Thomaz Bastos pode ser investigado por lavagem
Procurador gaúcho entra com representação contra o ex-ministro da Justiça e atualmente advogado do bicheiro Carlos Cachoeira por receptação de recursos de atividades criminosas; leia reportagem do Congresso em Foco
247 - Atualmente em destaque na imprensa 
por defender o bicheiro Carlos Cachoeira, o ex-ministro da Justiça e 
advogado Márcio Thomaz Bastos pode ser investigado por lavagem de 
dinheiro ou receptação não internacional de recursos de atividades 
criminosas. A representação foi feita pelo procurador Regional da 
República Manoel Pastana, do Rio Grande do Sul. Leia abaixo íntegra da 
reportagem publicada pelo site Congresso em Foco, que teve acesso à ação.
Por Eduardo Militão - O criminalista Márcio Thomaz 
Bastos já foi advogado do hoje ex-presidente Lula, presidente da Ordem 
dos Advogados do Brasil (1987) e ministro da Justiça entre 2003 e 2007. 
Hoje defende o bicheiro Carlos Augusto Ramos, pivô da CPI do Cachoeira. 
Se depender de uma representação feita pelo procurador Regional da 
República no Rio Grande do Sul Manoel Pastana, Bastos será investigado 
agora por supostamente ter praticado crime de lavagem de dinheiro ou 
receptação não intencional de recursos de atividades criminosas. Pastana
 ingressará com a ação contra Thomaz Bastos hoje (29). O Congresso em 
Foco teve acesso com exclusividade à ação movida por Pastana.
Para Pastana, o fato de Thomaz Bastos receber R$ 15 milhões em 
honorários para defender Cachoeira é indício de crime. Na representação à
 Procuradoria da República em Goiás, Pastana argumenta que o bicheiro 
não tem recursos de origem lícita para bancar tamanha despesa. Assim, 
ele quer saber de que forma ele paga os serviços do ex-ministro da 
Justiça. Para tanto, o procurador pede a quebra dos sigilos bancário e 
fiscal de Thomaz Bastos e informações ao Conselho de Atividades 
Financeiras (Coaf) sobre eventuais movimentações ilegais de dinheiro do 
exterior.
Na opinião de Pastana, são claros os "indícios" de que Bastos cometeu
 ou está prestes a cometer um crime. E poderia mesmo ser preso. "A 
prisão em flagrante é possível, caso o advogado seja pego recebendo os 
recursos oriundos de condutas ilícitas praticadas por Cachoeira", 
argumentou Pastana no documento, que deve ser protocolado nesta 
terça-feira (29) no Ministério Público Federal.
Thomaz Bastos foi informado da representação no início da noite de 
ontem. Ele disse ao Congresso em Foco que poderia prestar 
esclarecimentos às 21h, mas, no horário combinado, não atendeu mais ao 
telefone e nem respondeu às mensagens de texto enviadas.
Bens bloqueados
Cachoeira está com os bens bloqueados. Assim,ele não tem como pagar 
R$ 15 milhões a Thomaz Bastos para defendê-lo. "A medida restritiva 
parece não ter sido suficiente, porquanto, se o fosse, ele não teria 
condições de custear o contrato advocatício", disse Pastana na 
representação. Segundo noticiou no domingo (27) a coluna Radar, da 
revista Veja, Bastos disse que são os amigos que custeiam as despesas de
 clientes em situações como estas. A mesma revista informou que os R$ 15
 milhões foram divididos em três parcelas, a primeira já paga.
Na representação ao Ministério Público Federal em Goiás, Pastana 
disse que a lei da lavagem de dinheiro impede alguém de adquirir ou 
receber valores provenientes de crimes contra a administração pública ou
 praticados por organização criminosa – caso de Cachoeira. Se não há 
indício de branqueamento de recursos, o procurador entende que o art. 
180 do Código Penal prevê a receptação não intencional de "coisa que 
sabe ser produto de crime". Na mesma situação enquadra-se quem recebe 
valores que, "pela condição de quem a oferece", permitem presumir-se 
terem sido obtidos com crimes, diz o mesmo artigo da lei.
Este é o caso, de acordo com Pastana. "Toda sociedade brasileira sabe
 que Cachoeira não tem condição de pagar honorários elevados com renda 
lícita; logo, é de se presumir que os recursos foram obtidos por meio 
criminoso", argumentou.
Assassino
Apesar de não embasar seu pedido em questões morais, o procurador 
disse que Bastos agiu de maneira antiética. Ele disse não ser "razoável"
 que Thomaz Bastos, que, como ministro da Justiça, teve a missão de 
"defender o Estado brasileiro da ação deletéria de infratores", agora 
passe a defender um desses infratores. "Isso fere de morte a ética e a 
moral."
Pastana disse na representação que, se nada for feito, Carlinhos 
Cachoeira vai se aproveitar dos resultados dos crimes cometidos por ele.
 "Permitir que o dr. Márcio Thomaz Bastos usufrua de tais recursos seria
 o mesmo que (...) entender lícito que o advogado receba honorários de 
assassino, que paga sua defesa com o dinheiro recebido para matar a 
vítima", criticou.
O procurador disse ao Congresso em Foco que não é contra que os 
criminosos em geral tenham advogados pagos, o que seria uma limitação 
antidemocrática à defesa deles. Entretanto, Pastana afirmou que eles têm
 que pagar honorários de acordo com os recursos lícitos que possuem. Ou 
utilizar os serviços da Defensoria Pública.
Do Brasil 247. 
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