TERCEIRA EDIÇÃO DE TERÇA-FEIRA, 31/12/2019
NO BLOG DO J. R. GUZZO
Bolsonaro falta com o decoro? É de se ter um frouxo de riso
Por J. R. Guzzo
[Segunda-feira, 30/12/2019] [16:36]
Veja só que coisa extraordinária: o presidente da República está sendo acusado de faltar com o decoro. É de se ter um frouxo de riso. Falta de decoro? E desde quando alguém já imaginou que a palavra “decoro”, como está definida no dicionário, possa ter alguma relação com a vida política brasileira?
Temos uma Câmara dos Deputados onde pelo menos um terço dos membros (há cálculos que falam em 40%, ou mesmo mais que isso) está respondendo a algum tipo de denúncia criminal. Temos um senador com nove ou dez processos nas costas, outro que foi pego em flagrante de extorsão ao telefone e outros que só não estão numa penitenciária porque têm “imunidades parlamentares” – ou seja, a licença de praticarem crimes sem serem presos.
Temos um presidente do Supremo Tribunal Federal que foi reprovado duas vezes no concurso para juiz de Direito. Temos os políticos metendo a mão num fundo eleitoral que tem bilhões de reais roubados do contribuinte. Temos, temos, temos. Falta de decoro? Vão passear.
Seria uma beleza, naturalmente, que os nossos homens públicos, a começar pelo presidente da República, tivessem uma conduta nota 10. Mas não têm – e muitos não seriam capazes nem de reconhecer o conceito de “decoro”, mesmo que topassem de cara com ele numa esquina. O que fica francamente esquisito é cobrar bom comportamento só do presidente. Parece aquela palhaçada que agora colou nos jogos de futebol: os locutores de rádio e televisão que, para cumprir regras de correção política dos estádios, ficam reprovando gravemente o palavreado da torcida, sobretudo em relação ao goleiro do time visitante. Adianta alguma coisa? E, no fundo, quem é que está ligando?
O presidente Bolsonaro, em seu último surto de nervos, falou algumas barbaridades contra os jornalistas que o interrogavam. Isso não se faz. É óbvio que não se faz. Não porque os jornalistas mereçam algum tratamento especial – jornalistas, na verdade, não merecem coisa nenhuma. Também não se trata, no caso, de uma reação justa ou compreensível diante de uma imprensa que, francamente, jamais foi imparcial em relação a Bolsonaro, e nunca será – ao contrário, trata o presidente da República como se ele fosse um delinquente de rua.
Enfim: ouvindo os insultos, ou coisas muito parecidas, que os jornalistas fazem frequentemente a Bolsonaro, muitas pessoas devolveriam na mesma moeda e na mesma hora. Acontece, e é aí que está o problema, que o presidente não é “muitas pessoas”. Ele é o presidente da República, Santo Deus, e o cidadão que se dispõe a ocupar esse cargo não pode, simplesmente não pode, achar que tem o direito de sair por aí dizendo o que lhe der na telha. Não tem “sangue de barata”, e outras bobagens? Então não vá ser presidente e pronto. Ninguém é obrigado.
Bolsonaro está 100% errado, porque não pode fazer o que faz. Ficar com essa história de “decoro”, ao mesmo tempo, é 100% hipócrita."
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NO BLOG DO ALEXANDRE GARCIA
Por Alexandre Garcia
[Segunda-feira, 30/12/2019] [22:10]
Um caminhão fez uma ultrapassagem perigosa na faixa dupla, onde é proibido ultrapassar, e quase bateu em um ônibus que vinha em sentido contrário. O motorista que vinha atrás tinha aquelas câmeras que gravam tudo e botou na rede social.
A Justiça viu a postagem, identificou o motorista e ele acabou de ser condenado à prisão em regime fechado por tentativa de homicídio por dois anos e três meses. Ele vai ficar na cadeia, porque isso aconteceu na Alemanha.
Se acontecesse no Brasil, no máximo, ele teria que pagar uma cesta básica. Essas são coisas que, infelizmente, acontecem aqui e estimulam a impunidade.
Em um dia como hoje é bom a gente lembrar que álcool e direção não se misturam. Um bombeiro que bebeu, atropelou e matou um motociclista. Sabe-se lá quantas pessoas ele já salvou, mas cometeu esse único deslize e a vida dele acabou. Provavelmente vai ser expulso da corporação e ainda vai pagar na consciência e na Justiça.
Denúncia
Eu recebi uma denúncia do deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). Ele disse que o governador do Rio de Janeiro (Wilson Witzel) e alguns membros do Ministério Público estão preparando uma conspiração contra o presidente Bolsonaro.
Fizeram uma delação premiada já pronta para que o Fabrício Queiroz assine se ele não quiser ficar na prisão. Eu acho isso complicado porque, pelo que sei, na Constituição, o presidente da República não pode ser processado durante o mandato por crimes cometidos antes do mandato.
Por outro lado, eu não sei como são essas coisas, mas a política no Rio de Janeiro é uma coisa complicada. Eu não entendi bem essa história. O Rio de Janeiro, desde muito tempo, não tem sido feliz em suas escolhas.
Lula x Hang
Os advogados de Lula entraram com um processo de difamação e calúnia contra o dono da Havan, Luciano Hang. Ele teria patrocinado um avião desses com faixa, que passou pelo litoral catarinense, com os dizeres: “Lula cachaceiro, devolve o meu dinheiro”.
A imagem foi postada nas redes sociais e a defesa do ex-presidente Lula pede a suspensão dessa campanha e uma indenização por danos morais de R$ 100 mil.
Previsões erradas
Eu recebi também pelas redes sociais as previsões de políticos, especialistas, consultores, professores universitários, comentaristas, articulistas, gente especializada em política e todos diziam, no começo de 2018, que Bolsonaro não teria a menor chance de ser eleito e muito menos de chegar ao segundo turno.
Mais adiante, eles já diziam que se ele chegasse ao segundo turno significaria que teriam que escolher alguém para ganhar dele, porque ele iria perder certamente. Eu incluo as pesquisas de opinião que também diziam isso.
Mesmo assim, Bolsonaro teve uma estrondosa vitória com quase 58 milhões de votos e eu me pergunto: que credibilidade restou para todos esses que estão nas redes sociais e que continuam fazendo previsões?
Eu não costumo fazer previsões, eu não tenho bola de cristal, não sou astrólogo, não leio mapa astral e prefiro analisar aquilo que é óbvio, que já passou, e as tendências, seguindo a direção das coisas.
A gente precisa sair das árvores e ir para a floresta para ver que lado a floresta está sendo inclinada pelo vento. Essa é a oportunidade para a gente consultar esse tipo de bússola e não deixar que as preferências pessoais atrapalhem as prováveis suposições e previsões.
Feliz 2020!"
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