SEGUNDA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2019

NO O ANTAGONISTA
60 mortos
Segunda-feira, 28.01.19 10:42
O número oficial de mortos em Brumadinho subiu de 58 para 60.
São 292 desaparecidos.

A possível perda de R$ 380 bilhões de 6 estatais federais
28.01.19 10:58
As principais estatais federais — Petrobras, Eletrobras, Correios, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal — correm o risco de perder mais de R$ 380 bilhões em processos que correm na Justiça ou administrativamente, registra O Globo.
“Desse total, R$ 71 bilhões são considerados perdas prováveis. Isso significa que esses valores são praticamente dados como perdidos e precisam ser provisionados (reservados) no balanço financeiro das empresas.
(…) Os números incluem perdas potenciais com ações trabalhistas, tributárias e cíveis e se referem ao terceiro trimestre de 2018, último dado disponível.”
Só a Petrobras tem R$ 24,2 bilhões reservados para processos de perda provável, mas o valor total das perdas possíveis chega a R$ 208,6 bilhões.
As estimativas de perdas tendem a diminuir o valor de mercado dessas companhias, uma vez que os investidores precificam esses passivos, mas especialistas ouvidos pela jornal apontam que as seis empresas continuam a ser o “filé mignon” entre as estatais e dificilmente sofreriam uma perda de interesse por parte do mercado, caso Paulo Guedes leve adiante um amplo programa de privatizações.

Pente-fino nas anistias concedidas pelo PT
28.01.19 10:16
Por Diego Amorim
Como a Crusoé registrou, a ministra Damares Alves deve analisar nos próximos dias um pedido de indenização feito por Dilma Rousseff à Comissão de Anistia.
O Antagonista apurou que o processo deve chegar ao Ministério dos Direitos Humanos nesta semana e a tendência é mesmo que Damares rejeite o pedido da petista, que ainda está solta.
Assessores da ministra, aliás, não têm dúvidas de que os ataques sofridos por ela estão diretamente ligados ao pente-fino que a nova gestão está fazendo nas anistias concedidas pelo PT.

Os criminosos em Brumadinho
28.01.19 10:01
Raquel Dodge disse que os responsáveis da Vale pela tragédia em Brumadinho serão perseguidos criminalmente:
“Em primeiro lugar devemos tratar da responsabilidade do tocante à indenização das famílias. As famílias estão muito preocupadas com os entes queridos, é preciso localizá-los, dar certeza sobre o paradeiro de cada um, mas é preciso também que elas tenham algum tipo de socorro. Muitos perderam o modo de trabalho, o modo de financiamento de suas vidas. Mas também é preciso ter uma responsabilidade séria do ponto de vista indenizatório da empresa que deu causa a este desastre e também promover a persecução penal de pessoas e indivíduos, que precisam ser responsabilizados por esta falha.”

Pimenta promete processar primo que o acusa de operar um esquema de fraude
28.01.19 09:29
Como noticiamos mais cedo, o petista Paulo Pimenta foi acusado por seu primo de operar um esquema de fraude na fronteira do Rio Grande do Sul que teria lesado produtores rurais da cidade de São Borja em pelo menos 12 milhões de reais.
O deputado disse que vai processar civil e criminalmente seu primo e todos os que o acusam.
“Infelizmente, sou vítima de estelionatários que tentam escapar de seus crimes usando meu nome. Meus sigilos estão à disposição das autoridades e estou pronto para ser ouvido sempre que for chamado”, afirmou ele, em nota enviada a O Antagonista.
Segundo Pimenta, esse assunto surgiu em 2009. “Existe um inquérito que ouviu muitas pessoas, quebrou sigilos bancário e telefone e nunca foi encontrado nada que me vincule.”

Radares e sonares israelenses em Brumadinho
28.01.19 09:27
O representante da equipe israelense em Brumadinho disse que radares e sonares vão ser usados na busca pelos desaparecidos.
Segundo ele, é possível encontrar vítimas soterradas em até três metros de lama.

A democracia na mesa de cirurgia
28.01.19 09:05
Neste exato momento, a democracia brasileira está outra vez numa mesa de cirurgia, na figura do presidente Jair Bolsonaro, vítima de um atentado durante a campanha.
A democracia jamais esteve sob ameaça na figura de Jean Wyllys, por mais deploráveis que sejam as ameaças contra ele.

Pacote de Moro fica para depois
28.01.19 08:57
O Capitão Augusto, da bancada da bala, disse à Folha de S. Paulo que a frente só vai atuar pelas alterações na Lei de Execuções Penais sugeridas por Sergio Moro depois que o Congresso Nacional votar a reforma previdenciária e o projeto que facilita o porte de armas.

3% das barragens foram vistoriadas
28.01.19 08:45
Em 2017, só 3% das barragens foram vistoriadas pelos órgãos fiscalizadores, diz um relatório da Agência Nacional de Águas.
De acordo com o documento, citado pela Folha de S. Paulo, havia apenas 154 funcionários para fiscalizar toda as 24.092 barragens do País.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Adrianópolis (PR): a próxima catástrofe?
Explosões na montanha de calcário em Adrianópolis (PR)

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Especialistas em gestão e risco ambiental advertem que o município paranaense de Adrianópolis, no Vale do Ribeira, pode ser vítima de mais uma tragédia ambiental brasileira. As autoridades ambientais liberaram uma mineradora para explorar uma montanha feita de calcário calcítico praticamente sobre a cidade. Na temporada de chuvas fortes, o medo e o risco se multiplicam.
Do topo da mineração até o centro da cidade são aproximadamente 400 metros. Morro abaixo! Detonações diárias já trincaram centenas de casas. Os habitantes prejudicados tentam, há alguns anos, reverter os danos que lhes são infligidos diariamente por explosões, chuva de poeira e detritos. Sem falar em mais de 1.000 caminhões que diariamente transitam pela única rua existente entre a montanha e a fábrica SUPREMA CIMENTOS que explora a jazida.
Nas redes sociais a população tenta sensibilizar as autoridades. Mas uma pequena cidade de pouco mais de 5.000 habitantes não é ouvida. Afinal, a arrecadação de ICMS e outros impostos parece ser mais importante do que a vida de quem ousa reclamar. Vereadores que ousaram se manifestar nas redes sociais foram impelidos ao silêncio, por razões óbvias e obscuras. No embalo da recente tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, a população local reacendeu o temor de que Adrianópolis seja uma próxima tragédia anunciada.
O Vale do Ribeira é reconhecido por sua carência de investimentos econômicos, públicos e privados. Fica na divisa entre os estados de São Paulo e Paraná. O Presidente Jair Bolsonaro morou com a família na cidade de Ribeira, na divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná, entre os anos de 1962 e 1968. Seu pai, Geraldo Bolsonaro, era “dentista prático”.
Ribeira está na divisa entre SP e PR. Basta atravessar uma ponte nos limites de Ribeira e já estamos no estado do Paraná, na cidade de Adrianópolis. Lá temos uma montanha de calcário sendo detonada sobre a cabeça de milhares de habitantes que reclamam, protestam e tentam, sem sucesso, sensibilizar governantes gananciosos, corruptos e inescrupulosos sobre o risco que correm. Sem sucesso...
Como os órgãos ambientais concederam autorizações e licenças para uma exploração mineral dentro dos limites urbanos do município de Adrianópolis? Tudo foi liberado durante a gestão do ex-governador paranaense e atual preso preventivo, Beto Richa. Coincidência?!
Em sua infância e juventude, o Presidente Bolsonaro deve ter se aventurado pelas ruas da antes segura, pequena e pacata Adrianópolis - vizinha de sua querida cidade Ribeira.
Quem sabe, tomando conhecimento deste risco de acidente em Adrianópolis, o Presidente escale seus Ministros das Minas e Energia e do Meio Ambiente para tomarem uma atitude para evitar um catástrofe iminente?

Barragens em risco
A ANA admite que o Brasil tem 45 barragens (de diferentes tipos) com risco de rompimento. Pelo menos nove barragens de rejeitos de mineração oferecem alto potencial para tragédias anunciadas, gerando perdas humanas e ambientais. Cinco delas ficam em Minas Gerais: 4 em Rio Acima e uma em Ouro Preto. Um dique de contenção em Itabirito também apresenta alto risco. As outras são Poconé (Mato Grosso), Pedra Branca do Amapari (Amapá) e Lauro Muller (Santa Catarina). Sem falar na barragem de água de Brumadinho... Temos 24.092 barragens no Brasil...
(...)

NO BLOG DO NOBLAT
Cala a boca, Renan!
Para ele, a regra não vale
Por Ricardo Noblat
Segunda-feira, 28 de janeiro de 2019 | 08h00
Olha só! “Sem pré-julgar”, como comentou, Renan Calheiros (PMDB-AL) pede que a diretoria da Vale seja afastada depois do rompimento de barragem de Brumadinho para que se evite assim a destruição de provas e se garanta um julgamento isento do caso. Imagine se a regra valesse para ele, um dos campeões de processos no Supremo Tribunal Federal.
Onde estava Renan em novembro de 2015 quando estourou a barragem de Mariana, também da Vale, no maior desastre ambiental do gênero registrado no Planeta até aqui? A presidente da República era Dilma Rousseff (PT), que deixou passar uma semana para então sobrevoar Mariana. O presidente do Senado era Renan, que se limitou a lamentar a tragédia.
Dilma foi para o espaço. Perdeu o cargo. Perdeu a eleição em Minas Gerais para o Senado. Renan se reelegeu com o apoio do PT. Foi o segundo candidato mais votado no seu Estado. Parece a um passo de se eleger pela quinta vez presidente do Senado, com a tolerância ou mesmo o apoio do governo de Jair Bolsonaro.

NA BLOG DO AUGUSTO NUNES
Os autores do múltiplo homicídio em Brumadinho imploram por castigo
A fila dos responsáveis pelo crime ambiental é tão extensa quanto a lista dos fregueses da Odebrecht
Por Augusto Nunes
Domingo, 27 de janeiro de 2019 | 20h45min
A fila de responsáveis pelo múltiplo homicídio, culposo ou doloso, seguido de destruição ambiental é tão extensa quanto a lista dos fregueses do Departamento de Propinas da Odebrecht. 
O desfile dos delinquentes de Brumadinho merece ser puxado pelo ex-governador Fernando Pimentel, cujo descaso pela vida dos mineiros foi escancarado pela reprise da erupção de horror em Mariana, e pelo presidente da Vale, Fabio Schvartsman. 
O comandante da empresa reincidente jura que não tem palavras para descrever o sofrimento que lhe causou o rompimento de outra barragem. O que anda fazendo a turma que preside cabe em 18 letras: canalhice assassina.
A multidão de protagonistas e coadjuvantes agrupa corruptos acampados na Agência Nacional de Águas e na Agência Nacional de Mineração, comparsas infiltrados no Ministério de Minas e Energia, campeões da vadiagem que infestam os órgãos encarregados de zelar pela segurança das barragens, engenheiros vigaristas, fiscais bandidos a serviço de mineradoras, parlamentares que impedem o endurecimento da legislação, ineptos fantasiados de promotores de Justiça e magistrados que, por safadeza ou estupidez, poupam de punições os delinquentes que produzem tsunamis de rejeitos. Fora o resto.
A contemplação do passado informa que o Brasil se habituou a só colocar fechadura em porta arrombada. Para que essa deformação repulsiva deixe de obstruir o caminho que encurta a chegada ao futuro civilizado, é preciso transformar em marco zero o drama que assombrou novamente o mundo. 
Os autores da tragédia de Brumadinho são casos de polícia. Têm de aprender que já não existem condenados à perpétua impunidade. A direção da empresa merece exemplares castigos financeiros. Todos os envolvidos no crime merecem cadeia.

NO BLOG DA VILMA GRYZINSKI
O general que segura Maduro vai se salvar ou afundar junto?
Até governos de esquerda não aguentam mais a tragédia venezuelana e Vladimir Padrino tem que escolher: ser padrinho da derrocada ou salvar a pátria
Por Vilma Gryzinski
Sexta-feira, 25 de janeiro de 2019|15h50min 
Nem na era stalinista seria admissível o ridículo monumento inaugurado em 2017 no jardim à frente do Ministério da Defesa.
“Aqui amamos Chávez”, diz a inscrição sobre o monólito de concreto de mais de três metros de altura, com a efígie em bronze do homem que foi “um guia, uma luz, um farol” para as a Forças Armadas “refundadas”.
Vladimir Padrino, que, mais do que ministro da Defesa, é uma espécie de co-presidente, com controle sobre a atividade econômica, a distribuição de alimentos e os demais ministros, além de ser o comandante estratégico das Forças Armadas, costuma mostrar com orgulho o monumento digno do manual dos caudilhos delirantes da América Latina.
Pupilo consumado de Hugo Chávez, Padrino não tem medo do ridículo. Já divulgou um vídeo em que aparece praticando tiro ao alvo com extraordinária incompetência para um general de quatro sóis – o equivalente às estrelas em outros países e vergonhosamente associados ao tráfico de drogas institucionalizado e criteriosamente dividido entre os comandantes militares.
Considerando-se a tragédia do abastecimento, que lançou o país na fome generalizada, a incompetência não é exatamente uma surpresa.
Mas Padrino, um sujeito até simpático se comparado a figuras repugnantes como Diosdado Cabello e o próprio Nicolás Maduro, com certeza entende que o jogo mudou.
Agora, tem que decidir o momento em que joga Maduro na fogueira e tenta salvar os dedos. Ou afunda junto no caos terminal que engolirá a revolução, também conhecida como “robolución”, o regime bolivariano, seus próceres e até o grotesco monumento ao grande líder.
Como é um ideólogo convicto do chavismo, sem contar que desde o ano passado está na lista de pessoas cujos bens, em nome próprio ou de testas de ferro, foram bloqueados nos Estados Unidos, Padrino pode apostar que as forças sob seu comando não vão rachar e que resistir sem concessões é a única opção de sobrevivência.
Até o governo espanhol, atualmente do PSOE, o maior partido de esquerda, já balançou. Para não parecer que está alinhado a Donald Trump, o primeiro-ministro Pedro Sánchez deve reconhecer o oposicionista Juan Guaidó como presidente interino se não forem convocadas novas eleições rapidamente. A Alemanha já anunciou oficialmente que esta é sua posição.
Uma posição estranha. Quem convocaria as eleições? Quem comandaria o processo? Quem lhe daria legitimidade?
O beco sem saída em que o regime venezuelano se colocou decorreu exatamente da absurdamente manipulada reeleição de Nicolás Maduro.
Num mundo ideal, direita, esquerda e toda a grande maioria que fica mais ao centro, reconheceria que o jogo só mudou na Venezuela porque Donald Trump está liderando o cerco à legitimidade de Maduro.
O importante é salvar milhões de venezuelanos, uma obrigação humanitária que transcende simpatias ou antipatias políticas.
Não é preciso gostar de Trump para reconhecer que, sem ele, Maduro se instalaria alegremente num novo “mandato”, haveria uns protestos aqui e ali, e a catástrofe continuaria até levar a Venezuela de volta à idade da pedra.
Deve-se ao antitrumpismo e ao desejo de demonstrar independência a relutância em reconhecer desde já Juan Guaidó, na condição de presidente da Assembleia Nacional, que mesmo desidratada e escanteada pelo regime continua a poder reivindicar a legitimidade das urnas.
Como Maduro não vai convocar eleição nenhuma, o caminho já está traçado. Nas palavras emocionadas e eloquentes de Wilmer Guaidó, pai do líder oposicionista e motorista de táxi na ilha espanhola de Tenerife, um novo processo eleitoral tem que “seguir um processo; fim da usurpação, governo transitório e daí eleições livres”.
O regime bolivariano será isolado pela maioria dos países democráticos. Se fizer alguma loucura contra os diplomatas americanos que continuam na embaixada em Caracas, mesmo com ordem de expulsão, ou apelar aos russos, só vai piorar ainda mais.
Vladimir Padrino sabe disso. Não adianta vestir uniforme de gala, reunir a cúpula militar e dizer ridiculamente que “está acontecendo um golpe de estado na Venezuela” promovido por “setores de extrema-direita” sob a orientação de “agentes imperiais”.
Quem dá golpe sem a força das armas?
Sem nem um único fuzil, Juan Guaidó dirigiu-se aos militares como quem tem a força moral a seu lado. “Hoje, o mundo democrático reconhece que deve haver uma mudança na Venezuela, que a ordem constitucional deve ser respeitada e nós os convidamos a participar deste processo.”
O que falta acontecer para que o poderoso padrinho do regime aceite o convite? Ou tome o avião para Cuba?

NO BLOG DO GABEIRA
PROCURE LEMBRAR
28.01.2019 EM BLOG
De vez em quando, ouço Luiz Melodia, que sempre me apoiou nas campanhas claramente perdidas, antes mesmo do começo. O verso foi escrito num contexto amoroso, no qual os amantes se esquecem do mundo. Infelizmente, não posso seguir o amigo, nesse verso de “Pérola negra”.
Minha tarefa é exatamente procurar lembrar em que ano estamos. Não é fácil. Para quem viveu longamente, muitos anos disputam o lugar de modelo, referência para compreender o que se passa. Pouco servem diante da singularidade de 2019.
A chegada de um novo grupo ao poder trouxe consequências imprevistas. O novo chanceler Ernesto Araújo escreveu que o aquecimento global é uma invenção do marxismo global.
Não conheci Osvaldo Aranha, embora tenha visitado seu túmulo no Sul. Entrevistei, ainda jovem, Augusto Frederico Schmidt, leio constantemente sobre a trajetória de Afonso Arinos, San Tiago Dantas. E há ainda os grandes diplomatas de carreira. Nenhum desses homens, creio, seria capaz de se antepor tão ousadamente às evidências científicas colhidas pela Humanidade.
Araújo é um intelectual. Fiquei até agradecido por aconselhar a leitura de Clarice Lispector. Não sei bem o que ela estava fazendo no seu discurso. Mas é sinal de bom gosto. A própria Clarice ficaria perplexa como se estivesse diante de um búfalo ou de uma galinha.
Realmente, tenho de me esforçar muito para entender a política ambiental de Bolsonaro. Antes de partir para Davos, aprovou para o Serviço de Florestas um homem que quer liberar a caça de animais silvestres no Brasil.
Esforço-me por entender o universo ético da família do presidente. Flávio Bolsonaro apegou-se ao foro privilegiado para enfrentar denúncias de movimentação financeira atípica. Em seguida, soube-se que ele empregou em seu gabinete a mulher e a mãe de um matador ligado às milícias.
Sua posição sobre as milícias admite que são vantajosas porque expulsam os bandidos. Isso só pode ser entendido na linha do tempo.
A defesa das milícias nos dias de hoje não pode ignorar que controlam o gás, parte do comercio imobiliário, do transporte coletivo e até do tráfico de drogas. E matam muito.
O tempo torna mais aceitável a posição de Flávio. O desconcertante é que a mulher e a mãe do bandido trabalharam até 2018 no seu gabinete. E isso num período em que ele já estava na cadeia.
Minha perplexidade aumentou com o decreto de Mourão autorizando funcionários de segundo escalão a classificar os documentos como secretos. O projeto deles, com apoio da maioria, era o de combater a corrupção. O decreto enfraquece precisamente a melhor arma contra esse crime: a transparência.
Qualquer movimento de volta à opacidade serve apenas para levantar suspeitas de concentração de poder. Ou de riqueza. A História recente no Brasil deixou nas mãos da sociedade escaldada pelo menos um instrumento de defesa, que é a transparência.
O fato de haver muitos militares no governo para mim não tem conotação negativa. Considero-os uma força moderadora. Mas qualquer recuo na transparência fica parecendo um enfoque militarizado do governo.
Mourão afirmou que o decreto já estava pronto no governo Temer. Levamos anos discutindo essa lei de acesso. Se o decreto tinha mesmo uma justificava racional, por que não discuti-lo?
Estou muito velho para ficar desapontado, reclamando de governos. Mas nem tanto para iniciar um leve combate agora que estou com a carteira praticamente vencida.
Por que conciliar com a ignorância humana que pode arruinar nossos recursos naturais? Por que aceitar um recuo na lei da transparência que ajudei a construir na Câmara?
Espero que os eleitores de Bolsonaro não fiquem muito zangados. Nada contra eles. O que penso sobre milícias, transparência e aquecimento global não depende tanto de eleições. A ideia não é conhecer a verdade e se libertar através dela? A minha é essa: milicianos são criminosos, o Planeta está se aquecendo, e não há nada mais suspeito do que golpear a transparência.
(Artigo publicado no jornal O Globo em 28/01/2019)

NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
Banco inglês retém ouro venezuelano, não entrega a Maduro e Guaidó comemora no Twitter
Da Redação
28/01/2019 às 05:32
Nicolas Maduro pediu ao Banco da Inglaterra a restituição de 1,2 bilhão de dólares em barras de ouro que se encontram depositadas naquela instituição financeira.
De acordo com a agência de notícias Bloomberg, por intervenção dos Estados Unidos a liberação dos ativos venezuelanos no exterior foi negada ao tirano.
Em contrapartida, as autoridades americanas estão intervindo para que a fortuna depositada no banco inglês seja enviada para o governo paralelo de Juan Guaidó.
No Twitter, o próprio Guaidó comentou a iniciativa:
"Começa o processo de proteção de ativos venezuelanos. Não vamos permitir mais abusos e que roubem o dinheiro destinado aos alimentos, medicamentos e, portanto, ao futuro de nossos filhos".
É o cerco se fechando. Sem dinheiro e com a possibilidade de continuar corrompendo aliados, o enfraquecimento e esfacelamento será fatal.
É questão de tempo para a rendição ou fuga do genocida venezuelano.




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