Enviado por Ricardo Noblat -
29.5.2012
| 16h09m
Política
A 'folga' de Lula é uma criação coletiva, por Dora Kramer
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
Não, o
ex-presidente Lula não perdeu o juízo como sugere em princípio o relato
da pressão explícita sobre ministros do Supremo Tribunal Federal para
influir no julgamento do mensalão, em particular da conversa com o
ministro Gilmar Mendes eivada de impropriedades por parte de todas as
partes.
Lula não está fora de si. Está, isto sim, cada vez mais
senhor de si. Investido no figurino do personagem autorizado a
desrespeitar tudo e todos no cumprimento de suas vontades.
E por
que o faz? Porque sente que pode. E pode mesmo porque deixam que faça. A
exacerbação desse rude atrevimento é fruto de criação coletiva e não
surgiu da noite para o dia.
A obra vem sendo construída
gradativamente no terreno da permissividade geral onde se assentam
fatores diversos e interesses múltiplos, cuja conjugação conferiu a Lula
o diploma de inimputável no qual ele se encontra em pleno usufruto.
Nesse
último e bastante assombroso caso, produto direto da condescendência
institucional - para dizer de modo leve - de dois ex-presidentes da
Corte guardiã da Constituição: o advogado Nelson Jobim, que convidou, e o
ministro Gilmar Mendes, que aceitou ir ao encontro do ex-presidente.
Nenhum
dos dois dispõe da prerrogativa da inocência. Podiam até não imaginar
que Lula chegaria ao ponto da desfaçatez extrema de explicitar a
intenção de influir no processo, aconselhando o tribunal a adiar o
julgamento e ainda insinuar oferta de "proteção" ao ministro.
Inverossímil
é que não desconfiassem da motivação do ex-presidente que anunciou
disposição de se dedicar diuturnamente ao desmonte da "farsa do
mensalão" e provou isso ao alimentar a criação de uma comissão
parlamentar de inquérito no intuito de embaralhar as cartas e embananar o
jogo.
Mas, apenas para raciocinar aceitemos o pressuposto da
ingenuidade, compremos a versão do encontro entre amigos e consideremos
natural tanto o convite quanto a anuência.
Leia a íntegra em Criação Coletiva
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