SEGUNDA EDIÇÃO DE QUINTA-FEIRA, 27/02/2020

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Quinta-feira, 27/02/2020
O destaque desproporcional para o compartilhamento, pelo presidente Jair Bolsonaro, de um vídeo que o bajula e que nem sequer menciona o Congresso, atende à conveniência da elite política de Brasília, incluindo jornalistas, de não apurar as razões de importante ministro ao revelar que o governo tem sido chantageado por parlamentares. De quebra, ainda tenta emplacar algo como o “impeachment da vingança”.

27/02/2020
Em conversa vazada, o general Augusto Heleno disse que não dava para aceitar “esses caras chantagearem a gente o tempo todo”.

27/02/2020
Ninguém se interessou pela gravíssima revelação sobre as “insaciáveis reivindicações de parlamentares por fatias do orçamento impositivo”.

27/02/2020
Em vez de apurar a denúncia, aplaudiram o ataque de Rodrigo Maia a Heleno. Mídia e políticos acham valentia atacar militares aposentados.

27/02/2020
De Roberto “É Dando que se Recebe” Cardoso Alves aos dias atuais, o Congresso tem histórico de emparedar governos para obter vantagens.

27/02/2020
Em um dia cheio de problemas graves, como a confirmação do primeiro caso de coronavírus no País, e da tentativa de caracterizar um suposto “ataque” de Bolsonaro ao Congresso, os deputados – a começar pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia – gazetearam o trabalho. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também não deu as caras. Ele e Maia costumam chamar de “ataque à democracia” qualquer crítica à agenda malandra, desde 2016, com a semana de dois dias de trabalho.

27/02/2020
Somente dois deputados apareceram para trabalhar na Quarta-feira de Cinzas: Marcel Van Hattem (Novo-RS) e general Peternelli (PSL-SP).

27/02/2020
Como os parlamentares, a maioria dos servidores do Congresso não foi vista trabalhando. Foram contaminados pela malandragem da chefia.

27/02/2020
As dependências da Câmara estavam tomadas, mas não de deputados ou de servidores: eram turistas usando bermudas e chinelos.

27/02/2020
As investigações contra servidores “fantasmas” dão esperança de moralização a quem trabalha na Câmara. 
“Será que vai mudar alguma coisa?”, perguntou um servidor esperançoso, coitado.

27/02/2020
São cotados ao STF: André Mendonça, da AGU, e o ministro Humberto Martins, corregedor nacional de Justiça. Mas favorito é Jorge Oliveira, ministro da secretaria geral, que aliás não é “terrivelmente evangélico”.

27/02/2020
O carnaval da Bahia sempre surpreende. Este ano foi a vez de vermos um petista, o governador Rui Costa, defender a truculência da Polícia, denunciada pelo deputado/cantor, Igor Kannario (DEM) de cima do trio.

27/02/2020
O ócio é contagiante: a Fundação Perseu Abramo, do PT, deu folga aos seus funcionários durante o carnaval. Trabalharam só até sexta (21), assim como os parlamentares, que só voltam ao batente dia 3.

27/02/2020
Foram, há uma semana, dia 19, os últimos compromissos oficiais do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, previstos em sua agenda, quando se reuniu com João Doria. E ainda tem outra semana de folga.

27/02/2020
Executivo e Judiciário, dois dos três Poderes, já foram presididos por mulheres. Mas o Legislativo só foi chefiado por homens. Não há ainda mulheres dispostas a “fazer o diabo” só para vencer essa disputa.

27/02/2020
O deputado José Guimarães (PT-CE) —, irmão de José Genoíno —, cujo assessor foi preso com dólares na cueca, guarda um segredo a sete chaves: ele se casou. Perdeu a solteirice depois dos 60 anos.

27/02/2020
Continua o trabalho do ex-presidente FHC de agir nos bastidores para impedir o governador paulista João Doria de controlar totalmente o PSDB. O ex-prefeito Gilberto Kassab aguarda Dória no PSD.

27/02/2020
Quantos dias de quarentena, trabalhando sem parar, deputados e senadores precisam para erradicar o vírus do ócio do Congresso?

NO GAZETA DO POVO
Motim da Polícia no Ceará ameaça a tendência de queda dos homicídios no Brasil
Por Camila Abrão
[Quarta-feira, 26/02/2020] [16:02]
O Ceará teve a maior diminuição no número de assassinatos no ano passado entre todas as Unidades da Federação: 50%. A redução do Estado sozinha respondeu por 20% da queda nacional, segundo Arthur Trindade, professor da UnB e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2019 foram registradas 2.257 mortes violentas no Ceará, contra 4.518 no ano anterior, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado. No País, o número de assassinatos caiu 19% no período – a maior queda desde 2007.
Essa redução, porém, pode ir por água abaixo com a crise que se instalou no Estado. Policiais insatisfeitos com os salários começaram um motim que causou uma escalada da violência no Ceará. Em oito dias de revolta – entre os dias 18 e 25 de fevereiro – foram registrados 170 assassinatos, o equivalente a 21 mortes por dia. No ano passado inteiro ocorreram, em média, 06 homicídios por dia.
A Constituição proíbe que as forças policiais façam greve. Por isso mesmo, os amotinados se escondem atrás de máscaras e usam familiares para dar volume ao movimento. Mas a radicalização do protesto ameaça o bem-estar da população e a credibilidade que os policiais cearenses conquistaram com a queda brusca na ocorrência de assassinatos.
Batalhões foram invadidos e, num confronto com policiais, o senador licenciado Cid Gomes (PDT) levou dois tiros. O governo estadual propõe um aumento progressivo no salário de soldados da Polícia Militar, que passaria de R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, até 2022. Os amotinados, porém, querem o aumento integral neste ano.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse que a situação do Estado está "sob controle". Moro esteve em Fortaleza, na segunda-feira (24), para acompanhar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Agentes da Força Nacional foram enviados ao Estado, a pedido do governador Camilo Santana (PT), para garantir a segurança enquanto durar a greve de policiais.
Insatisfação da polícia pressiona negociações em outros Estados
Pelo menos outros cinco Estados enfrentam tensões com agentes de segurança, que reivindicam melhores salários: Paraíba, Espírito Santo, Alagoas, Pernambuco e Piauí. Já Minas Gerais ignorou a própria crise financeira e aprovou um aumento de até 41% para as forças de segurança. O impacto anual do reajuste, nas contas do Estado, é de R$ 5,6 bilhões. O acordo pressiona as negociações em outros estados. Afinal, se um ente em dificuldade como Minas consegue conceder um aumento salarial dessa magnitude, por que os outros não podem fazer o mesmo.
Os policiais negam que as reivindicações salariais possam atrapalhar o esforço pela manutenção da queda dos homicídios. 
“Apesar dos salários baixos, a gente está fazendo um bom trabalho. O policial quando veste a farda, é a segunda pele dele, ele tem um compromisso com a sociedade”, defende o sargento Leonel Lucas, presidente da Associação Nacional de Entidades Representativas de Policiais Militares e Bombeiros Militares (Anermb).
O que falta, na visão dele, é um reconhecimento público dos esforços policiais que resultaram na redução recorde dos homicídios no País. 
“Não adianta a gente ficar pedindo migalha para a segurança pública. Está na hora do presidente Bolsonaro reconhecer todo o esforço que a segurança pública está fazendo hoje", disse.
Lucas defende que o governo federal recrie um ministério específico para a segurança pública, como era na gestão Michel Temer. 
“O governo que foi eleito por quase a totalidade dos policiais teve campanha de graça. Tem cidade que o presidente nem sabe que existe e o policial fez campanha para ele. E o primeiro ato [de Bolsonaro] foi a extinção do Ministério da Segurança Pública. Esses índices [de homicídios] que baixaram poderiam baixar mais”, afirmou o sargento, que acrescenta: — “Não temos nada contra Sergio Moro”.
Porém, o representante da Anermb acredita que seriam melhor representados em um ministério por alguém da própria classe.
Número de homicídios teve queda recorde em 2019
O total de assassinatos no Brasil caiu 19% no ano passado, registrando o menor número de vidas perdidas para a violência desde 2007, primeiro ano da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram 41.635 vítimas em 2019, uma redução de quase 10 mil casos na comparação com o ano anterior. Foi o segundo ano seguido de queda: em 2018, os casos de homicídios já haviam recuado 12,8%.
A redução recorde foi motivo de comemoração num país em que todos os anos morrem de forma violenta 50,5 mil pessoas, em média, o suficiente para encher um estádio de futebol do porte do Beira-Rio, casa do Internacional de Porto Alegre.
Todos os estados e o Distrito Federal tiveram redução nos crimes violentos intencionais. São considerados na contagem: vítimas de homicídio doloso, incluindo feminicídio; latrocínio; e lesão corporal seguida de morte.
O Ceará, citado pelos especialista como um exemplo na redução, só conseguiu diminuir o número de assassinatos, porque o governo do Estado investiu em segurança pública, pessoal e equipamentos, implantação de um plano de segurança, com foco nos homicídios, reformulação de delegacias.
Além de adotar uma política de remoção de lideranças do crime organizado – neste caso, com o apoio do governo federal. Arthur Trindade, professor da UnB e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pontua que, com essas ações, o governo teve que encarar um desgaste político e enfrentar a reação dos grupos criminosos, na época.
O que explica a queda dos homicídios no Brasil em 2019
A queda foi exaltada nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, como um feito do primeiro ano de governo. Moro atribuiu a redução à atuação integrada das forças federais, estaduais e municipais de segurança pública.
Especialistas afirmam que grande parte da responsabilidade pela diminuição dos assassinatos é dos governos estaduais. 
“A redução de homicídios virou agenda pública, de políticas públicas. Antes não havia nenhuma medida voltada a isso”, defende Trindade.
“Os governos estaduais começaram a cobrar ações mais efetivas das polícias e muitos estados brasileiros começaram a adotar o que se chama de gestão por resultados com as suas polícias”, diz Luis Flávio Sapori, especialista em segurança pública e professor da PUC-MG, citando uma das hipóteses que explicam a redução.
Ele cita que muitos estados investiram e continuam investindo em pessoal, equipamentos e delegacias especializadas, e essa tendência de queda nos homicídios pode se acentuar anda mais nos próximos anos.
“Alguns fenômenos têm múltiplas causalidades, é difícil chegar a apenas uma conclusão. Nenhuma ação ou variável nacional aconteceu em todo o Brasil que possa explicar a queda [nos assassinatos em 2019]. É melhor olhar estado por estado – em 13 deles, a queda já vinha acontecendo há quatro anos”, alerta o professor Arthur Trindade."


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