DE NOVO, UMA SECA

 
Por Estênio Negreiros

Contrariando todas as previsões pluviométricas da nossa 'inefável' FUNCEME - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - e dos nossos "profetas das chuvas", que previram precipitações pluviométricas acima da média, ou seja, de um bom inverno no Estado do Ceará neste ano de 2012, estamos novamente em face de uma seca braba que parece ter se alastrado também por toda a Região Nordeste do Brasil. Diz a Imprensa que é a maior seca dos últimos 40/50 anos em alguns Estados nordestinos.

No Estado do Ceará está caracterizada a conhecida "seca verde", pois choveu pouco em todas as regiões, a ramagem floresceu, nasceu pasto p'ros animais, mas as lavouras de subsistência (milho, feijão, arroz e algodão) não prosperaram e os açudes acumularam pouca água. Assim, está desenhado o medonho e tão conhecido quadro de sombrias cores para o nosso camponês que se vê atormentado, mais uma vez, pelo fantasma da fome, da sede e da miséria. 


Aqui, a pior estiagem dos últimos 42 anos foi, sem dúvida, a de 1970, caracterizada como "seca total". Depois, vieram os seguidos estios de 1980 a 1983, havendo uma trégua de pouco mais de 03 anos para novamente termos um ano escassíssimo em 1987. Portanto, há 25 anos não nos defrontávamos com esse fantasma pavoroso que assombra homens e animais. Conheço bem esse espectro, pois o enfrentei, convivi com as misérias que ele arrasta atrás de si junto com suas correntes infernais, quando menino em 1958 e já rapaz, em 1970, na fazenda de meu pai.


No decorrer dos séculos as secas têm servido de mote para promessas dos governantes de plantão quando afirmam, peremptórios, em tempos eleiçoeiros, que acabarão com a seca no Nordeste. Criam-se organismos, superintendências, departamentos, verdadeiros cabides de empregos; iniciam-se obras hídricas gigantescas que nunca são concluídas e por cujos dutos se esvaem milhões e milhões de dinheiros para os bolsos de empreiteiros e de políticos corruptos.


E em face desse  novo-velho fenômeno, ao mesmo tempo metereológico e sociológico, as promissões de assistência das autoridades constituídas ao calejado homem do campo se renovam. A Imprensa, de um modo geral, informa o provimento pelo Governo Federal de milhões e milhões de reais para os Estados e Municípios, destinados a atender as necessidades dos que são afetados por mais um ciclo de estio. 

Para os políticos e candidatos a cargos eletivos nada mais alvissareiro do que um ano de seca ou de estiagem num ano de eleição, quando poderão barganhar votos por migalhas com o sertanejo nordestino perpetuamente sofrido e humilhado.



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