QUINTA EDIÇÃO DE TERÇA-FEIRA, 07/4/2020

NO R7
Em reunião, conversa entre ministro e presidente foi tensa, mas cordial
Por Thiago Nolasco, da Record TV 
Segunda-feira, 06/04/2020 - 20:53
Em reunião com todos os integrantes dos ministérios no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro fez uma avaliação da situação provocada pelo coronavírus no final da tarde desta segunda-feira (6). Ele disse que o momento é delicado, que vai acompanhar ainda mais de perto e pode interferir nos ministérios.
Bolsonaro também pediu união da equipe e traçou estratégias de comunicação para o governo. O presidente ainda pediu que os ministros conversem mais com o ministro Luiz Eduardo Ramos para que não haja diferentes orientações na condução da articulação política.
Durante o encontro de mais de duas horas, Jair Bolsonaro falou abertamente das divergências públicas com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O ministro disse que o trabalho na pasta pode seguir sem ele e que não iria fazer escândalo caso fosse demitido.
Mandetta também afirmou que ainda não se sente confortável para recomendar o uso da hidroxicloroquina para casos graves de covid-19 por falta de estudos científicos.
A pasta da Saúde também está avaliando estratégias para relaxamento das medidas de isolamento social nas cidades que estejam com boa capacidade hospitalar.
Segundo fontes, a conversa entre presidente e o ministro na presença dos integrantes do governo foi tensa, mas clara, aberta e cordial.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda falou da preocupação com a economia e com as pessoas que estão enfrentando dificuldades para comprar alimentos.

NO BLOG DO AUGUSTO NUNES
O vírus ignorou a quarentena
Crescimento do número de infectados e mortos informa que o isolamento não controla epidemias
Por AUGUSTO NUNES
Do R7
Terça-feira, 07/04/2020 - 07h02
Em 24 de março, quando o governador João Dória decretou o isolamento social em todo o Estado, o balanço da epidemia registrava em São Paulo 810 casos confirmados e 40 mortes. Nesta segunda-feira, no momento em que Dória anunciou a prorrogação por mais 15 dias do isolamento nos mais de 600 municipios paulistas, os casos confirmados eram 4.620 e as mortes por coronavírus haviam chegado a 275.
Duas perguntas:
1) A quarentena para todos não foi feita para desacelerar a expansão da pandemia?
2) Se não impediu a multiplicações dos números, por que manter todo o mundo em casa?
Resposta do governo estadual: porque sem o isolamento as coisas teriam sido muito piores. Segundo o governo paulista, até o dia 13 haverá mais 1.300 mortos. Sem a quarentena, seriam 5.000 mortes, garantiu Dimas Covas, baseado no mesmo estudo do Imperial College que previu 2 milhões de óbitos só nos Estados Unidos.
Ainda bem que vozes sensatas continuam a combater também o vírus do medo. Uma delas é a do médico e ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra. Ele segue repetindo que, como todas as anteriores, a epidemia de coronavírus avança com ou sem quarentena — até que mais da metade da população seja infectada. A partir daí, a curva desenhada pelo coronavírus se torna descendente. É o que começou a acontecer neste fim de semana na Itália e na Espanha, dois países fortemente afetados pela pandemia. É o que acontecerá no Brasil.
Em vez de espalhar previsões que só alimentam o pânico, nossos governantes deveriam concentrar-se na proteção dos integrantes do grupo de risco e na multiplicação de testes e leitos de UTIs. O povo brasileiro quer mais ação e menos profecias imbecis. Não é pedir muito.

NO PUGGINA. ORG
“ONDE ESTAVA DEUS NAQUELES DIAS?”
Por Percival Puggina
Artigo publicado domingo, 05.04.2020
A pergunta lançada como um grito por Bento XVI ao visitar o campo de extermínio de Auschwitz em 2006 ecoa 14 anos mais tarde diante dessa versão hodierna da peste representada pelo Covid-19. Onde estava Deus quando permitiu o surgimento desse vírus que mata, enferma, esgota recursos materiais e financeiros, fecha igrejas, destrói empregos, joga bilhões de homens livres em prisão domiciliar? Lembro que a pergunta profundamente humana de Bento XVI foi estampada em todos os jornais e replicada em todos os idiomas. Causava um certo desconforto, uma espécie de xeque-mate teológico aplicado às pessoas de fé. Até, claro, pararmos para pensar.
O Papa, qualquer papa, é um ser humano sujeito às nossas mesmas angústias e inquietudes. Ele não fala com Deus todos os dias através do celular. Quem ainda não se interrogou sobre o silêncio de Deus? Quem, perante a dor, o sofrimento e a aflição, nunca clamou pela interferência direta do Altíssimo?
O paciente Jó, sofredor sempre fiel, nos fornece antigo exemplo bíblico desses brados da nossa débil natureza, que soam e ressoam através das gerações. A manifestação de Bento XVI, que ele mesmo chamou de grito da Humanidade, foi humilde e reiterada expressão dessa mesma Humanidade. Nem mesmo Jesus escapou a tão inevitável contingência: “Pai! Por que me abandonaste?”
Não conheço Auschwitz. Contudo, visitei o campo de concentração de Dachau e o memorial lá existente. Saímos, minha mulher e eu, com a impressão de havermos visitado um santuário onde a presença de Deus era quase palpável. E isso não se constituiu numa contradição. Ao contrário, aquele lugar de tantos padecimentos se converteu, de modo inevitável, em silencioso ambiente de reflexão e oração, no qual se percebe com nitidez o que acontece quando os homens, prescindindo do Senhor do bem, se bestializam e se convertem em senhores do mal.
É fácil imaginar, igualmente, a presença divina atuando nos incontáveis gestos de solidariedade que, por certo, ocorrem numa situação como aquela. Ativo no coração dos que o amam, ali agia o Deus de todas as vítimas, consolo dos que sofrem, esperança dos aflitos e destino final dos seus filhos. É claro que a nós pareceria mais proveitoso um Deus que atuasse como gerente supremo dos eventos humanos, intervindo para evitar quaisquer males, retificando a imprudência dos homens, proclamando verdades cotidianas em dizeres escritos com as nuvens do céu, fazendo o bem que não fazemos, a todos santificando por ação de seu querer e pela impossibilidade do erro e do pecado.
Nesse paraíso terrestre, nada seria como é e nós não seríamos como somos. Não haveria cruz, nem Cristo. Não haveria lágrimas, nem dor. Tampouco morte, ou vida. É o imenso respeito divino à nossa liberdade que configura a existência humana como tal e que nos concede o direito de bradar aos céus. No entanto, tão rapidamente quanto Deus nos ouve, ouve-nos nosso próprio coração. Sim, porque Deus estava ali, em Auschwitz, como estava em Dachau. Mas não havia lugar para ele no coração dos algozes.
Nesta quaresma das quarentenas, nesta semana que nos leva à Páscoa da Ressureição, aprendamos com as lições da História, da Ciência e da prudência. Aprendamos com o que acontece quando o materialismo, o relativismo e os totalitarismos investem na concretização de seus projetos de poder. Eles jamais abandonam o tabuleiro das opções e seus males sempre se fazem sentir.

NA COLUNA DO ALEXANDRE GARCIA
Vírus sem partido
Por Alexandre Garcia
[Terça-feira, 07/04/2020] [16:05]
O coronavírus, que nem brasileiro é, já tem partido e ideologia aqui no Brasil. Como partido, por ser estrangeiro, é inconstitucional e não pode, por exemplo, ter atividade política com intenções de reeleger ou derrubar presidente nem pode, pela lei eleitoral, ter candidatos a prefeito, governador ou presidente da República. Esse estrangeiro oportunista, no entanto, está fazendo política e conseguindo matar brasileiros, empresas, empregos e renda.
Será que não percebemos que a politização e a ideologização do vírus é que nos torna reféns desse perigo para a nossa saúde física, mental e financeira? E que o bate-boca ideológico só agrava a situação?  Enquanto nos mandam cobrir nosso nariz e boca com máscara, na verdade quem se mascara para não ser reconhecido na sua personalidade política e ideológica é o corona.
Superando a perplexidade do pânico que imobiliza o pensamento e a ingenuidade passiva de massa-de-manobra, é tempo de perceber que não se pode permitir que esse estrangeiro seja usado na disputa do poder. Politizar o vírus é potencializar seu poder de destruição. A manipulação a que temos sido submetidos por razões políticas é o velho truque de tirar vantagem no caos. E quem tem o caos como meta pouco está ligando para a sobrevivência dos brasileiros.
Veja uma questão óbvia. Descobriu-se que um velho conhecido remédio contra a malária é capaz de combater com êxito a covid-19, desde que aplicado logo nos primeiros sintomas, sem sequer esperar o resultado do exame. A contraindicação é mínima, que o diga a ex-senadora Marina Silva, 62 anos, que já passou por cinco malárias.
Em São Paulo, em alguns hospitais, a aplicação da hidroxicloroquina com azitromicina tem salvado vidas e recuperado rapidamente os doentes. Mas há resistências políticas, pois poderia significar uma vitória sobre o vírus e um antídoto contra o caos. O mundo inteiro está combinando esse remédio contra a malária com antibiótico ou antiviral; mas aqui não pode, opõem-se os que têm o caos como alvo.
Já se sabe que o vírus perde força no calor e num corpo jovem e saudável. O nosso País tropical tem 80% de brasileiros abaixo dos 50 anos. São quase 170 milhões de pessoas. Tirando dessa faixa doentes e primeira infância, ainda temos uma população de mais de 140 milhões que está sendo paralisada.
Protegendo os de saúde debilitada, poderíamos segurar as duas pontas da crise: a doença e o despencar da renda. Em ambas, estão vidas. Mas se associaram ao corona, os subvírus da política, do ódio, da vingança, do egoísmo, da vaidade. Se nos isolássemos disso, cedendo espaço à razão, ao método, à união, amanhã estaríamos mais fortes.

NO BLOG DO J. R. GUZZO
Bolsonaro deveria dizer, em público, que é a favor daquilo que é contra
Por J.R. Guzzo
[Segunda-feira, 06/04/2020] [20:49]
Agora, para esse caso do coronavírus, já é tarde demais. Mas para uma próxima vez, se houver uma próxima vez, o presidente Jair Bolsonaro deveria fazer exatamente o contrário do que fez, se quiser sair no lucro numa disputa desse tamanho. É simples: basta dizer, em público, que ele é a favor daquilo que é realmente contra, em particular – ou vice versa.
O senhor quer que aconteça “A”, presidente? Então diga que quer que aconteça “Z”. As forças vivas da Nação, de Fernando Henrique ao PCC, de Rodrigo Maia a Dilma Rousseff, do STF à Assembleia Geral da ONU, e assim por diante, vão cair matando em cima do que Bolsonaro disser, seja lá o que for. Pronto: daí fica todo mundo contra o que ele, na verdade, também é contra, e a favor do que ele, em segredo, é de fato a favor.
Se Bolsonaro tivesse saído por aí dizendo que o Brasil tinha de se submeter a um confinamento radical – todo mundo trancado em casa, fecha tudo, para tudo, mata, prende e arrebenta - não haveria mais, já há muito tempo, confinamento nenhum neste País. Tinha de dizer, também, que qualquer sugestão de que existe algum tratamento médico possível para o covid-19 é mentira, traição e coisa de comunista.
Em suma: precisava fazer o que os seus inimigos, sobretudo os que se enxergam como grandes forças na campanha eleitoral de 2022, querem que seja feito. Daí o Brasil voltava a funcionar, na hora.
É verdade que o presidente ia ser acusado de genocídio, e denunciado pelos “juristas brasileiros” nas “cortes internacionais de justiça” por crimes contra a Humanidade; ele estaria obrigando os 200 milhões de brasileiros a saírem de casa, irem trabalhar e se contagiarem com o coronavírus, para exterminar a população e ficar mandando no Brasil sozinho, junto com o gabinete do ódio.
Mas e daí? Ele já está sendo acusado de fazer justamente isso. Em compensação, a epidemia estaria sendo tratada pelos médicos e pela Ciência, e não pelo guarda noturno e gigantes como os governadores Witzel, Doria, Caiado, Barbalho e mais do mesmo.
O coronavírus, no Brasil, conseguiu o fenômeno de rebaixar questões da Química, da Farmacologia e da aptidão de gerir a saúde pública ao nível moral dos seus políticos – sobretudo dos governadores, prefeitos e fiscais que todo brasileiro sabe, muito bem, quem são e para o que servem.
Gerou uma massa de mentiras como nunca se viu antes, possivelmente, na História deste País. Levou os meios de comunicação a abrirem mão da lógica, renunciarem ao dever de informar ao público e divulgarem alguns dos mais espetaculares disparates que alguém pode ter lido na vida – como o de que a epidemia pode causar “mais de 600.000 mortos” no Brasil se as medidas de confinamento forem “relaxadas”. Todos, de uma forma ou de outra, se engajaram numa causa que acabou por se tornar maciçamente política – a campanha para impedir a reeleição do atual presidente em 2022.

Bolsonaro pode ser um péssimo presidente. Pode ser, para quem não gosta de nenhum aspecto do seu comportamento, das suas posições ou da sua própria existência, o pior de toda a História do Brasil – passada e futura. Mas a solução para tudo isso está em construir uma candidatura de oposição coerente, ir às urnas e ganhar dele. Tirar vantagem pessoal da desgraça comum, como estão fazendo tantos dos nossos políticos, apenas coloca mais um prego no caixão dessa democracia falida que há por aí.



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