TERCEIRA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 11 DE FEVEREIRO DE 2019

NO ESTADÃO
Jornalista Ricardo Boechat morre em queda de helicóptero em São Paulo
Aeronave caiu em cima de um caminhão que trafegava pelo Rodoanel, na chegada a São Paulo
Da redação do O Estado de S.Paulo
Por /BRUNO RIBEIRO, GILBERTO AMENDOLA, ISABELA PALHARES, JULIANA DIÓGENES e PRISCILA MENGUE
Segunda-feira, 11 Fevereiro 2019 | 12h43min 
Atualizado 11 Fevereiro 2019 | 16h05min
SÃO PAULO - O jornalista Ricardo Eugênio Boechat, de 66 anos, morreu na queda de um helicóptero no Rodoanel no início da tarde desta segunda-feira, 11. A aeronave caiu no quilômetro 7, próximo ao acesso à Rodovia Anhanguera, na chegada a São Paulo, em cima de um caminhão. 
Boechat era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Minutos após o acidente, o Corpo de Bombeiros informou que duas pessoas tinham morrido na queda. A confirmação de que o jornalista era um dos ocupantes veio cerca de uma hora depois. A outra vítima fatal é o piloto Ronaldo Quattrucci, que era sócio-proprietário da empresa à qual a aeronave está registrada. 
Segundo o capitão Augusto Paiva, da Polícia Militar, o motorista do caminhão é João Francisco Tomanckeves, de 52 anos, morador de Caxias do Sul. Ele teve apenas ferimentos leves e às 14h40min já estava no 46º DP para prestar depoimento. No entanto, ao chegar na delegacia, o homem passou mal e precisou ser levado ao Pronto-Socorro de Perus. À polícia, o motorista relatou que estava saindo da praça do pedágio, na faixa da cobrança expressa, quando viu a aeronave, mas não teve tempo para frear ou desviar. 
O capitão disse que testemunhas relataram que o helicóptero tentou um pouso de emergência em uma alça de acesso do Rodoanel à Anhanguera. Ainda não se sabe qual foi o problema na aeronave. 
Boechat era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM, além de ser colunista da revista IstoÉ. Trabalhou no Estado e, também, nos jornais O Globo e O Dia. É ganhador de três prêmios Esso e, segundo o site da Band, é um dos maiores ganhadores da história do Prêmio Comunique-se, em que foi reconhecido como âncora de rádio, âncora de televisão e colunista. Também foi eleito o jornalista mais admirado do País na pesquisa do site Jornalistas&Cia em 2014.
Helicóptero em que Ricardo Boechat estava caiu sobre um caminhão em São Paulo Foto: José Lazarete Júnior/Foto Arena

A confirmação da morte do jornalista veio da direção de jornalismo da Band ao Estado. Ele estava voltando de Campinas, onde tinha ido dar uma palestra no Centro de Convenções do Royal Palm Plaza para 2,7 mil pessoas. O evento era promovido pela empresa farmacêutica Libbs, que seria a responsável pelo transporte de Boechat. Procurada, a empresa disse que estava apurando as informações e que se posicionaria em breve. 
O helicóptero, uma aeronave Bell Jet Ranger, prefixo PT-HPG, fabricada em 1975, não era da emissora de televisão. Tinha capacidade para cinco lugares, estava com a declaração anual de inspeção de aviação válida até maio deste ano e com o certificado de aeronavegabilidade válido até maio de 2023. Ele pertence à empresa RQ Serviços Aéreos Especializados, cuja sede fica no Tatuapé, zona leste, empresa com uma frota de quatro aeronaves, especializada em filmagens, fotografias e reportagem. O Estado não conseguiu contato com representantes da empresa até as 14h30min desta segunda-feira.
Em nota, a A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) informou que o helicóptero estava em situação regular, com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido até maio de 2023 e a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia até maio de 2019. As investigações sobre as causas da queda estão sendo conduzidas pelo Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), do Comando da Aeronáutica.
Repercussão
O apresentador José Luiz Datena interrompeu a programação da Band nesta tarde para confirmar a morte de Boechat. Emocionado, Datena disse que ele era "uma pessoa especial" e um dos maiores jornalistas do País. 
A rádio Band News ficou fora do ar na tarde desta segunda, após a confirmação da morte de Boechat. 
A morte do jornalista teve grande repercussão nas redes sociais. O presidente Jair Bolsonaro comentou que recebeu com pesar a notícia. 
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), chamou Boechat de "um dos maiores jornalistas da sua história". "Sua atuação diária demonstrava sensibilidade em defesa do interesse público e do jornalismo de qualidade. Toda a solidariedade a seus familiares, amigos e colegas da Rede Bandeirantes", escreveu.
Boechat era torcedor do América-MG, que prestou homenagem ao jornalista nas redes sociais. "Expressamos nossos sentimentos à família e aos amigos do jornalista e das demais vítimas desse triste acidente."
Acidente
Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave caiu em cima de um caminhão que trafegava pela via, no sentido interior, próximo à praça do pedágio. O motorista do caminhão foi socorrido pela concessionária.
Os bombeiros informaram que 11 viaturas foram deslocadas para o local. Pessoas que estavam próximas ao local do acidente contam ter visto uma movimentação estranha do helicóptero antes da queda. 
O operador de máquinas Márcio Manoel da Silva Santos, de 34 anos, testemunhou o acidente. "Estava na rodovia na moto, com minha mulher na garupa. O helicóptero já estava voando baixo. Ela disse que ia cair, mas não acreditei", disse. "Mas depois, olhando pelo retrovisor da moto, vi quando caiu. Primeiro, o helicóptero bateu no caminhão. Depois, bateu no chão e explodiu", afirmou. 
Santos relatou que parou sua moto, deu a volta pela contramão e foi até o caminhão. Havia partes do avião na cabine da carreta e ele encontrou o motorista preso no cinto de segurança. Ele foi socorrido. 
“Eu vi o helicóptero baixo, com a hélice quase parando, rodando de um jeito estranho. O helicóptero bateu no caminhão e depois explodiu”, disse Orlando Vieira da Silva, de 30 anos, morador da comunidade Vila Sulinas, às margens da rodovia. 
“O helicóptero deu pelo menos uma volta antes de cair. Foi muito estranho. Depois, ouvi o estrondo . Fez muita fumaça”, disse o morador da comunidade Morro Doce, Anderson Donato, de 25 anos. 
Às 15h40min uma das pistas foi liberada para o tráfego de veículos, um guincho já está no local para remover o caminhão. 
Foram feitas interdições parciais na pista do Rodoanel, sentido Perus, e na Anhanguera, sentido Jundiaí. A concessionária CCR Rodoanel informou que os motoristas podem acessar a Anhanguera, no sentido São Paulo, e pegar um retorno no quilômetro 18 para seguir para o interior. 

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