SEGUNDA EDIÇÃO DE DOMINGO, 24 DE FEVEREIRO DE 2019

NO BLOG DO JOSIAS
Remorso da Igreja pelos crimes sexuais é tardio
Por Josias de Souza 
Domingo, 24/02/2019|05h29min
Se você professa dogmaticamente a fé católica, interrompa imediatamente a leitura. Feito o alerta, vai um esclarecimento que oferece aos católicos empedernidos uma segunda chance para evitar o desperdício de tempo com esse texto: o que se pretende fazer aqui é uma defesa de Deus contra os equívocos cometidos pela Igreja. Pronto, avisei.
Diga-se, de saída, em benefício do papa Francisco, que a conferência do Vaticano sobre os escândalos sexuais que carcomem a reputação da Santa Madre Igreja vem bem. Reconheça-se, entretanto, que a contrição iniciada na última quinta-feira (21) chega tarde. Um remorso mais rápido teria produzido reparações a quem interessa e exemplos capazes e inibir incontáveis abusos.
Na sexta-feira, 22, segundo dia do encontro mundial do Vaticano, Linda Ghisoni, uma docente da Universidade Gregoriana, especialista em Direito Canônico, falou para cerca de 190 homens, a maioria bispos. Ela foi ao ponto: "De joelhos é a postura para tratar os argumentos desses dias". Tomada pelas palavras, Linda parece não enxergar inocentes na Igreja, apenas culpados e cúmplices. Para ela, a "traição" dos abusos cometidos contra crianças, adolescentes e mulheres não é de responsabilidade apenas dos padres abusadores. O rol de responsáveis inclui os que sempre negaram o inegável, os que foram negligentes e os que ocultaram os crimes. A culpa, disse Linda, é compartilhada. Pena que nenhum dos presentes ajoelhou-se. Num ambiente frequentado por pequenas criaturas, bastaria pôr-se de joelhos para ser considerado um sacerdote de enorme altivez. Uma alma cínica diria que o remorso é a penúltima utilidade de um crime. No caso da Igreja, porém, o arrependimento é a antepenúltima serventia da delinquência. Eis a penúltima vantagem: depois de conviver com seus criminosos sexuais por razões inconfessáveis, o Vaticano desfruta os prazeres da contrição. E o papa Francisco ainda poderia extrair uma última vantagem da delinquência se, depois de tanta omissão, inaugurasse um debate franco sobre o fim do celibato. 
Sua Santidade fará o encerramento da conferência sexual da Igreja neste domingo. Suas observações são aguardadas com extraordinário interesse. Mas pouca gente imagina que Francisco ousará propor o fim do celibato. Reze-se para que o papa não venha com um rol de boas intenções ou de medidas cenográficas. Do contrário, restará a sensação de que os "representantes" de Deus gozam três vezes — com os crimes, com a expiação e com a elaboração de falsas providências —, enquanto as vítimas fazem figuração no teatro de penitências. 
Uma das características da Igreja Católica é a aversão a mudanças. No começo do século 16, o Vaticano preferiu emagrecer, expelindo fiéis, a atualizar-se. Foi quando começaram a surgir as igrejas cristãs dissidentes. Assim, não se deve exigir respostas rápidas da instituição. Mas a simples abertura de um debate franco sobre os malefícios do celibato teria o efeito de uma lufada de ar fresco. No campo da sexualidade interna, a hipocrisia foi o mais próximo que a Igreja conseguiu chegar da perfeição. A coisa vem de longe. Mencione-se, por eloqüente, um episódio ocorrido no ano da graça de 1679. Na época, muitos médicos prescreviam a pacientes aturdidos com pulsões sexuais desmedidas o "remédio" da masturbação. Um monge espanhol, chamado Juan Caramuel, ousou defender a tese segundo a qual aliviar o corpo dos excessos de sêmen era mesmo uma prática médica saudável. Pobre diabo! Levou uma carraspana do papa de então, Inocêncio 11º. 
O longínquo predecessor de Francisco apegou-se ao texto bíblico que, em Gênesis (38:4-10), dá notícia da desaprovação do Senhor ao gesto de Onan que, ao se deitar com a cunhada, interrompia o coito na hora 'H', derramando o sêmen sobre o solo. Hoje, um surto de onanismo clerical seria dádiva celestial perto do que sucede no escurinho dos seminários, das sacristias e das dioceses. 
Neste sábado, véspera do encerramento da conferência do Vaticano sobre pedofilia e outras violações sexuais da Igreja, o cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal Alemã, admitiu que os arquivos de casos de abuso sexual foram queimados na Alemanha, para impedir a identificação dos culpados. Ele disse suspeitar que o mesmo ocorreu em outros países. 
O problema de expiações históricas como a que a Igreja tenta fazer no caso dos abusos sexuais é que elas sempre chegam tarde. Se não servirem nem como estímulo para correções que salvem o Vaticano de tantas crises de consciência, aí mesmo é que a coisa se revelará de uma inutilidade hedionda. 
Em conversa com jornalistas, no ano passado, o papa Francisco declarou: "O celibato não é um dogma de fé, é uma regra de vida que eu aprecio muito e acredito que seja um dom para a Igreja. Não sendo um dogma de fé, sempre temos a porta aberta. Neste momento, contudo, não temos em programa falar disso". Ora, se a porta está sempre aberta, por que não entrar no tema? Na prática, o celibato não atenta apenas contra a natureza humana. O voto de castidade imposto aos sacerdotes afronta o próprio preceito bíblico. Está escrito: "Crescei e multiplicai-vos." Se fosse chamado a opinar, Deus ajustaria um velho ensinamento: "Amai-vos uns aos outros, irmãos. Mas deixem em paz os coroinhas. Outra coisa: me deixem fora dessa!"

NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
"Bolsonaro não é um Lula e nós não somos petistas com sinal trocado", diz general
Sábado, 23/02/2019 às 09:30
"Votei em Jair Bolsonaro e me empenhei, no alcance das minhas possibilidades, para que ele fosse eleito e, com muita honra, fui apoiado por ele e por seus filhos na disputa pelo governo do Distrito Federal.
Não o fiz por interesse pessoal, mas pelo mesmo idealismo patriótico que motivou a maioria dos brasileiros a lutar com as armas da democracia pela mudança de rumo exigida pelo bom futuro do Brasil.
Não me arrependo das minhas escolhas e mantenho a confiança no Presidente e na equipe que ele escolheu para governar.
Por outro lado, nunca pactuei com a ideia de colar no candidato, agora Presidente, a imagem de MITO que, embora tenha surgido espontaneamente em manifestações populares, pode ser definido como "uma narrativa de teor fantástico e simbólico sobre alguém cuja existência não é real , normalmente excessiva e deturpada pela imaginação ou pela imprensa".
Ou seja, algo que não tem nada a ver com o que queremos do Presidente em quem votamos e que se encaixa perfeitamente na imagem criada em torno do ilusionista estelionatário que, preso, já acumula mais de 24 anos de cadeia.
O próprio Presidente, exacerbando a sua natural humildade, perguntado sobre o assunto, disse que a origem deve ter sido em seu apelido de menino: "Parmito".
Coloco-me também contrário à ideia porque, normalmente, acoplada a ela vem a prática do "Culto à Personalidade" que, em pesquisa superficial, pode ser explicada como "uma estratégia de propaganda política baseada na exaltação das virtudes - reais e/ou supostas - do governante, frequentemente encontrada em ditaduras, que existe desde a Revolução Francesa, quando os líderes políticos deixaram de ser vistos como representantes de terceiros para serem vistos como representantes de si mesmos.
Stalin, Hitler, Mussolini, Mao, Saddam, Kim Il-sung e Kim Jong-il, Fidel Castro, Hugo Chávez e Lula da Silva foram personagens cuja obra está intimamente ligada ao culto das suas personalidades".
Mais uma vez, sinto-me à vontade para afirmar que é algo que não se coaduna com o que queremos e com o que interessa ao Brasil e ao governo de todos e para todos que buscamos eleger e que, por óbvio nada tem a ver com a já citada humildade do nosso Presidente, cuja natural falibilidade de ser humano o coloca entre nós para construir conosco a grande obra para a qual foi escolhido a liderar-nos.
Pensemos nisso antes de associar ao Presidente algo que não se encaixa na sua personalidade, nem tampouco nos nossos já manifestados anseios patrióticos.
Bolsonaro não é um Lula e nós não somos petistas com sinal trocado!"
(Texto do General Paulo Chagas)


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