sendo a
intervenção cirúrgica realizada em absoluta escuridão.
É impressionante o fato de que na sala
não existia nenhum instrumento de cirurgia. O paciente, que estava sem qualquer
corte na barriga, finda a operação apresentava uma ferida no abdômen, como
puderam constatar todos os presentes. Não foi usado avental e nem luvas.
Contudo, ainda continuo não
acreditando nisto. É bem verdade que o apêndice do paciente foi extraído na
mais completa escuridão, operação única, penso, realizada no mundo. Vou esperar
passar mais uns dez dias, para novas observações, e se a radiografia constatar
a inexistência do apêndice, então, não sei que juízo farei do assunto“.
Prossigamos, porém, na nossa narrativa
dos antecedentes do extraordinário fato. Mais uma vez, no entanto, fica patente
que o Dr. Edson do Amaral, que é um provecto cirurgião de São Paulo, não
acredita em trabalhos desta ordem, realizados por espíritos.
Cumpridas integralmente as
determinações espirituais, inclusive o convite às pessoas que deveriam
permanecer na ante-sala em que se realizaria a operação, estabeleceram os
espíritos orientadores que seriam escalados os irmãos Aldo, Gino, Arnaldo,
Mário Amadei e Dutra, para, no dia seguinte à intervenção, ficarem de guarda ao
paciente, que continuaria deitado na posição em que fosse operado, revezando-se
de duas em duas horas, para evitar que as visitas eventuais conversassem muito
com o operado. Este, dizem as instruções, poderia falar, porém o menos
possível, sendo preferível que permaneça em completo repouso. As visitas
deverão assinar o livro de presença que lhes for apresentado.
A sessão teria início às vinte horas
em ponto, do dia 6 de janeiro de 1945 e os assistentes da primeira fila de
cadeiras deveriam dar-se as mãos, que em absoluto não deviam ser desligadas
enquanto durassem os trabalhos da primeira parte da sessão.
O ato operatório
De acordo com as instruções
espirituais e com a presença de vários médicos e outras figuras de projeção,
teria que ser procedida intervenção cirúrgica no paciente André Di Bernardi,
isto em plena escuridão, praticando o ato operatório, que durou cerca de uma
hora, o Espírito materializado do médico Dr. Luiz Gomes do Amaral.
Iniciada a sessão, os médiuns
Francisco Antunes Belo e Oswaldo Pereira de Oliveira entram em “transe”, e o
presidente do Centro, Sr. Mário Amadei recomenda silêncio enquanto o vice-presidente,
Sr. Arnaldo Amadei manda que sejam apagadas as luzes.
Tudo se envolve na mais completa
escuridão. Nessa altura, ouve-se a “Ave Maria” de Gounod e outras músicas assim
harmoniosas. Na sala do Centro, pequenos cartazes recomendam em letras de fôrma:
“Silêncio”, “Meditação”, “Não Fumar”. E em plena escuridão todos os presentes
guardam respeitosos e obedientes essas recomendações. O doente já está sendo
operado. De vez em quando, um gemido apagado corta o ambiente. O Presidente de
instante em instante, relembra: “Cuidado, não acendam as luzes nem pisquem
fósforos. Isso poderá resultar na morte do paciente”.
Durante a operação o operador conversa
com o paciente e despediu-se do mesmo quando deu por terminada a singular
intervenção da qual nos dá conta, pormenorizadamente, o operado, André Di
Bernardi, na interessante entrevista que concedeu ao representante de “A
Centelha”.
A verdade é que o apêndice, de oito
centímetros mais ou menos, estava depositado no frasco de álcool e o doente
apresentava uma cicatriz no respectivo ponto, denunciando a realização do ato
operatório.
Relatório Médico
O EXTENSO E MINUCIOSO RELATÓRIO DO Dr.
ORTIZ MONTEIRO PATTO, QUE ABRANGE TODOS OS ANTECEDENTES DO EXCEPCIONAL CASO ATÉ
AO SEU REMATE.
Taubaté, 7 de
Janeiro de 1945.
Nunca fui espírita, não o sou e não
pretendo sê-lo. Apenas assisti, em minha vida, a duas sessões, no espaço de dez
anos e por mera curiosidade; ambas não me causaram nenhuma impressão
extraordinária, continuando absolutamente incrédulo de tudo que nelas vi.
Trasanteontem, dia 4 do corrente,
recebi um telefonema do Dr. Lessa, de Pindamonhangaba, dizendo-me que iria
trazer-me um paciente para exame radiográfico
Disse-lhe eu que fizesse o doente
tomar, a uma hora da madrugada, a solução de Citobário e que se apresentasse no
meu consultório às oito e trinta do mesmo dia para o exame.
Anteontem, àquela hora, mais ou menos,
chegava à minha casa o Dr. Lessa com o cliente André Di Bernardi. Perguntou-me,
então, logo de saída o Dr. Lessa, se eu acreditava poder ser feita uma
apendicectomia pelo Espiritismo, ao que lhe respondi peremptoriamente: Não.
Eu também não acredito, disse o Dr.
Lessa, mas fui convidado a comparecer a umas sessões no Centro Espírita de
Pindamonhangaba, a pedido de um espírito que se dizia chamar Dr. Luiz Gomes do
Amaral, o qual pretendia processar a operação neste paciente, desejando que eu
tomasse umas tantas providências e estivesse presente.
Disse-me mais, que para se enfronhar
no assunto, procurara assistir a algumas sessões, nas quais ele, sinceramente,
não pudera atribuir a truques uns tantos fenômenos que observara.
Numa delas dissera ao espírito do Dr.
Luiz Gomes do Amaral que se prontificaria a tudo isso mediante um rigoroso
controle que desejaria exercer e para o qual foi autorizado.
Trazia-me, pois, o doente com
diagnóstico de apendicite feito pelo espírito daquele médico, diagnóstico que
ele, Dr. Lessa, em exame cuidadoso, confirmou ser mesmo de apendicite crônica.
Pediu-me que fizesse também exame
clínico e, posteriormente, exame radiográfico. Examinei com o maior cuidado o
paciente, não encontrando nenhuma cicatriz em seu abdômen que indicasse já ter
sido laparatomizado. Após todas as pesquisas clínicas, concordei com o Dr.
Lessa. A seguir passamos para o gabinete de Raios X, onde, primeiramente,
procedi a uma radioscopia. Encontrei o cécum, o cólon transverso, o ângulo
esplênico, a alça sigmóide e a ampola retal já constatada pela substância
opaca.
Procedendo à apalpação sob o écran
fluoroscópico, achei o cécum móvel e doloroso à pressão, bem como a região
ilio-cécum, — Apendicular.
Com pressão manual de afastamento do
cécum e da ampola retal, consegui divisar a imagem do apêndice bem constatada,
exceto em sua ponta.
O Dr. Lessa acompanhava com atenção o
exame.
Bati duas chapas do apêndice e cécum
com o seriógrafo e logo depois uma outra maior, apanhando essas regiões e todo
o intestino grosso. Terminado o exame radiográfico, o cliente vestiu-se e
passei a conversar com ele e com o Dr. Lessa sobre o caso.
Perguntou-me o Dr. Lessa se eu
desejaria assistir à sessão espírita na qual se faria a operação, pois achava
conveniente que mais um colega, cirurgião e radiologista, a tudo presenciasse,
com o intuito de exercer a máxima fiscalização.
Acedi ao convite e ele ficou de obter
permissão para levar-me. No dia seguinte pela manhã entreguei as chapas a um
portador que veio buscá-las e, a pedido do Dr. Lessa, nelas escrevi o seguinte:
“Radiografia do apêndice do senhor André Di Bernardi, obtida por mim na
presença do Dr. Lessa em 5 de janeiro de 1945, às nove horas, oito horas após a
ingestão de Citobário”. A seguir rubriquei-as.
Nesse mesmo dia, à tarde, 6 de janeiro
de 1945, recebi um telefonema, avisando-me de que a sessão teria lugar às
dezenove horas desse dia, no Centro Espírita de Pindamonhangaba e que me fora
concedido permissão para comparecer.
Exatamente àquela hora chegava eu a
Pinda, tendo encontrado na praça o Dr. Lessa, com quem conversei por uns
instantes, rumando em seguida para o Centro.
Ali chegados, esse colega
apresentou-me às pessoas presentes, recomendando-me, em particular, que
mantivesse bem alerta o meu espírito crítico.
Em companhia do Dr. Milton Barros,
Delegado de Polícia da cidade, do Dr. Edson do Amaral também médico e vindo
especialmente de São Paulo, do Dr. Lessa e de três repórteres de “A Noite” de
São Paulo, enviados pelo Dr. Menotti Del Picchia, revistamos todo o recinto
onde ficaria o paciente. Era um cubículo anexo à sala das sessões.
Havia ali apenas uma janela
hermeticamente fechada com traves de madeira pregadas aos batentes e revestida
por uma cortina preta.
Existia a mais, no local, uma cama
pequena de pés altos, com um anteparo destinado à cabeça do paciente, à
semelhança de uma mesa de operações; uma mesinha com um tambor de gaze
esterilizada, outro com algodão, outro com avental, luvas de borracha e campos
operatórios, seis pinças de campo, duas bacias, dois litros de álcool
arrolhados, um frasco de tintura de iodo e outra de boca larga, também
arrolhado, contendo álcool que identifiquei pelo odor, destinado a receber o
apêndice a ser extraído.
Todo
esse material fora trazido àquele lugar pelo Dr. Lessa, por solicitações do
espírito.
Embaixo da cama havia um caixote à
guisa de balde, e na parede duas lâmpadas elétricas, com “abat-jour” em forma
de arandela, sendo uma branca, que estava acesa, e outra vermelha, apagada.
O piso do compartimento era de tijolos
e o teto de tábuas de forro perfeitamente ajustadas e pintadas à óleo.
Nada mais encontramos, dando por
terminado o nosso rigoroso exame.
Disse-me no momento o Dr. Lessa, que o
Espírito do operador lhe havia pedido posteriormente alguns agrafes, os quais
ele trouxera envoltos em papel, mostrando-nos e observando que não tivera tempo
de esterilizá-los. Colocou-os, em minha presença, sobre a mesa. Depois disso
fizemos entrar o paciente.
Vestia ele um pijama e deitando-se na
mesa operatória foi a esta amarrado pelos braços, tórax, perna e pés, com uma
corda fina dobrada em duas, pelo Dr. Edson, sendo o nó da extremidade da corda
envolto em esparadrapo rubricado por mim e pelos meus dois colegas.
Retiramo-nos todos daquele recinto,
que ficou às escuras, e cerrada a cortina da única portinha que dava para a
sala de sessões.
Nessa sala, a cadeira do médium,
ladeada por duas outras nas quais iriam sentar-se os Doutores Lessa e Edson,
obstruía a passagem da referida porta.
Foi solicitado a todos os presentes
que entregassem os fósforos que por ventura trouxessem consigo, pois um simples
cigarro aceso durante os trabalhos poria em risco a vida do paciente e do
médium.
Uma vez todos acomodados em seus
lugares, sobrou um assento que foi a mim destinado.
O presidente do Centro, Sr. Mário
Amadei, tomando a palavra, disse da importância e seriedade da sessão a que
iríamos assistir.
Pediu a todos que se dessem as mãos
para formar a corrente, recomendando que não as desligassem em hipótese alguma
durante os trabalhos.
O Dr. Lessa e Edson seguraram cada
qual uma das mãos do médium Belo, sendo que o Dr. Lessa segurava ainda com a
mão esquerda o pulso do médium auxiliar.
O delegado de polícia, Dr. Milton
Barros, recusando-se a permanecer dentro da sala, preferiu retirar-se para
exercer uma fiscalização pessoal do exterior do prédio durante a sessão.
Feita a escuridão absoluta, com a
retirada do fusível da luz, foi posta a funcionar uma vitrola que não cessou de
tocar durante todo o tempo e que estava sendo usada pela primeira vez naquele
Centro a pedido do Espírito do Dr. Luiz Gomes do Amaral.
Após uma prece do presidente,
iniciou-se a concentração.
Fazia um calor horrível na sala, onde
o ar não penetrava e prolongava-se mais e mais o tempo sem que eu notasse
manifestação alguma de caráter extraordinário.
A certa altura o médium Belo pedia
maior concentração para facilitar os trabalhos e esse pedido foi repetido com
insistência pelo Presidente, de intervalo em intervalo. Parecia que a coisa
estava difícil.
Ouvi, em dado momento, para o lado do
quartinho em que se encontrava o paciente, um ruído que se me assemelhou ao de
pinças e outros instrumentos cirúrgicos. Tenho certeza de que mantive minha
calma e lucidez absoluta e, desviando o pensamento, procurei atribuir o ruído
que ouvira, a qualquer outro material, talvez pertencente à vitrola. Era
preciso evitar, a todo custo, a sugestão.
Em outro momento senti um cheiro
acentuado de formol ou formalina, idêntico ao das salas de cirurgia
esterilizadas por esse processo.
É preciso lembrar que no nosso exame
eu não constatara a existência desse desinfetante. Foi uma sensação olfativa
muito fugaz e à qual procurei não dar maior importância. Mantive o meu espírito
sempre alerta naquela escuridão, e como já se ia delongando por demais a
expectativa sem ter eu ouvido nada mais além da respiração forte do médium Belo
e os leves ruídos que citei, esperava a todo momento que nos fosse anunciado o
fracasso ou a impossibilidade de se completar a sessão naquela noite.
Ouvi mais tarde um gemido baixo de
alguém que dizia: — “Ai que dor”. Íamos para mais de duas horas naquela
situação e eu contava sempre como certo que tudo redundasse num fracasso, sob
forma de uma escusa ou do adiamento dos trabalhos, quando a voz de um espírito
falou por intermédio do médium Belo, em tom claro e modulado, mais ou menos o
seguinte:
“Meus irmãos: a corrente esteve
fraquíssima, abaixo mesmo de tudo o que se possa chamar fraco; muitos dos
presente não se concentraram”.
Julguei que, se naquele instante fosse
ter início o transe e que o espírito fosse censurar-me por estar eu prevendo o
mau êxito dos trabalhos ao invés de concentrar-me como convinha. A voz que nos
falava, entretanto, prosseguiu:
"O meu filho, aqui à direita (o
Dr. Edson) descrente, cochilou o tempo todo, o mesmo se dando com o Dr. Lessa.
A operação todavia está terminada, custou muito pelo fato de o paciente dar-se
ao uso do álcool. Em todo caso alcançamos êxito completo. Recomendo todos os
cuidados post-operatórios ao médico terreno Dr. Lessa.
Vou me retirar e após fazer-se a luz
esperem um pouco para visitar o operado, entrando em primeiro lugar os médicos aqui
presentes, que são uns principiantes”.
Nesta altura o Dr. Edson sentia-se
mal, ameaçado de sincope.
O Espírito continuava a falar e,
retirando-se dali a pouco, deu o seu nome: "Dr. Luiz Gomes do
Amaral".
O Presidente, Sr. Arnaldo Amadei,
encerrando a sessão, fez uma rápida prece enquanto o médium já fora de transe
falava alto “não suporto mais”. Determinaram então à pessoa que estivesse com o
fusível, que o recolocasse imediatamente.
Restabelecida a luz, abriram-se o quanto antes as portas e janelas da
sala.
O Dr. Edson e o médium Belo foram
levados para fora, este último também visivelmente angustiado e afirmando que
nunca mais se prestaria a atuar em casos de operação, pois sentira todas as
dores do operado.
O Sr. Delegado entrou e com ele o Dr.
Lessa e os repórteres da “A Noite”. Encaminhei-me para o cubículo onde ficara o
operado. Iluminado o quartinho fui o primeiro a falar com o paciente;
tomando-lhe o pulso, indaguei como se sentia. Respondeu-me: “Estou bem, muito
bem”.
O pulso continuava rítmico e batendo
noventa vezes por minuto como antes da operação. Notei-lhe apenas um certo
cansaço.
Vendo eu sobre o seu ventre dois panos
de campo com manchas de sangue, levantei-os e vi um incisão no ponto de Mac
Burney, de mais ou menos três centímetros de extensão, suturada com dois pontos
que me pareceram de crina ou catgut.
Enquanto isso, o Dr. Lessa, por trás
de mim, examinava a mesinha auxiliar e os apetrechos que nela havíamos deixado.
O paciente estava ainda completamente amarrado como antes, e, intacto, no seu
lugar, o selo de esparadrapo por nós rubricado.
O Dr. Lessa, batendo-me nas costas,
mostrou-me o frasco de boca larga, arrolhado, com o gargalo sujo de sangue e
dentro dele, imerso no álcool, o apêndice extraído.
Examinamos detidamente a peça e
tivemos de reconhecer que se tratava de um apêndice recentemente extraído com
toda a técnica, notando-se uma porção de meso apendicular, sinal de esmagamento
na sua extremidade de inserção bem incisada e, em sua ponta, leve tumefação,
indicando ser ali o ponto inflamado.
Revendo no momento as chapas
radiográficas, por mim mesmo batidas, verifiquei a coincidência exata do ponto
de inflamação.
Tornamos eu e o Dr. Lessa a examinar a
incisão e constatamos não ter sido suturada com agrafes. Procuramo-los sobre a
mesinha. Lá não estavam, como havíamos deixado. Encontramos apenas o papel que
os envolvia, aberto e vazio. Onde estariam? Demos busca, incontinenti, em todos
os cantos do quarto, inclusive no chão.
Lembrou-se o Dr. Lessa de mergulhar a
mão no álcool iodado que enchia uma das bacias, ali encontrando os agrafes
desaparecidos e ainda dois pedaços de catgut, material que, em absoluto,
não existia anteriormente no recinto da operação.
Esses pedaços de catgut estavam
tintos de sangue fixado pelo álcool iodado. Conservo em meu poder um, e o Dr.
Lessa o outro pedaço. Enquanto isso os repórteres e o Sr. Delegado examinavam
outros detalhes importantes, tais como a janela que continuava hermeticamente
pregada.
Os tambores de gaze, algodão e
apetrechos esterilizados, lá estavam sobre a mesinha, porém abertos e fora
deles o avental, úmido, à semelhança dos que despimos após uma operação; úmidos
de suor, as luvas, a máscara e as pinças de campo que pareciam então não terem
sido usadas, pois destas não encontramos no abdômen do paciente sinais de
pegadas. No caixote, à guisa de balde, sob a mesa, nada existia, a não ser uma
garrafa de álcool vazia. Pareceu-nos também não terem sido usadas as tiras de
gaze. Tudo isso constatado, passou o Dr. Lessa a fechar a ferida operatória
como se faz de hábito.
Nesse momento o repórter-fotógrafo
bateu uma chapa, apanhando-nos ao lado do doente.
Retirando-nos, foi permitida a entrada
dos demais assistentes da sessão para verem o operado, sendo o apêndice a todos
exibido pelo presidente do Centro.
Interrogado pelo repórter de “A Noite”
sobre o que eu achara de tudo aquilo, disse-lhe não saber o que responder.
Preferia esperar pela última prova que seria uma nova chapa radiográfica do
paciente a ser feita logo que seu estado o permitisse.
De resto, os fenômenos que eu acabara
de observar, ele também os observara. Assinamos em seguida uma ata lavrada pelo
Dr. Lessa e voltei de automóvel para Taubaté, em companhia do Dr. Balbi e do
Dr. Mário Aguiar, Juiz de Direito de Itápolis, meus companheiros de viagem, que
assistiram, por concessão especial do último momento, aos trabalhos.
Taubaté, 8 de
janeiro de 1945.
Hoje tive notícias do paciente pelo
telefone, dadas pelo Dr. Lessa, que me disse estar o doente passando bem.
Apenas fora necessário aplicar-lhe uma injeção de Sedol por estar sentindo
muitas dores, isso logo após a minha partida para Taubaté. No mais, continua
recebendo os cuidados indispensáveis a um apendicectomizado.
Taubaté, 9 de
janeiro de 1945.
Hoje, às vinte horas, segui para
Pindamonhangaba em companhia dos Doutores José Luiz Cembranelli, Hugo Di
Domenico e Armando Montelli.
Chegados àquela cidade procuramos o
Dr. Lessa, que continua prestando assistência ao operado, Sr. André Di
Bernardi, e juntos fomos visitá-lo.
Não estando presentes à sessão
espírita, os Doutores Cembranelli, Di Domenico e Montelli procederam a um exame
frio e objetivo do ambiente, pois o doente se acha na mesma sala em que foi
feita a operação. Esses mesmos médicos tendo examinado minuciosamente o Sr.
André Di Bernardi acharam-lhe o pulso marcando 78 pulsações e l7,3 graus de
temperatura. Levantando o curativo foi verificada como existente a incisão
operatória, dentro de todos os requisitos da técnica cirúrgica, e foram constatados
todos os demais sintomas de um apendicectomizado a quarenta e oito horas.
Examinando o apêndice que se achava
ainda no mesmo vidro em que fora encontrado, foi declarada, por eles, a
perfeita correspondência com a imagem das chapas radiográficas que foram também
por eles estudadas.
Todos os médicos nos retiramos para um
bar onde nos fez companhia o Sr. Delegado de Polícia de Pindamonhangaba, Dr.
Milton de Barros.
Continuando os comentários do caso,
resolvi radiografar o Sr. André Di Bernardi, domingo, 14, entre 8 e 9 horas da
manhã, em meu consultório, perante o maior número possível de colegas, pois
esta será a última prova de ter sido realmente extirpado o apêndice do
paciente.
Levantada pelo Dr. Hugo Di Domenico a
possibilidade de trazerem as novas chapas a imagem do apêndice, respondeu o Dr.
Milton de Barros que então se instaurará inquérito, pois passará a tratar-se de
um caso de polícia.
Radiografia
A
RADIOGRAFIA DO OPERADO PELO ESPÍRITO DO MÉDICO DR. LUIZ GOMES DO AMARAL, EM
SEIS CHAPAS BATIDAS E ESTUDADAS ATESTAM A AUSÊNCIA DO APÊNDICE.
“Meus senhores, o apêndice foi
extraído!”
Assim se manifestou o Dr. Ortiz
Monteiro Patto, vivamente emocionado, apresentando ao exame de seus colegas as
quatro chapas que tinha nas mãos.
André Di Bernardi, a um canto, estava
sorrindo, e satisfeito...
O Dr. Ortiz Patto afastou os curiosos
e disse que primeiro caberia aos médicos presentes examinar as chapas, depois
aos jornalistas. O écran luminoso foi aceso e os médicos foram se
aproximando.
— Nunca em minha vida consegui tirar
chapas tão nítidas, — afirmou o Dr. Ortiz Patto.
Os jornalistas aproximaram-se também e
o radiologista deu-lhes explicações sucintas, esclarecendo os detalhes fixados
nas chapas e fazendo comparações com as que foram batidas antes da sensacional
operação do outro mundo...
— Vou tirar mais duas chapas, uma
pequena e outra grande, esta atingindo todo o intestino grosso do paciente, e
então os detalhes serão ainda mais visíveis - disse o Dr. Monteiro Patto.
Essas chapas foram batidas e depois
mostradas a todos. Estavam, como as demais, perfeitamente nítidas, e a
revelação da inexistência de apêndice era evidente.
Encerrada a missão dos médicos
Os médicos estavam satisfeitos e muito
mais ainda os espíritas, os diretores do Centro Espírita Irmã Terezinha. Os
médicos não queriam entrar no mérito da questão espiritual, mas não escondiam a
sua surpresa diante do fato. Estavam admirados com o êxito da operação e da
forma pela qual fora ela feita, criando, como disse o Dr. Francisco Lessa
Júnior, “A era da cirurgia nas trevas sem as banalidades da assepsia... “
Mas estava encerrada a missão dos
médicos.
A ATA
DOCUMENTANDO OS TRABALHOS REALIZADOS
Reunidos então, em definitivo,
deliberaram os médicos fazer lavrar uma ata dos trabalhos realizados. Esse
documento foi escrito pelo Dr. Ortiz Patto e assinado por todos os médicos
presentes. Está assim redigido:
Taubaté, 14 de
janeiro de 1945.
"Hoje, às 9 horas, em meu
consultório, na presença dos médicos que assinam a presente, foram processadas
por mim mais seis radiografias do Sr. André Di Bernardi, oito dias após a
intervenção realizada no Centro Espírita de Pindamonhangaba. Comparadas, ainda
úmidas, com as chapas anteriores feitas no dia 5 do corrente, não foi
constatada em nenhuma a imagem do apêndice.
Assinados: Dr. Ortiz Monteiro Patto,
Dr. Ernani Fonseca. Dr. José Gregório Moreira. Dr. Otacílio Moreira. Dr. F.
Lessa Júnior. Dr. Armando Montelli. Dr. F. Cursino Santos. Dr. H. Hollz.
Tendo chegado após o exame do
paciente, o Dr. Hugo Di Domenico pôde apenas proceder a análise dos negativos
radiográficos concordantes com o resultados deste relatório, assinando-o.
Assinado: Dr. Hugo Di Domenico.”
Em seguida à assinatura dessa ata,
ainda por intermédio do Dr. Patto, foi feita uma declaração verbal aos
jornalistas, afirmando aos mesmos que a missão estava cumprida.
Nada mais tinham o que fazer. Sobre a
questão estritamente espírita se abstinham de expender qualquer opinião,
porquanto não eram espíritas e desconheciam, por completo, embora estejam
surpresos e admirados como a intervenção cirúrgica foi realizada, nas condições
amplamente conhecidas, em plena treva, sem os instrumentos indispensáveis, sem
a anestesia do paciente e sem os rudimentares preceitos de higiene e conforto.
ANDRÉ DI
BERNARDI FALA À “A CENTELHA”
Trata-se
de um moço robusto, de 32 anos de idade, que há tempos vinha freqüentando as
sessões do Grupo “Luiz Gonzaga”, reuniões estas muito particulares, que se
processavam na residência do Sr. Mário Amadei. Atendendo de boa vontade a nossa
solicitação, assim se manifestou o Sr. André Di Bernardi:
“Numa das sessões do Grupo Espírita
“Luiz Gonzaga”, durante os fenômenos de voz direta, sem auxilio de corneta,
produzidos pelo médium Belo, pela Entidade que preside os trabalhos, o Espírito
do Padre Zabeu Kauffman, foi por este anunciada a realização de uma importante
operação cirúrgico espiritual que iria ter uma repercussão mundial. Dentre os
assistentes, fui apontado, com grande admiração de minha parte, para ser o
operado de apêndice, pois embora sabendo que sofria desse mal, não esperava que
se fizesse necessária tão logo, essa intervenção, e ainda mais, constando
dentre os presentes, um irmão portador de uma hérnia inguinal. No entanto, com
grande satisfação aceitei o convite, certo de que o poder sobrenatural é
infinito. Ainda a pedido da Entidade, foi feita um dia antes da operação, a
radiografia do apêndice, e eu examinado por três médicos, que constataram o meu
mal. Dominado da maior emoção e confiança nos nossos guias, submeti-me na noite
de 6 de janeiro, a essa intervenção, sob rigorosos controles científicos”.
O que viu e sentiu o paciente
Depois de uma pequena pausa,
prosseguiu o nosso entrevistado:
“O quartinho hermeticamente fechado,
ar abafado, calor insuportável, escuridão absoluta; acompanhei atentamente as
preces proferidas no outro recinto contíguo e após minutos percebi a
aproximação de uma entidade espiritual cuja forte irradiação fluídica, senti
vibrar em meu corpo.
"Senti mansamente ser depositada
uma valise sobre minha cama, aos pés, colocando um pano sobre as minhas pernas
e depositando sobre o mesmo, ferramentas diversas: isto tudo na mais completa
obscuridade. Depois de alguns minutos, sobre o meu corpo, pairando no ar,
formou-se uma luz indefinível, perfeitamente visível, que flutuava
constantemente.
"Ouvia, ao meu lado direito,
sobre a mesinha com os apetrechos de enfermagem, a movimentação de líquido,
dando a impressão que a entidade desinfetava as mãos. Em seguida senti que me
descobriam a região do abdômen, desinfetando-a em seguida, com álcool, cuja
sensação foi agradavelmente fria; senti então apalpadelas de mãos sobre a
região, como se localizassem o apêndice.
"Após este ato, senti como se
fora a arranhadura de uma unha sobre a pele e uma sensação de sangue quente
escorrendo. Nesse momento, em que me achava dominado pela mais intensa emoção,
ouvi distintamente a voz da entidade, dizendo-me: “Respire profundamente pela
boca, meu filho....” e foi ai que instintivamente gritei... ai que dor, Doutor...
que foi ouvido por todos que estavam no outro quarto. Tornou a voz...
explicando em detalhes técnicos que eu não compreendia, a marcha da operação
cirúrgica.
"Durante esse trabalho operatório
a Entidade repetiu-me estas palavras diversas vezes: “A tua fé, meu filho, é
tamanha que poderia, até fazer-te andar sobre as águas, pois se submetendo a
esta prova, tão necessária Humanidade,
para compenetrar-se da sobrevivência do espírito, eu admiro a tua coragem desassombrada!
Esta tua glória, ficará registrada no mundo espiritual”.
"Foi tão agradável este colóquio
com o 'outro mundo', que perdi a noção do tempo, e só então, quando perguntei a
Entidade que me operava, se ainda demorava muito, ao que respondeu-me: — “Mais
um pouco de paciência, meu filho, faltam apenas três minutos, dependendo da
sutura do peritônio e fechar”, é que notei que já estava no fim o ato
operatório.
"Decorrido o tempo predito, tive
a satisfação de ouvir estas palavras: “Filho, com a tua fé e a graça de Deus,
está terminada a operação; resta-me lavar as mãos, porque com elas tintas de
sangue, não me posso desmaterializar”.
“Por três vezes a lâmpada vermelha,
que tinha ficado apagada à disposição da Entidade, acendeu-se e apagou-se”.
E assim, terminaram estas
interessantíssimas declarações ditadas pelo paciente, voluntário desta
assombrosa e concludente manifestação material do poder do espírito.
As pessoas ouvidas pela nossa reportagem em Taubaté
O Dr. Patto, em vista do grande
cansaço físico, devido ao grande esforço e tensão nervosa, apenas pode nos
transmitir as seguintes palavras: “Embora não interessado na parte religiosa da
questão, tudo quanto fiz foi apenas em contribuição à Ciência”.
As chapas, em envelope fechado foram
entregues ao Sr. Pontes, jornalista da “A Noite”, de São Paulo, que em
companhia do Dr. Edson, as conduziria para a Capital, destinadas àquele
importante vespertino.
A reportagem aproveitou o ensejo de
ouvir naquela cidade a opinião do Dr. Mário de Aguiar, Juiz de Direito de
Itápolis, que afirmou ter assistido e acompanhado os trabalhos, constatando a
absoluta impossibilidade de fraude, pois se achava sentado junto à porta do
recinto, a qual tinha sido fechada pelo Dr. Milton Peixoto de Barros, Delegado
de Polícia de Pindamonhangaba, e retirada a chave. Ao fundo, junto à passagem
do quartinho, formava-se a corrente, constituída dos médicos de controle, Dr.
Edson, Dr. Lessa e Dr. Patto, dos médiuns e dos crentes. A escuridão era
completa, pois o fusível da corrente elétrica do recinto, tinha sido previamente
retirado. Tive a impressão de ouvir conversa e barulho no quartinho, fato este
corroborado por diversos da corrente. De tudo estou certo que, categoricamente,
seria impossível uma mistificação. O fato para mim é autêntico e só poderia ser
realizado por uma entidade espiritual, em tais condições de ambiente.
O Sr. Abraão José Moreira, sócio do
Sr. Dr. Alfredo José Balbi, Inspetor Federal do Ensino em São José dos Campos,
causídico este que também assistiu a memorável sessão, assim narrou-nos o
ocorrido:
“Eram 9 horas da manhã de sábado, 6 de
janeiro, quando meu sócio de mim se aproximou e disse que à noite iria a Pinda
a convite do Dr. Patto, para assistir a uma sessão espírita onde iria se
realizar uma operação de apendicite por um médico falecido há 20 anos em Baurú.
A princípio levei pelo lado de brincadeira porque nós dois brincávamos muito; à
noite, ou por outra, à tardinha, aguardando o Dr. Balbi, porque estava
realizando meu casamento, fui informado que tinha seguido de automóvel para
Pinda. Foi com surpresa que vim a saber que o caso era sério. Na segunda-feira,
estando com o Dr. Balbi, detalhou-me todo o acontecido, ficando ciente de tudo
o que lá havia passado. Não sou espírita, mas agora já começo a interessar-me
pelas coisas do Espiritismo, já estou sabendo que a morte é apenas uma mudança
de lugar.
O Sr. José Ubaldi de Almeida,
negociante em Taubaté, solicitado por nossa reportagem, assim se expressou:
“Não sou espírita, mas creio piamente ser uma verdade incontestável a
intervenção cirúrgica de Pindamonhangaba, assistida e fiscalizada por nomes
respeitáveis”.
A "A Centelha" em Pindamonhangaba
A nossa reportagem deslocou-se em
seguida para a antiga Princesa do Norte, em busca de novos informes. Fomos
deparar ali com os Irmãos Amadei, industriais antigos naquela próspera cidade,
nomes respeitáveis do comércio e da sociedade e dirigentes do Centro Espírita
Irmã Terezinha. Atendidos gentilmente por Mário e Arnaldo Amadei e pelo
operado, André, que aparentemente se encontrava em sua saúde normal, e que se
achava em palestra na residência dos mesmos, fomos inteirados dos detalhes que
antecederam o grande fato mediúnico.
O médium Francisco Antunes Belo, que
foi o instrumento precioso dessa operação espiritual, que além de médium de
efeitos físicos é também vidente, assim descreveu para a reportagem da “A
Centelha”, o desenrolar dos fenômenos mediúnicos, que durante uma hora e
quarenta e cinco minutos prendeu a atenção da assistência e que hoje empolga o
mundo.
“Depois de aproximadamente cinco minutos
de mãos dadas, eu vi uma entidade completamente materializada, como quem vinha
da rua, entrando pelas paredes. Alto, 1,80 mais ou menos, magro e de
cavanhaque, cabelos grisalhos e um pouco calvo, conduzindo uma valise, usada
pelos médicos. Passou entre eu e o Dr. Edson e penetrou pela câmara operatória
sem necessidade de levantar as cortinas. Nesse momento iniciou-se um profundo
tremor na minha perna esquerda, que perdurou por toda a operação. Tinha a
certeza absoluta de que me achava com os pés amarrados ao chão. Quando
principiei a ouvir ruído de ferros no interior da câmara, comecei a sentir algo
de anormal em mim: notei que uma mão me apalpava, e uma ferramenta que me
pareceu uma tenaz niquelada penetrou-me no lado esquerdo na altura da região
umbilical e senti que tocavam nos meus órgãos internos, procurando extraí-los.
Tive ímpetos de gritar, de levantar-me, desistindo; porém, por uma força
estranha, os meus lábios pronunciavam apenas “Meu Deus, que coisa incrível, que
demora”, gemendo durante toda a sessão, e com os pés parecendo imantados,
presos ao chão.
"Nesse estado, permaneci todo o
tempo, e quando ao terminar, notei - e foi observado por várias pessoas
presentes -, um círculo arroxeado, de mais ou menos dez centímetros, na região
acima citada, que ardia, e correspondia com dores, do outro lado, no local do
apêndice. Um fato curioso sucedeu: senti, durante o período de curativo no
operado, as dores constantes, como se tivesse sido também operado, e
gradativamente à melhoria do paciente, fui sentindo alívio, ficando finalmente,
no meu corpo, o sinal de dois pontos. (Anotados pela nossa reportagem).
“No termino dos trabalhos adormeci
profundamente, sabendo, depois, pelos presentes, que a Entidade, por meu
intermédio, tinha se manifestado, determinando ao médium que era eu, que se
abstivesse de qualquer trabalho mediúnico até segunda ordem”.
Foram estas as interessantes
informações prestadas gentilmente a “A CENTELHA” pelo abnegado médium Belo.
Ouvidos, finalmente, os irmãos Mário e Arnaldo Amadei
Encerrando a nossa reportagem ouvimos
os dignos irmãos Mário e Arnaldo Amadei, Presidente e Vice-Presidente do
Centro. Assim se manifestaram:
“Julgamos surpreendente esta
manifestação das entidades amigas que nos têm orientado, e tão empolgante este
fato constatado e comprovado pela Ciência Médica, embora certos de que outros
casos de operação mediúnica já têm sido verificados em circunstâncias diversas,
pois ainda não tínhamos conhecimento de um fato tão objetivo e real como este.
Como espíritas cristãos que somos, sentimo-nos no dever de, ao invés de
alongar-nos em dissertações doutrinárias, render graças a Deus e a essa
Entidade do Espaço, pela mercê de nos ter escolhido como instrumentos dos
desígnios da Providência.
"Muito especialmente a essa Entidade
tão carinhosa e conhecida nos meios espíritas, o Padre Zabeu, cuja dedicação e
zelo pelos seus alunos tem sempre demonstrado em provas de paciência,
abnegação, caridade e amor; que o Supremo Pai o ilumine e engrandeça cada vez
mais, e que possa sempre nos orientar na senda reta da Verdade.
E, assim, concluíram bondosamente, os
simpáticos entrevistados.
“Direção espiritual dos trabalhos do
Grupo Luiz Gonzaga”:
Presidente, Padre Zabeu Kaufmann;
Diretor, Antônio Francisco de Melo;
Cooperadores, Pedro Amadei, Brenner e
outros.
Uma opinião sensata de uma revelação apreciável
Ouvido pela “A NOITE”, de São Paulo,
assim se externou o Dr. Margarido Silva:
“Todas as pessoas que assistiram ao
fato — ao ato, por assim dizer — são absolutamente insuspeitas e estão acima de
quaisquer suspeitas. Conheço os médicos que lá se encontraram e posso
empenhar-me pela sua integridade”.
E o nosso entrevistado faz uma
revelação sensacional:
“O Delegado de Guaratinguetá que lá
esteve, visitou-me no dia seguinte e afirmou-me que não fora ao local por
simples espírito de curiosidade; o que ele se propusera, realmente, fora
realizar o policiamento da casa. Ausentou-se da delegacia para fazê-lo e
atestou-me a impossibilidade de fraude”.
Um fenômeno material
E concluindo as suas declarações:
“O que me surpreende é que não se
verificou necessariamente um fenômeno metapsíquico, mas de pura materialização.
No primeiro caso não haveria necessidade da extração material do apêndice. A
presença desse órgão no vidro de álcool testemunha com absoluta clareza o fato
material. E é só isto que me surpreende”.
Monteiro Lobato não põe em dúvida o que aconteceu
O conceituado escritor patrício
Monteiro Lobato, interpelado pela reportagem de um vespertino paulista,
recusou-se a falar “porque julga de bom aviso não discutir o caso, mas confessa
que não põe em dúvida o que aconteceu”.
Um pastor protestante que admite os fenômenos metapsíquicos
O Pastor Protestante, Sr. Guaraci
Silveira, em entrevista concedida a “A Noite”, de São Paulo, explicando a seu
modo a operação mediúnica de Pindamonhangaba, admitiu diversos fenômenos
espíritas: clarividência, transporte, desdobramento, ação consciente do
perispírito dos vivos a distância, ao ponto de realizar um ato material, etc.
Achou melhor sua Revma. aceitar
francamente que o espírito dos vivos pode agir independente do corpo físico,
realizando todos os atos materiais, do que contrariar os dogmas de sua
religião...
Em todo caso já é um passo dado para a
frente pelos nosso dignos irmãos protestantes, reconhecendo os fatos
metapsíquicos e abolindo de sua explicação a lendária figura do diabo.
O Monsenhor e a Ciência
Ressalvando a parte em que se faz a
apologia da Igreja Católica, que continuamos a considerar sumamente
intolerante, e que na opinião do conceituado jornalista Dr. Vivaldo Coaracy
“tem aqui mais força do que a opinião pública, do que a razão, do que a
dignidade humana, do que o progresso”, haja vista a mentalidade da maioria de
seus intérpretes, como esse vigário de Pinda. É com o máximo prazer que
reproduzimos em seguida o ponderado comunicado que sob o título “Monsenhor da
Ciência”, foi enviado a “A Noite” pelo ilustre missivista “ANHANGUERA”:
“O virtuoso sacerdote Monsenhor João
Azevedo, de Pinda, — zeloso pastor de almas da hoje célebre cidade paulista —
fez declarações a imprensa do Rio sobre o caso da operação famosa e telegrafou
ao Ministro da Justiça e Secretário da Segurança, solicitando “enérgicas
providências”, não sei bem para quê ou contra quem. Sou católico, batizado,
crismado, formado “In partibus” em colégio de padres. Não sei o que a religião
— que é coisa alta e divina — tenha a haver com um fenômeno ainda inexplicado e
que cabe à Ciência e não ao clero, investigar. Chamar o auxílio da autoridade
para impedir a reprodução de tais prodígios, seria o mesmo que chamar a polícia
toda a vez que um químico descobrisse um novo corpo, alegando que com isso a
Ciência quisesse destruir a Natureza, santa obra de Deus. Aliás, essa
intolerância foi política de um certo tempo já há muito passado; hoje, porém, é
a própria Igreja quem dá ao mundo não poucos sábios e deles se orgulha com
razão. Ciência e Religião gravitam em caminhos diferentes.
Deixe o bom Padre João que se façam
pesquisas. Pasteur era católico e descobriu o mundo da microbiologia e, por
isso mesmo, sofreu as mesmas negações que sofrem agora os metapsíquicos de
Pinda. O Padre Moreau é um sacerdote e é ele quem devassa um céu físico com
suas lentes perquiridoras...
O que não é simpática é a
combatividade do ilustre sacerdote. Jesus, nosso Mestre Divino, levava sua
tolerância e paciência ao ponto de ofertar a face esquerda ao agressor que Lhe
esbofeteava a face direita. No caso, ninguém buliu com o virtuoso vigário.
Ninguém o ofendeu, provocou ou
desafiou. Se, pois, ele moderar sua linguagem, não pondo com tanta precipitação
em suspeita tantos homens de bem que fizeram afirmações que, quando muito se
poderiam julgar ingênuas mas nunca desonestas, terá cumprido melhor os ditames
do Evangelho e acompanhado mais de perto as lições do Supremo Mestre. A Igreja
sempre foi fonte de perdão, de misericórdia, de amor e não de guerra.
Somos católicos como o é a maioria do
nosso povo. No Brasil, porém, nunca a Igreja impedia os surtos da Ciência e
ninguém excomungou Santos Dumont por ter ele feito voar 'o mais pesado que o
ar', nem negou a Osvaldo Cruz a verdade de que, matando-se mosquitos e ratos
acabar-se-ia com a febre amarela e a peste bubônica.
Respeitamos, além da Católica, todas
as religiões. Respeitamos, porém, acima de tudo, a liberdade dos homens e é
para que eles sejam livres no seu generoso esforço de dilatar os conhecimentos
humanos e expressar o seu pensamento, que morrem também nossos irmãos nos
campos de batalha da Europa. Estamos, pois, certíssimos de que o patriótico e
culto clero católico do Brasil, condena essas retardadas e extemporâneas
atitudes que, ao menor movimento de racionalização da vida apelam para a reação
e para a censura.
A Igreja não teme nada, nenhumas
experiências metapsíquicas, nenhuma nova posição científica porque ela está
acima do humano e, no seu campo divino, as coisas se agitam neste pobre e
ignorantíssimo Planeta, são meros movimentos efêmeros de vaidade e ignorância.
Deixe pois, o Monsenhor João, em paz
os fenômenos de Pinda e procure apenas esclarecê-los com calma, sem perigosas
acusações prematuras, sem delações extemporâneas. O virtuoso e querido
sacerdote, que tanta estima soube granjear na sua paróquia, que ajude a
descobrir o que possa haver em tudo isso de simulação ou de verdade. Se o
fenômeno for real, longe de tirar a batina como promete, deve vestir o blusão
do cientista e ajudar a interpretar as novas e ignoradas leis da Física e da
Química que por tal forma violentam o normal dos conhecimentos humanos. Se,
porém, descobrir uma impostura, então sim, seja delator e chame a atenção da
polícia para que aplique os rigores da lei aos mistificadores.
Não imiscua, porém, a Religião, que é
coisa santa, com novos dados para a Ciência, nem queira cercear a esta o
direito de encontrar no mundo verdades novas, tornando-as racionais e claras,
uma vez que se apresentam com aspectos tão irracionais e escuros”.
E, agora, perguntamos...
André Di Bernardi foi operado em
condições incomuns e em meio ambiente inadequado para uma intervenção, de
pequena cirurgia que seja, sem luz, sem assepsia e sem os instrumentos
indispensáveis a esse fim?
Os médicos presentes na ante-sala do
quarto em que se realizou a operação mediúnica, sem possibilidade de fraude,
mantendo durante todo o tempo operatório rigorosa fiscalização e constando a
efetivação do ato cirúrgico pela extração do apêndice do paciente, que se
encontrava encerrado num vidro com álcool, respondem afirmativamente a nossa
pergunta.
Estamos, pois, perante um fato
incontestável e insofismável, diante do qual se tornam pueris quaisquer
argumentos contrários, oriundos da fertilidade imaginosa dos incréus ou dos
fanáticos sofistas...
Crônica
Francisco Antunes Bello - O famoso médium de
Pindamonhangaba
Paulo Alves Godoy
Enorme é o número de médiuns que têm
surgido no cenário do mundo para o desempenho de tarefas de relevo sem que, no
entanto, seus nomes ficassem registrados nos anais da história.
Quando dizemos médiuns, não nos
referimos somente àqueles que militam na seara espírita, mas também aos que
desenvolveram suas obras em outros campos religiosos, pois, medianeiros entre o
Céu e a Terra os há no seio de todas as religiões e fora delas.
A mediunidade independe do setor onde
o seu portador atua, e desde a mais remota Antigüidade, segundo o testemunho
dos livros sagrados de todas as religiões, sempre surgiram médiuns, embora com
nomes diferentes, desempenhando tarefas específicas e muitos deles pagando
elevado preço pela ousadia em enfrentarem os prejuízos humanos, as deturpações,
os sistemas arraigados nas vãs tradições e os interesses de grupos ou de
pessoas.
No seio do Espiritismo têm surgido
médiuns investidos de missões grandiosas, atuando em campo muitas vezes hostis,
mas conseguindo manter bem alto os princípios doutrinários que defendem e
apregoam. Os nomes de muitos deles passaram desapercebidos para os homens, no
entanto, temos certeza, estão registrados nos planos espirituais. Se não são
relembrados, o fato deve ser atribuído a fatores vários, dentre eles a falta de
comunicação, a circunstância de terem suas tarefas sido desenvolvidas em âmbito
regional, muitas vezes afastados dos grandes centros.
Na década de 1940 surgiu na cidade de
Pindamonhangaba um médium que se tornou famoso pelo impacto que os fenômenos
produzidos por seu intermédio produziu nos meios científicos, filosóficos e
religiosos da época.
Seu nome: Francisco Antunes Bello. Sua
profissão: apicultor, além de exercer cargo no Ministério da Agricultura.
Nascido no bairro de Sant’Ana, na cidade de S. Paulo, no ano de 1907. Casado
com D. Maria da Glória Antunes Bello, teve desse matrimônio dois filhos: Irineu
e Elza. Data da sua desencarnação na cidade de Pindamonhangaba: 24 de novembro
de 1973.
De 1945 a 1956, ele e sua esposa
dedicaram-se com afinco e espírito cristão, aos trabalhos de atendimento dos
velhinhos internados no “Lar de Velhos Irmã Terezinha”, que funciona adjunto ao
Centro Espírita do mesmo nome. Era médium de efeitos físicos e de vidência.
Os trabalhos mediúnicos de Francisco
Antunes Bello foram amplamente divulgados através de jornais e revistas
brasileiras no ano de 1945, e em 1946 foram enfeixados num livro intitulado
“Trabalhos Post-Mortem do Padre Zabeu”, de autoria de Urbano Pereira,
ex-catedrático de Física do Colégio Estadual de Taubaté, autor de vários
compêndios sobre essa matéria e da obra “Nós e o Universo”, com prefácio de
Monteiro Lobato.
Dentre os inúmeros fatos ocorridos
através da mediunidade de Francisco Antunes Bello, destaca-se a famosa operação
espiritual ocorrida no dia 06 de janeiro de 1945, na cidade de Pindamonhangaba.
O fato teve profunda repercussão em
todo o Brasil em vista de revestir-se de circunstâncias até então
desconhecidas: operação através da materialização do Dr. Luiz Gomes do Amaral.
O Espírito materializado, de posse de
todo o instrumental necessário para uma operação do gênero: bisturi, tesoura,
pinças, etc, fez uma incisão no ponto de Mac Burney, medindo mais ou menos três
centímetros, sendo através dela retirado o apêndice inflamado, a qual foi
posteriormente suturada.
A princípio houve dúvida sobre a
extração do apêndice, entretanto, dias após, várias chapas radiográficas
comprovaram amplamente que o mesmo não estava mais no corpo de André de
Bernardi.
Era 06 de janeiro de 1945. Chovia
torrencialmente na cidade de Pindamonhangaba. A sede do Centro Espírita Irmã
Terezinha estava totalmente tomada.
Num minúsculo compartimento contíguo
ao salão, encontrava-se o paciente André de Bernardi, deitado numa cama ali
improvisada, tendo na altura do pescoço um anteparo de madeira revestido com
pano. Estava fortemente amarrado e não apresentava no ponto de Mac Burney
qualquer incisão ou cicatriz que denunciasse operação recente ou remota. Todas
as providências foram tomadas para que o pequeno compartimento ficasse completamente
isolado, tendo sido mesmo pregado alguns sarrafos de madeira na única janela
existente, ao passo que a porta de acesso foi vedada com um pano escuro. No
pequeno quarto, além do doente, estavam os seguintes materiais: gaze
esterilizada, algodão, um vidro de álcool, um tambor com duas máscaras,
aventais, um par de luvas, duas bacias com álcool iodado e álcool puro, um
papel com agrafes, um bloco de papel, e No
salão do Centro Espírita estavam aproximadamente 40 (quarenta) pessoas, dentre
elas os Drs. Edson do Amaral, Lessa Júnior, Ortiz Monteiro Patto, Mario Aguiar
- Juiz de Direito de Itápolis, Alfredo José Balbi - advogado em Taubaté, Milton
Peixoto de Barros - delegado de Polícia de Pindamonhangaba, Francisco Antunes
Bello - funcionário da Secretaria da Agricultura e Oswaldo Pereira de Oliveira
- coadjuvante do médium.
Minutos antes do início dos trabalhos,
o delegado de polícia pediu permissão para sair, o que obviamente fez com
objetivo de fiscalizar o acesso de pessoas ao Centro.
Justamente às 20h15min teve início a
sessão.
Houve várias recomendações do
dirigente. O vice-presidente Arnaldo Amadei, proferiu a prece de abertura,
enquanto os médiuns entravam em transe. A chuva caía torrencialmente em meio a
roucos e longínquos trovões. Decorrido um lapso de tempo ouviu-se um grito do
paciente e às 21h50min o médium Francisco Antunes Bello rompeu o silêncio,
permitindo ao Espírito do médico operador que falasse por seu intermédio,
anunciando o término do ato cirúrgico.
Fez-se claridade no salão e os
circunstantes se dirigiram ao quarto do paciente, primeiramente os médicos,
seguidos do jornalista de “A Noite”, de S. Paulo, e várias pessoas presentes.
Constatou-se então um fato
extraordinário: justamente no ponto de Mac Burney, onde duas horas antes nada
de anormal havia, via-se agora uma cicatriz de três centímetros. No vidro de
álcool foi encontrado um apêndice de oito centímetros aproximadamente, já
congestionado e com visíveis traços de recente extirpação.
O doente apresentava 90 pulsações por
minuto, conforme atestado pelo Dr. Ortiz Monteiro Patto, oferecendo aspecto
ligeiramente chocado.
Com o objetivo de comprovar a
realidade do ato cirúrgico foi decidido fazer várias radiografias, o que foi
feito oito dias mais tarde no consultório do Dr. Ortiz Monteiro Patto, em
Taubaté, emitindo-se o seguinte atestado: “Exame do Sr. André de Bernardi -
chapa nº 875 data de 14 de janeiro de 1945 - Região examinada: “Ileocecal -
Colons.
Resultado:
Hoje, às 9h, em meu consultório, na presença dos Drs. Ernani Fonseca, Lessa
Júnior, Edson do Amaral, Octacilio Moreira, Armando Montelli, José Gregório
Moreira, Benedito Cursino dos Santos e Moacyr Holez, foram processadas por mim
mais seis radiografias do Sr. André de Bernardi, oito dias após a intervenção
realizada no Centro Espírita de Pindamonhangaba, comparadas ainda úmidas com as
chapas anteriores, feitas no dia 05 do corrente, não foi constatada nenhuma
imagem de apêndice. Taubaté, 14 de janeiro de 1945. Seguem as assinaturas dos
presentes, inclusive dos Drs. Hugo di Domêncio e Ataíde Gonçalves, que chegaram
com atraso, só podendo examinar os negativos”.
<><><><><>
Fonte:
Anuário Espírita - Ano 1976.
Reportagem:
Jornal "A Centelha".
Autor: Vários
Depoimentos.
Extraído por Estênio Negreiros, da
página http://www.vademecumespirita.com.br
em Fortaleza,CE, 27 de junho de 2012.
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